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mód. empresarial - rachel bruno

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Módulo de direito empresarial
Rachel Bruno - 
www.profrachelbruno.net
Bibliografia:	
- Fabio Ulhoa
- Ricardo Negrão
Direito de empresa
Evolução
 	Analisando a figura do empresário, podemos perceber que já tivemos 3 formas de identificação desta figura. A primeira foi através das Corporações de Ofício, que sequer foi vivida pelo Brasil, mas dada sua importância é sempre mencionada na doutrina.
	O comerciante fazia matrícula na Corporação de ofício e, matriculado, passava a ser considerado comerciante e recebia a proteção das normas que regulavam a atividade de mercancia. Se não fosse matriculado, não tinha qualquer proteção e deveria recorrer ao tribunal comum, à lei comum. Os matriculados, por sua vez, tinham a proteção das Corporações que editavam normas que regulavam a atividade e tb resolviam os eventuais conflitos que surgissem.
	A crítica que se fazia era que o que caracterizava a condição de comerciante era a matrícula, de modo que se duas pessoas praticassem a mesma atividade, mas uma delas não fosse matriculada, apenas a matriculada era considerada comerciante.
	Em resposta a essa crítica, o Cód. Napoleônico, passou a considerar comerciante aquele que praticasse determinados atos – atos de comércio. Os atos considerados de comércio vinham listados no próprio Cód. civil francês.
	Esse segundo momento histórico, foi o que inspirou a edição da legislação brasileira – Cód. Comercial de 1850 (ainda em vigor no que toca ao direito marítimo).
	Muito embora, mais adequada que as corporações de ofício, a visão trazida pelo Cód. de Napoleão também sofreu críticas por não englobar a setor de serviços, ou seja, os prestadores de serviço se submetiam às regras de direito civil.
	A transição do 2º momento para o 3º foi promovida pela Itália, com a unificação do direito civil com o direito de empresa (até então, comercial). A Itália trouxe tb uma nova forma de identificação do comerciante ao substituir a teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa.
	Pela teoria da empresa, identificava-se o “comerciante” como quem exercia atividade como empresário, sendo empresário quem exercia atividade econômica organizada. 	O direito empresarial foi a resposta às críticas à teoria dos atos de comércio, pois passou a absorver tb os prestadores de serviço desde que exercessem empresa.
	Essa terceira forma de identificação do empresário chegou ao direito brasileiro, expressamente com o CC02, que revogou a 1ª parte do Cód. comercial e passou a regular o direito de empresa, a partir do art. 966.
	Empresa é atividade econômica organizada, quem exercesse atividade econômica organizada é empresário.
Empresário
 	Pelo art. 966 do CC, é empresário quem exercesse profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. O exercpicio da empresa pode se dar por pessoa física ou jurídica. Em se tratando de pessoa física, teremos o empresário individual; sendo pessoa jurídica, teremos a sociedade empresária.
	 O art. 966, parágrafo único exclui alguns profissionais da caracterização de empresário, ie, ainda que exerçam atividade econômica organizada, não podem ser considerados empresários. São eles: quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
	A atividade econômica é sempre fácil de identificar pois é aquela que visa lucro, mas quando se fala em “organizada” é um pouco mais complicado. A doutrina exige que para que assim se considere a atividade que sejam: i) reunidos fatores de produção, quais sejam, matéria-prima, tecnologia, mão-de-obra (não exige tds, mas a reunião de alguns); ii) diversidade na atividade-fim, configurada pela existência de profissisionais distintos reunidos para que seja alcançada a atividade-fim.
	Por exemplo: um médico trabalhando em seu consultório é um profissional autônomo (art. 966). Da mesma forma, uma clínica com 5 médicos, podemos ter uma sociedade, mas tb não é empresa, aqui teremos um exercício uniprofissional da atividade. Já uma clínica que conte com um médico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e fonaudiólogo, aqui sim, teremos uma sociedade empresária, pois a atividade de cada um é mais uma dentro de toda essa cadeia, ou seja, há diversidade na atividade-fim.
Empresário individual
Caracterização
 	O que caracteriza o empresário individual não é a matrícula em um determinado órgão, mas sim o exercício da empresa. Nesse ponto, poderia se concluir que o empresário não é obrigado inscrever-se em órgão específico, o que não é verdade. A inscrição é obrigatória, mas não é o que caracteriza sua condição.
	Assim, aquele que exerce a empresa é empresário individual e se devidamente inscrito, será empresário regular. O não inscrito será empresário, mas será irregular. 
Inscrição
 	Primeiramente, fala-se em inscrição quando estivermos tratando de empresário individual. Quando tratamos de sociedade empresária, de pessoas jurídicas, não se fala em inscrição, mas registro.
	O empresário individual requer sua inscrição no órgão competente, quer seja, a Junta Comercial – órgão estadual responsável tanto pela inscrição do empresário individual, quanto do registro da soc. empresária.
Obs: A Junta comercial trata de todos que exercem empresa e podem ser tb identificadas como Cartório de registro público de empresas.
	
	A junta comercial está subordinada administrativamente ao Governo estadual e tecnicamente ao DNRC – departamento nacional de registro de comércio.
	A inscrição é feita na junta, onde deve ser preenchido um formulário ou declaração de firma individual. Não é pra declarar que o empresário já exerce a atividade, mas que ele vai começar a atividade, após a inscrição, ou seja, a inscrição do empresário individual é prévia ao exercício da atividade.
	O CC determina as informações que devem ser prestadas à Junta comercial, ie, quais os dados que devem conter o requerimento (art. 968 – nome, nacionalidade, domicílio, estado civil, regime de bens, firma, capital, objeto e sede da empresa).
	Por fim, cabe ressaltar que o art. 967 dispõe que a inscrição é obrigatória e anterior ao início da atividade. 
Capacidade
 	O ponto central que o direito empresarial trata, exige para que o sujeito seja capaz de iniciar a empresa. Obviamente que o absolutamente incapaz não pode, enquanto o plenamente capaz, pode, desde que não tenha sido interditado. Já o relativamente incapaz, pode exercer empresa em duas situações: i) se emancipado (art. 5º CC); ii) autorização.
	A autorização para exercer empresa é específica, ie, os pais deverão autorizar, na Junta comercial que o relativamente capaz possa exercer empresa.
	Autorização
	Emancipação
	
	
	Específica
	Genérica (art. 5º)
	Revogável
	Irrevogável
	Regra: patrimônio dos pais responde subsidiariamente
	Regra: patrimônio dos pais não responde
	Em resumo, o absolutamente incapaz, os relativamente capazes não emancipados ou não autorizados e os plenamente capazes que foram interditados não podem iniciar a empresa. Contudo, poderão continuar a empresa antes exercida por ele mesmo, por seus pais ou pelo autor da herança, nos termos do art. 974, em observância ao p. da conservação da empresa.
Obs: Vale lembrar que o p. da conservação da empresa visa observar o p. da função social da empresa.
	
Empresário individual casado
 	O regime de bens do empresário individual casado é relevante para o seu exercício de empresa por conta de seus credores.
	Assim, sendo casado com o regime da separação total de bens, o patrimônio do cônjuge não empresário não será atingido. 
	Se o regime for da comunhão universal, o patrimônio do cônjuge não empresário, regra geral, será atingido, pois haverá uma única massa de bens, de modo que todo o patrimônio do casal é alcançado. Há a possibilidade do cônjuge não empresário conseguir resguardar uma parcela do patrimônio, a sua meação, se conseguirprovar que parte do patrimônio decorreu do seu esforço, do seu trabalho. O ônus da prova é do cônjuge, pois no regime da comunhão universal presume-se que todo o patrimônio deva ser atingido.
	Já no regime da comunhão parcial, a regra é distinta, não há presunção de que todo o patrimonio foi adquirido por esforço comum. As dívidas do empresário inidividual recairão sobre seu patrimônio individual (anterior ao casamento, bens particulares) e, se insuficiente, alcançarão sua meação daquilo que foi adquirido na constância do casamento, por esforço comum. Poderá o credor, contudo, provar que o conjuge não empresário tem bens que não são frutos da sua atividade, mas sim da atividade do cônjuge empresarial.
Responsabilidade patrimonial
 	Até o advento da lei 12.441-11, o empresário individual respondia com todo seu patrimônio, devendo ser observado o regime de bens, caso casado, para que se soubesse o alcance da sua responsabilidade.
	Com a lei 12.441-12, passou-se a admitir que o empresário individual tivesse responsabilidade limitada. A referida lei criou a figura do EIRELI – empresário individual de responsabilidade individual. Tal previsão visava acabar com a formação de sociedades de fachada, formadas com o único fim de afastar a responsabilidade ilimitada do empresário individual.
	Com a responsabilidade ilimitada só ficavam excluídos os bens que garantem a dignidade da pessoa humana. Já com a responsabilidade limitada, o empresário individual pode afetar uma parte do seu patrimônio à atividade empresarial, para que só esta seja alcançada. Esta parte deve ser de no mínimo 10 salários mínimos.
Nome empresarial
 	É o elemento identificador do empresário individual ou da sociedade empresarial. Está previsto no art. 1155 e seguintes do CC.
	O nome empresarial não se confunde com outros elementos como o título do estabelecimento (elemento que identifica o estabelecimento junto ao consumidor; é o letreiro da loja), marca (identifica produto ou serviço).
	Nome empresarial é visto na firma individual do empresário, na fatura do cartão de crédito, na CTPS do funcionário da empresa. Pode ser feito através de firma ou de denominação.
	Dois princípios norteiam ao nome empresarial: p. da novidade e p. da veracidade. O p. da novidade se aplica a qualquer modalidade de nome empresarial, firma ou denominação. Já o p. da veracidade se aplica apenas às firmas. Isto pq, toda firma é composta a partir do nome civil do empresário individual ou dos sócios (nas soc. empresárias) para que seja possível sua identificação. 
	O empresário individual deve adotar sempre a modalidade empresarial firma individual, permitindo-lhe o art. 1156 adicionar uma expressão que melhor o identifique ou a atividade. 
	A soc. empresária pode adotar firma, quando deverão apor o nome dos sócios que respondem ilimitadamente. Neste caso, teremos a firma social, tb chamada de razão social (expressões sinônimas).
	A denominação, por sua vez, se pauta pela criatividade e não precisa ter qualquer relação com a atividade, pois deve obediência apenas ao p. da novidade e não da veracidade. Poderão adotar denominação as sociedades cujos sócios respondem limitadamente. Por exemplo, a S.A., “Cia. Raio de Sol” (art. 1160) – neste caso, “Cia.” deve vir a frente do nome, diferente do art. 1157. 
	O art. 1160, pu, admite a utilização do nome civil de um fundador, acionista ou até mesmo de alguém sem qq vínculo com a sociedade. “Editora Jorge Amado S.A”
	O art. 1158 permite que a soc. ltda. adote tanto firma social ou denominação. Ou seja, o legislador permitiu às ltdas. o direito de escolha, escolha esta que deve ser feita no momento do registro dos atos constitutivos. Para que não haja confusão com os outros tipos societários, o dispositivo exige que ao final seja integrada a expressão “limitada” ou “ltda”, não importando se firma ou denominação.
	Na eventualidade da sociedade limitada agir sem adotar a expressão “limitada” em seu nome empresarial, haverá responsabilidade patrimonial ilimitada e solidária daqueles que usarem inadvertidamente o nome empresarial de modo equivocado, nos termos do art. 1158, #3º. Atenção: a responsabilidade não é dos sócios, necessariamente, mas de quem atuou equivocadamente.
	O nome empresarial estará no estatuto social ou na declaração de firma individual. Cabe a Junta Comercial a proteção do nome empresarial. Sendo a Junta órgão estadual, em regra, a proteção tem sempre âmbito estadual (art. 1666). Contudo, é possível a extensão da proteção por todo o território nacional, caso feito o registro conforme legislação especial, conforme art. 1166, pu.
	O nome empresarial não pode ser objeto de alienação, conforme dispõe o art. 1164. Nem a firma nem a denominação, destacando-se que o legislador optou em não fazer qualquer distinção entre as modalidades. Cabe ressaltar que o p.u. do art. 1664 permite, entretanto, que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, possa usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com qualificação de sucessor, quando o contrato assim o permitir. 
	Na hipótese de falecimento de um dos sócios (ou exclusão ou sua retirada), o art. 1165 veda a possibilidade de manutenção do nome deste na firma social, pois toda firma deve observar o p. da veracidade. Em outras palavras, se não é mais sócio não pode mais figurar o nome na firma.
Estabelecimento
	O título de estabelecimento é o elemento que identifica o estabelecimento junto ao consumidor. 
	Antes do CC02 adotava-se a expressão “fundo de comércio”, expressão esta que foi abandonada com o advento do CC.
	O art. 1142 e seguintes trata da matéria, sendo que o próprio art. 1142 traz o conceito de estabelecimento: complexo de bens organizado para exercício da empresa. É uma universalidade, conjunto de bens que o empresário reune para exercício da atividade empresarial. Como esse conjunto de bens é reunido pela vontade do empresário, a NJ do estabelecimento é de universalidade de fato. (diferente, pe, a massa falida é uma universalidade de direito, pois só se mantém reunido pela vontade da lei).
	O estabelecimento é composto de elementos: corpóreos (materiais ou fungíveis) ou incorpóreos (imateriais ou infungíveis). São corpóreos as máquinas, geladeiras, dentre outros. Os incorpóreos são os que tem mais relevância para o direito, quer sejam, a marcas e patentes, nome empresarial, ponto, título do estabelecimento, know-how, aqueles que não tem existência física, mas tem muita relevância jurídica dada a sua valoração econômica. Há divergência doutrinária, mas há quem englobe entre os elementos incorpóreos, a clientela.
Obs: As marcas e patentes são reguladas pela lei 9279-96 e serão estudadas à frente.
	A clientela é o conjunto de pessoas que frequenta o estabelecimento com habitualidade. Há quem sustente ser distinto de freguesia, pois esta não teria o caráter habitual. A melhor doutrina entende que a clientela não integra os elementos do estabelecimento, vez que a clientela é um conjunto de pessoas enquanto o estabelecimento um conjunto de bens. 
Obs: Patrimônio é diferente de estabelecimento. Aquele é o conjunto de bens, direitos e obrigações que a pessoa mantém, abrangendendo créditos e débitos, passivo e ativo. Esse é o conjunto de bens que o empresário reune para exercer empresa. O patrimônio contém o estabelecimento. A clientela, assim, faz parte do patrimônio, pois tem valor econômico, mas não integra o estabelecimento.
	O know-how é a tecnologia usada para o exercício da empresa. Pode ser um segredo, um método, um modo de fazer alguma coisa que o empresário descobriu ao longo da sua atividade e “conquiste”, atraia a clientela.
	Quanto ao ponto, pode-se ter a falsa impressão de que este é o local do estabelecimento. Essa idéia é falsa, pois o ponto é mais que o local, o espaço físico. O ponto é um plus, é uma valorização, é a qualidade que o valor adquire em razão do exercício da empresa. O ponto é protegido pela lei de locações, na medida em que a lei 8245-91 determina que se o locatário desenvolvero ponto e não puder permanecer no local, pq o locador requereu o imóvel, pe, terá direito à indenização pela perda do ponto e, conforme doutrina, da clientela. 
Obs: Ponto e local não se confundem, pois um proprietário é dono do local, mas pode não ter ponto. Do mesmo modo, o locatário detém o ponto, mas não é proprietário do imóvel.
	O estabelecimento, como conjunto de bens, pode ser objeto de negócio jurídico. Quando se negocia o estabelecimento, não está se vendendo uma filial ou unidade, mas sim o todo. Um empresário quem tem uma sede e quatro filiais possui um único estabelecimento, pois este é sempre único. O estabelecimento é uma unidade.
 	O contrato de trespasse tem por objeto a transferência do estabelecimento. Pode ser chamado tb de traspasse ou transpasse. Transpassar significa transferir.
	O alienante pode transferir com as dívidas ou sem as dívidas. Se optar em ficar com as dívidas, deve o alienante ter patrimônio para solver suas dívidas, pois do contrário caracterizará fraude contra credores. Para evitar a fraude contra credores, o CC, no art. 1145 exige que o alienante quite todas as dívidas, para eficácia da alienação ou receba o consentimento de todos os credores, expressa ou tacitamente.
	Transferido o establecimento, o alienante poderá continuar sendo empresário desde que não faça concorrência com o adquirente nos cinco anos subsequentes, salvo autorização expressa prevista em contrato (art. 1147). Assim, o CC veda a concorrência por cinco anos.
	O adquirente responderá pelas dívidas que estivessem regularmente contabilizadas ao tempo da alienação, ie, caso o contrato preveja a transferência do establelecimento e das dívidas, o adquirente só responde pelas dívidas que lhe era possível conhecer. Isto visa evitar que o adquirente tenha surpresas, tendo que responder por dívidas que não foram contabilizadas, nos termos do art. 1146.
	Nesse contrato de trespasse, o legislador tb visou proteger o credor, tendo por isso, previsto uma solidariedade entre o alientante e o adquirente, prevista no art. 1146, in fine, e 1149. Se a transferência ocorreu, no primeiro ano subsequente à venda, o credor poderá cobrar de ambos, independente das dívidas terem sido ou não transferidas, caso em que haverá direito de regresso de quem não era responsável.
	Em suma, no primeiro ano após a alienação, alienante e adquierente são solidários, respeitado o direito de regresso.
	O contrato de trespasse não é o único que pode ser celebrado que tenha por objeto o estabelecimento, como pe, o arrendamento.
	Vale lembrar que o nome empresarial integra o estabelecimento e, por isso, com sua transferência, tb será e não há aqui qq problema (o que não pode ser feita é a alienação exclusiva do nome empresarial). 
 	Com a transferência do estabelecimento e do nome, resta a questão: pode o adquirente utilizar o nome empresarial? Para responder a questão, necessário diferenciar se o nome é firma ou denominação. Se denominação, o adquirente pode continuar utilizando a mesma denominação. Se firma, o nome deverá ser adequado, obedecendo o p. da veracidade, nos termos do art. 1164, pu, conforme observação supra que se repete: o dispositivo permite que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, possa usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com qualificação de sucessor, quando o contrato assim o permitir. 
Propriedade intelectual
Marcas
 	A lei 9279-96 é conhecida como lei de propriedade intelectual ou lei de marcas e patentes. Como visto, as marcas e patentes fazem parte dos elementos incorpóreos do estabelecimento.
	Antes de analisarmos o que são marcas e patentes, vale relembrar que estas não se confundem com o título do estabelecimento (letreiro da loja) nem com o nome empresarial – vide comentários anteriores.
	A marca é o elemento que identifica produto ou serviço, distinguindo-os de outros produtos e serviços. É elemento identificador. A marca deve ser registrada no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Não se confundem com patentes que são concedidas para invenções ou modelos de utilidade. 
	Enquanto a marca é objeto de registro, as patentes são objetos de concessão. Ambas são objeto de proteção em todo o território nacional.
	A marca pode ser classificada como: i) de produto (caneta, códigos, computadores, celulares) ou de serviço (cursos, empresas de transporte, telefonia) e; ii) de indústria, colocada pelo fabricante, ou de comércio, colocada pelo revendedor. Há ainda as marcas de certificação, aquelas que atestam a qualidade de um produto ou serviço, como por exemplo o ISO, INMETRO, ABIC, são os vulgarmente chamados “selos de qualidade”.
	O art. 123 da LPI traz ainda a marca coletiva – identifica produtos de um membros de determinada entidade, de certa região, pe. 
	O INPI pode reconhecer determinadas marcas já registradas como marca de alto renome. Nesta hipótese, há ampliação da proteção dada à marca. Por exemplo a marca DOVE. Há a marca para a linha sabonetes, shampoos, mas tb há a marca de chocolates. O globo, jornal e biscoito. Veja, revista e produto de limpeza. Assim, a proteção foi mantida, pois não há chances de confusão de clientela, pois os seguimentos são distintos.
	A marca “Natura”, por sua vez, recebeu do INPI como marca de alto renome, o que impede que qualquer outra marca seja registrada com este nome, ainda que de outro seguimento.
Atenção: Não confundir com marca notoriamente conhecida. Estas não são registradas no Brasil ainda. São aquelas objeto de acordo internacional, do qual o Brasil é signatário, ficando obrigada a proteger a marca em todo o território nacional. Com isso, esta marca não precisa de registro no país.
	As marcas estão protegidas por 10 anos, sendo que este prazo é renovável por igual período indefenidamente (art. 133). Por exemplo, Granado. Não há limites para o pedido de renovação, mas cabe ao empresário requerer a renovação.
Obs: A marca é sempre um sinal visual. No Brasil, não existe proteção como marca de sons ou cheiros, apenas de sinais visuais, podem ser estes tridimensionais, desenho, palavra. As marcas sonoras ou olfativas não foram incorporadas. 
	Sinais sonoros como “plim-plim” da Globo detém proteção, não como marca, mas como “sinal de propaganda”. Nos EUA o ronco do motor da marca Harley-Davidson é protegido como marca sonora.
Ler a LPI – muito cobrada em provas objetivas. Visitar site do INPI.
 Patentes 
 	Concedidas aos titulares de invenção e modelos de utilidade. Invenção é criação, enquanto o modelo de utilidade é o aperfeiçoamento de uma invenção. Por exemplo, a cafeteira elétrica é uma invenção, o dispositivo chamado “corta pingo” é modelo de utilidade, pois aprimora a invenção. O telefone fixo é uma invenção, o telefone sem fio é modelo de utilidade. Contudo, o celular não é modelo de utilidade do telefone fixo, pois são tecnologias distintas. O celular é invenção e os aparelhos com câmera, rádio, tv, touchscreem são modelos de utilidade.
	A concessão de patente tem procedimento administrativo próprio. Para concessão, o titular fará o depósito do requerimento no INPI. O pedido será analisado juntamente com os documentos anexados exigidos na lei e o pode ser feito tanto por pessoa física quanto jurídica. Ao final poderá ser concedida ou não, mas uma vez concedida produz efeitos ex-nunc e ex-tunc, para proteger o titular durante o período do procedimento administrativo.
	A patente tem prazo de vigência de 20 anos para invenção e de 15 anos para os modelos de utilidade. Este prazo começa a correr a partir da data do depósito do pedido de concessão. Se o procedimento administrativo demorar muito, a própria lei garante um prazo ao titular para sua exploração, sendo este prazo de 10 anos para a invenção e de 7 anos para o modelo de utilidade, ambos a contar da concessão (art. 40, caput e parágrafo único).
	Os prazos de vigência não se renovam. Findo o prazo, caem em domínio público.
Sociedades empresárias
 	Sociedade é uma reunião de pessoas para exercíciode uma atividade, necessariamente, econômica. Se a atividade não é econômica, esta reunião não será uma sociedade, poderá ser uma associação.
	O art. 981 do CC dispõe que celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
	Essa atividade será sempre econômica e poderá ser também organizada. Quando a sociedade exercer atividade econômica e organizada, estará exercendo empresa, sendo então uma sociedade empresária. Nos termos do CC, quando não for empresária, a sociedade é, por exclusão, simples (art. 982).
	Sendo empresária, seu órgão de registro é a Junta Comercial (se tiver atividade em mais de um estado, deverá registrar-se nas juntas de cada um dos estados). Se sociedade simples, o registro será no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (as associações e fundações tb se registram neste).
	 
Obs: A lei 8934-94 trata do DNRC e Juntas Comerciais.
Sociedade unipessoal
	As sociedades empresárias, conforme art. 981, exige uma reunião de duas ou mais pessoas, regra geral. Contudo, é possível que a sociedade empresária seja unipessoal tanto desde o seu início ou supervenientemente.
	A unipessoalidade originária (constituída com único sócio) pode ocorrer em uma única hipótese, prevista no art. 251 da LSA, quando tivermos a subsidiária integral constituída por um único acionista que é uma sociedade brasileira – Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira.
	Já a unipessoalidade superveniente pode ocorrer em qualquer sociedade. Uma sociedade que foi constituída com dois sócios e um se retirou. Outra formada por 10 sócios e que uns morreram, outros se reitiraram ou foram excluídos.
	No caso da unipessoalidade originária, esta unipessoalidade poderá durar pelo tempo que a sociedade assim desejar. Já a superveniente, só poderá permanecer com único sócio no período previsto em lei, findo o qual deverá ter constituído o número mínimo de sócios (quer sejam, dois), pois do contrário a sociedade será dissolvida. 
No caso das sociedades do CC, o prazo máximo é de 180 dias (art. 1033, IV).
Locação empresarial
 	A regra é que as sociedades sejam plurais e podem representar NJ em nome próprio, ie, não precisa ser em nome dos sócios, pois detém personalidade jurídica, titularidade negocial.
	Um dos NJ que podem ser celebrados pela sociedade empresária é a locação empresarial.
	O contrato de locação para exercício da empresa está prevista na lei de locações (L8245-91), a partir do art. 51. No contrato, o locatário pode ser empresário individual ou sociedade empresária.
	O tratamento dispensado pela lei de locações visa proteger dois institutos importantes para o empresário: o ponto e a clientela. O ponto pode ser desenvolvido pelo locatário e a clientela conquistada por ele. O ponto funciona como incremento ao valor do imóvel, pois com a atividade ali desenvolvida, acaba por valorizar o imóvel. 
	Por tal razão, ponto e clientela recebem proteção pela lei de locações, em especial, quando trata da ação renovatória (art. 51). A ação renovatória visa renovar compulsoriamente o contrato de locação. Compulsoriamente, significa que será independente da vontade do locador, quando preenchidos os requisitos previstos no art. 51: i) quando o contrato for escrito e com prazo determinado; ii) o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos seja de cinco anos; iii) locatário esteja exercendo sua atividade no mesmo ramo pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos. 
Obs: o art. 51, #5º prevê prazo decadencial para aquele que não propor a renovatória no prazo de um ano, no máximo, e 6 meses, no mínimo, anteriores ao fim do prazo previsto no contrato.
Shopping center – locação
 	O contrato de locação no âmbito do shopping center, tb está previsto na lei de locações, e, via de regra, não apresenta grandes diferenças quanto aos demais contratos, salvo no tocante às obrigações do locatário que são mais rígidas. Isso se dá pq ele tem um ambiente que é favorável à sua atividade, à sua atuação e esse ambiente foi criado, foi propiciado pelo locador (o shopping).
	É contrato escrito, com cláusulas de locação normais, sendo que o aluguel, em geral, é mais caro que o “preço de mercado”, vez que o shopping reune uma grande variedade de ramos de atividades e serviços, o que faz dele mais atrativo ao consumidor e, consequentemente, mais lucrativo ao locatário-empresário. Esse preço fica ainda mais caro conforme a localização do shopping center.
	O shopping tem estabelecimento próprio, com seus elementos incorpóreos (nome, marca, título do estabelecimento, pe)e corpóreos (banheiros, lixeiras, bancos...). Não se pode confundir, portanto, o shopping center com as empresas que atuam nele, através do contrato de locação.
	Se há um shopping center com 10 lojistas, temos um shopping com 10 contratos de locação.
Contratos mercantis
Leasing (arrendamento mercantil)
 	É um contrato que reune elementos de outros contratos, pois reune elementos de locação, compra e venda e financiamento.
	O leasing tem duas partes – arrendador e arrendatário – e tem como objeto bem fungível ou atés mesmo infungível, mas a regra é bem fungível. 
	O arrendador (ou arrendante), em geral proprietário, transfere a posse e uso do bem ao arrendatário, que passa a ter obrigação de pagar às parcelas previstas em contrato. Ao fim do contrato, surgem opções ao arrendatário.
 	O contrato de leasing se caracteriza pelas opções ao fim do contrato disponíveis ao arrendatário. Ou seja, o contrato de leasing é aquele pelo qual o arrendatário “aluga” o bem do arrendador, e ao fim do contrato terá três opções: i) compra pelo valor residual (VRG); ii) renovação do contrato; iii) devolução do bem.
	O arrendador tem deveres, funções no contrato: comprar o bem; disponibilizar; receber a contraprestação e respeitar a decisão do arrendatário ao fim do contrato. Por outro lado, pagar as prestações e conservar o bem são deveres do arrendatário, que detém ainda ao final o direito de escolha.
	VRG é o valor residual garantido, que corresponde à antecipação do valor residual. Ie, ao invés de deixar o valor residual para ser quitado ao final, faz-se um cálculo desse valor no momento da contratação para que o arrendatário dilua tal valor nas parcelas – essa cobrança antecipada é admitida pelo STJ, mas é válido destacar que, mesmo que o arrendatário tenha optado por diluir o VRG nas parcelas, ao final continua tendo a opção de devolver o bem. Ou seja, a antecipação do VRG não implica em escolha antecipada pela compra ao final do contrato, cabendo, nessa hipótese, a restituição do VRG. 
	Se no decorrer do contrato ocorrer inadimplemento ou, ao final, a renovação do contrato, a devolução do bem, o valor correspondente ao VRG deve ser restituído ao devedor de forma simples, pois não caracteriza cobrança indevida (foi opção do arrendatário).
	No caso da antecipação do VRG, é fundamental que o arrendatário saiba, mês a mês, quanto está sendo pago a título de leasing e a título de antecipação de VRG. Deve ser discriminado, inclusive, para que seja possível ao arrendatário saber quanto foi pago de VRG
	São espécies de contrato de leasing: i) leasing financeiro (regra geral); ii) leasing operacional; iii) leasing back ou leasing de retorno.
	O leasing financeiro é o mais comum. É aquele celebrado por instituição financeira. A instituição não é a titular do bem, a proprietária. Ela compra o bem e arrenda ao contratante. O arrendatário escolhe o bem, “informa” à instituição, que irá adquiri-lo para que seja possível arrendá-lo. Ao final, ao arrendatário tb é disponibilizadas as opções de compra, renovação ou devolução.
	O leasing operacional é diferente pq o arrendatário não compra o bem, pois ele já possui o bem para ser “alugado” e ainda oferece assistência técnica do bem, o que torna o operacional mais interessanteque o financeiro. A instituição financeira não pode oferecer essa possibilidade, pois não é a titular do bem, diferente do operacional, em que o contrato é celebrado com o fabricante (por exemplo, a empresa Xerox).
	O leasing back, por sua vez, caracteriza-se pelo arrendador adquirir o bem na propriedade do arrendatário, ie, ele compra do arrendatário e, depois, “aluga” para ele. O bem sequer sai do lugar. O proprietário procura uma instituição para comprar o bem e, em sequencia, arrendá-lo ao “antigo proprietário”. Ao final do contrato, o bem poderá até mesmo voltar a sua propriedade (ou renovar ou devolver tb).
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Observação complementar: Thiago Carapetcov:
	Muito cuidado deve ser tomado no tocante à NJ do contrato de leasing, pois em que pese se visualizar facilmente uma locação, uma compra e venda ou um financiamento, não há qualquer um deles. Não há locação, pois ao fim de um contrato de locação não há essa opção de compra pelo valor residual. Do mesmo modo, apesar de visualizar-se a compra e venda ou o financiamento, ao fim do leasing pode acontecer do arrendatário optar por devolver, logo, a compra e venda não se consumaria. Por isso, diz-se que a NJ do leasing é híbrida.
	Ao final do contrato, se o valor mínimo for R$1,00, ainda assim não há que se falar em compra, se não for essa a a opção do arrendatário. Continuará sendo leasing com as opções de devolução, renovação. 
	No tocante ao leasing de veículo, a responsabilidade por multas, acidentes é do arrendatário, possuidor direto. Contudo, quanto ao IPVA, o STJ entende que trata-se de obrigação propter-rem e, por isso, responsabilidade do arrendador.
	Quanto ao inadimplemento do leasing, a primeira coisa a ser destacada é a Súmula 369 do STJ. O devedor deve ser notificado e ser requerida a devolução do bem, antes da distribuição da ação de reintegração de posse. Na reintegração deverão ser cumulados os pedidos de devolução, restituição do bem, rescisão do contrato, além das parcelas vencidas. Mas quanto às parcelas vincendas, o STJ entende que sua cobrança é abusiva! Pode ser pedido também cláusula penal, considerando os prejuízos presumíveis, além de prejuízos gerais.
	A cláusula penal não pode ser cumulada com prejuízos, em regra, pois seria pedido dúplice, mas pode ser feita uma distinção. A cláusula penal engloba a desvalorização do bem, a perda de um contrato que seria celebrado e não foi por conta do inadimplemento, ie, são os prejuízos presumíveis. Contudo, os prejuízos não presumíveis, os gerais, ie, superdesvalorização do bem, a destruição do bem pelo arrendatário.
	O contrato se encerra pela vontade das partes, decurso do tempo e pelo inadimplemento-falência (cuidado! Não é simplesmente faliu: encerra-se o contrato). No caso de falência, dependerá do administrador. Pode acabar ou não. Pe, faltam duas parcelas para finalizar o leasing com opção de compra. O administrador pode optar por concluir o contrato, comprar o bem que vale 20 milhões, para após vendê-lo e quitar as dívidas com os credores.
Obs: Legislação aplicável: Lei 6099, Res. do BC 2309 e tratando-se de leasing de veículos lei 11649.
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Factoring
 	Modalidade contratual muito utilizada pelos empresários que se valem (aceitam, utilizam) de títulos de crédito com vencimentos futuros a fim de obter o valor desses títulos. 
	Os empresários que detém esses títulos podem negociá-los através do contrato de desconto bancário ou de factoring. Naquele, a instituição financeira participa, obrigatoriamente, e o empresário, ao transferir os títulos para a instituição, se torna devedor solidário, se torna garantidor do título. 
	Na factoring, a situação é distinta. O empresário não negocia necessariamente com uma instituição financeira. Aquele que vai factorizar o titulo, que vai recebê-los para negociar é uma uma PJ regularmente estabelecida, uma sociedade empresária, que irá adquirir o título, antecipando seu valor. O valor antecipado não é o valor integral, pq paga um valor menor que o previsto no título (é como a sociedade lucra).
	O factorizado não responde pelo pagamento do título em caso de inadimplemento, ou seja, caso o título não seja pago, o factorizador não pode cobrar de quem lhe transferiu. O factorizado não é garantidor.
	Comparando o desconto bancário e o factoring, pode ser mais interessane o factoring por que o factorizado não se torna garantidor. Contudo, como o risco é maior, o factorizador paga menos, um valor bem inferior ao do titulo. Por isso, para o empresário, vai depender da situação. Com os títulos em que há “certeza” no pagamento, é válido o desconto bancário, mas se não há essa certeza (cheque de um cliente), aí o factoring se torna mais interessante.
Franquia (franchising)
 	Contrato regulado pela lei 8955-94 (é uma lei pequena, é muito válida a leitura, pois são 11 artigos no total, sendo que apenas 8 tratam da matéria, destacando-se o art. 2º.). 
	O art. 2º da lei visa trazer um conceito do contrato de franquia. No contrato há duas partes: o franqueador, titular da marca, do título do estabelecimento, que o franqueado pretende utilizar. Assim, as partes (franqueador e franqueado) celebram um contrato que permita ao franqueado usar alguns elementos do estabelecimento do franqueador. O exemplo mais comum é para usar a marca – Mc Donald’s, Bob’s. Mas pode ocorrer tb a transferência do know-how, da tecnologia, até mesmo transferência da forma de organização, da administração – first class, por exemplo.
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.
 	A franchising é celebrada entre empresários. 
	Na franquia, o nome empresarial jamais é transferido. O título do estabelecimento será – China in box – mas na NF quando constar o nome empresarial aparecerá João Alves Alimentícia, nome do franqueado e seu respectivo CNPJ.
	Outro ponto relevante, antes da assinatura do contrato, é necessário que o franqueador transfira ou entregue ao franqueado um pré-contrato chamado de circular de oferta de franquia (COF). Essa circular é um documento que já traz as cláusulas mais importantes do contrato e os requisitos que o franqueado deve ter.
Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações:
 	O art. 4º da lei prevê ainda que a circular deve ser entregue ao franqueado no mínimo 10 dias antes da assinatura do contrato.
Alienação fiduciária em garantia
	Tem sua origem no direito romano. Introduzida no Brasil, a partir do Dec 911-69, decreto sobre mercado de capitais, mas hoje é tratada ainda nos arts. 1361 a 1368 do Cód. Civil. O art. 1368 do CC admite ainda legislação especial.
 	Implica na tranferência da propriedade do bem para garantir o cumprimento de uma outra obrigação que, em geral, envolve esse mesmo bem. Nesse contrato há duas partes: o alienante-fiduciante, aquele que transfere o bem para garantir o cumprimento da obrigação, e o proprietário- fiduciário, aquele que adquire o bem só como garantia.
	Imagine que A quer adquirir um automóvel, mas não tem o dinheiro para comprá-lo. A, então, adquire o bem e o transfere a um banco como garantia do pagamento. Na verdade, o banco paga o valor do carro e depois A, que detém a posse do bem, irá pagando as parcelas, como garantia de que A vai pagar as parcelas, o banco consta como proprietária fiduciária no DUT. A propriedade do banco é resolúvel,pois essa propriedade só se mantém enquanto A é devedora. Ao final, quitadas as parcelas, é dada baixa na alienação e a propriedade transfere-se, sem garantia, para A, alienante-fiduciante.
	Esse contrato não precisa ter como objeto o mesmo bem, objeto do contrato anterior. Se A adquiriu um carro, que foi pago pelo pago, a garantia da alienação não precisa ser o carro. Admite-se que a alienação fiduciária tenha por objeto bem distinto do que fo adquirido.
	Se o devedor parar de pagar a instituição financeira, ele que só tem a posse e uso, vez que a propriedade já foi transferida ao banco, a instituição pode ajuizar uma ação de busca e apreensão diante do inadimplemento.
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Observação complementar:
	Esse contrato tem como objeto fomentar o consumo.
	Quanto ao conceito, a visão do prof. Marco Aurélio, afirma que a alienação em garantia é um direito real de garantia na qual o devedor, chamado devedor fiduciante, aliena um bem ao credor fiduciário para fins de garantia, repassando a propriedade resolúvel e a posse indireta do bem, ficando o devedor com a posse direta. Com a quitação integral da dívida, o devedor torna-se proprietário.
O art. 1364 e 1366 prevêem, respectivamente, que se “sobrar” o valor deve ser restituído ao devedor; e, no caso do art. 1366, faltando, o devedor continua sendo devedor.	
Pela teoria do inadimplemento mínimo ou adimplemento substancial, o devedor deixa de pagar o mínimo, nesse caso, o bem já é mais dele do que credor, então não seria justo que ele perdesse o bem. Não há um número mínimo de parcelas a justificar a sua aplicação, depende do interpretação do juiz. Essa teoria é doutrinária e jurisprudencial então depende do caso concreto.
Outra distinção relevante envolve o negócio fiduciário e o negócio simulado. No primeiro, o caminho aparenta ser tortuoso, mas o negócio é lícito, enquanto o segundo, o caminho é tortuoso, confuso, mas a conclusão do negócio também é tortuosa, pretende-se prejudicar alguém.
Todas os pontos analisados aplicam-se tanto a bens móveis quanto imóveis, salvo a sub-rogação que só se aplica aos móveis. Contudo, há outros pontos que são referentes apenas ao bens imóveis.
Primeiramente, há uma lei específica a lei 9514. Outro ponto, não foi definido na lei quais seriam esses bens imóveis, então englobaria todo e qualquer bem imóvel, em visão ampla. (faltou uma distinção).
Pode o devedor alugar o bem imóvel (relembrando: propriedade resolúvel e posse direta) ? Pode, art. 14 da lei, mas desde que ele deixe claro que não é o proprietário, que ele está envolvido em uma alienação fiduciária em garantia. Isso pq, se ele não tem a propriedade, tanto ele quanto o locatário podem ser “despejados”. O locatário não faz idéia de que depende de alguém que não locador, por isso necessário que se vislumbre que o bem é objeto de alienação.
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Sociedades do Código Civil
Classificação
 	Como já vimos, as sociedades podem ser simples ou empresárias, conforme seu objeto. Outra classificação prevista no CC define as sociedades, conforme a aquisição de personalidade, como não personificadas (sociedade em comum – 986 a 990 e sociedade em conta de participação) e personificadas (simples, em nome coletivo, comandita simples e limitada, além da S.A e cooperativas).
	As sociedades que se organizam por contrato social, são sociedades contratuais, enquanto as que se organizam por estatuto, são institucionais.	
 	De acordo com a responsabilidade dos sócios, as sociedades podem ser limitadas (ltda. e S.A), ilimitadas (soc. em nome coletivo ou soc. em comum) ou mistas (comandita simples ou por ações).
	Por fim, quanto a nacionalidade, as sociedades são nacionais ou estrangeiras. O interessante aqui é saber o que a sociedade deve apresentar para ser nacional (sede no Brasil e se organizar conforme as leis brasileiras) – está previsto no CC. Quanto às estrangeiras, como não tem sede no país, para funcionar aqui, depende de autorização, via decreto, do presidente (Chefe do executivo).
Atos constitutivos
 	Ato que constitui a sociedade. É um contrato que pode ser contrato social ou estatuto.
	De acordo com o art. 981 CC, toda sociedade se organiza através de um ato constitutivo e, de acordo com o tipo societário, poderá ser por contrato social ou estatuto.
	As sociedades institucionais, ou seja, as que adotam estatuto, dividem seu capital social por ações, como é o caso da S.A. Já as sociedades contraturais, organizadas por contrato, das que estão previstas no CC, destaca-se a sociedade limitada.
Sociedades em espécie
Sociedades despersonificadas
 	Sociedade não personificada é a sociedade sem personalidade jurídica, mas isso não é sinônimo de sociedade necessariamente de sociedade irregular, visto que, pe, a sociedade em conta de participação é despersonificada em razão da lei que determina que a sociedade não poderá adquirir personalidade jurídica.
	São exemplos a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação.
 
Sociedade em comum 
 	Prevista no CC dos arts. 986 a 990, a sociedade em comum é uma sociedade despersonificada. 
 	Sua característica fundamental é que ela deveria ter adquirido personalidade jurídica, mas não adquiriu, ie, o seu ato constitutivo deveria ter sido levado a registro e não foi ou, ainda que tenha sido levado a registro, foi fora do prazo e não produziu tal efeito. É uma sociedade irregular pela ausência de registro.
	Na verdade, ela não é um tipo societário desejado pelos sócios, mas sim uma consequencia jurídica (pela ausência de registro). Essa consequencia é que os sócios respondem pessoalmente, com seu próprio patrimônio, dada a ausência de personalidade jurídica. Assim, os sócios tem responsabilidade solidária e ilimitada.
	Entretanto, em que pese responderem pessoalmente, os sócios disponibilizam do benefício de ordem previsto no art. 1024 do CC – Os bens particulares dos sócios não podem seer executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. Ou seja, deve ser esgotado primeiramente o patrimônio da sociedade, para depois ser alcançado o patrimônio pessoal dos sócios. 
	O art. 990, contudo, exclui desse benefício de ordem, quem contratou em nome da sociedade, ie, quem atua como se administrador fosse, aquele que seria administrador se o ato tivesse sido levado a registro. Isto pq a “culpa” pela sociedade não ter personalidade é dele e ele, ciente de que a sociedade é despersonificada, ainda assim, contrata em nome dela, como se personificada fosse, por isso a lei prevê uma consequencia mais severa para ele.
Obs: Atenção aos art. 986 e 990
Sociedade em conta de participação
 	Está prevista nos arts. 991 a 996 e, diferente da sociedade em comum, a sociedade em conta de participação não é irregular, pois é despersonificada por determinação da lei, vide art. 993 do CC. 
 	É uma sociedade que só existe entre os sócios, não há registro dos atos. Em geral, é uma sociedade de curta duração e, por isso, não é registrada – via de regra, é constituída para celebrar alguns (às vezes só um) NJs específico e, após se desconstitui. “Os terceiros não sabem que a sociedade existe”. 
	A sociedade em conta de participação é chamada sociedade pq o Cód. assim o quis, pois não adquire personalidade (art. 993) e, assim, não tem nome empresarial, CNPJ, título de estabelecimento, sede e tampouco pode falir. Nessa forma de sociedade não exerce empresa.
	Essa forma é muito adotada na construção civil. Ocorre da seguinte forma: o contrato de sociedade é celebrado entre a construtora e um investidor para a construção de um prédio residencial. Este último faz investimentos de 20% do valor total do empreendimento e este percentual corresponde a sua participação nos lucros obtidos pela construtora.
	Assim, quando o terceiro for até a construtora para comprar uma das unidades, o contrato celebrado de compra e venda é firmado entre o terceiro e a construtora. Esta responderá perante o terceiro ilimitadamente pelaentrega do imóvel. O investidor, por sua vez, tem responsabilidade limitada aqueles 20%, que correspondem ao valor que se comprometeu a entregar à construtora.
	A construtora é sócio ostensivo, ou seja, aquele que negocia com terceiros, mas negocia em nome próprio, por isso responde pessoalmente. O investidor é o sócio participante (já chamado de sócio oculto, mas essa expressão não é mais utilizada!!!!). Como dito, é o sócio ostensivo quem se obriga perante terceiros. O sócio participante, por sua vez, obriga-se exclusivamente perante o ostensivo no limite de sua participação prevista em contrato (no exemplo, 20%).
	No caso da construção civil, podem ser celebrados vários contratos para formação de várias sociedades em conta de participação, todos ao mesmo tempo. Por exemplo, entre a construtora e o proprietário do terreno em que será construído o prédio (o proprietário reveberia um percentual sobre o valor das unidades vendidas), a construtora e instituições financeiras, a construtora e fornecedores de materiais de construção.
	Conforme expressamente disposto no CC, essa forma societária só produz efeitos entre os sócios e, ainda que estes optem por levar o contrato a registro, não adquirirá personalidade jurídica.
Sociedades personificadas
 	Muito embora não se possa afirmar que toda sociedade despersonificada é irregular, por força do art. 993 do CC, pode-se dizer sem dúvidas que toda sociedade personificada é regular.
 	Estão previstas no CC a partir do art. 997.
Sociedade em nome coletivo
 	Tratada no Cód. Civil a partir do art. 1039, a sociedade em nome coletivo caracteriza-se por só admitir como sócios pessoas físicas que respondem solidária e ilimitadamente, sempre observado o benefício de ordem do art. 1024, ou seja, a responsabilidade é também subsidiária, pois só pode alcançar o patrimônio pessoal, quando esgotado o da sociedade.
	Por conta dessa forma de responsabilidade prevista para os sócios é que se exige que seja formada apenas por pessoas físicas. Da mesma forma, só pode adotar firma social, pois deverá constar no nome empresarial o nome dos sócios (de todos ou de alguns seguido pela expressão “e cia.”).
	Quanto ao administrador, na sociedade em nome coletivo, só pode figurar como administrador quem é sócio. Quem é melhor para administrar essa sociedade senão quem tem essa forma tão “grave” de responsabilidade.
Sociedade em comandita simples
 	Tratada nos arts. 1045 a 1052. É uma sociedade mista, pois formada por dois grupos de sócios que respondem ilimitadamente e sócios que respondem pelo valor da sua cota.
	O caput do art. 1045 divide os sócios em comanditados, aqueles que respondem solidária, ilimitada e subsidiariamente, e em comanditários, aqueles que respondem limitadamente ao valor das suas cotas.
	Para ser sócio comanditado, apenas pessoa física, vez que responde pessoalmente, mas para ser comanditário, pode ser pessoa física ou jurídica.
	A sociedade em comandita simples só pode adotar firma social (ou razão social), pois tem que trazer o nome dos sócios que respondem pessoalmente. Ou seja, deve ser adotada firma social como nome empresarial, a ser formada pelo nome dos sócios comanditados.
	Por fim, destaca-se que só pode ser administrador o sócio comanditado, pois quem responde ilimitadamente.
Sociedade limitada 
- Visão geral e fundamentação legal
 	Está inserida no contexto do direito societário e é de grande destaque dentro da matéria, dada sua relevância na prática.
	É hoje totalmente regida pelo CC a partir do art. 1052, valendo de plano destacar que nas omissões do Cód., aplicam-se às ltdas, as regras da sociedade simples, nos termos do art. 1053. Ou seja, o capítulo da sociedade simples se aplica subsidiariamente às ltdas, quando omisso o CC. 
	Nem por isso se deve concluir que as ltdas são sociedades simples. Na verdade, as ltdas. podem ser tanto simples quanto empresárias, conforme seu funcionamento ou contrato social.
	Outro ponto que deve ser esclarecido é que o pu do art. 1053 permite que sejam aplicadas à ltda. as regras da S.A (lei 6404), desde que haja previsão expressa no contrato social. Tal aplicação subsidiária tb só é admitida se omisso o Cód. Civil. Se a lei da S.A tb for omissa, a questão deverá ser resolvida através do CC no tocante às regras da sociedade simples. Em outras palavras, a previsão contratual de aplicação subsidiária da Lei de S.A, não veda a aplicação das regras da soc. simples, mas apenas posterga sua aplicação – o CC é lei geral.
- Contrato social
	É uma sociedade contratual, vez que se rege por contrato. O contrato social é um acordo de vontades entre os sócios, cujas regras estão previstas na lei.
 	O que deve estar previsto e especificado está na lei, mas não no capítulo das ltdas, mas no art. 997 (vide art. 1054). O art. 997 (incisos) traz as chamadas cláusulas essenciais, ie, as cláusulas que devem constar obrigatoriamente no contrato, admitindo ainda as cláusulas acidentais, aquelas estipuladas pelas partes. São cláusulas essenciais:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Atenção: 
 	- Da leitura do inc. I, percebe-se que podem ser sócios na ltda. tanto pessoas físicas, quanto pessoas jurídicas.
 	- Em que pese o inc. II falar em “denominação”, a ltda. pode adotar tanto firma quanto denominação, nos termos do art. 1158, caput. Caso adotada firma, deve ser observado o #1º do art. que dispõe como deverá ser formada. Se adotada denominação, o #2º prevê sua forma de composição.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.
 
 	- O Capital social é o somatório da contruibuição de todos os sócios. Após o início das atividades, a sociedade obterá lucro e contrairá dívidas, que integrarão o patrimônio que é mais amplo. Não se pode confundir. O capital social deve constar do contrato social e refletir a verdade – se não corresponder, a sociedade estará cometendo uma ilegalidade. 
	O capital social é relevante por ter duas funções: i) interna: serve de base para cálculo do lucro dos sócios, que receberão conforme suas contruibuições; ii) externa: garantia para terceiros que contratam com a sociedade, pois o valor previsto em contrato como capital social existe, pois já integralizado ou deverá ser integralizado pelos sócios.
- Cotas 
	O inc. IV do CC, trata das cotas sociais. 
A cota é a menor fração em que se divide o capital social, mas cada cota é indivisível (art. 1056). Cada sócio adquirirá quantas cotas quiser. Se três pessoas titularizarem a mesma cota, essa “divisão” é fictícia, pois ela é indivisível, serve apenas como uma forma de dividir o lucro entre os titulares.
O inc. IV do art. 997 diz que no contrato social deverá constar a cota de cada sócio e forma que ela será realizada, ie, como o sócio irá pagá-la. Quando o sócio se compromete com determinada quantidadede cotas, temos que o sócio subscreveu um número x de cotas (ato de subscrição).
O sócio subscreve uma cota e ao “realizá-la”, diz-se que o sócio integralizou as cotas. Se pagar metade das cotas que se comprometeu, as cotas ainda não foram integralizadas. Só se fala em integralização quando as cotas são totalmente “quitadas”. O sócio que não integraliza as cotas é chamado sócio remisso.
Obs: Anteção: o inc. V do art. 997 admite que o sócio contribua para o capital social com serviços. Contudo, tal previsão não se aplica às ltdas, visto que o art. 1055, #2º veda expressamente o sócio contruibua para o capital social com serviços.
Quando todos os sócios integralizam suas cotas, o capital social da empresa está integralizado. 
As cotas fazem parte do patrimônio do sócio e, por isso, o sócio pode transferir as suas cotas, em tese, para quem ele quiser. Contudo, essa cessão de cotas pode não ser livre, vez que possível a previsão no contrato social de limites à cessão. Caso o contrato social seja omisso, deverão ser observadas as disposições do art. 1057. 
A sociedade ltda. pode ser de capital ou de pessoas. Sendo, sociedade de pessoas, pode haver limitação à cessão das cotas. O contrato pode, pe, impor que a cessão só seja possível após aprovação dos demais sócios. 
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. 
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.
Obs: o Art. 1003 trata da eficácia da cessão, da averbação e alteração do contrato social
 	Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.
 	Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.
 	As cotas da sociedade ltda. são passíveis de penhora, estando prevista tal hipótese no CPC (art. 655, VI do CPC), tanto tratando-se de sociedade de pessoas ou de capital. Será cabível a penhora das cotas, quando houver dívida pessoal do sócio. 
	É mister lembrar que em algumas sociedades, o vínculo existente entre os sócios é muito forte, não se admitindo a participação de terceiros, completamente estranhos à sociedade. Por tal razão, na hipótese de penhora das cotas, o juízo que determinar a penhora, deverá expedir ofício à sociedade, dando aos demais sócios o direito de preferência, ie, permitindo que estes tenham a oportunidade de adquirir tais cotas, evitando que terceiros venham a participar da sociedade. O direito de preferência dos sócios está previsto no art. 685-A, #4º do CPC. 
 	§ 4o No caso de penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios.
- Sócios – Quem pode ser e responsabilidade
 	Via de regra, qualquer pessoa pode ser sócio. É diferente das regras para ser empresário individual, pq o sócio não irá exercer empresa, necessariamente, sendo, na verdade, um investidor.
	Como visto, cada sócio irá subscrever determinado número de cotas e deverá realizá-las. Quando todos os sócios integralizarem suas respectivas cotas, o capital social tb estará integralizado.
	Contudo, pode ocorrer de algum sócio não integralizar suas cotas, sócio remisso. Nessa hipótese, vale a pergunta: a mora do sócio remisso é ex re ou ex persona, ie, ele está em mora a partir do vencimento da obrigação ou apenas após ser notificado da sua mora? Nos termos do art. 1004, é ex persona, pois prevê o prazo de 30 dias após a notificação para que seja configurada a mora.
	Ainda no tocante ao sócio remisso, destaca-se que enquanto o capital sócio não for integralizado, a responsabilidade dos demais sócios é aumentada, tornando-se solidária até que o capital seja integralizado. Integralizado o capital social, a responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor das suas próprias cotas. Nesse sentido, art. 1.052 do CC:
 	Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
- Desconsideração da personalidade jurídica
 	Também chamada de disregard é aplicável a qualquer sociedade empresária regularmente constituída. 
	A desconsideração nada mais é que o afastamento temporário da personalidade jurídica da sociedade para que o sócio fraudador pode ser patrimonialmente responsabilizado. Ou seja, a responsabilidade que em princípio recairia sobre a sociedade, vai recair sobre o sócio que usou a personalidade jurídica da sociedade em seu proveito.
Obs: A desconsideração é um instituto que é aplicado só para as sociedades empresárias, regularmente constituídas. Só PJ regulares. Não se aplica a empresário individual.
	A desconsideração está prevista no art. 50 do CC e visa, dentre outras finalidades, conservar, preservar a empresa. Isto pq ao desconsiderar a personalidade, afasta-se a responsabilidade da empresa, atribuindo ao sócio fraudador.
	Para que haja desconsideração é necessário processo judicial, ie, deve ser requerida ao juízo tanto nos autos de uma ação específica, como objeto da ação, ou como pedido incidental, num processo de falência, por exemplo.
	Uma vez requerida a desconsideração, deverá ser verificado o abuso, desvio de finalidade para que seja possível decretar a desconsideração e seja possível atingir o patrimônio do fraudador na mesma medida do prejuízo que ele causou à sociedade.
	Nesse sentido, importante verificar que existem três formas de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica: i) desconsideração maior (teoria maior); ii) desconsideração menor (teoria menor); iii) desconsideração invertida.
Desconsideração maior: é a regra. Prevista no art. 50 do CC. Exige a prova da fraude, ou seja, a desconsideração é aplicada quando houver prova da fraude ou do abuso ou da confusão patrimonial (sócio-sociedade).
Desconsideração menor: Está prevista no art. 28 do CDC, na lei do CADE e na L9605-98 (crimes ambientais). A jurisprudência admite a aplicação da teoria menor quando estivermos diante de uma relação consumerista ou ambiental. Na teoria menor é desnecessário a prova do abuso, fraude ou confusão, bastando apenas o inadimplemento patrimonial. Exige o prejuízo configurado e o nexo causal entre tal prejuízo e a conduta do sócio ou administrador. Na justiça do trabalho, tb se admite a aplicação da teoria menor.
Obs: No tocante ao CDC, cabe destacar que o #5º do art. 28 deveria ter sido vetado, contudo, por equívoco, o veto foi do #1º. Assim, o STJ passou a dizer que o #5º é uma norma autônoma em relação ao art. 28.
Desconsideração invertida: não tem previsão legal, mas é admitida pela doutrina e jurisprudência. Nessa modalidade, não se afasta a personalidade jurídica da empresa para atingir o patrimônio do sócio, mas sim, afasta o patrimônio do fraudador para atingir o da sociedade. Imagine que um sócio, ao adquirir bens pessoais, põe tudo no nome da sociedade, visando esconder seu patrimônio de eventuais credores, como se não tivesse patrimônio pessoal nenhum. Nesse caso, afasta-se o sócio para atingir o patrimônio da sociedade que, na verdade seria do sócio. A desconsideração inversa visa evitar a fraude contra credores e tb fraude na partilha. O STJ reconhece a possibilidade de decretação da desconsideração invertida em juízo de família.
 	Gera discussão na jurisprudência se, caso haja uma ação de desconsideração, se nesta mesma ação já pode ser invadido o patrimônio do fraudador, ie, decretada a desconsideração já pode ser invadido na mesma ação os bens pessoaisdo sócio? Há quem não admita, pois este fraudador não teve chance de se defender, pois não fez parte do processo. Contudo, a maioria hoje admite tal hipótese, desde que seja garantido ao fraudador o direito de defesa.
- Administração da Ltda.
	Para ser adminsitrador da ltda., tem que ser pessoa física, conforme se extrai da inteligência do art. 997, VI – “as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições”.
	Da leitura do dispositivo concluimos tb que tanto a sociedade pode apresentar um único administrador ou mais de um, hipótese em que a responsabilidade dos administradores será solidária.
	O administrador não é representante da sociedade, mas sim a sociedade presente (prsentante da sociedade). Ele é escolhido para agir em nome da sociedade, não como seu representante. 
Obs: Não se usa mais a expressão sócio-gerente, em especial, pq hj não se exige mais que o administrador seja sócio.
	Essa adminstração deve ser exercida da melhor maneira possível, ie, sempre no interesse da sociedade. O administrador pode contratar outras pessoas, ele tem poderes para agir sem consultar os sócios, contudo, em algumas situações essa liberdade de atuação estará limitada, pois será necessária a deliberação dos sócios. Tais situações estão elencadas no art. 1071 do CC, que segue:
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III - a destituição dos administradores;
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V - a modificação do contrato social;
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII - o pedido de concordata.
	O art. 1072 caput dispõe que o administrador deverá convocar assembléia ou reunião para que os sócios deliberem sobre os assuntos elencados no art. 1071.
Obs: A reunião em assembléia é obrigatória quando o número de sócios for superior a 10 (art. 1072, #1º). Será convocada reunião quando a sociedade contar com até 10 sócios. A diferença entre elas e quanto a formalidade. A assembléia exige publicação em jornal do edital de convocação, pelo menos três vezes, intervalo previsto em lei, deve ser lavrada ata, há quórum específico, dentre outras formalidades.
	O art. 1071 deve ser conjugado com o art. 1076, que prevê o quórum para cada um dos assuntos que devem ser submetidos à deliberação.
	Assunto
	Quórum
	- Inc. I: a aprovação das contas da administração
	- Maioria dos presentes
	- Inc. II: a designação dos administradores, quando feita em ato separado
	- Votos de mais da metade do capital social
	- Inc. III: a destituição dos administradores
	- Votos de mais da metade do capital social
	- Inc. IV: o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
	- Votos de mais da metade do capital social
	- Inc. V: a modificação do contrato social;
	- Votos de no mínimo três quartos do capital social
	 - Inc. VI: a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
	- Votos de no mínimo três quartos do capital social
	- Inc. VII: a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas
	- Maioria dos presentes
	- Inc. VIII: o pedido de concordata.
	- Votos de mais da metade do capital social
	Vale lembrar que o contrato social pode trazer quórum maior que o previsto em lei, aumentando a proteção.
 	O administrador deve ter seus poderes e atribuições previstos no contrato social, ou seja, devem ser elencados no contrato social. Não se exigindo grande detalhamento. Toda vez que atua dentro daquilo que previsto no contrato, estará agindo em nome da sociedade. Uma vez que exceda seus poderes e atribuições, não estará agindo como se fosse a sociedade, estará agindo em seu nome, alterando sua responsabilidade.
	Pode acontecer do contrato social ser omisso e não trazer os poderes e atribuições do administrador. Nesse caso, o art. 1015 dispõe que o administrador pode praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade. O problema é que eventualmente tal atuação poderá ser duvidosa, o que dificulta a responsabilização do administração. O administrador de um restaurante pode comprar bebidas e alimentos, mas se ele comprar cimento já não se terá certeza que havia necessidade de uma obra no local. Por isso é mais seguro obedecer o art. 997, VI.
	Quando atua dentro de seus poderes, atua em nome da sociedade e esta responderá pelos atos praticados. Ultrapassando, excedendo seus poderes, não atua em nome da sociedade e quem responderá por tais atos será o próprio administrador com seu patrimônio pessoal. Essa responsabilidade do administrador poderá ser direta e poderá ser subsidiária.
	Nas hipóteses previstas no art. 1015, pu, incisos, o administrador responderá diretamente perante terceiros, pois terá praticado os chamados atos ultra vires:
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;
II - provando-se que era conhecida do terceiro;
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.
	Nas demais hipóteses, o adminsitrador responde subsidiariamente, ie, o terceiro aciona a sociedade que terá direito de regresso em face do administrador, prevalecendo a teoria da aparência – o administrador atua como se fosse a sociedade. Ainda que tenha excedido, para o terceiro, aparentemente, era em nome da sociedade que atuava.
	Por fim, vale lembrar que a escolhja do administrador é ato dos sócios, que deverão reunir-se, em reunião ou assembléia, para votar e o quórum deve ser de mais da metade do capital social (não é dos sócios!!!!).
Obs: O art. 1061 e 1063, #1º trazem exceção ao quórum do art. 1076, II (mais da metade do capital social). Assim sendo:
	Administrador
	Nomeação
	Destituição
	- sócio
	Art. 1071, II c.c art. 1076, II (mais da 1/2 do capital social).
 (Regra)
	- Para destituição do adm-sócio, exige-se 2 /3 do capital social, no mínimo, salvo diposição diversa. Art. 1063, #1º. 
	- não sócio
	- Depende de unanimidade dos sócios, se sem capital social integralizado; se integralizado, depende de 2 /3 (art. 1061)
	Art, 1071, III c.c 1076, II (mais da metade do capital social).
 (Regra)
	Os quóruns diferenciados estão previstos para nomeação de quem não é sócio, já que não tem qualquer vínculo com a sociedade, e para destituição do adm-sócio, pois tem vínculo.
- Resolução da sociedade
	Não se deve confundir resolução com dissolução. A sociedade se resolve em relação a um sócio apenas em decorrência de: i) morte; ii) expulsão; iii) retirada.
	A matéria é tratada a partir do art. 1028 do CC.
	No caso de morte, o “procedimento” na ltda. é distinto da S.A, pois nesta há transferÊncia automática das cotas aos herdeiros, enquanto na ltda., a transferência é de acordo com o previsto no art. 1028. Assim, com a morte do sócio deve a cota ser liquidada, ie, transformar a cota em dinheiro, apurando seu valor e, aí sim, o valor da cota será entregue ao herdeiro ou depositado nos autos do inventário. Essa é a regra, mas o próprio art. 1028 admite exceções, quer sejam: i) se o contrato dispuser diferentemente; ii) se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; iii) se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.
Também haverá liquidação da cota nos casos de expulsão ou retirada. Ou seja, em todos 
A retirada, também chamada de direito de recesso, é o direito que o sócio tem de sair da sociedade quando bem entender. No entanto, o exercício desse direito deve observar algumas regras, previstasno art. 1029 - Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Fácil observar que, tratando-se de sociedade com prazo determinado, necessário que o sócio interponha ação de retirada apresentando justo motivo para sua retirada. Cabe, assim, ao juiz decidir se a retirada é cabível, justificada ou não. Nos casos de prazo indeterminado, deve haver notificação dos demais sócios com prazo mínimo de 60 dias.
	No caso da exclusão, há quem chame de expulsão, mas aquela é a expressão adotada pelo CC. A exclusão do sócio pode se dar por dois motivos: i) art. 1004, por ser sócio remisso; ii) art. 1030, por falta grave no cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade superveniente. No caso do art. 1030, o sócio só poderá ser excluído por decisão judicial – através da ação de exclusão de sócio, proposta por maioria dos sócios.
	O art. 1031 dispõe que, no caso de exclusão de sócio, a liquidação da sua cota é de acordo com a situação patrimonial da sociedade no momento da exclusão, que é apurada através de um balanço especial (ou balanço de determinação). Esse balanço é assim chamado pois visa apenas a liquidação da cota.
Obs: Sendo o sócio excluído por ser remisso, terá direito a ter o valor pago (ainda que não integralizado) restituído.
Obs2: No caso de morte, o depósito do valor apurado deve ser feito nos autos do inventário quando houver. Para evitar o pagamento a pessoa errada ou a apenas um dos herdeiros.
	Por fim, destaca-se que a morte, exclusão ou retirada da sociedade, não afasta a responsabilidade do sócio (ou herdeiros) perdura por mais dois anos, nos termos do art. 1032 - A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.
- Encerramento da sociedade limitada
 	A dissolução, liquidação e partilha correspondem ao fim da personlidade jurídica da sociedade.
	A dissolução está nos arts. 1033 a 1038. Já a liquidação é tratada do art. 1102 e 1112 e, nestes mesmos dispositivos, encontraremos a partilha. São assuntos estudados em sequência, pois os três envolvem o procedimento de encerramento da sociedade, isto é, começa com a dissolução, passa pela liquidação até a partilha.
	A dissolução é a primeira etapa e corresponde a verificação dos motivos que levaram ao encerramento da sociedade. O art. 1033 traz várias hipóteses que justificarão o encerramento da sociedade, mas o contrato social pode prever outras hipóteses (art. 1035). O art. 1034, por sua vez, traz as hipóteses de dissolução judicial, de modo que, obrigatoriamente, será necessária uma ação judicial para a dissolução, enquanto o art. 1033 pode ser através de um procedimento administrativo, extrajudicial.
	Vale lembrar que nada impede que nas hipóteses do art. 1033, a decisão seja judicial, caso não haja consenso entre os sócios.
	Verificado o motivo, deve a sociedade eleger quem atuará nas etapas seguintes (art. 1036) – liquidação e partilha, pois não necessariamente deverá ser o administrador (pode ser!), podendo ser até mesmo pessoa estranha à sociedade (art. 1038).
	Conforme art. 1071, VII, a nomeação e destituição do liquidante cabe aos sócios por deliberação da maioria dos presentes. Investido o liquidante, a sociedade deixa de praticar empresa, deixa de praticar negócios que possam comprometer sua dissolução e entra na fase de liquidação.
	Para proteger eventuais terceiros que queiram negociar com a sociedade, a sociedade em liquidação deverá valer-se em todos atos, documentos e publicações utilizar a firma ou denominação social sempre seguida da “cláusula” “em liquidação” – art. 1103, pu, CC.
	O liquidante cuida basicamente de realizar o ativo e pagar o passivo, ie, transformar tudo que a sociedade tem (bens, créditos) em dinheiro, possibilitando o pagamento de todos os débitos. Se a sociedade verificar que o passivo não será suficiente para realizar o ativo, a sociedade será insolvente e o caminho não é liquidação, mas falência, ou no mínimo recuperação. A liquidação é procedimento que só pode ser adotada por sociedades solventes. As regras de liquidação do passivo são as mesmas do direito das obrigações.
	Realizado o passivo, havendo valores remanescentes, ie, sobrando dinheiro dos bens liquidados, passa-se a etapa seguinte – a partilha do que sobrou entre os sócios (art. 1108). A partilha é sempre proporcional à participação no capital social, ie, o liquidante ao partilhar o remanescente considerará o número das cotas no total. Por exemplo: ao fim da liquidação, sobrou R$20.000,00, se há 1000 cotas, cada uma vale R$20,00. Multiplicando-se o valor da cota (R$20,00) pela quantidade de cotas que cada sócio tem, chegaremos ao valor que cabe a cada um – A tem 400 cotas, B tem 350 cotas e C tem 250 cotas, A receberá R$8.000,00, B receberá R$7.000,00 e C receberá R$5.000,00.
Obs: A partilha não põe fim à sociedade (nem a liquidação, nem a dissolução) ainda. Mesmo após a partilha, a sociedade conserva sua personalidade jurídica. O pagamento do liquidante não é feito no momento de realização do passivo, pois este só pode receber quando suas contas forem aprovadas, então pode, deve o liquidante reservar o valor que corresponde ao seu pagamento, para levantar após a partilha e aprovação das contas. Na verdade, o liquidante após a partilha deverá convocar os sócios para uma assembléia (não pode ser reunião, pois necessária ata), quando vai expor suas contas, mostrar por quanto vendeu os bens, como pagou as dívidas, como chegou ao remanescente, para que os sócios aprovem ou não as contas do liquidante.
	O art. 1071, VII dispõe que cabe deliberação, por maioria dos presentes, para julgamentos das contas do liquidantes. Se não forem aprovadas, ele poderá ser responsabilizado civilmente por tais contas. Por outro lado, se aprovadas, da assembléia lavra-se uma ata que deverá ser averbada na Junta Comercial, quando então será extinta a personalidade jurídica da sociedade, haverá a baixa do registro na Junta. Assim, o que encerra de fato a personalidade jurídica da sociedade é a averbação da ata em que aprovadas as contas do liquidante (art. 1109 do CC).
Sociedades anônimas
- Observações iniciais
 	Reguladas pela lei 6404-76, mas cabe aplicação subsidiária do CC. A lei das S.A não cuida apenas deste tipo societário, regulando também a sociedade em comandita por ações (são pouco cobradas). 	
Atenção: A lei 6404 é a lei das S.A, ie, lei da sociedade por ações e não lei da sociedade anônima (cuidado com essa pegadinha em provas!!!!!).
	São, junto às ltdas, os tipos societários mais importantes. As sociedades anônimas tem como característica principal sociedades institucionais, logo organizam-se por estatuto (não contrato social) e é sempre sociedade empresária – regra prevista tanto na lei 6404, quanto no CC (art. 982, pu). Aqui deve-se atentar, pois a S.A. não é empresária pela atividade que exerça, mas por expressa previsão legal. Assim, ainda que não excerça atividade econômica nunca será sociedade simples. Será sempre sociedade empresária, independentemente do seu objeto.
	Exemplo: 5 dentistas reunem-se em sociedade e constituem-se sob a forma de S.A. Pela atividade, pela ausência de pluralidade, poderia se imaginar tratar de soc. simples, mas pela adoção de S.A é soc. empresária.
- Nome empresarial
	As sociedades anônimas também são chamadas de Cia. e será identificada pelo seu nome empresarial que deverá adotar denominação (art. 1160, CC) – observando o p. da novidade e não se aplica o p. da veracidade que só se aplica às firmas.
	Pode-se inventar o nome fantasia livremente, mas deve trazer o objeto social acompanhando esse nome fantasia (raio de sol

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