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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE NATAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM UNIDADE 1 .............................................................................................................................. 2 DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E EXCREÇÃO DE NUTRIENTES ............... 2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ........................................... 7 MACRONUTRIENTES ....................................................................................................... 13 CARBOIDRATOS ................................................................................................................ 13 PROTEÍNAS ......................................................................................................................... 18 LIPÍDEOS ............................................................................................................................. 21 MICRONUTRIENTES ......................................................................................................... 25 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ................................................................... 33 DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS .......................................................................................... 37 NUTRIÇÃO NA GESTAÇÃO ............................................................................................. 42 NUTRIÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ............................................................ 49 UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 52 NUTRIÇÃO DO ADULTO E DO IDOSO .......................................................................... 52 EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL ................................................................................... 54 NUTRIÇÃO E DCNTS ........................................................................................................ 71 UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 88 HIGIENE DOS ALIMENTOS ............................................................................................. 88 NUTRIÇÃO HOSPITALAR: TIPOS DE DIETA .............................................................. 118 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL .............................................................. 120 UNIDADE 1 DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E EXCREÇÃO DE NUTRIENTES A maioria dos nutrientes presentes nos alimentos deve ser quebrada em partes menores, não ligadas ou mais solúveis antes de poder ser absorvida pelo intestino. O sistema digestório é responsável pela redução dessas grandes partículas e moléculas em unidades menores, mais facilmente absorvidas e pela conversão de moléculas insolúveis em formas solúveis. As principais funções do trato gastrointestinal (TGI) são: · Extrair os macronutrientes, proteínas, carboidratos, lipídios, água e etanol dos alimentos e bebidas ingeridos; · Absorver micronutrientes e elementos-traço necessários; · Funcionar como uma barreira física e imunológica para microrganismos, corpos estranhos e possíveis antígenos consumidos pelo TGI. Além dessas funções primárias, o TGI também participa de várias outras funções regulatórias, metabólicas e imunológicas que podem afetar o corpo inteiro. Breve revisão dos processos de digestão e absorção Na boca, a mastigação reduz o tamanho das partículas de alimentos, que são misturados com secreções salivares para então serem engolidos. Uma pequena quantidade de amido é degradada pela amilase salivar, mas sua contribuição para a digestão completa dos carboidratos é pequena. Da boca, impulsionados pela língua, os alimentos seguem para a faringe e depois para o esôfago. Este órgão tem paredes musculares de cujas contrações resultam os movimentos peristálticos, que permitem aos alimentos movimentar-se em direção ao estômago. Os alimentos passam do esôfago ao estômago através do esfíncter esofágico inferior, que tem a função de impedir o refluxo dos alimentos para o esôfago durante as contrações estomacais. No estômago, o as secreções gástricas são misturadas com alimentos e bebidas. As secreções gástricas contêm ácido clorídrico (secretado pelas células parietais localizadas nas paredes do fundo e corpo do estômago), protease (pepsina), lipase gástrica, muco, fator intrínseco (glicoproteína que facilita a absorção de vitamina B12 no íleo) e o hormônio GI gastrina, formando o bolo alimentar ou quimo. Há digestão de pequena quantidade de lipídios e algumas proteínas tem a sua estrutura alterada ou são parcialmente digeridas em grandes peptídeos. No processo de digestão gástrica, a maioria dos alimentos se transformam em quimo semilíquido, contendo aproximadamente 50% de água. Quando o alimento atinge consistência e concentração apropriadas, o estômago permite que o seu conteúdo vá lentamente para o intestino delgado, passando pelo esfíncter pilórico, que, como o esfíncter esofágico inferior, impede o seu refluxo. A atividade desses esfíncteres pode ser afetada por alterações emocionais, alguns alimentos e reguladores gastrointestinais. A irritação por úlceras também pode alterar a atividades dessas estruturas. O intestino delgado é o principal local para digestão de alimentos e nutrientes. Ele é dividido em duodeno, jejuno e íleo. O duodeno tem cerca de 0,5m de comprimento, o jejuno, 2 a 3m; e o íleo, 3 a 4m. A maior parte dos processos digestivos é completada no duodeno e na parte superior do jejuno, e a absorção da maioria dos nutrientes está quase toda completa no momento em que o material chega ao meio do jejuno. O quimo ácido do estômago entra no duodeno, no qual é misturado com sucos duodenais e secreções pancreáticas e biliares. Como resultado da secreção de líquidos contendo bicarbonatos e diluição por outras secreções, o quimo ácido é neutralizado. A bile, que é predominantemente uma mistura de água, sais biliares e pequenas quantidades de colesterol, é secretada pelo fígado e pela vesícula biliar. Os sais biliares têm como função facilitar a digestão e absorção de lipídios. O pâncreas secreta enzimas potentes capazes de digerir todos os principais nutrientes. As principais enzimas secretadas pelo pâncreas que digerem lipídios são a lipase pancreática e a colipase. As enzimas proteolíticas incluem a tripsina e quimotripsina, carboxipeptidase, aminopeptidase, ribonuclease e desoxirribonuclease. A tripsina e a quimotripsina são secretadas em suas formas inativas e são ativadas pela enteroquinase (também conhecida como enteropeptidase), que é secretada quando o quimo entra em contato com a mucosa intestinal. A amilase pancreática serve para hidrolisar as grandes moléculas de amido em unidades de aproximadamente dois a seis açúcares. As enzimas que revestem a borda em escova das vilosidades degradam ainda mais as moléculas de carboidratos em monossacarídeos antes de serem absorvidas. *Borda em escova: Microvilosidades que aumentam muito a área de superfície das células mucosas intestinais. Quantidades variadas de amidos resistentes e a maioria das fibras dietéticas não são digeridas no intestino delgado e podem adicionar materiais fibrosos disponíveis para fermentação pelos micróbios do cólon. O conteúdo intestinal se move pelo intestino delgado em uma velocidade de 1cm por minuto, levando 3 a 8 horas para percorrer todo o intestino até a válvula íleocecal. Ao longo desse percurso, os substratos continuam a serem digeridos eabsorvidos. A válvula íleocecal, da mesma forma que a válvula pilórica, serve para limitar a quantidade de material intestinal que passa do intestino delgado para o cólon e impede ser retorno. Quando a válvula ileocecal está lesionada ou não-funcionante, há uma entrada significante de líquidos e substratos no cólon e maior probabilidade de supercrescimento microbiano no intestino delgado. O intestino grosso é o local de absorção da água e sais remanescentes, fermentação bacteriana, síntese de pequenas quantidades de vitaminas, armazenamento e excreção. O intestino grosso tem aproximadamente 1,5m de comprimento e é composto pelo ceco, cólon e reto. O muco secretado pela mucosa do intestino grosso protege a parede intestinal contra escoriação e atividade bacteriana e une as fezes. A maior parte da água contida nos 500 a 1.000ml de quimo que entram no cólon a cada dia é absorvida, deixando 50 a 200ml para serem excretados nas fezes. O conteúdo do cólon se move vagarosamente, a uma velocidade de 5cm/h, permitindo que alguns nutrientes remanescentes possam ser absorvidos. A defecação ou expulsão das fezes pelo reto e ânus, ocorre com frequência variável. Uma dieta que inclua frutas, vegetais e grãos integrais em abundância normalmente reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, leva a defecações mais frequentes e fezes com consistência mais pastosa. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Nutrição refere-se aos processos por meio dos quais um organismo vivo ingere, digere, absorve, transporta, utiliza e excreta nutrientes (alimentos e outros materiais nutritivos). A nutrição como uma área clínica está preocupada basicamente com as propriedades dos alimentos que constroem corpos saudáveis e promovem a saúde Como a boa nutrição é essencial para a boa saúde e para a prevenção de doença, todos os indivíduos envolvidos na área de saúde precisam ter um conhecimento completo da nutrição e das necessidades nutricionais do corpo ao longo da vida. E mais, o estudo da nutrição precisa dar ênfase à promoção da saúde. Nutrientes A nutrição adequada exige que os indivíduos recebam determinados nutrientes essenciais — carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água. Esses nutrientes são necessários para o crescimento e função adequados; entretanto, o corpo não consegue conduzi- los em quantidade adequada, de modo que precisam ser obtidos dos alimentos. Além disso, o sistema digestivo precisa funcionar adequadamente para fazer uso desses nutrientes. Cada nutriente tem várias funções metabólicas especificas, mas nenhum atua isoladamente. Existem relações metabólicas estreitas entre todos os nutrientes básicos, assim como com seus produtos metabólicos. Os não-essenciais: Um nutriente não-essencial é aquele que não é necessário na dieta porque é produzido pelo corpo A degradação dos nutrientes Os nutrientes podem ser utilizados pelo corpo para suas necessidades imediatas, ou podem ser armazenados para serem utilizados mais tarde. O corpo degrada os nutrientes em compostos mais simples para serem absorvidos no estômago e nos intestinos, de duas formas: Degradação mecânica, que começa no trato gastrointestinal (GI) com a mastigação; Degradação química, que começa com as enzimas salivares na boca e continua com a ação de ácidos e enzimas através do restante do trato GI. O papel da nutrição Os nutrientes exercem uma função vital na manutenção da saúde e do bem-estar. Os nutrientes têm várias funções importantes: Fornecimento de energia, que pode ser armazenada no corpo ou transformada em atividades vitais Construção e manutenção dos tecidos corporais Controle dos processos metabólicos, como crescimento, atividade celular, produção de enzimas e regulação da temperatura. Metabolismo O metabolismo, regulado pelos hormônios, é uma combinação de processos através dos quais a energia é extraída de determinados nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e a seguir, utilizados pelo corpo. O metabolismo pode ser dividido em duas partes: Catabolismo é a degradação de substâncias complexas em substâncias mais simples, resultando na liberação de energia Anabolismo é a síntese de substâncias simples em substâncias mais complexas. Esse processo fornece a energia necessária para o crescimento, manutenção e reparação tecidual. Energia A energia, na forma de trifosfato de adenosina, é produzida como um derivado do metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas. A quantidade de energia nos alimentos é medida como quilocalorias (Kcal), que comumente são denominadas calorias. Por intermédio dos processos de digestão e absorção, a energia é liberada dos alimentos para o corpo. Quantidades pequenas de energia são armazenadas nas células para uso imediato. Quantidades maiores são armazenadas no glicogênio e no tecido adiposo para abastecer atividades de longa duração. (Para mais informações, ver Cap. 2, Digestão e absorção.) Equilíbrio No adulto saudável, a taxa de anabolismo é igual à taxa de catabolismo, obtendo-se o equilíbrio energético. Em outras palavras, o equilíbrio energético ocorre quando o número de calorias provenientes dos alimentos é igual ao número de calorias gastas. Essas calorias podem ser utilizadas para atividades voluntárias (como atividade física) ou para atividades involuntárias (como metabolismo basal). Dieta equilibrada Muitos pacientes se consideram saudáveis porque não se sentem doentes. Entretanto, você precisa se preocupar com um significado mais holístico do termo saudável — aquele que incorpora aspectos ambientais internos e externos do paciente — para melhor tratá-los. Para você, a promoção da saúde precisa levarem consideração todas as necessidades do paciente incluindo as físicas emocionais, mentais e sociais. Só se pode dizer que um indivíduo é saudável, ou está bem, quando essas necessidades são atendidas. Além disso, o bem-estar implica o equilíbrio entre as atividades e os objetivos do indivíduo. A manutenção desse equilíbrio permite que o paciente mantenha sua vitalidade e capacidade de atuar de forma produtiva na sociedade. Uma dieta nutritiva fornece a base para a promoção da saúde e prevenção da doença, tomando a uma parte importante do tratamento de todos os pacientes. Abordagens para a promoção da saúde Existem duas abordagens principais para a promoção da saúde: A abordagem tradicional é reativa; enfatiza o tratamento dos sinais e sintomas após seu surgimento. A abordagem preventiva envolve a identificação e a eliminação de fatores de risco para interromper o desenvolvimento de problemas de saúde. O movimento atual para bem-estar e condicionamento físico baseia-se na abordagem preventiva, com os indivíduos instruindo-se sobre a manutenção da saúde e a prevenção das doenças. Entretanto, a maioria das pessoas ainda não pratica a quantidade recomendada de atividade física, o que as coloca em maior risco de desenvolver distúrbios como cardiopatia, diabete e hipertensão. Promoção da saúde e prevenção da doença Promoção da saúde, o estabelecimento do bem-estar e a prevenção da doença constituem um processo com três etapas. Os esforços para promoção da saúde e prevenção das doenças podem ser classificados em três grupos: 1. Prevenção primária Os exemplos de medidas de prevenção primária, que visão à promoção da saúde, incluem: Aulas de nutrição para promover padrões saudáveis de alimentação Modificação dos cardápios nos restaurantes e oferta de alternativas com baixo teor degordura Oferta de frutas e vegetais frescos nas cantinas das empresas 2. Prevenção secundária A Prevenção secundária, que vista à redução do risco, pode incluir medidas como: Rastreamento para doenças potenciais (hipercolesterolemia, osteoporose) Aconselhamento nutricional para indivíduos que correm risco de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes Imunizações 3. Prevenção terciária Exemplos de medidas de prevenção terciária, que visão ao tratamento da doença e à reabilitação, incluem: Reabilitação física para vítima de acidente vascular cerebral (AVC) Reabilitação cardíaca para o cardiopata Aulas sobre diabetes para o paciente recentemente diagnosticado com diabetes do tipo 1 ou tipo 2. Nutrição e uma dieta equilibrada Você faz parte de uma equipe de saúde responsável pela manutenção da saúde nutricional ótima do paciente, embora ele possa estar lutando contra uma doença ou se recuperando de uma cirurgia. Também faz parte do seu trabalho enfatizara importância da boa nutrição na manutenção da saúde e na recuperação da doença, de modo que o paciente possa continuar a ter bons hábitos nutricionais quando não estiver mais sob seus cuidados. ESTADO NUTRICIONAL Você precisa utilizar seu conhecimento de nutrição para promover a saúde através da orientação e do aconselhamento dos pacientes doentes e saudáveis. Isso inclui encorajar os pacientes a consumirem tipos e quantidades adequadas de alimentos. Isso também significa considerar os hábitos alimentares insatisfatórios como um fator que contribui para a doença crônica do paciente. Portanto, a avaliação do estado nutricional e a identificação das necessidades nutricionais para atingir as necessidades de uma dieta equilibrada são atividades importantes no planejamento do tratamento. Avaliação do estado nutricional O estado nutricional do paciente pode influenciar a resposta do corpo à doença e ao tratamento. Independente da condição total do paciente, a avaliação de sua saúde nutricional é uma parte essencial da sua avaliação, que inclui os fatores de risco nutricional e também as necessidades individuais. Uma boa nutrição A boa nutrição, ou nutrição ótima, é essencial para promover a saúde, evitar a doença e restaurar a saúde após uma lesão ou doença. Para conseguir uma boa nutrição, é necessário o consumo de uma dieta variada em carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais, água e fibras em quantidade suficiente. Embora o excesso de determinados nutrientes possa ser prejudicial para a saúde do paciente, o consumo dos nutrientes essenciais deve ser maior que as necessidades mínimas para permitir variações na saúde e na doença e para fornecer depósitos para serem utilizados mais tarde. Nutrição insatisfatória A nutrição insatisfatória, ou desnutrição, é um estado de consumo nutricional inadequado ou excessivo. É mais comum entre as pessoas que vivem na pobreza — sobretudo aqueles com necessidades nutricionais maiores, como idosos, gestantes, crianças e lactentes. Essa condição ocorre também nos hospitais e nas instituições de tratamento a longo prazo, porque, nessas situações, o paciente tem doenças que sobrecarregam ainda mais a necessidade nutricional do corpo. Não subestime a subnutrição A desnutrição ocorre quando o consumo diário de nutrientes é inferior ao de que o corpo necessita, resultando em um déficit nutricional. Tipicamente, o paciente desnutrido corre maior risco de desenvolver doenças físicas. Os pacientes também podem ser vítimas de limitações no estado cognitivo e físico. A desnutrição pode ser resultado de: Incapacidade de metabolizar nutrientes Incapacidade de obter os nutrientes adequados dos alimentos Excreção acelerada de nutrientes do corpo Doença que aumenta as necessidades de nutrientes. Não exagere Em contrapartida, ocorre nutrição excessiva quando um paciente consome uma quantidade excessiva de nutrientes. Por exemplo, a nutrição excessiva pode ocorrer nos pacientes que se auto prescrevem megadoses de suplementos de vitaminas e minerais e naqueles que comem excessivamente. Essas práticas podem resultar em lesão do tecido corporal ou em obesidade. MACRONUTRIENTES CARBOIDRATOS Carboidratos (hidratos de carbono), ou açúcares, são elementos compostos de carbono; hidrogênio oxigênio, com a fórmula geral Cm(H2O)n. Eles podem ser classificados em monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos, e polissacarídeo. Classificação dos carboidratos Os carboidratos são classificados de acordo com o número de unidades de açúcar ou sacarídeos, que formam sua estrutura: Os carboidratos simples são açúcares com uma estrutura simples de uma unidade (monossacarídeos) ou duas unidades (dissacarídeos) de açúcar. Os carboidratos complexos, ou amidos, são formados por muitas unidades de açúcar (polissacarídeos). Os monossacarídeos, também conhecidos como açúcares simples, são carboidratos que podem ser absorvidos no intestino delgado para o sangue, onde avançam em direção ao fígado. Os monossacarídeos não são degradados no processo digestivo. Exemplos de monossacarídeos incluem: Glicose (dextrose), proveniente da digestão de amido e circula no sangue, é o combustível primário para as células Frutose (açúcar das frutas), encontrada nas frutas e no mel Galactose, proveniente da digestão de lactose e é o mais doce dos açúcares. Os dissacarídeos são formados por dois monossacarídeos (um deles é a glicose) menos uma molécula de água. Antes de serem absorvidos, esses carboidratos simples precisam ser digeridos nos monossacarídeos que os compõem. Dissacarídeos importantes incluem: Sacarose - açúcar de mesa, comum, que é encontrado naturalmente em quantidades mínimas em algumas frutas e vegetais. Lactose - açúcar não-doce encontrado no leite, que auxilia na absorção do cálcio e "alimenta" as bactérias necessárias para a produção de vitamina K nos intestinos. Maltose - açúcar encontrado nos grãos que estão germinando e também é um derivado da digestão gástrica. Os polissacarídeos, ou carboidratos complexos, são formados por moléculas maiores e mais complexas de carboidratos que contêm muitas unidades de açúcar. Os polissacarídeos são ingeridos e degradados em açúcares simples de modo que mais tarde podem ser utilizados como combustível. Exemplos de polissacarídeos incluem: Amido encontrado principalmente nos vegetais, é mais abundante nos grãos, legumes e vegetais ricos em amido (como batatas e milho) Glicogênio que é formado nos tecidos corporais e, a seguir, convertido, conforme necessário, em glicose para metabolismo e equilíbrio energético Fibras comumente denominadas resíduos, são encontradas nas frutas, vegetais e grãos (as fibras não podem ser digeridas e, ainda assim, são vitais para a boa saúde nutricional). Funções dos carboidratos Os processos metabólicos de anabolismo e catabolismo mantêm o aporte de carboidratos, do corpo em fluxo constante, assegurando a existência do aporte adequado para as necessidades energéticas e para a produção de outros compostos necessários. Outras funções dos carboidratos incluem: Conservação das proteínas durante a produção de energia Ajuda na queima de gorduras de forma mais eficiente e completa Fornecimento de uma fonte rápida de energia (glicose) Ajuda na função normal dos intestinos (fibras) Favorecimento da ação laxante e ajuda na absorção de cálcio (lactose). Não foi estabelecida uma cota dietéticarecomendada (CDR) de carboidratos porque o corpo pode sintetizar glicose a partir de aminoácidos e glicerol. Entretanto, como os carboidratos são a principal fonte de energia do corpo, eles representam um componente essencial e importante da dieta. Os carboidratos também são a principal fonte de energia para o sistema nervoso central, sobretudo o cérebro. Como o cérebro não consegue armazenar carboidratos, é necessária uma fonte ininterrupta de carboidratos para que atue de forma adequada. Como o corpo metaboliza carboidratos Os carboidratos movem-se pelo corpo através dos processos de digestão, absorção e metabolismo. Os monossacarídeos são os únicos carboidratos que o corpo consegue absorver intactos. Todas as formas de carboidratos digeríveis precisam ser degradadas em monossacarídeos antes de serem absorvidas; Os dissacarídeos precisam ser separados uma vez em seus dois componentes (moléculas de açúcar) para que ocorra a digestão. Os amidos exigem a degradação gradual das moléculas de açúcar complexas em simples para que ocorra a digestão. Digestão dos carboidratos Este quadro explica como os carboidratos são digeridos no corpo: Órgão Ação Boca A mastigação fraciona o alimento em partículas menores. A ptialina (αamilase) salivar atua no amido degradando-o primeiro em dextrinas e, a seguir, em maltose Estômago A peristalse mistura as partículas alimentares com as secreções gástricas. Intestino delgado A amilase pancreática continua a degradar amido em maltose. A enzima intestinal sacarase atua na sacarose para produzir frutose. A enzima intestinal lactase atua na lactose para produzir galactose. A enzima intestinal maltase atua na maltose para produzir glicose. Absorção Os monossacarídeos glicose, frutose e galactose são absorvidos através da mucosa intestinal e chegam ao fígado através da veia porta. Pequenas quantidades de amido e de fibras que não foram completamente digeridos, são excretadas nas fezes. Ás, fibras solúveis alentecem a absorção de glicose, retardando a elevação dos níveis séricos de glicose que ocorre após a alimentação. Metabolismo No fígado, a frutose e a galactose são convertidas em glicose. A seguir, o fígado libera glicose na corrente sanguínea, onde seu nível é mantido por ações dos hormônios. A elevação nos níveis séricos de glicose estimula insulina, que retira glicose da corrente sanguínea para as células. Fontes de carboidratos Os carboidratos são encontrados em todos os grupos alimentares na Pirâmide Alimentar. A quantidade e os tipos de carboidratos variam consideravelmente entre os grupos alimentares e entre as opções em cada grupo. Carboidratos na Promoção da saúde Os carboidratos devem fornecer 55% a 60% das calorias totais em uma dieta saudável, com a maior parte sendo proveniente de carboidratos complexos (amidos). Apenas 25% das calorias diárias totais devem ser provenientes de alimentos com açúcar adicionado, como refrigerantes, balas, bolos e coquetéis de frutas. O consumo mínimo recomendado de carboidratos para crianças e adultos é de 130g/dia. Cada tipo de carboidrato tem seu próprio efeito benéfico para a saúde do indivíduo. A chave para uma dieta saudável é o equilíbrio, com consumo moderado das porções de cada grupo alimentar. Fibras As fibras que são muito benéficas para a saúde, são polissacarídeos que podem ser solúveis ou insolúveis. As fibras solúveis dissolvem-se na água e formam um gel. São encontradas basicamente nas frutas, vegetais, aveia e legumes. As fibras solúveis ligam-se aos ácidos biliares, de modo que não podem ser reabsorvidas no cólon, o que ajuda sua excreção. Isso reduz os níveis séricos de colesterol, um fator de risco para doença cardiovascular. As fibras solúveis também ajudam a retardara concentração sanguínea de glicose nos pacientes diabéticos, alentecendo a absorção de glicose no intestino delgado. As fibras insolúveis não se dissolvem na água. As fibras insolúveis, encontradas basicamente no farelo dos cereais, aumentam o bolo fecal e diminuem os radicais livres no trato GI. O consumo adequado de fibra total é de 38g/dia para os homens ≤ 50 anos de idade e de 25g/ dia para as mulheres na mesma faixa etária. (Ver Dicas para aumentar o consumo de fibras.) Fatos fantásticos sobre as fibras Como os seres humanos não possuem as enzimas necessárias para digerir as fibras, estas não podem ser degradadas pelo corpo para fornecer energia. Entretanto, essa incapacidade confere às fibras efeitos benéficos singulares, incluindo: Evitar ou aliviara constipação (insolúvel) Proteger contra câncer de cólon e retal (insolúvel) Evitar diverticulite (insolúvel) Reduzir os níveis séricos de colesterol (solúvel) Ajudar no controle do peso causando uma sensação de plenitude, que reduz o consumo de alimentos (insolúvel) Diminuir a glicemia (solúvel). Dicas para aumentar o consumo de fibras: Em vez de tomar suco coma a fruta. Coma cinco porções de frutas e vegetais ao dia. Coma alimentos com grãos integrais em vez de refinados, como pães de trigo integral, arroz integral e bolinhos de trigo. Leia o teor de fibras nas caixas de cereais e escolha aquele que tem, pelo menos, 5g de fibra por porção. Consuma alimentos que incluam feijões, como chili, burritos e minestrone. PROTEÍNAS As proteínas, que são componentes de todas as células vivas, são moléculas complexas grandes, compostas por aminoácidos. Assim como os carboidratos, os aminoácidos são compostos orgânicos formados por átomos de oxigênio, hidrogênio e carbono. Uma característica peculiar dos aminoácidos é o componente nitrogênio, o que os diferencia dos outros nutrientes energéticos. As proteínas existem em vários tamanhos e formatos e são compostas por diferentes aminoácidos em proporções e sequências variadas. O formato de uma molécula de proteína determina sua função. As proteínas são necessárias para o crescimento e desenvolvimento normais. São degradadas pelo corpo como uma fonte de energia quando o aporte de carboidratos e de gorduras não é adequado. As proteínas são armazenadas nos músculos, ossos, sangue, pele, cartilagem e linfa. Funções das proteínas As proteínas realizam muitas funções no corpo: A função primária das proteínas é o crescimento, o reparo e a manutenção dos tecidos e estruturas corporais. As células do corpo estão sempre produzindo proteínas para substituir aquelas que foram degradas pelo desgaste normal. As proteínas estão envolvidas na fabricação dos hormônios, como insulina e epinefrina. As proteínas podem atuar como enzimas que ajudam a induzir certas reações químicas, como digestão ou síntese de proteínas. As proteínas ajudam a transportar outras substâncias no sangue. Por exemplo, a hemoglobina transporta oxigênio, e as lipoproteínas transportam lipídios. As proteínas atuam no sistema imune auxiliando na geração de linfócitos e de anticorpos que protegem o corpo contra infecções e doenças. A proteína é um componente dos numerosos compostos existentes no corpo, incluindo trombina, que ajuda na coagulação do sangue. As proteínas podem ser utilizadas como uma fonte de energia (fornecendo 4cal/g) quando o consumo de carboidratos e de gorduras é inadequado. Digestão A digestão das proteínas começa no estômago, onde o ácido clorídrico (HCI) atua nas proteínas, tornando-as mais suscetíveis à ação das enzimas. O HCI converte pepsinogênio na enzima pepsina. A pepsina começa a degradaras proteínas empolipeptídeos menores e em alguns aminoácidos. A maior parte da digestão das proteínas ocorre no intestino delgado coma ajuda das enzimas secretadas pelo pâncreas. Essas enzimas pancreáticas (tripsina, quimotripsina e carboxipeptidase) são responsáveis pela degradação das proteínas em substâncias mais simples (tripeptídeos, dipeptídeos e aminoácidos). A tripsina e a quimotripsina degradam as ligações peptídicas de aminoácidos específicos da terminação ácida dos tripeptídeos e dos dipeptídeos. As enzimas localizadas na superfície da parede intestinal completam o processo digestivo. A aminopeptidase separa os aminoácidos das terminações amino dos peptídeos curtos, e a dipeptidase reduz os dipeptídeos em aminoácidos. Absorção A absorção dos aminoácidos ocorre na mucosa do intestino delgado através de transporte ativo, com o auxílio da vitamina B. As células intestinais liberam aminoácidos na corrente sanguínea que são transportados para o fígado através da veia porta. Metabolismo O metabolismo das proteínas é um processo constante formado por duas etapas. As proteínas são degradadas pelo corpo em aminoácidos através do processo de catabolismo e, a seguir, novamente sintetizadas nos tecidos, conforme necessário, pelo anabolismo. Essa conversão constante é necessária para manter o equilíbrio proteico total no corpo. Fonte de proteína As proteínas podem, ser encontrada em fontes vegetais e animais. Com base na Pirâmide do Guia Alimentar, as fontes vegetais de proteína são: Pão, cereal, arroz grupo de massas (farinha de aveia, bolachas, pão integral) Grupo de vegetais (vegetais verde-escuros e amarelo-escuros) Grupo de leite, iogurte e queijos (queijo cottage, iogurte, queijo de consistência dura) Grupo, de carnes, aves, peixe, feijões secos, ovos e coco (galinha, cauré, feijões secos, manteiga de amendoim). A quantidade e a qualidade das proteínas variam entre os itens em cada grupo. As proteínas na promoção da saúde A cota dietética recomendada de proteína em uma dieta saudável é de 0,8g/kg do peso corporal recomendado por dia, ou cerca de 10% das calorias diárias recomendadas. Essa cota de proteínas baseia-se nas necessidades mínimas, para manter o equilíbrio nitrogenado, e- na qualidade de proteínas mistas tipicamente consumidas. A cota de proteínas recomendada por quilograma de peso corporal é mais alta para as crianças (da Jactância à adolescência) e para gestantes e lactantes. Outros fatores também determinam o quanto de proteína o corpo precisa. Estresse emocional ou físico, infecção e temperaturas ambientais altas aumentam as necessidades proteicas. Essas necessidades também são maiores durante o período em que o corpo precisa se curar, como após cirurgia, traumatismo ou queimaduras. LIPÍDEOS As gorduras (lipídios) são compostas orgânicos que se dissolvem no álcool e em outros solventes orgânicos, mas não na água. Os lipídios são formados pelos elementos carbono, hidrogênio e oxigênio. Embora esses sejam os mesmos elementos que formam os carboidratos, a proporção de oxigênio para carbono e hidrogênio é menor nos lipídios. Como os lipídios têm menos oxigênio, fornecem mais do dobro das calorias que a mesma quantidade de carboidratos. O corpo obtém muitos lipídios a partir dos alimentos consumidos, mas também produz alguns deles. Classificação dos lipídios Existem três tipos de lipídios: triglicerídeos, fosfolipídios e esteróis. 1. Triglicerídeos Os triglicerídeos (TG) representam cerca de 95% dos lipídios nos alimentos e são a principal forma de armazenamento de lipídios no corpo. A unidade estrutural básica dos TG consiste em uma molécula de glicerol ligada a três cadeias de ácidos graxos. 2. Fosfolipídios Os fosfolipídios são um grupo de lipídios compostos semelhantes aos TG. Os fosfolipídios contêm uma molécula de glicerol, mas apenas duas cadeias de ácidos graxos. Em vez do terceiro ácido graxo, os fosfolipídios têm um grupamento fosfato e outro composto contendo nitrogênio. Os fosfolipídios ocorrem naturalmente em quase todos os alimentos, incluindo ovos, e fígado. 3. Esteróis Os esteróis são moléculas complexas nas quais os átomos de carbono formam quatro estruturas cíclicas ligadas a várias cadeias laterais: Os esteróis não contêm glicerol ou moléculas de ácido graxo. Colesterol é um exemplo de esterol. 4. Colesterol O colesterol é uma substância semelhante à gordura que é produzida diariamente pelo corpo. O fígado produz colesterol e filtra o excesso de colesterol para eliminá-lo do corpo. O colesterol também é um componente dos alimentos que nós consumimos. Essa substância ocorre naturalmente em todos os alimentos animais. O colesterol tem várias funções importantes: É um componente vital dos sais biliares que ajudam na digestão. É uma parte essencial de todas as membranas celulares. Também é encontrado no cérebro e tecido nervoso e no sangue. É necessário para a produção de vários hormônios, incluindo cortisona, adrenalina, estrogênio e testosterona. Funções dos lipídios A maioria das pessoas sabe que os lipídios contribuem para o odor, saciedade e sabor dos alimentos na dieta. Também fornecem textura ao alimento, intensificam seu sabor e realçam seu odor. Além disso, esses nutrientes têm muitas funções no corpo. Lipídios específicos têm funções específicas. Por exemplo, os fosfolipídios atuam como emulsificadores para manter os lipídios em suspensão no sangue e nos líquidos corporais. Eles ainda são parte integrante das membranas celulares e ajudam no transporte de nutrientes, metabólitos e substâncias lipossolúveis através das membranas celulares. Os lipídios realizam seis funções gerais no corpo: Fornecem energia para o corpo Facilitam o transporte das vitaminas lipossolúveis Fornecem ácidos graxos essenciais Dão suporte e proteção aos órgãos internos Auxiliam na regulação da temperatura Lubrificam os tecidos corporais. Como o corpo metaboliza os lipídios Os lipídios movem-se pelo corpo através dos processos de digestão, absorção e metabolismo. O transporte dos lipídios no corpo exige sua combinação com proteínas plasmáticas para formar lipoproteínas. Digestão A digestão dos lipídios na boca e no estômago é mínima. A ação muscular geral mistura os lipídios com o conteúdo gástrico. À medida que os lipídios entram no duodeno, estimulam a liberação do hormônio colecistocinina, que estimula a liberação de bile pela vesícula biliar. A bile é um emulsificador que degrada os lipídios em pequenas partículas e reduz a tensão da superfície, de modo que as enzimas conseguem penetrar nos lipídios e atuar de forma mais efetiva. Absorção Noventa e cincos por cento das gorduras consumidas são absorvidos no duodeno e no jejuno. Pequenas partículas de gordura são absorvidas diretamente através das células mucosas para os capilares, chegando à veia porta e ao fígado. Carreadores de lipídios As lipoproteínas são um grupo de compostos sintetizados pelo corpo que transportam os lipídios através da corrente sanguínea para várias partes do corpo. Todas as lipoproteínas contêm lipídios Fontes de gordura As principais fontes alimentares de lipídeos são os óleos e as gorduras, mas eles também são encontrados nas carnes, no leite e nos ovos e nos oleaginosas (castanhas). Prevenção de doença Mais do que qualquer outro nutriente, a gordura tem um papel importante em várias doenças crônicas. Existem evidências avassaladorasde que as dietas ricas em gordura aumentam o risco à doença cardiovascular, obesidade e determinados cânceres. Doença cardiovascular Coronariopatia causada por aterosclerose é a principal causa de morte nos EUA. Nessa condição, placas fibrosas gordurosas estreitam progressivamente da artéria coronária, reduzindo o volume do fluxo de sangue. As placas são resultado de uma série de eventos complexos que parecem ser iniciados pelo aumento da quantidade de LDL. O consumo de uma dieta, rica em gorduras saturadas eleva os níveis de LDL mais do que qualquer outro componente da dieta. MICRONUTRIENTES VITAMINAS E MINERAIS Vitaminas são substancias orgânicas complexas encontradas em tecidos animais e vegetais, que têm como função o controle dos processos metabólicos do nosso organismo, devido ao fato de possuírem nutrientes essenciais. As vitaminas são classificas em lipossolúveis (A, D, E e K) e em hidrossolúveis (C e complexo B). Vitamina A Também conhecida como retinol, pode ser ingerida ou sintetizada no organismo através dos carotenoides fornecidos exogenamente. A vitamina A armazenada no fígado. Funções: proteção dos processos visuais, atuação no crescimento, na reprodução, nos processos imunológicos, no desenvolvimento ósseo e na maturação do tecido epitelial. Efeitos da deficiência: cegueira noturna, xeroftalmia, hiperceratose da conjuntiva, alteração na pele e nos cabelos, perda de apetite, diminuição do crescimento, ceratinização das mucosas. Fontes de vitaminas: ovos, leite e fígado bovino; de carotenóides – vegetais amarelos e folhosos verde-escuro. Vitamina D Também conhecida por calciferol, pode ser produzida através da pele por ação da luz solar ou de lâmpadas artificiais ultravioleta. Funções: aumento da absorção do cálcio e do fosfato e facilitação da absorção de cálcio pelos ossos. Efeitos da deficiência: raquitismo, na infância, e osteomalácia, nos adultos; possível participação no desenvolvimento de osteoporose. Fontes: óleos de peixes. Vitamina E Também conhecida por tocoferol. Funções: como antioxidante biológico, é responsável pela integridade das membranas celulares; atua ainda na fertilidade humana. Efeitos da deficiência: alterações nos sistemas neuromuscular, vascular e reprodutor. Fontes: óleos vegetais. Vitamina K Funções: atua na coagulação sanguínea. Efeitos da deficiência: hemorragias e aumento do tempo de coagulação. Fontes: vegetais folhosos verdes. Vitamina C Também conhecida como ácido ascórbico. Funções: formação do colágeno, síntese de neurotransmissores, absorção do ferro. Efeitos da deficiência: escorbuto, que é raro atualmente. Sinais principais: dificuldade de cicatrização, cabelos quebradiços, hemorragia gengival com perda dentária, petéquias e suscetibilidade a infecções. Fontes: frutas cítricas. Vitamina B1 Também é conhecida por tiamina. Função: atua no metabolismo dos aminoácidos Efeitos da deficiência: anorexia, inapetências, fraqueza dos membros inferiores, neuropatia periférica e taquicardia. A deficiência prolongada pode levar ao beribéri, atingindo o sistema nervoso (forma seca) ou o cardiovascular (forma úmida). As manifestações no sistema nervoso são: comprometimento sensitivo, motor e reflexo, encefalopatia e confusão mental. No sistema cardiovascular verificamos edema e falência miocárdica. Fontes: carne, especialmente de porco, germes dos cereais, principalmente do trigo, e legumes. Vitamina B2 Também conhecida por riboflavina. Funções: atua no metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. Efeito da deficiência: acometimentos oculares e na cavidade oral, embora raros. Fontes: leite e derivados; folhas verdes, carne e ovos, além da pequena produção pelos microrganismos intestinais. Vitamina B3 Também conhecida por niacina. Funções. Participa da síntese e degradação nos macronutrientes. Efeitos da deficiência: anorexia, fraqueza muscular e manifestações cutâneas, de incidência endêmica nos países do 3° Mundo. A deficiência crônica leva à pelagra: dermatite, demência. Fontes: cereais, fígado bovino, peixes e legumes. Síntese pelas bactérias intestinais. Vitamina B5 Mais conhecida por ácido pantotênico. Funções: atua no metabolismo dos macronutrientes. Efeitos da deficiência: fadiga e depressão. Devido à ampla distribuição alimentar, esses sintomas raramente são observados. Fontes: vísceras, carne vermelha, tomate, batata, germe de trigo, brócolis e couve-flor. Vitamina B6 Também conhecida por piridoxina. Funções: atua no metabolismo dos carboidratos: gliconeogênese e síntese de neurotransmissores. Efeitos da deficiência: convulsões em crianças e estomatite, glossite e queilose em adultos. Fontes: fígado bovino, carne de porco, trigo, tubérculos e banana. Vitamina B9 Atualmente conhecida por ácido fólico ou folato. Funções: equilíbrio das funções neurológicas e síntese dos ácidos nucléicos (DNA e RNA). Efeitos da deficiência: anemia macrocítica e alterações na diferenciação dos tecidos fetais: anencefalia, hidrocefalia e espinha bífida. Fontes: feijões, fígado bovino, vegetais folhosos verde-escuros, batata e trigo. É produzida também pelas bactérias intestinais. Vitamina B12 Também conhecida por cobalamina. Funções: atua na síntese de ácidos nucléicos e aminoácidos e na síntese de mielina. Efeitos da deficiência: anemia rnegaloblástica e manifestações neurológicas complexas, como degeneração da medula espinhal e de nervos óticos. Fontes alimentos protéicos de origem animal: fígado e rins bovinos, leite e derivados, ovos e peixes. Suplementos vitamínicos Os suplementos vitamínicos conseguem evitar doenças provocadas por deficiência, como escorbuto e beribéri, que podem ocorrer quando o consumo nutricional é inadequado. Entretanto, ainda necessária a realização de pesquisas para determinar se os suplementos vitaminíco podem ajudar e evitar a doença crônica. Autoridades da saúde e da nutrição concordam que a melhor forma de obter os nutrientes é através dos alimentos e não de suplementos. Os suplementos vitamínicos são limitados no que oferecemos e dificilmente se comparam gama de vitaminas, minerais e fibras encontrados nos alimentos. As vitaminas também não possuem as substancias químicas necessárias produzidas pelos vegetais contra as bactérias, vírus e fungos. Atualmente, ainda não existe um comprimento que possa substituir suficientemente uma dieta saudável, mas o uso de um suplemento multivitamínico balanceado que forneça não mais que 100% das necessidades diárias de cada vitamina não é perigoso. Algumas populações e indivíduos especiais cujos alimentos não se enquadram na dieta ideal são beneficiados com o uso de multivitamínicos (ver Populações-alvo para suplementação vitamínica.) Minerais Os minerais são nutriente considerados essenciais ao organismo, uma vez que podem ser integrantes de estruturas orgânicas ou desempenhar função vital. Sua deficiência muitas vezes é difícil de ser detectada no início, tornando-se muitas vezes uma carência crônica. A biodisponibilidade dos minerais, ou seja, a capacidade de sua absorção pelo organismo depende da quantidade ingerida do estado nutricional do indivíduo e da composição nutricional da refeição, especialmente quando ao teor de outros minerais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divide os minerais em duas categorias: a) Macrominerais: cálcio (Ca) fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na),enxofre (S); potássio (K) e cloro (CI). Dos quais o organismo tem necessidades superiores a 100 g/dia; b) Micromimerais:(elementos-traço) divide-se em: Essenciais: ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), iodo (I), selênio (Se) e molibidênio (Mb); Provavelmente essenciais: manganês (Mn), silício (SI), níquel (Ni), boro (Bo) e Vanádio (Vn); Potencialmente tóxicos, possivelmente com funções essenciais: Fluoreto (FI), chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Me), arsênico (Ar), alumínio (AI), lítio (Lt) e estanho (Sn). Minerais na produção da saúde O consumo dietético recomendado para atender as necessidades dos adultos varia para cada mineral. O cálcio e o sódio são os minerais que causam mais preocupação para a saúde. A maioria dos norte-americanos consome quantidades menores de cálcio do que a quantidade ideal, aumentando o risco de desenvolver osteoporose; e consomem mais sódio que o necessário, o que os coloca em risco de desenvolver hipertensão. Cálcio O cálcio é um mineral importante durante toda a vida. A quantidade adequada de cálcio pode participar na prevenção da hipertensão e de câncer de cólon e pode alentecer a velocidade da perda óssea. As recomendações mais recentes para o consumo de cálcio foram estabelecidas; nos níveis as sociedades à retenção máxima pelo corpo. Muitos norte-americanos não consomem a quantidade recomendada de cálcio. Podem consumir o suficiente para atender suas necessidades, mas não atendem as recomendações. Os suplementos de cálcio são adequados para os indivíduos que não conseguem consumir ou que não consomem quantidades adequadas de cálcio provenientes apenas dos alimentos. Os indivíduos que utilizam suplementos de cálcio devem: Fazê-lo apenas com moderação. — O cálcio é mais bem absorvido quando consumido em quantidade ≤ 500mg. Se forem necessárias doses mais altas, estas devem ser fracionadas durante dia. Saber o tipo de cálcio que estão utilizando e como deve ser consumido. - Carbonato de cálcio é mais bem absorvido com alimentos, e citrato de cálcio é mais bem absorvido em jejum. Evitar ingerir com ferro. - O cálcio pode interferir na absorção de ferro: Ingerir líquidos. — A constipação é um efeito adverso comum dos suplementos de cálcio. O consumo adequado de líquidos pode reduzir esse risco. Lembrar-se de que os suplementos devem ser adicionados aos alimentos que já são consumidos — Os suplementos de cálcio não devem ser utilizados para substituir o consumo nutricional do cálcio. Consequências do Cálcio O consumo adequado de cálcio é importante em todos os estágios da vida. Durante as primeiras décadas de vida, a obtenção da densidade máxima óssea é uma proteção contra a perda óssea final, inevitável, que ocorre com o envelhecimento. Depois dos 30 a 35 anos de idade, apenas o consumo adequado de cálcio não consegue interromper a perda óssea final, mas consegue retardar sua velocidade. Sódio Os Parâmetros Nutricionais para os norte-americanos sugerem limitar o consumo de sal escolhendo e preparando os, alimentos com menos sal. Os indivíduos são aconselhados a limitar o consumo de sódio para aproximadamente 2.400mg/dia, ou um pouco mais que uma colher de chá. O consumo diário médio proveniente apenas dos alimentos (não levando em consideração o sal adicionado à mesa) é superior a 4.000mg nos homens e de quase 3.000mg nas mulheres. O alto consumo de sódio está ligado à hipertensão arterial, que pode provocar AVC ou infarto do miocárdio. Para ajudar seu paciente a limitar o consumo de sódio, recomende os seguintes procedimentos: Reduzir o consumo de sódio de forma gradual a fim de diminuir o desejo por sal. Ler os rótulos dos alimentos para evitar ou limitar o consumo daqueles com teor muito alto de sódio. Comparar os rótulos de marcas diferentes de itens semelhantes para identificar o produto com menor teor de sódio. Evitar alimentos industrializados. Saber que os alimentos com alto teor de sódio podem não ser salgados. Provar os alimentos antes de adicionar sal. Experimentar ervas, molhos e vinagres como alternativas para o sal. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 1. Considerações Iniciais A avaliação do estado nutricional de um indivíduo permite determinar sua relação com os alimentos, em fases que vão desde a ingestão até a absorção. Tal avaliação deve conter as seguintes etapas: Avaliação da composição corpórea; Avaliação subjetiva global (ASG); Exame físico; Antropometria; - exames laboratoriais; - inquéritos dietéticos. Os critérios que interessam aos profissionais de enfermagem são o exame físico e a antropometria. 2. Exame Físico Esta avaliação proporcional contato físico com o paciente. Neste exame podemos detectar alterações na pele, nas mucosas, no cabelo, nos olhos e nos órgãos internos (pela palpação) que evidenciem a deficiência de nutrientes. 3. Antropometria É o sistema que mede de maneira estática os diversos compartimentos corporais, fornecendo a dimensão física global do corpo humano. Inclui medidas de peso, de altura, das pregas cutâneas e das circunferências dos membros. Peso — dividido em peso atual (PA), peso usual (PU) e peso ideal (PI), expressa a dimensão da massa ou o volume corporal. Altura — expressa a dimensão longitudinal ou linear do corpo. Permite verificar o padrão de crescimento individual. Peso e altura combinados refletem a proporcionalidade das dimensões do corpo. IMC — índice de massa corporal — reflete a relação entre o peso e a altura do paciente, sendo expresso em kg/m2. Permite verificar se existe proporcionalidade corporal pela combinação entre esses dois dados. Os padrões de referência são diferentes para crianças, adolescentes, adultos e idosos e serão citados no momento oportuno. Pregas cutâneas — -medidas com aparelhos específicos, permitem verificara quantidade de gordura distribuída nos compartimentos corpóreos. Circunferência dos membros - permite verificar a relação entre o tecido de gordura e o tecido muscular dos membros. 3.1. Recém-Nascidos O recém-nascido é a criança do momento do nascimento até completar 28 dias de vida. Nesse período, o crescimento é acelerado, exceto entre o 7° e o 10° dias, quando existe uma perda de peso que depois é recuperada. Peso ao nascer - é o indicador da qualidade de vida do recém-nascido, e deve ser medido dentro de 24 horas após o nascimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o baixo peso ao nascer é aquele menor que 2500g, enquanto entre 2500 e 3000g é considerado peso insuficiente. Relação Perímetro Torácico e Perímetro Cefálico (PT/PC) permite estimar o estado nutricional da criança. Até os seis meses de vida, está relação deve ser igual a um. 3.2. Crianças (até 10 anos de idade) Nesta fase de intenso crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, qualquer alteração do estado nutricional pode ter repercussão negativa tanto na estatura final como na, aprendizagem, Tomadas de peso e altura devem ser feitas rotineiramente preferencialmente nas escolas, para a detecção de possíveis distúrbios nutricionais, com o encaminhamento dos casos ao serviço de saúde As medidas podem ser utilizadas isoladas ou combinadas, dependendo do tipo de acompanhamento que se pretende fazer. No Brasil, o Ministério da Saúde preconiza o uso do "Cartão da Criança", em que se pode fazer o registro do peso em relação à idade da criança. 3.3. Adolescentes (10 a 19 anos de idade) A avaliação do estado nutricional nessa faixaetária é um processo complexo, pois devem ser levados em consideração, além do peso, da altura e da idade, as características do desenvolvimento e da maturação sexuais do indivíduo. 3.4. Adultos IMC – índice mais comumente utilizado, é verificado segundo a seguinte tabela: Classificação IMC (kg/m2) Baixo peso < 18,5 Eutrofia Entre 18,5 e 24,99 Sobrepeso Entre 25 e 29,99 Obesidade leve Entre 30 e 34,99 Obesidade moderada Entre 35 e 39,99 Obesidade mórbida ≥ 40 FONTE: OMS (Organização Mundial de Saúde), 1995. 3.5. Gestantes Peso pré-gestacional — deve ser registrado ou estimado, tendo-se como referência o peso das 12 primeiras semanas de gestação. O peso pré-gestacional irá definir o ganho de peso gestacional e predizer o peso fetal. IMC — A relação entre o peso pré-gestacional segundo o IMC e o ganho de peso gestacional é o seguinte: GANHO DE PESO GESTACIONAL SEGUNDO IMC FONTE: OMS (Organização Mundial de Saúde), 1995. Curva de Peso/Idade Gestacional – tabela de registro utilizada no Cartão da Gestante e preconizada pelo Ministério da Saúde, relaciona o ganho de peso com a idade gestacional, sem avaliar o peso pré-gestacional. Cálculo da Idade Gestacional – pode ser feito de duas formas: Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida: contar o número de semanas a partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. Dividir o total de dias pó 7; Quando a data da última menstruação é desconhecida – se o período for no início do mês, considerar o dia 05, em meados do mês, o dia 15 e no final do mês, o dia 25. 3.6. Idosos (a partir de 60 anos) Em virtude do fato de muitos idosos estarem incapacitados para movimentar-se, alguns dados antropométricos são obtidos por estimativa. Peso estimado – para seu cálculo, utiliza-se o padrão da OMS, 1995: HOMENS: (0,98 x circunferência da panturrilha) + (1,16 x altura do joelho) = (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69; MULHERES: (1,27 x circunferência da panturrilha) + (0,87 x altura do joelho) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35; Em que: Circunferência da Panturrilha = perímetro máximo entre o joelho e o pé, perna flexionada em 90º e calcanhar apoiado. Altura do joelho = altura do calcanhar à parte superior da tíbia, perna flexionada em 90º e calcanhar apoiado. CB = circunferência do braço. DCSE = prega cutânea subescapular. Altura estimada – para seu cálculo, usamos OMS, 1995: Homens brancos – (2,08 x altura do joelho) + 59,01 Homens negros – (1,37 x altura do joelho) + 95,79 Mulheres brancas – (1,91 x altura do joelho) – (0,17 x idade) + 75,00 Mulheres negras – (1,96 x altura do joelho) + 58, 72 DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS 1. Conceito Os distúrbios nutricionais são doenças decorrentes da carência de um ou mais nutrientes. As patologias aqui apresentadas estão relacionadas entre as prioridades da atual Política de Alimentação e Nutrição do Governo Federal. 2. Avitaminose A É caracterizada pela deficiência de retinol e pode ser primária (decorrente da ingestão insuficiente de retinol ou pró-retinol) ou secundária (resultante de doenças hepáticas, de desnutrição, de abetalipoproteinemias ou de má-absorção). O desmame precoce é uma das causas da deficiência de vitamina A em lactentes. A deficiência de vitamina A pode ser marginal, ou seja, próxima à normalidade, que não poderá ser detectada através do exame clínico, ou clínica, ou seja, aquela detectada pelo exame clínico. Os sinais clínicos da avitaminose A são: cabelos fracos e quebradiços, queratinização das mucosas, da pele e do epitélio dos olhos. Suas principais consequências são: cegueira noturna, xerose da conjuntiva (xeroftalmia), aumento da suscetibilidade a infecções, alterações cutâneas e deficiência no processo de desenvolvimento da população. Entre as ações para o tratamento da avitaminose A está o recurso à suplementação com megadoses desta vitamina às crianças de 6 a 59 meses de idade e a ações educativas quanto às fontes alimentares e à importância do consumo da vitamina. 3. Anemia Ferropriva É caracterizada pela redução da concentração de hemoglobina sanguínea, causada pela ingestão insuficiente de ferro. Verminoses podem causar anemia pela espoliação intestinal de sangue. Os principais sinais da anemia ferropriva são fadiga, anorexia, palidez da pele e das mucosas, pouca disposição e apatia. Sua principal consequência são o atraso no crescimento e no desenvolvimento intelectuais, observados principalmente se a anemia ocorre em situações de gestação e lactação. Os grupos Mais suscetíveis a este tipo de anemia são as crianças até 24 meses, os adolescentes na puberdade, as mulheres gestantes ou com fluxo menstrual intenso e extenso e as pessoas com sangramentos crônicos. A anemia ferropriva é uma carência nutricional que não se restringe às classes economicamente desfavorecidas, apresentando distribuição universal. As principais fontes de ferro são as carnes (especialmente o fígado bovino), as leguminosas e os vegetais de folhas verde-escuras. As fontes vegetais têm um baixo aproveitamento pelo organismo, devendo ser acompanhadas da ingestão de vitamina C. A anemia ferropriva muitas vezes, desenvolve-se de forma assintomática, devendo o tratamento ser acompanhado por exames de sangue até que as reservas corpóreas estejam adequadas, sendo que para isso muitas vezes é necessário o tratamento medicamentoso. 4. Bócio Endêmico O bócio é caracterizado pela hipertrofia da glândula tireoide, causada pela ausência de iodo na alimentação. A principal fonte de iodo é o sal marinho, sendo que ele também é encontrado em alimentos cultivados em solo próximo ao mar. O bócio é considerado endêmico ao atingir 10% dá população em idade escolar de um local. No Brasil, as regiões endêmicas situavam-se na região Central (Centro-Oeste) e nas áreas rurais muito pobres, pelo fato de se distanciarem muito da região litorânea. Como forma de controle do bócio, o governo brasileiro estabeleceu a iodação obrigatória do sal de cozinha. Populações ainda suscetíveis são aquelas que utilizam o sal grosso como meio de salga da alimentação, usualmente pessoas de baixo poder aquisitivo que residem em meio rural e utilizam produtos destinados ao gado para o preparo de sua própria alimentação. As principais consequências do bócio são: aumento da glândula tireoide, retardo mental, que atinge desde o feto até o adulto e pode resultar em cretinismo e nanismo, e queda da fertilidade feminina. 5. Desnutrição É uma síndrome multifatorial, que pode ser primária, caracterizada pela ingestão insuficiente de energia e proteínas, ou secundária, consequente a alterações fisiopatológicas que interferem em qualquer ponto do processo de nutrição. Qualquer uma das formas pode ser agravada por frequentes surtos de gastrenterites e outros processos infecciosos, devido à baixa no sistema imunológico. Quanto à gravidade, a desnutrição pode ser classificada como leve, moderada ou grave. Quanto ao tempo de evolução, ela pode ser aguda ou crônica. Na desnutrição aguda, a principal consequência é o déficit ponderai, enquanto na forma crônica, as principais consequências são a deficiência no crescimento (afeta a altura) e a dificuldades no processo de aprendizagem. Duas formas específicas de desnutrição extrema são comumente citadas, o marasmo e o kwashiorkor. a) O marasmo é caracterizado pela privação crônica de ingestão calórica, atingindo principalmentecrianças no primeiro ano de vida. Seus sintomas são: retardo no desenvolvimento, atrofia muscular sem gordura subcutânea, face de velho, queda acentuada de peso. b) O kwashiorkor é causado pela ingestão deficiente de proteínas, enquanto a ingestão calórica é preservada. É comum em crianças após o desmame, entre 1 e 3 anos de idade. Seus sintomas são: edema, face lunar, retardo no desenvolvimento, atrofia muscular com gordura subcutânea, infiltração gordurosa no fígado, transtornos psicomotores, cabelo ralo, fraco, quebradiço e descolorido, despigmentação da pele, queda no peso. O principal fator etiológico da desnutrição é o baixo nível socioeconômico e cultural. A amamentação tem importância primordial na prevenção da desnutrição infantil. O desmame, seja precoce, seja tardio, pode provocar a desnutrição infantil; por isso, as mães devem ser corretamente orientadas quanto ao tempo ideal de amamentação exclusiva. O tratamento do indivíduo desnutrido deve ser dividido em etapas: 1ª. Identificação e correção dos fatores causadores da doença, correção do equilíbrio hidroeletrolítico e restabelecimento da homeostase corporal; 2ª. Aumento da densidade caloricoprotéica da dieta e estímulo à atividade física; 3ª. Acompanhamento do desenvolvimento global do indivíduo e de sua família. Para, o profissional, de enfermagem, é importante ressaltar que a desnutrição e a subnutrição aumentam o tempo de internação hospitalar e dificultam o processo de recuperação em 19 a 80% dos pacientes hospitalizados. No processo de desnutrição intra-hospitalar, pode ocorrera diminuição do tamanho de todos os órgãos, exceto o cérebro, condição que favorece a má digestão e a má absorção de nutrientes, assim como a proliferação bacteriana A desnutrição hospitalar pode dividida em primária, que é aquela decorrente da condição socioeconômica desfavorável, em secundária, causada pela própria condição clínica do paciente ou da patologia, e em terciária, adquirida ao longo da internação. Como prevenção à desnutrição, identificada em larga escala pelo Ibranutri (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar — 1996), com taxa de 48% dos doentes internados em hospitais brasileiros, a Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral recomenda uma interação entre os profissionais da área de saúde para que se faça: Esclarecimento à equipe, de saúde e à população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento da desnutrição; Inclusão, pelo SUS, dos custos diagnósticos e operacionais do tratamento dietoterápico específico. 6. Obesidade Síndrome multicausal, a obesidade pode ser considerada uma consequência do mundo globalizado. Caracterizada pelo excesso de gordura corporal, pode ser classificada de diversas formas: Pelo aumento do peso corporal total, que pode ser verificada através do índice de Massa Corporal (IMC) Pela concentração da distribuição de gordura. A gordura pode se concentrar de forma androide (maçã) ou ginecoide (pera), sendo que a primeira oferece mais riscos de problemas cardiovasculares. Os prejuízos da obesidade se verificam na estética, na diminuição da qualidade de vida e no aumento da quantidade de doenças associadas, entre as quais podemos citar o aumento da pressão arterial, as doenças cardiovasculares, o aumento da resistência periférica à insulina, que pode levar ao Diabetes Melittus, a alteração do perfil dos lipídios plasmáticos e as doenças biliares. O tratamento deve incluir a reeducação alimentar e o aumento da atividade física. Casos específicos podem exigir terapia medicamentosa como complementação, e em casos extremos pode ser indicada a cirurgia bariátrica, ou a gastroplastia. Tanto a utilização de medicamentos como a intervenção cirúrgica devem ser prescritos apenas após terapia nutricional em longo prazo, visto que a instalação da doença é um processo lento, que consequentemente irá requerer um longo prazo para que seja curada. Os determinantes da obesidade, assim como dos outros distúrbios nutricionais, podem ser genéticos, ambientais, comportamentais ou socioeconômicos. Ao contrário do que se possa pensar, a maior causa da obesidade é a ingestão alimentar excessiva, em detrimento de distúrbios endócrinos. A distribuição populacional da obesidade não tem uma relação direta com o poder aquisitivo. O que é observado é uma maior prevalência da doença entre as camadas de poder aquisitivo maior, mas sem se notar a diminuição nas camadas menos favorecidas economicamente. NUTRIÇÃO NA GESTAÇÃO Gestação A gestação é um período especial, que dura aproximadamente 40 semanas, em que a atenção e os cuidados nutricionais devem ser redobrados, pois a alimentação da mãe irá determinar o desenvolvimento geral do feto. Essa influência não ocorre só nas partes físicas, mas também na parte cerebral/intelectual. Altos índices de mortalidade fetal e materna estão relacionados a estados nutricionais inadequados. No primeiro trimestre da gestação, o desenvolvimento fetal é influenciado principalmente pelo estado nutricional pré-gestacional, relacionado tanto a macro quanto a micronutrientes. Por isso o planejamento familiar é importante, visto que a formação adequada da criança se inicia antes mesmo de a mãe ter certeza de que está grávida. A partir do segundo trimestre e passando pelo terceiro, os fatores externos passarão a ter maior importância: condições ambientais e alimentação da mãe: ingestão de nutrientes, ganho de peso e fator emocional. 1.1. Ganho de Peso Fetal Ao final das 12 primeiras semanas (1. ° trimestre), o feto pesará aproximadamente 300g, sendo que essa é uma fase de intensa hiperplasia celular. Entre a 13ª e 27a semanas ocorre um equilíbrio entre a hiperplasia e a hipertrofia celulares, chegando, o feto a pesar cerca de 1000g no final do período. A partir da 28a semana, o processo de hipertrofia passa a ser predominante, sendo que no final do período gestacional o. feto pesará em torno de 3000g. 1.2. Ganho de Peso Gestacional O ganho de peso no período gestacional deve ser determinado de acordo como estado nutricional pré-gestacional. Em gestantes eutróficas, indicado é um aumento de 9 a 13 kg Gestantes com baixo peso pré-gestacional podem ter um ganho de peso de até 18 kg, enquanto o ganho de peso ideal para gestantes obesas varia de 6 a 9 kg. É importante lembrar que o ganho de peso da gestante compreende, além do peso do feto, que pode ser de até 4 kg, o peso dos estoques, placenta e aumento das mamas. A subnutrição e a desnutrição gestacional estão relacionadas a bebês com baixo peso ao nascer (BPN). A obesidade gestacional, também está relacionada ao baixo peso ao nascer, além de levar a um menor aproveitamento e absorção do ácido f61ie o (folato). 1.3. Adaptações Fisiológicas Durante o período, gestacional, o organismo da mulher passa por várias adaptações fisiológicas, entre as quais podemos citar: Ajuste no metabolismo dos macronutrientes, passando a utilizar mais os carboidratos como fonte de energia, mobilizando menos os seus estoques de gordura; Aumento da sensibilidade e vascularização dos centros respiratórios, o que causa uma hiperventilação, decorrente da ação da progesterona e do estrogênio; Substituição da respiração abdominal pela torácica, causando uma respiração ofegante; - mudanças no olfato e no paladar, alterando as preferências pelos alimentos. 1.4. Situações Comuns na Gestação Náuseas e vômitos; Alterações no apetite; Constipação (devido ao relaxamento da musculatura intestinal decorrente do aumento da ação da progesterona)e hemorroidas; Pirose (devido ao aumento da pressão do útero sobre o estômago e ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior); Pica (vontade de se alimentar de substâncias não-nutritivas, como terra, cimento, cal, sabão); Edema no final do dia e câimbras; Infecções urinárias (devido à deficiência na filtração renal). 1.5. Recomendações Nutricionais Calorias: aumentar o consumo calórico a partir do 2. ° trimestre, evitando-se o consumo exagerado de alimentos altamente calóricos. Proteínas: aumentar o consumo em 10g/dia. Cálcio: fazer suplementação a fim de prevenir a DHEG, distúrbio hipertensivo específico da gestação; não suplementar, caso exista nefro litíase. Ácido fólico: suplementar e combinar com a ingestão de vitamina B 12' a fim de prevenir distúrbios do tubo neural (espinha bífida, anencefalia, hidrocefalia) e anemia megaloblástica. Ferro: suplementar até o final da gestação, pois será o responsável pela formação da massa eritrocitária fetal. Vitamina A: não deve ser suplementada, pois o excesso pode causar alterações na formação do feto (teratogênica). Vitamina C: ingerir no máximo 2g/dia. Zinco: a deficiência pode causar má-formação fetal, mas a alta ingestão concorre com a absorção do ferro. Cafeína: restringir o consumo de café e chá preto/mate a 3 xícaras por dia. Edulcorantes: evitar o uso, especialmente de sacarina, que é permeável à placenta. 1.7. Crenças, Desejos e Aversões A gestação é um período cercado de crenças, a maioria delas sem fundamentação científica. O fato de a gestante apresentar "desejos" é um fator psicológico e não justificativa científica. As aversões alimentares podem aparecer e devém ser, respeitadas, desde que não afetem o estado nutricional da gestante nem o do feto. 1.8. O Papel do Enfermeiro O papel do enfermeiro que lida com pacientes gestantes é primeiramente, encaminhá- las ao pré-natal adequado. Em seguida, acompanhar toda a gestação para garantir que sejam feitas todas as consultas e exames necessários. O diagnóstico de problemas e o encaminhamento ao profissional especialista poderão prevenir distúrbios tanto na mãe quanto na criança em desenvolvimento. NUTRIÇÃO NA LACTAÇÃO E NO LACTENTE 1. Lactação É o período que a criança se amamenta, podendo ser aleitamento materno ou artificial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade e o aleitamento complementar até os 2 anos de idade. A produção do leite pela mãe depende do estímulo de sucção pelo bebê e da ocorrência dos hormônios prolactina e ocitocina. 1.1. Vantagens do Aleitamento Materno O leite materno apresenta altas quantidades de imunoglobulinas, responsáveis pela proteção imunológica do bebê. O leite materno é de fácil digestão e de alta absorção e ainda é higienicamente seguro. Existe ainda o fator econômico, do custo do leite e dos apetrechos (mamadeira etc.), e o fator afetivo, pois o aleitamento ajuda a formar laços afetivos entre a mãe e o filho. A correta orientação à mãe quanto à posição do corpo para a amamentação e aos cuidados com os mamilos serão determinantes para facilitar o aleitamento, evitar intercorrências como rachaduras e estimular a prosseguir a amamentação pelo maior tempo possível. 1.2. Composição do Leite Materno O leite secretario nos 3 primeiros dias após o parto é chamado colostro, rico em vitaminas e imunoglobulinas, e é essencial para a adaptação da criança ao mundo externo. A partir do 15° dia, a mulher já produz o leite chamado maduro, que é de fácil digestão e contém ferro de alta disponibilidade. O leite materno também apresenta mudanças de composição durante a mamada – o leite do começo (anterior) é mais aquoso, enquanto o leite do final (posterior) é mais rico em calorias e gordura. 1.3. Recomendações Nutricionais na Lactação Durante a lactação, a mulher deve aumentar sua ingestão calórica em aproximadamente 500 kcal/dia, aumentara ingestão de proteínas para 15 g/dia nos 6 primeiros meses e para 12 g/dia nos outros meses. A ingestão correta dos outros nutrientes deve ser observada. A restrição alimentar da mãe deve ser evitada, pois isto pode alterar seu estado nutricional e afetar a correta produção de leite. Alimentos como chocolate, ovos e frutas cítricas não têm interferência comprovada na produção do leite nem de cólicas no bebê. O consumo de café deve ser restrito a 3 vezes ao dia. A ingestão de álcool deve ser evitada. O consumo de água deve ser estimulado, pois é fundamental para a produção do leite. Também o consumo da carne de peixe deve ser estimulado, na frequência de 3 vezes, por semana. 1.4. O Papel do Enfermeiro Nessa fase, o profissional deve continuar um trabalho de incentivo ao aleitamento materno, observando os princípios e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Incentivar a boa alimentação da mãe para garantir o suprimento adequado de leite faz parte das atribuições tanto do nutricionista quanto do enfermeiro que acompanham a lactante. 2. Lactância Lactente é o termo que designa a criança que se amamenta, enquanto a mãe é denominada lactante. A criança de até seis meses de idade que mama exclusivamente no seio, não precisa de nenhum tipo de alimentação complementar, o que exclui da dieta chás e água. Em situações, em que, a mãe não pode amamentar, o leite formulado (industrializado) deve ser oferecido, sendo o leite de vaca a última opção, devido ao fato de ser de difícil digestão e por possuir micronutrientes de baixa biodisponibilidade. 2.1. Cólica do Lactente A cólica do lactente é multifatorial e depende da condição emocional da mãe e do ambiente que cerca a criança, da sua resposta adaptativa à vida extrauterina e ao processo de amadurecimento do seu trato gastrintestinal. Por esses fatores, ela é autolimitada. Em casos em que as cólicas são intensas ou frequentes, o profissional que acompanha a mãe deve observar se a pega do bebê no seio está correta, se a criança, não está engolindo ar, se o esvaziamento da, mama está adequado, se o intervalo entre as mamadas não está muito curto e se a criança arrota após a amamentação. 2.2. Aspectos Fisiológicos do Lactente A criança ao nascer ainda é um ser imaturo fisiologicamente. Alguns aspectos que evidenciam essa imaturidade são: a baixa produção de lactase, que em alguns se estende até 12 meses de vida, e a baixa produção de amilase, que normalmente dura até os 6 meses de vida. Além disso, a capacidade gástrica do bebê é pequena, limitando o volume das refeições (mamadas). A criança só será considerada organicamente madura aos 12 meses de idade, quando poderá ter refeições iguais às da família. 2.3. A Alimentação Complementar A alimentação complementar ao leite materno deve ser introduzida a partir dos 6 meses de idade. Essa alimentação já foi erroneamente chamada de alimentação de desmame, termo em desuso, uma vez que a criança continuará mamando. O termo que pode corretamente denominar esse período é alimentação de transição. A introdução dos alimentos deve ser gradual, iniciando-se com frutas amassadas, em seguida com legumes em forma de sopa. A carne deve ser introduzida juntamente com os legumes, inclusive a carne de peixe, desde que não haja casos de alergias alimentares na família. É recomendado que a gema de ovo cozida seja introduzida a partir do 7° mês de vida, enquanto a clara só deve ser oferecida aos 12 meses. É importante oferecer água à criança logo que forem introduzidos os alimentos complementares. Os
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