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Estamos grávidos 3 e 4

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MALDONADO, M. T., DICKSTEIN, J. Nós estamos grávidos. São Paulo: Integrare Editora, 2010, 234 p.
Capítulo 3
E os outros filhos?
	Uma gravidez gera mudanças na mulher e no homem mas não somente, os avós, e os outros filhos, por exemplo, também passam por essas mudanças, assim, fala-se de “família grávida”. (MALDONADO, DICKSTEIN, p. 39, 2010). Apesar de na gravidez do primeiro filho ser maior o impacto, o dos outros filhos também sofreram transformações na família, não somente nessa estrutura parental, mas no espaço físico da casa. Para o primeiro filho, caberá dividir seus pais e até mesmo seu espaço, assim, a preocupação dos pais envolve não somente a chegada desse novo filho, mas como o outro, que se tornará “filho mais velho” ficará nessa história. 
	A experiência de se ter um irmão, pode provocar na criança uma série de sentimentos como ciúmes, alegria, medo de perder o amor dos pais, e acompanhado desses sentimentos, e é bastante comum em situações como esta em que gera mudança, que a criança apresente comportamentos regredidos, de uma fase anterior de seu desenvolvimento, tais como, querer dormir no berço do irmão, pedir para mamar no seio da mãe, usar chupeta, fazer xixi na roupa. Esses comportamentos de regressão são temporários e é uma forma da criança se certificar que ainda tem a atenção dos pais. Já os pais, “precisam demonstrar para o filho mais velho – com atos de carinho e com palavras – que o bebê não os impede de gostar dele” (MALDONADO, DICKSTEIN, p. 41, 2010).
	A criança, pode mostrar interesse pelo irmão, mas também pode demonstrar atitudes de insatisfação. Todos esses sentimentos estão relacionados ao medo de perder o lugar de amor dos pais, de perder seus benefícios, assim, surge na criança os temores em relação ao desejo dos pais de ter outro filho e uma tentativa de fazer o que o irmão mais novo faz como meio de conseguir a atenção assim como ele. Esses sentimentos de ciúmes e temores não surgem somente nos casos de filhos pequenos, quando o irmão mais velho já é adolescente ou jovem, os ciúmes podem aparecer como ironia e afastamento, assim como a disponibilidade para ajudá-los a cuidar do bebe acompanhado de uma implicância.
	O modo como os pais lidam com essas mudanças de comportamento dos seus filhos vão influenciar na maneira como eles se comportarão, que pode ser de uma forma boa ou ainda mais difícil. Por isso, é importante que os pais conversem com a criança sobre o bebê que está sendo gerado, para que ela entenda as mudanças que estão ocorrendo em sua família. É comum, dependendo da idade, que apareçam algumas perguntas sobre como surgiu o neném e como ele nascerá, assim, os pais devem explicar de acordo com a compreensão da criança, sem criar histórias fantasiosas. É importante também explicar para a criança sobre a ausência da mãe nos dias do nascimento, para que a criança não sinta que foi abandonada pela mãe por conta do irmão mais novo.
	Como forma de evitar os ciúmes por parte do filho mais velho, os pais costumam contar para seus filhos somente as partes boas de se ter um irmão, tais como as brincadeiras, os passeios com ele, porém, quando a criança percebe que o bebê ainda não faz nada, chora e ocupa parte da atenção dos pais, ele pode se sentir enganado. Assim, os pais precisam compreender os sentimentos negativos do filho em relação a bebê de modo que eles sejam expressos e vivenciados de forma mais saudável. Quando compreendida, a criança se sente aliviada por isso, e mesmo que os pais a repreenda por qualquer ataque que ela tente contra o irmão, eles estarão corrigindo-a mas numa postura de aceitação de seus sentimentos.
	Em alguns casos, os pais deixam o bebê aos cuidados de outra pessoa, como se ele não precisasse deles também, para que o filho mais velho não se sinta afetado com a presença do outro. Já em outros, os pais tratam o filho mais velho como “grande”, e portanto, não necessita de cuidados e carinho. As mudanças provocadas pelo nascimento do bebê devem ser vivenciadas por toda a família, e não negadas para que o filho mais velho não as sinta, assim, a criança fará parte desse processo e se sentirá incluída e amada.
	Os ciúmes podem não aparecer imediatamente após o nascimento do bebê, pois ele ainda não se mostra uma ameaça, assim os pais entendem que a criança soube lidar bem com o nascimento do irmão. Porém, quando o bebê começa a mostrar-se engraçadinho, andando, falando, a criança começa a ver o irmão como um rival que compete pela atenção dos pais.
	Quando ocorrem problemas durante a gestação ou no nascimento, o irmão mais velho pode se sentir culpado pelos sentimentos negativos que teve referentes ao bebê. Assim também em casos de o irmão nascer com deficiência ou com necessidades especiais, uma mescla de sentimentos percorre a criança, que ao mesmo tempo sente raiva do irmão, que consome toda atenção e tempo dos pais, porém, se sente culpado pelo estado do mesmo.
Capítulo 4
O que acontece na gravidez
	A gravidez provoca várias mudanças no comportamento e no emocional da mulher, o que, consequentemente afeta também o homem e o relacionamento entre os dois. Em casos de gravidez anteriores, essas mudanças serão sentidas novamente, porém a experiência é diferente, pois nenhuma gestação é igual à outra.
	A gravidez se inicia quando o espermatozoide se une ao óvulo. Para se chegar a essa união, o homem ejacula na vagina da mulher liberando milhares de espermatozoides que enfrentarão diversos obstáculos para se chegar ao óvulo, porém, somente o espermatozoides mais fortes são capazes de alcançar o óvulo, que encontra nas trompas. Quando o espermatozoide consegue penetrar o óvulo surge uma nova estrutura, o ovo, que se multiplicará e depois de deslocará para o ovário em busca de irrigação sanguínea.
	O óvulo e o espermatozoide carregam consigo uma carga genética que programam as características físicas e de alguns temperamentos da futura pessoa. Fatores externos podem alterar as características genéticas.
	O primeiro órgão do embrião que funcionará é o coração, que já apresentará batimentos cardíacos. Com sete semanas os batimentos se regularizam e o sistema nervoso e os membros já começam a se formar. Com oito semanas, medindo aproximadamente três centímetros, todos os seus órgão já estão formados, e ele é capaz de se afastar da luz. Com oito semanas e meia os membros já se mexem e ele começa a mexer os lábios quando estimulado. 
	Com doze semanas, e medindo, em média dez centímetros, seus órgãos sexuais já são definidos, assim como sua aparência humana. E com dezesseis semanas já se torna feto e desenvolve seus sentidos, olfato, paladar, visão. Com vinte semanas já executa alguns movimentos e também pode ouvir ruídos externos.
	Com vinte e quatro semanas já pesa um quilo e mede aproximadamente 30 centímetros. Tem o seu cérebro formado e se inicia o desenvolvimento da medula, que vai lhe possibilitar movimentar os braços e pernas. Com vinte e seis semanas já desenvolve visão e começa a dar cambalhotas. A partir da trigésima segunda semana começa a ser preenchido de gordura. Com trinta e seis semanas a cabeça já se encaixa na bacia da mãe, aguardando o momento do nascimento.
	Pesquisas de neurociência mostram que as vivências da mãe no período de gestação e nos primeiros anos de vida do bebê influenciam no desenvolvimento dos neurônios e na capacidade de aprendizagem e atenção, assim, uma formação saudável “depende da boa interação entre os genes, as experiências vividas e o relacionamento afetivo sólido e estimulante” (MALDONADO, DICKSTEIN, p. 59, 2010).
	A vivência de um “estresse positivo” possibilita enfrentar situações de temor com mais facilidade. Do ponto de vista fisiológico, quando há uma pequena quantidade de cortisol, que é o hormônio do estresse, o organismo se equilibra mais facilmente. Quando há uma descarga maior de cortisol, devido a situações mais ameaçadoras, ele pode afetar os circuitos cerebrais da criança. Quando a criança está submetida a situações de grande estresse e não possui suporte emocional
para enfrentar, esse estresse pode afetar a sua capacidade de aprendizagem.
	A descoberta da gravidez pode se dar mediante a um exame, mas também ela pode ser sentida pela mulher nas primeiras semanas de gestação pelas pequenas mudanças sentidas em seu corpo. Em alguns casos de mulheres com menstruação irregular, ou quando a gravidez não foi planejada, a descoberta da gravidez ocorre entre o quarto e o quinto mês. A confirmação da gravidez pode provocar uma onda de sentimentos como felicidade, alívio, contentamento, frustração, a mulher pode se sentir importante por poder conceber uma vida ou aliviada por ser fértil. Assim também o homem pode se sentir orgulhoso por poder fecundar uma mulher, já que a ideia de fertilidade vem acompanhada de virilidade.
	Nos primeiros meses as modificações do corpo são pequenas, os seios e a barriga sofrem pequenas alterações, e o corpo ainda não tem aparência de grávido, porém, graças à evolução da tecnologia já é possível acompanhar e ver o desenvolvimento do filho. Os exames mais comumente realizados pelas grávidas são:
a) Sonar: que amplia os sons dos batimentos cardíacos do embrião a partir de dez semanas;
b) Ultrassonografia: mostra o movimento e a evolução do embrião desde as primeiras semanas, a idade gestacional da mulher, pode também identificar síndromes como a de Down e de Edwuards, a partir do quinto mês já pode se ver o sexo do bebê, e pode-se também identificar algumas anomalias;
c) Amniocentese: é um exame em que se extrai o líquido amniótico a partir da décima sexta semana para se investigar anomalias genéticas, como algumas síndromes; a
d) Cardiotocografia: realizado a partir da vigésima oitava semana para acompanhar as evoluções do bebê nas últimas semanas de gestação;
e) Ecocardiografia fetal: avalia a função cardíaca a partir da décima oitava semana;
f) Doplerfluoxometria: Avalia o funcionamento das artérias do feto, principalmente se a mãe desenvolveu hipertensão na gravidez.
	Apesar da quantidade de exames existentes, a grávida vivencia a sensação de poder não estar grávida realmente e o medo de perder o bebê, que quando excessivo pode gerar um cuidado extremo.
	Na gravidez a mulher pode sentir uma necessidade excessiva de sono, como se ela tivesse ficado mais lenta. Assim também, a mulher pode se sentir extremamente disposta, como se tivesse muita energia. Há também alterações de humor, pode sorrir e chorar com frequência, tornando-se irritada com o que antes não lhe incomodava. 
	As náuseas e os vômitos são mais comuns nos primeiros meses de gravidez, e estão relacionados com as mudanças hormonais e metabólicas da mulher. As mulheres hoje sentem menos desejos durante a gravidez, e eles podem estar relacionados a necessidade da mulher de ter mais atenção e de ser mais cuidada.
	A gravidez é um período em que a mulher precisa mais de apoio emocional, podendo ela se sentir dependente e protegida. Em casos de mulheres que ficam grávidas e não recebem suporte dos pais da criança, é importante que elas tenham alguma rede de apoio nesse momento, seja de familiares ou de amigos.
	As preocupações da mulher com a gravidez e com o seu corpo podem trazer modificações em suas relações. O corpo vai se modificando gradualmente, e ela se sente diferente, assim como o homem também a sente diferente. Algumas mulheres se sentem feias e pouco desejáveis devido ao ganho de peso, assim também no caso de um acentuado ganho de peso, a mulher pode se sentir fadigada, e com gases e azia.
	As modificações do corpo da mulher acompanhado do medo de perder o bebê pode provocar na mulher a diminuição do desejo sexual. O tamanho da barriga, o peso e a dificuldade de movimentação fazem com que os casais cessem a atividade sexual. As alterações em seu corpo, nem sempre vistas de forma positiva, fazem com que a mulher fique sensível a qualquer comentário do homem sobre seu corpo.
	Um dos medos que acompanham os casais de terem relações sexuais é de machucarem o bebê. Ao sinal de algum movimento do bebê durante o ato sexual, faz com que alguns homens se sintam intimidados, como se houvesse uma outra pessoa no meio deles. Algumas mulheres também se sentem culpadas com sua sexualidade durante a gravidez, diminuindo assim o desejo, já outras se mostram ainda mais desinibidas durante a gravidez, sentindo-se femininas e sensuais.
	O movimento do bebê é algo esperado pela mulher, pois é uma forma de senti-lo mais real e vivo. As mexidas do bebê podem provocar ansiedades na mulher, tanto se ele demora para mexer quanto se ele se movimenta com muita frequência. Assim, a mulher começa a atribuir características ao bebê de acordo com as suas mexidas, se vai ser uma criança mais agitada, ou se vai ser mais calma, obediente. Os movimentos do bebê fazem com que o homem se sinta mais participativo nessa gravidez, assim também como no caso de outro irmão, a família se sente interagindo com o bebê que está na barriga.
	O medo é um sentimento bem comum durante a gravidez. Um dos maiores medos está relacionado à criança nascer com algum defeito. A culpa pode gerar fantasias relacionadas à possibilidade de se ter um filho mal formado, por uma impossibilidade de estar bem consigo mesma. Quando acontece de nascer um bebê prematuro ou com algum defeito, essa culpa é ainda mais sentida.
	Os sonhos são uma forma de expressar as angústias da mulher diante da gravidez, por isso, é comum sonhar com a barriga transparente, que seria um desejo da mãe de se certificar de que está tudo bem como bebê. Assim também, é comum sonhar com o parto, ou com o bebê já grande, o que expressa o temor da mãe diante do momento do parto e a vontade de “pular” esse momento. Um sonho também muito comum é de o bebê nascer antes do tempo, e não ter nada pronto para a sua chegada, sonhos dessa natureza demonstram o sentimento da mãe de não estar preparada o suficiente para a chegada do bebê.
	Uma das preocupações da mãe, é de o bebê não estar se desenvolvendo como deveria, e a partir disso, ela arruma meios de evitar com que isso aconteça. Ela pode comparar sua barriga com a de outras mulheres com o mesmo tempo de gravidez, come demais para que o neném “cresça”. Há várias razões para o aumento de apetite da gestante, uma delas está relacionada à necessidade de comer para que o neném cresça, e outras comem para aliviar a ansiedade.
	A mulher grávida não precisa comer em excesso para que o neném possa crescer, ela precisa comer o necessário para que o feto se desenvolva de forma saudável, procurando alimentos ricos em proteínas, vitaminas, sais minerais, fibras, gorduras. O esperado é que a gestante engorde de 8 a 10 quilos durante a gestação.
	As verduras e legumes são grandes fontes de vitaminas e fibras e devem ser bastante consumidos, enquanto que deve se evitar o excesso de carboidratos, como pão, macarrão, arroz, batata. O sal e o açúcar também devem ser consumidos com cautela, já que são pobres em nutrientes e podem gerar ganho de peso, cáries, e o sal, pode aumentar a pressão arterial.
	Mesmo que a placenta tenha a capacidade de filtrar algumas substâncias que não fazem bem para o bebê, outras conseguem atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do bebê. No caso de medicamentos, é recomendado que se evite o uso de remédios nos primeiros meses. O consumo de qualquer tipo de drogas pode trazer vários malefícios para o bebê. O fumo pode atrapalhar o crescimento fetal e provocar a morte do feto. Enquanto o álcool pode retardar o desenvolvimento, provocar síndromes na criança, problemas cardíacos. Até mesmo o excesso de café pode provocar parto prematuro. As outras drogas, consideradas ilícitas, podem fazer com que o feto tenha baixo peso, diversas malformações, nascimento prematuro, dificuldades de concentração e movimentação.
	A placenta tem a função de “produzir hormônios indispensáveis ao desenvolvimento da gravidez, transporta oxigênio e nutrientes para o feto, serve de filtro” (MALDONADO, DICKSTEIN, p. 83, 2010), no entanto, alguns nutrientes prejudiciais para o feto ainda conseguem
passar. O cordão umbilical, no entanto, é o que liga a placenta ao embrião, e o mesmo fica numa bolsa com líquido amniótico.
	Após as trinta e oito semanas, o bebê já é considerado a termo, e os que nascem antes desse tempo são considerados prematuros. Nessas últimas semanas a ansiedade da mãe ainda é mais elevada. 
	Alguns problemas podem acontecer durante o parto e no pós-parto. Assim, considera-se gestação de alto risco aquelas que envolvam risco para a mãe e para o bebê, e ela ocorre por uma modificação da placenta, diminuindo o oxigênio e os nutrientes necessários. Os primeiros sinais de que a gravidez não vai bem é quando o desenvolvimento do bebê não acompanha a idade gestacional ou quando não há movimentos. 
	O parto prematuro pode provocar grandes temores na mãe e na família, pois eles precisam se deparar com uma situação pela qual não esperavam. A mãe de um bebê prematuro se sente insegura e despreparada para cuidar do seu bebê por considerá-lo muito frágil, suscitando os temores sobre a incapacidade de cuidar do bebê.
	Em algumas maternidades é utilizado o método-canguru, onde é dado à mãe a possibilidade de acompanhar os seus filhos prematuros e ela é incentivada a colocá-lo pele a pele com ela, de modo de que ele tenha a presença da mãe, amamentando do seu leite, ouvindo a sua voz e possibilitando uma recuperação mais rápida, fazendo com que diminua as infecções hospitalares e o tempo de internação.
	A morte do bebê traz impactos profundos para a mãe e para a família. Alguns proíbem que a mãe veja o bebê morto, e alguns preferem não conversar sobre esse assunto com a mãe para que ela “não sofra tanto”. Quando o bebê nasce malformado, a mãe imagina ser pior do que ele realmente é, porém, situações como essa precisam ser vivenciadas com tristeza e angústia para que a mãe seja capaz de superar essa perda.
	Quando o bebê nasce com alguma deficiência ou malformação, é uma quebra na expectativa acerca desse filho, os sentimentos se misturam, entre amor e decepção, assim, a família precisa se adaptar para conseguir suprir as necessidades dessa criança. É comum surgir o sentimento de culpa, como se os pais fosse capazes de mudar essa situação.
	O “exame do pezinho” é um exame exigido por lei e serve para diagnosticar vários tipos de doenças, é simples de fazer e pode diagnosticar vários tipos de doenças. O corpo da mulher é capaz de selecionar as crianças malformadas, assim, aproximadamente 10% das gestações não dão continuidade, pois o próprio organismo provoca o aborto.

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