Buscar

A Democracia e as Pedras no Meio do Caminho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A Democracia e as Pedras no Meio do Caminho
Em um célebre poema, o mestre Carlos Drummond de Andrade nos lembra de que “havia uma pedra no meio do caminho”.
São tempos de Lava Jato e Donald Trump, tanto no Brasil como mundo afora, e parece que temos pedras no caminho da Democracia.
Os acontecimentos da atualidade nos convidam constantemente a uma reflexão: o que está acontecendo com as lideranças políticas aqui e no mundo? Por que esse sentimento de desesperança e decepção em tantos lugares? A História nos ajudou a entender que podemos almejar caminhos de conciliação e reconciliação, em torno de valores básicos – reverenciados após o fim da Segunda Guerra Mundial – os quais abririam a longa e atribulada estrada para uma sociedade mais justa, quiçá menos desigual e mais inclusiva.
Não foi um caminho fácil até aqui, mas acreditávamos estar “avançando”. Então no front interno vimos um desfile triste de lideranças tanto do mundo empresarial quanto no mundo político envolvidas em graves escândalos de corrupção. Não se trata mais da lenda urbana: “todo político rouba”, não há mais o “político” como entidade difusa. Agora os envolvidos em escândalos são réus confessos com nome e sobrenome, bem como grandes empresas que fazem a sua mea culpa pública e pagam multas milionárias. Tudo originado da cobiça por riqueza, poder e influência, que conduziu esses protagonistas de diferentes empresas e representantes públicos de diferentes níveis (federal, estadual e municipal) a optarem por linhas de conduta não apenas ilegais como vexatórias, do ponto de vista das expectativas depositadas nesses representantes. Aqui e acolá há grupos de justificadores do injustificável – apontam prontamente o dedo acusatório para adversários políticos e ideológicos e tentam absolver com a mesma presteza seus aliados ou simpatizantes. A História também ensina que democracia moderna não se constrói em cima de “forças sobrenaturais”. No front interno, nos escândalos que indignam os brasileiros, não há santos, messias, anjos ou mesmo grandes demônios, não há misticismo na crise política. Temos sim, infelizmente, muitos homens e mulheres influentes que ficaram muito abaixo da expectativa e da confiança creditada, restando para vários deles a perda de prestígio político e, em vários casos, as penalidades previstas em lei.
Mesmo no front externo, o mundo não parece caminhar de maneira tranquila. O novo presidente americano, por muitos considerado inadequado para comandar a mais poderosa economia do planeta, que também é sem dúvida detentora de um dos maiores arsenais militares, foi eleito e não mudou tão drasticamente suas promessas... “Fazer um muro por quase toda a fronteira com o México” foi promessa de campanha! Bem como abandonar acordos internacionais em torno da preservação ambiental! Como eles chegaram a isso?! O que faltou lá? Aliás, também podemos perguntar: o que faltou aqui? Mais atenção por parte dos eleitores? Faltou mais e melhores debates sobre os problemas?
É o terrorismo internacional que está infundindo medo e ansiedades nas populações que vivem sob a democracia e estas mesmas populações estão buscando saídas rápidas? É o medo do desemprego e da crise econômica, que está induzindo populações a colocar de lado valores mínimos de solidariedade em relação às massas de refugiados que se deslocam em vários cantos do mundo?
Eleições deveriam ser vistas como gincanas para alcançar o poder? Uma vez que se ganha, o “outro lado” que perdeu não deve mais ser ouvido até a nova “competição”?
Diferentes lideranças em diferentes contextos estão falhando em construir discursos e ações integradoras e solidárias? Muitos dirão que no caso de Trump ele nem estaria tentando...
E os eleitos no Brasil poderiam ter um perfil menos vulnerável à corrupção e à leviandade? Afinal, na política, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo, não há valores que devem ser sempre preservados, independente de quem governe ou da situação do momento?
São muitas perguntas, e assim como as pedras de Drummond, elas estão no meio do caminho. Para lidar com elas, a reflexão se faz necessária a todos nós. A todos vocês estudantes, independente da área em que estuda de seu gênero, credo, raça, ou opção ideológica, temos que começar a pensar o quê fazer com todas essas pedras. E quanto mais cedo, melhor.

Outros materiais