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Aula 2 01 10

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DOENÇAS PARASITÁRIAS 
AULA 2 (01/10)
	A relação ambiente-hospedeiro-parasita será estudada a medida em que um desequilíbrio em um desses pontos pode causar determinada parasitologia/patologia. O equilíbrio, ao contrário, pode ser chamado de saúde.
Sobrevivência e permanência do parasita:
Fatores inerentes ao agente etiológico:
Infectividade = capacidade do agente de penetrar, instalar e reproduzir no hospedeiro.
Patogenicidade = capacidade de produzir lesões específicas no hospedeiro (causar doença). Ex. Toxoplasma com cepas muito patogênicas, podendo variar essa patogenicidade.
Virulência = capacidade de produzir doença mais ou menos grave, com alta ou baixa letalidade.
Antigenicidade = capacidade do agente etiológico induzir no hospedeiro a formação da resposta imunológica. 
Resistência (viabilidade) = capacidade do parasita em sobreviver fora do hospedeiro, as condições naturais e aos produtos químicos. Isso porque nem todos os parasitas habitam apenas o hospedeiro. Ex. leishmaniose relacionada com a resposta imunológica que leva no hospedeiro, podendo ser mais ou menos grave (células B ou T).
Fatores inerentes ao hospedeiro:
Espécie/raça: características genética – susceptibilidade. Envolve resposta tumoral, celular e humoral, que irão determinar inclusive a resistência de determinada raça. Ex: zebuínos são mais resistentes que holandeses.
Sexo: há interferências sim em algumas doenças, em relação a macho ou fêmea serem mais susceptíveis. Ex. tricomonose afeta mais as fêmeas.
Estado fisiológico: nutricional, gestação, lactação, estresse. Os hormônios ligados a gestação e lactação, como a prolactina, levam a uma queda na resistência. Má nutrição pode gerar doença.
Densidade animal: lotação de animais/área. Ex. animais de produção como as aves, relacionando com a avicultura industrial. As galinhas caipiras podem estar muito parasitadas, mas nem sempre morrem tão facilmente como as galinhas de granja, que são mais susceptíveis e são colocadas em uma densidade maior. 
Resistência (imunidade): 
Inespecífica: natural
Específica: humoral e celular (passiva e ativa). Exs.: colostro = imunidade humoral passiva; soro hiperimune = humoral ativa; tristeza parasitária bovina = imunidade ativa humoral e celular. Artificial é quando se faz o uso de vacinas.
Doenças intercorrentes: ocorre quando há quebra de imunidade e o animal irá apresentar a doença.
Classificação dos hospedeiros:
Hospedeiro definitivo: é aquele no qual há o parasita na fase adulta, na fase de reprodução sexuada. Ex. teníase no homem
Hospedeiro intermediário: é aquele em que o parasita se apresenta na fase assexuada. Pode haver desenvolvimento da forma infectante para o HD (de L1 para L3). Ex. cisticercose no suíno.
Hospedeiro paratênico (ou transportador): pode estar presente ou não, porque não sofrerá mudas, não se desenvolverá nem haverá multiplicação. Entra uma forma e sai a mesma forma, no mesmo número de indivíduos. Ex. o cão pode se infectar com Toxocara canis ao ingerir o ovo embrionado no ambiente; uma ave ou um roedor também pode ingerir esse ovo, que eclode, as larvas têm migração somática, vão para os tecidos desse hospedeiro, onde se estabilizam. Se esse animal for predado, por um hospedeiro definitivo, elas irão sair desse estado de latência e infectar o animal. Já no humano há tropismo pelo globo ocular (larva migrans visceral) e a larva encista, não apresentando toxocariose.
Conceitos epidemiológicos:
Saúde = estado de completo bem estar físico, mental e social, não meramente a ausência de doença. 
Doença = qualquer manifestação clínica ou estado mórbido resultante de alterações dos mecanismos reguladores da homeostasia orgânica. Ou seja, resultante em qualquer desequilíbrio que ocorre no meio, resultando em infecções parasitárias.
Agente infeccioso = agente capaz de produzir infecção/doença, seja nematódeo, protozoário, ectoparasito, etc.
Suscetível = o organismo que não possuir resistência contra determinado agente patogênico, e pode desenvolver a doença quando em contato com esse agente. Espera-se que, em contato com esse agente, o hospedeiro adquira certa imunidade, o que não previne que o mesmo seja acometido por uma infecção, se o “desafio” for alto.
Infecção = penetração e multiplicação ou desenvolvimento no organismo hospedeiro de parasitas internos, como helmintos e protozoários. Ex. verminoses e protozooses.
Infestação = acometimento do organismo hospedeiro por parasitos externos, como os artrópodes. Ex. mosca, berne, carrapato, miíase, etc.
Classificação das infecções:
Zoonoses = acometem os animais e o homem, transmissíveis entre si. Podem ser:
Antropozoonoses = uma zoonose mantida na natureza em reservatórios animais e transmitida ao homem (ex. leishmaniose cutânea)
Zooantroponoses = transmitidas do homem para os animais (ex. teníase/cisticercose)
Anfixenoses = transmitidas entre o homem e os animais (ex. leishmaniose visceral)
Antroponoses = transmitidas do homem para o homem.
Período pré-patente = tempo que decorre a partir da penetração/ingestão do estágio infectante do parasita no hospedeiro até o aparecimento de ovos, larvas ou oocistos (formas jovens iniciais) da geração seguinte. É o tempo que o parasita leva para se desenvolver e ser eliminado.
Período de incubação = tempo que transcorre desde o contágio até a aparição dos primeiros sintomas da doença/sinais clínicos.
O período de incubação pode coincidir com o período pré-patente, ou ser menor até. Ex. galinha com eimeriose, que apresenta sintomatologia, mas ainda não pode ser detectado o parasito nas fezes.
Período patente = período em que o parasito permanece no hospedeiro definitivo; seu período de vida. Não se fala em hospedeiro intermediário porque ele normalmente permanece enquanto o animal estiver vivo. O termo não é muito usado porque o ciclo é constante e pode haver reinfecções (diferente de doença auto-limitante), dependendo das doenças. 
Período pós-patente = período após a eliminação das formas infectantes, diminuindo a produção de parasitos até cessar – se não houver reinfecção. É o período da recuperação das lesões.
Fonte de infecção = organismo vertebrado onde o agente sobrevive e multiplica-se, e o elimina para o meio exterior. Modalidades de fontes de infecção: doentes, portadores (não elimina o parasito, mas é uma fonte de infecção), reservatórios (não apresentam quadro clínico, mas estão infectados, tais como animais silvestres). É o que normalmente ocorre em verminoses e coccidioses.
Vias de eliminação= é o meio ou veículo pelo qual o parasita é eliminado da fonte de infecção (secreções, excreções, sangue, exsudatos/descargas purulentas, leite, descamações epiteliais, placenta).
Vias de transmissão: é o meio ou veículo pelo qual o parasita alcança o novo hospedeiro.
Forma horizontal = contato direto (ex. sarna), água (criptosporose), ar, poeiras, fômites (tripanossomose), alimentos, vetores mecânicos e biológicos (HI).
Forma vertical = congênita (transplacentária).
Porta de entrada: via pela qual o parasita penetra no novo hospedeiro. Pode se dar pelas vias:
Via oral: é a via para a maioria das doenças.
Via cutânea: penetração ativa (não precisa de uma lesão prévia) ou penetração passiva (inoculativa), como exemplo das moscas.
Via transplacentária – congênita
Via lactogênica – transmamária. Ex. toxocara e ancilostoma.
Via genital: principalmente no momento do coito.
	O complexo teníase/cisticercose: há o hospedeiro definitivo, que é o homem, o hospedeiro intermediário como um porco, que tem como porta de entrada os ovos (cisticercos), via de eliminação as fezes e via de transmissão a água.
Ação dos parasitas sobre o hospedeiro:
Podem ser diretas e/ou indiretas.
Diretas:
Espoliativa: absorção de nutrientes, tecidos e sangue do hospedeiro. Ex. moscas, ancilostoma.
Mecânica: parasitos podem impedir o fluxo de alimentos, de bile (ação obstrutiva). Ex. Fasciola hepatica, Toxocara spp, Parascaris spp. são muito grandes e podem impedir o trânsito intestinal, por exemplo, de formaa manter uma “luta anti-peristáltica”, ou seja, contra o movimento normal do bolo fecal. Pode formar enovelados, levando a quadros de cólica em equinos, com o aumento do peristaltismo local.
Traumáticas: migrações cutâneas e pulmonares, lesões hepáticas, úlceras intestinais, rompimento de hemácias. Ex. larvas migrans cutâneas, Dictiocaulus spp., que rompe capilares e alcançam alvéolos.
Irritativa: presença constante do parasito irrita o local parasitado (ventosa dos cestódeos). Ex. Ascaris spp., Parascaris spp.
Anóxica: o parasita destrói ou consome hemácias diminuindo a oxigenação. Ex. babesiose.
Antigênicas: secreções e excreções do parasita despertam a resposta imune do hospedeiro.
Inflamatórias: picadas de mosquitos.
Enzimáticas: penetração na pele da L3 de Ancylostoma braziliense
Tóxicas: exotoxinas (parasita excreta produtos do seu metabolismo); endotoxinas (parasita libera ao morrer). Dependem da susceptibilidade de cada hospedeiro para atuar com toxicidade.
Indiretas:
1.Transmissão de patógenos;
2. Contaminação secundária por outros agentes;
3.Diminuição dos índices de produtividade;
4. Susceptibilidade à demais doenças.
Vetores: transportam o agente etiológico, podendo ser:
Vetor biológico = ciclo propagativo e/ou evolutivo. Ex. mosquito hematófago.
Vetor mecânico. Ex. mosca de estábulo.
Fômites: seringas, agulhas e outros.
Características do ambiente:
Fatores físicos: temperatura, umidade, topografia, sistema de produção (manejo).
Fatores biológicos: animais susceptíveis, HI, reservatórios, vetores biológicos e mecânicos.
Fatores socioeconômicos: nível de tecnificação, condições higiênico-sanitárias, nível cultural e econômico do produtor.

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