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Aula12_Glicideos


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26/4/2011
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Glicídeos
Glicídeos
• Glicídeos, sacarídeos, carboidratos ou hidratos 
de carbono são moléculas de aldeídos ou 
cetonas com múltiplas hidroxilas (ou que, 
hidrolisadas, originam estes compostos).
• Eles servem como fonte e armazenamento de 
energia / intermediários metabólicos, são 
parte do arcabouço do DNA e na forma de 
poliosídeos ou polissacarídeos formam as 
paredes celulares dos vegetais.
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Glicídeos
• Particularmente, os glicídeos de sabor doce 
comuns na alimentação humana (sacarose, 
glicose e frutose) são chamados açúcares.
• Eles compõe a maior parte da matéria orgânica 
do planeta, por terem diferentes funções em 
todas as formas de vida.
• Os glicídeos apresentam enorme variedade 
estrutural, devido a seus diferentes tamanhos e 
configurações estereoquímicas.
• Por poderem se associar a proteínas, constituem 
um grande desafio na proteômica � glicômica.
Glicídeos
• As menores oses possuem 3 carbonos (trioses):
• Aldoses possuem um grupo aldeído (carbonila no 
fim da cadeia carbônica e cetoses possuem um 
grupo cetona (carbonila em outra posição).
• Além do tamanho, muito da variabilidade dos 
glicídeos vem de sua assimetria.
• Glicídeos comumente são representados usando 
projeções de Fischer.
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Glicídeos
Glicídeos
• Oses que diferem apenas na configuração de um 
centro de assimetria são ditas epímeras.
• Moléculas com n centros quirais podem ter 2n
estereoisômeros.
• Pentoses e hexoses podem se ciclizar, 
formando anéis de furanose e piranose.
• Formas em anel são mais estáveis.
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Ciclização
• A ciclização das pentoses e hexoses se dá pela 
reação do aldeído ou da cetona com um grupo 
álcool.
• No caso do aldeído, é formado um hemiacetal:
• Com a cetona, é formado um hemicetal:
Anômeros
• Na formação do hemiacetal cíclico, é formado um 
centro de assimetria.
• Há então duas opções para a molécula, denominadas 
anômeros α e β. Na forma α, a hidroxila está no lado 
oposto do anel em relação ao CH2OH, enquanto na 
forma β os dois estão no mesmo lado.
• As formas α e β da D-glicose são intercambiáveis em 
solução, e portanto uma solução de D-glicose forma 
um equilíbrio químico das duas formas, além de 
pequenas quantidades da forma 
linear e da forma glicofuranose.
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Representação de 
furanoses/piranoses
• Para representar os anéis de furanose e 
piranose, utilizam-se comumente as projeções 
de Haworth, em que os átomos de carbono 
não são mostrados explicitamente e a 
proximidade dos átomos é mostrada a partir 
da espessura da linha:
Conformações de piranose e furanose
• Uma vez que as ligações no anel são simples, 
o anel de piranose não é planar, podendo 
adotar duas conformações, chamadas 
“cadeira” e “bote”.
• A furanose também não é planar, adotando 
uma conformação chamada de “envelope”.
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Notação para substituintes
• Há duas orientações para os substituintes nos 
carbonos do anel: axial e equatorial.
• As ligações axiais são quase perpendiculares 
ao plano médio do anel, enquanto as 
equatoriais são quase paralelas a esse plano.
Ligações glicosídicas
• Oses podem se ligar a alcoóis e aminas por 
ligações glicosídicas. Quando a ligação se dá 
entre o carbono da ose e o oxigênio da 
hidroxila do álcool, trata-se de uma ligação 
O-glicosídica. Quando é uma ligação entre o 
carbono da ose e o nitrogênio de uma amina, 
é uma ligação N-glicosídica.
• Grupos álcool e aminas são encontrados em 
cadeias laterais de aminoácidos, portanto, é 
comum, em eucariotos, a existência de 
proteínas O-glicosiladas e N-glicosiladas.
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Fosforilação de oses
• A adição de fosforilas a oses é uma 
modificação comum, sendo muito ocorrentes 
na via metabólica de degradação de glicose. 
• Oses fosforiladas são aniônicas, não podendo 
atravessar espontaneamente a bicamada 
lipídica das membranas. Elas são também 
mais reativas.
Glicídeos complexos
• Ligações osídicas podem unir uma 
ose a outra, formando oligosídeos, 
como a sacarose, a lactose e a 
maltose.
• Polímeros grandes são chamados 
de poliosídeos, e são importantes 
para armazenar energia.
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Glicídeos complexos
• Glicogênio: homopolímero mais 
comum nas células animais, 
formado pela polimerização 
ramificada da glicose.
• Amido: reservatório de nutrição 
dos vegetais. Existe em duas 
formas: amilose (não 
ramificado) e amilopectina, com 
menos ramificação que o 
glicogênio.
Celulose
• A celulose é outro poliosídeo de glicose, mas ao 
contrário do amido e do glicogênio, seu papel não é 
nutricional e sim estrutural.
• Trata-se do principal polímero estrutural dos 
vegetais, e um dos compostos orgânicos mais 
abundantes da biosfera (~1015 kg de celulose 
sintetizados e degradados no planeta a cada ano).
• Pela sua estrutura linear e compacta, ela e capaz de 
formar fibras com grande força de tensão.
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Celulose vs. Amido e glicogênio
• A diferença de propriedade entre estes 
poliosídeos se dá na forma de ligação entre as 
subunidades: na celulose, há a tendência de 
formação de fibras, constituída por fibrilas 
ligadas por pontes de hidrogênio, enquanto o 
amido e glicogênio formam hélices ocas.
Degradação da celulose
• A maior parte dos animais não pode usar a celulose 
como alimento por não terem enzimas capazes de 
hidrolisar a ligação β1�4.
• Celulases (enzimas que degradam essa ligação entre 
glicoses) são encontradas em alguns fungos e 
bactérias.
• Cupins degradam a celulose devido à presença do 
microorganismo simbiótico Trhichonympha, que 
secretam celulase em seus tratos intestinais.
• Ruminantes usam celulose como alimento pela ação 
de celulases de organismos simbióticos no rúmen.
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Quitina
• A quitina é outro homopolissacarídeo linear 
similar à celulose, mas tendo como única 
diferença a substituição de um grupo hidroxila 
(posição C-2) por uma amina acetilada.
• A quitina também não pode ser digerida por 
vertebrados, e é o principal componente do 
exoesqueleto de quase um milhão de 
artrópodes (como insetos, lagostas e 
caranguejos), sendo provavelmente o segundo 
polissacarídeo mais abundante na natureza.
Glicosaminoglicanos e Proteoglicanos
• Glicosaminoglicanos são heteropolissacarídeos 
lineares, formados de unidades repetitivas de 
dissacarídeos, com um dos açúcares aminados e 
às vezes sulfatados. Eles são um dos 
componentes da matriz extracelular, material 
gelatinoso entre as células.
• Ligados a proteínas, formam os proteoglicanos, 
que têm função de lubrificante de articulações e 
como componentes estruturais do tecido 
conjuntivo.
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Montagem de oligosídeos
• As glicosiltransferases ou osiltransferases
catalisam a formação das ligações osídicas, 
unindo as oses. Tais enzimas são específicas, 
sendo necessárias várias enzimas para 
produzir a diversidade de ligações existentes.
• Os grupos sangüíneos ABO humanos estão 
relacionados à presença de osiltransferases 
específicas.
Tipos sangüíneos ABO
• Glicídeos estão ligados a glicoproteínas e 
glicolipídeos nas superfícies das hemácias. Há 
uma base comum (antígeno O), e a diferença está 
na ligação de uma base extra, que ocorre na 
presença das osiltransferases do tipo A e B.
• Indivíduos do tipo O tem 
mutações que impedem a 
síntese da osiltransferase 
necessária para adicionar 
as outras oses.
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Tipos sangüíneos e evolução
• Se um parasita ou microorganismo patogênico 
expressa em sua superfície um antígeno 
semelhante a um dos antígenosde grupo 
sangüíneo, ele pode não ser detectado como 
estranho numa pessoa com aquele tipo 
sangüíneo, enquanto pessoas de outros grupos 
sangüíneos serão protegidas.
• Assim, há pressão seletiva sobre os humanos 
para variarem o tipo sangüíneo, e também sobre 
os parasitas para aumentar o mimetismo.
Glicoproteínas
• Um grupo glicídico pode ser ligado de modo 
covalente a uma proteína, formando uma 
glicoproteína. Nesse caso, o percentual de peso 
dos glicídeos é bem menor que no caso dos 
proteoglicanos.
• A ligação pode ser em asparaginas (N-
glicosilação) ou em serina ou treonina (O-
glicosilação).
• Muitas das proteínas secretadas em eucariotos 
(incluindo a maior parte das proteínas do sangue) 
são glicoproteínas.
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Glicoproteínas
• Asparaginas podem ser glicosiladas se 
ocorrerem numa seqüência Asn-X-Ser ou Asn-
X-Thr (X podendo ser qualquer aminoácido 
exceto prolina). Assim, pode-se localizar sítios 
de glicosilação em seqüências de proteínas.
• A glicosilação ocorre no 
retículo endoplasmático e 
no complexo de Golgi.
Elastase
Papel da glicosilação
• As vantagens biológicas da glicosilação de 
proteínas ainda não é completamente 
compreendida.
• Sabe-se, porém, que a adição de carboidratos 
(muito hidrofílicos) alteram a polaridade e a 
solubilidade das proteínas.
• A adição de carboidratos pode favorecer uma 
dada rota de enovelamento devido a choques 
estéricos.
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Papel da glicosilação
• O volume e a carga negativa de alguns 
oligossacarídeos protege algumas proteínas do 
ataque de enzimas proteolíticas.
• A enorme variedade estrutural da glicosilação pode 
afetar o reconhecimento das proteínas, que, em 
alguns casos, podem ter glicosilação diferente de 
acordo com o tecido em que é expressa (e.g.: IFN-
β1).
• Essas variações são chamadas de glicoformas 
teciduais.
Cerne para N-glicosilação
• No caso da N-glicosilação, existe um cerne 
comum de cinco oses (três manoses e duas 
N-acetilglicosaminas), ao qual são adicionadas 
outras oses.
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Erros de glicosilação e patologias
• Há doenças conhecidas como distúrbios 
congênitos da osilação relacionadas à 
glicosilação incorreta de proteínas.
• Como exemplo, há tipos de distrofia muscular 
devido à glicosilação incorreta de proteínas de 
membrana.
• Em alguns casos, patologias ligadas a erros de 
glicosilação podem estar relacionadas a erros 
de endereçamento.
“Seqüenciamento” de oligosídeos
• É possível determinar a estrutura de oligosídeos 
através da combinação de clivagens específicas e 
espectroscopia de massas.
• Fragmentos oligosídicos diferentes podem ter a 
mesma massa, mas ao se 
utilizar séries de clivagens 
diferentes para diferentes 
especificidades, pode-se 
reconstruir a possível 
estrutura do oligosídeo 
completo.
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Análise de carboidratos
• Outras técnicas utilizadas para análises de 
carboidratos são:
– A ressonância magnética nuclear (RMN)
– Cromatografia de troca iônica e gel-filtração
– A purificação por afinidade usando lectinas como 
componente imobilizado na coluna.
– Diversos métodos de degradação em sub-
unidades, seja por meios químicos ou bioquímicos 
(uso de enzimas que clivam ligações específicas)
Lectinas
• Lectinas são proteínas encontradas em 
diversos reinos, capazes de se ligar a 
estruturas específicas de glicídeos.
• Elas facilitam o contato entre células, 
promovendo, através de seus sítios de ligação 
a glicídeos, o contato entre glicídeos na 
superfície de células diferentes.
• Como exemplos, observa-se a ação de lectinas
na aderência do embrião ao endométrio e das 
bactérias Escherichia coli ao epitélio do tubo 
digestivo.
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Glicídeos e o vírus da gripe
• Muitos vírus entram em 
células hospedeiras específicas 
reconhecendo glicídeos na 
superfície celular.
• O vírus da gripe reconhece 
ácidos siálicos em 
glicoproteínas da superfície 
celular, por uma proteína 
chamada hemaglutinina
Glicídeos e o vírus da gripe
• Uma vez que o vírus penetra pela membrana, 
uma outra proteína viral, a neuraminidase 
(sialidase) cliva as ligações glicosídicas aos 
ácidos siálicos, liberando o vírus para infectar 
a célula.
• Inibidores desta enzima podem ser usados 
como agentes antigripais. É o caso do 
oseltamivir (Tamiflu) e do zanamivir (Relenza).
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Conclusão da base estrutural da bioquímica
• Estes primeiros capítulos dão suporte para o 
entendimento básico da bioquímica 
estrutural, estudo de enzimas e caracterização 
de genes/proteínas.