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FICHAMENTO Acordo e Convenção Coletiva de Trabalho 2017

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Direito do Trabalho: Acordo e convenção coletiva de trabalho
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14. ed. Rio de Janeiro; São Paulo:
Forense; Método, 2017. P. 1268-1287.
Acordo coletivo de trabalho: 
Negócio jurídico extrajudicial efetuado entra sindicato dos empregados e
uma ou mais empresas, onde se estabelecem condições de trabalho,
obrigando as partes acordantes dentro do período de vigência pré-
determinado e na base territorial da categoria – art. 611, §1º, CLT. (p. 1268).
Convenção coletiva de trabalho: 
Negócio jurídico extrajudicial pactuado entre o sindicato dos empregados e
o sindicato dos empregadores, estabelecendo condições de trabalho para
toda a categoria. Também tem vigência temporária e aplicação apenas na
base territorial dos respectivos sindicatos – art. 611, caput, CLT. (p. 1268).
Válidos para trabalhadores urbanos, rurais e avulsos, bem como para os
domésticos desde que seus sindicatos sejam formalmente reconhecidos pelo
Departamento Nacional do Trabalho (DRT).
Natureza jurídica: constitui pessoa jurídica de direito privado, sendo mais
aceita, segundo a autora, a teoria do ato ou contrato-regra (teoria de Duguit),
segundo a qual a convenção coletiva corresponde a uma legislação secundária, um
“meio direito”, sendo contrato pois há ajuste entre as partes convenentes ou
acordantes , tendo forma de contrato, uma vez que os sindicatos representam as
categorias defendendo seus interesses e é regra porque cria normas e condições de
trabalho de modo a pacificar os conflitos.
Requisitos de validade (arts. 613 e 614, CLT):
 Forma escrita;
 Prazo de vigência explícito;
 Negociação coletiva autorizada por assembleia sindical, respeitado o quórum
mínimo;
 Depósito de uma via do instrumento no DRT ou Ministério do Trabalho e
fixação na empresa, em local visível.
“A negociação coletiva não está expressamente prevista no art. 613 da CLT,
mas é indispensável para a sua validade.” (p. 1271).
Vólia, assim como a doutrina majoritária, entende que seja possível haver
uma flexibilização dos requisitos de modo que, se não for alegado vício de
consentimento nem a falta de publicidade a norma seja válida, desde que beneficie o
trabalhador, bastando que seja escrita, de vigência temporária e representativa da
categoria, mesmo que nem todos os requisitos estejam previstos, a exemplo do
depósito cuja função é dar publicidade.
Entrada em vigor – a partir da assinatura.
Vigência máxima (art. 614, CLT) – 02 anos, com possibilidade de revisão em
seu curso (cláusula rebus sic stantibus) ou extensão, conforme art. 615, §1º, CLT. OJ
322 da SDI-I do TST – nula cláusula de vigência superior à legal.
Art. 614, §3º, CLT, redação da Lei 13467/17 – proibição da ultratividade.
OJ 13 da SDC do TST e entendimento da autora: vigência do quórum de 2/3
dos associados do art. 612, CLT, por garantir a representação da maioria pelo
sindicato, visando à incolumidade da vontade dos interessados.
Prorrogação, revisão, denúncia e revogação:
Art. 615 - O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total
ou parcial de Convenção ou Acordo ficará subordinado, em qualquer caso, à
aprovação de Assembleia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes
acordantes, com observância do disposto no art.
612. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 1º O instrumento de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação de
Convenção ou Acordo será depositado para fins de registro e arquivamento,
na repartição em que o mesmo originariamente foi depositado observado o
disposto no art. 614. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
§ 2º As modificações introduzidas em Convenção ou Acordo, por força de
revisão ou de revogação parcial de suas cláusulas passarão a vigorar 3
(três) dias após a realização de depósito previsto no §
1º. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
OJ 322 da SDI-I do TST – a prorrogação não pode dar vigência à norma por
mais de 02 anos, em respeito ao art. 614, §3º, CLT.
A denúncia é unilateral pois uma das partes notifica a outra de que não irá
cumprir a norma coletiva, extinguindo a obrigação caso a outra concorde. A
revogação é bilateral, pois ambas as partes, de comum acordo, decidem desfazer
total ou parcialmente o ajuste.
Espécies de cláusulas coletivas:
1. Normativas: fixam condições genéricas de trabalho para os membros da categoria;
1.1 Econômicas: versam sobre condições de trabalho, criam benessese
vantagens trabalhistas;
1.2 Sociais: dão apoio social aos empregados;
1.3 De adaptação: permitem a redução de direitos trabalhistas;
2. Obrigacionais: dirigem-se às partes formais (sindicatos) criando obrigações entre
elas;
3. De garantia: destinam-se a regular o próprio instrumento coletivo.
Eficácia das cláusulas coletivas sobre o contrato de trabalho:
Art. 611, CLT – as cláusulas normativas aplicam-se a todos os membros da
categoria, associados ou não.
No período de vigência, as partes convenentes ou acordantes são obrigadas
a cumpri-las, salvo quando contrariar a lei.
Após o término da vigência, mesmo que outra não haja sido ajustada, as
benesses podem ser suprimidas, conforme tese da aderência limitada pelo prazo,
defendida por Maurício Godinho, citado pela autora, e art. 614, §3º, CLT, com
redação da Lei 1467/17, salvo no que tange a reajuste salarial concedido, que não
pode sofrer redução – art. 7º, VI, CF.
Peculiaridades do acordo coletivo: comumente utilizado para resolução de
conflitos locais, de uma empresa com seus empregados. 
Os empregados são representados por seu sindicato, legitimado, provocado
na forma do art. 617, CLT. Legitimação extraordinária ou subsidiária – Federações,
Confederações e os próprios trabalhadores quando verificado o desinteresse do
sindicato na negociação (art. 4º, §2º, Lei 7783/89).
O acordo coletivo é firmado para obrigar uma ou mais empresas perante
todos os empregados, associados ou não ao sindicato (art. 612, CLT –
interessados), salvo os pertencentes à categoria diferenciada, tendo todos eles
direito a voto, diferenciando-se da assembleia convocada para a convenção coletiva
em que o sindicato dos trabalhadores precisa contar com o quórum mínimo de 2/3
dos associados, ajustando para toda a categoria perante o sindicato dos
empregadores.
Conflito entre acordo e convenção coletiva de trabalho:
Art. 620, CLT, com redação dada pela Lei 13467/17 – expressamente afirma a
prevalência do acordo sobre a convenção coletiva, numa clara intenção de garantir
ampla flexibilização, ainda que o acordo não seja a norma mais favorável, abrindo
exceção ao princípio basilar do Direito do Trabalho.
Legitimados: art. 611, CLT – apenas sindicatos celebram convenção coletiva,
a legitimidade extraordinária ou subsidiária das Federações e Confederações
somente tem lugar quando inexistir sindicato na base territorial.
Nos acordos, as Federações e Confederações estão legitimadas mesmo
quando haja sindicato, mas este esteja desinteressado (art. 617, CLT).
Categoria e base territorial:
“A convenção coletiva tem aplicação para toda a categoria econômica
(associados ou não) e profissional (associados ou não), representada pelos
sindicatos convenentes, naquela base territorial.” (p. 1282).
Categoria – art. 611, §§ 1º, 2º e 3º da CLT. 
A categoria profissional diferenciada inclui aqueles empregados que se
reúnem em sindicatos por profissão, ofício ou função, levando em conta
peculiaridades de cada uma, inclusive os profissionais liberais. Essa categoria só é
atingida pela convençãocoletiva se tiver participado do pacto como parte
convenente – Súmula 374, TST. 
Base territorial – “é o limite geográfico de atuação dos sindicatos, que limita
também sua representação.” (p. 1283).
As normas coletivas são aplicadas dentro do território da base dos sindicatos,
se as bases não coincidirem, aplica-se à menor de qualquer um dos sindicatos.
Nulidade na norma coletiva: princípio da intervenção mínima na autonomia da
vontade coletiva, o Poder Judiciário deve intervir o mínimo possível na validade das
normas coletivas.
Contrato coletivo de trabalho: é possível que se trate de um sinônimo de
convenção coletiva de trabalho.

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