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FICHAMENTO Férias 2017

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Direito do Trabalho: Férias 
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: 
Forense; Método, 2017. P. 713-738. 
Conforme Vólia, são direito dos empregados regidos pela CLT, aplicando-se 
subsidiariamente ou quando a lei determinar: trabalhadores rurais, domésticos, 
avulsos, funcionários públicos civis e militares. 
Conceito: corresponde ao descanso anual remunerado que o trabalhador tem 
direito de usufruir, desde que tenha adquirido. 
Finalidade: eliminar toxinas originadas pela fadiga e que não foram liberadas 
com os repousos e descansos entre e intrajornadas. 
Fundamentos: 
 Fisiológico: reposição de energias; 
 Econômico: descansado, o empregado produz mais e com maior 
satisfação; 
 Psicológico: equilíbrio mental do trabalhador; 
 Cultural: desperta o interesse por informação/ conhecimento alheio; 
 Político: equilíbrio da relação empregado x empregador; 
 Social: aproxima o trabalhador da família, amigos e sociedade. 
Natureza jurídica: direito público, é de ordem subjetiva, portanto, irrenunciável. 
O empregado tem o dever de não trabalhar para outro tomador, exceto se já tiver 
contrato assinado e o empregador tem a obrigação de conceder férias e pagá-las. 
OBS.: conversão em indenização quando não houverem sido usufruídas 
durante o contrato rescindido. Constitui crédito privilegiado na falência, recuperação 
judicial e dissolução da empresa. 
Período e duração: 30 dias corridos, computando-se os domingos e feriados. 
 Estendidos ao doméstico pela Lei 11324/06; 
 Concedidos apenas ao empregado que teve até 05 (cinco) faltas 
injustificadas (art. 130, CLT), acima disso, será proporcionalmente 
diminuídos; 
 Empregado com mais de 32 (trinta e duas) faltas injustificadas perde o 
direito; 
 Professores são trabalhadores estatutários, regidos pela Lei 8112/90; 
 Estendidos aos avulsos (sem vínculo empregatício); 
 Contratados intermitentes: férias proporcionais (um mês) + 1/3 e 13º 
salário – art. 452-A, §6º, CLT. 
Aquisição do direito: após 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho 
(período aquisitivo), com contagem feita a partir da data de admissão. Gozo nos 12 
(doze) meses subsequentes (período concessivo) – art. 134, CLT. 
O aviso prévio, indenizado ou trabalhado, compõe o período aquisitivo. 
Férias adquiridas correspondem a férias devidas, mesmo que haja demissão 
por justa causa. 
OBS.: empregados intermitentes – têm direito a 01 (um) mês e não 30 (trinta) 
dias; o período aquisitivo corresponde à soma dos dias trabalhados e o pagamento 
deve ser feito ao final de cada período de trabalho. 
Férias proporcionais: a cada mês ou fração superior a 14 (catorze) dias 
adquire-se 1/12 (um doze avos) do direito a férias; completando 12/12 (doze doze 
avos), o direito é adquirido. 
Art. 146, CLT – extinção do contrato antes de 01 (um) ano – férias 
proporcionais. 
Convenção 132, OIT – art. 5º, §1º - período mínimo: necessários 06 (seis) 
meses de trabalho para conquista do direito. 
Legislação brasileira mais benéfica – exige apenas 15 (quinze) dias de trabalho 
para garantir o direito. 
Doméstico – art. 3º, Lei 5859/72 – após cada período de 12 meses de trabalho. 
OBS.: Vólia entende pela aplicação dos arts. 146 e 147, CLT (férias 
proporcionais) ao doméstico, uma vez que a Convenção 132 da OIT ressalvou apenas 
os marítimos da regra vigente para a proporcionalidade. 
Cabimento: todos os casos de extinção do contrato, exceto: 
 Demissão por justa causa – Súmula 171, TST; 
 Culpa recíproca enseja o pagamento da metade do valor devido – 
Súmula 14, TST; 
 Empregados intermitentes: devidas após cada período de trabalho – 
Súmula 261, TST e art. 452-A, §6º, CLT; 
 Empregado que pede demissão com menos de 01 (um) ano de trabalho: 
art. 147, CLT – não cabimento. Convenção 132 da OIT/ Súmula 261 do 
TST- cabimento. Vólia, em posição majoritária, entende pela aplicação 
da regra celetista em nome do Princípio da Condição Nacional Mais 
Favorável e aplicação da teoria do conglobamento. 
Faltas no período aquisitivo: o empregado tem direito até 05 (cinco) faltas 
injustificadas sem prejuízo das férias, acima disso, quanto mais faltas injustificadas, 
menor será o período de férias, estando vedada a permuta de dias de falta por dias 
de repouso. 
Art. 130, IV, CLT – acima de 32 (trinta e duas) faltas injustificadas há a perda 
do direito a férias. 
Art. 473, CLT – direito a faltas sem prejuízo do salário. 
Art. 131, CLT – não são consideradas faltas. 
Art. 133, I, CLT – soma dos períodos aquisitivos de 02 (dois) contratos com o 
mesmo empregador, com o segundo firmado em até 60 (sessenta) dias da extinção 
do primeiro, gerando direito a férias – aplicabilidade analógica para consideração de 
um só contrato. 
Período de concessão: ato do empregador, no mês de sua escolha, desde que 
nos 12 (doze) meses subsequentes ao período aquisitivo. Em regra, num só período 
– art. 134, CLT. 
Comunicação: por escrito, com antecedência de até 30 (trinta) dias – art. 135, 
CLT. 
Pagamento: até 02 (dois) dias entes do gozo – art. 145, CLT. 
Exceção: microempresas – art. 51, II, LC 123/06. 
 
 Trabalhadores da mesma família – direito de gozo no mesmo período – 
art. 136, §1º, CLT; 
 Empregado estudante menor de 18 anos – direito de coincidir com as 
férias escolares; 
 Marítimos – peculiaridades (art. 150, CLT). 
Art. 137, §1º, CLT – não outorga no período de concessão: cabimento de 
reclamação trabalhista com condenação a obrigação de fazer personalíssima e multa 
pecuniária; fixação judicial das férias. 
 Art. 134 §3º, CLT – vedação do início no período de 02 (dois) dias antes de 
feriado ou repouso semanal remunerado (Lei 13467/17). 
Forma de pagamento: remuneração da época da concessão ou da extinção do 
contrato, se indenizadas (art. 142, CLT c/c Súmula 07, TST). Exceção: empregados 
intermitentes – época do fim de cada período de trabalho. 
 Para quem recebe por hora trabalhada: média – valor do salário-hora da 
data da concessão (Art. 142, §1º, CLT); 
 Para quem recebe por peça ou tarefa: média – valor da tarefa da data 
da concessão (Art. 142, §2º, CLT); 
 Para quem recebe salário variável: média com base nos 12 (doze) 
meses que antecedem a concessão (Art. 142, §3º, CLT). 
Art. 457, CLT – inclusão da média dos sobressalários e gorjetas habituais. 
Parcelas não habituais – não incluídas. 
Terço constitucional: um terço a mais na remuneração das férias (art. 7°, XVII, 
CF). 
Súmula 328, TST – incide sobre: férias vencidas, proporcionais (gozadas ou 
indenizadas), devidas em dobro ou de forma simples. Súmula 450, TST – requisitos 
para a validade do ato de concessão: 
 Pagamento antecipado; 
 Acréscimo de 1/3 constitucional; 
 Comunicação no prazo legal. 
Abono (art. 143, CLT) – indenizatório – não incide, salvo comando da CF, 
exemplo: o abono correspondente aos dias não usufruídos, porque o empregado os 
converteu em dinheiro. Se tem natureza salarial, incide. 
Concessão fora do prazo: remuneração devida em dobro (art. 137, CLT). 
Vólia entende que a dobra tem natureza indenizatória, pois é um tipo de 
punição, mas sobre ela deve incidir o terço. 
Férias de empregados intermitentes concedidas fora do prazo, já tendo 
recebido o respectivo pagamento, receberá apenas o valor das férias mais um terço. 
Época das férias: a que melhor convier ao empregador, em regra, pois ele arca 
com os riscos da atividade empresarial. Exceção: empregados membros de uma 
mesma família e empregado estudante menor de 18 (dezoito) anos. 
Fracionamento do mês: 
A CLT permite, desde que haja concordância com o empregado, o 
fracionamento das férias em três períodos,um dos quais não poderá ser 
inferior a 14 dias corridos os demais não poderão ser inferiores a cinco dias 
corridos, cada um – art. 134, §1º, CLT. (p. 733). 
Marítimos (art. 150, §1º, CLT) – poderão parcelar suas férias em mais períodos, 
desde que em portos de grande estadia. 
Depois da Lei 13467/17, as férias do menor de 18 (dezoito) anos e do maior de 
50 (cinquenta) podem ser fracionadas. 
Proibição de trabalho a outro empregador: o empregado em gozo de férias não 
poderá prestar serviço a outro empregador, a menos que já esteja obrigado por 
contrato preexistente (art. 138, CLT). 
Comunicação das férias e época do pagamento: comunicação por escrito, pelo 
menos 30 dias antes do gozo (art. 135, caput, CLT). necessidade de anotação na folha 
de registro e na CTPS do trabalhador. 
Entendemos que no caso de comunicação do período concessivo de férias 
em prazo inferior a 30 dias, há apenas uma infração administrativa por parte 
do empregador, como acima fundamentado. De qualquer forma, há posição 
mais radical que defende o pagamento em dobro da remuneração relativa às 
férias para estes casos. (p. 735). 
 
Pagamento: em até dois dias antes do início do gozo (art. 145, CLT). Exceção: 
contrato intermitente – pagamento antes do gozo e não na época da concessão. 
Férias coletivas: uma empresa, determinados estabelecimentos ou alguns 
setores de empresa poderão conceder as férias em igual período a todos os 
empregados, de uma só vez ou em duas vezes, desde que nenhuma delas seja 
inferior a 10 (dez) dias corridos – art. 139, CLT. 
 É facultado ao empregado converter 1/3 do período de férias a que tiver direito 
em dinheiro, desde que seja requerido até 15 dias antes do término do período 
aquisitivo (art. 143, CLT). Requerimento tempestivo: direito potestativo, o empregador 
não pode se recusar a pagar. Não se aplica aos trabalhadores que gozam de férias 
coletivas, a menos que seja objeto de acordo coletivo. 
Regime de tempo parcial – podem converter por determinação da Lei 13467/17. 
Abono não tem natureza salarial, entendendo, entretanto, a jurisprudência 
majoritária que incide o terço constitucional. 
Efeitos da cessação do contrato de trabalho: 
“As férias vencidas são sempre devidas, independentemente do motivo da 
extinção do contrato (art. 146, CLT), excepcionando-se, obviamente, os casos de 
nulidades contratuais [...]”. (p. 737). 
Prescrição: após 05 (cinco) anos do último mês para concessão de cada 
período – art. 149, CLT.

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