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Psicologia da gravidez CAP 2 e 3

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MALDONADO, M. T. P. Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 8ª ed. Petrópolis, Vozes, 1985. 164 p. 
CAPÍTULO II
Revisão Crítica dos estudos sobre aspectos psicossomáticos da gravidez e do parto
	“Ansiedade pode ser operacionalmente definida como uma reação emocional evidenciada por manifestações comportamentais latentes ou manifestas e por alterações fisiológicas relacionadas com o funcionamento endócrino (Klein apud Maldonado, p. 101, 1985). Esse conceito de ansiedade pode se referir tanto a um estado emocional da pessoa quanto a um tipo de personalidade, que contém traços ansiogênicos. No caso da gravidez, é comum haver um certo nível de ansiedade por motivos como, o desenvolvimento do bebê, o tipo de parto, as mudanças que ocorrerão após o nascimento do bebê.
	Alguns fatores externos são considerados como complicadores do parto. A ansiedade e os medos relacionados a esse momento e à maternidade, podem interferir no curso do parto, e é por esse motivo que cada parto tem suas variações. A dor, por exemplo, é um desses fatores que pode sofrer variações. Hoje se sabe que a dor está relacionado com os aspectos sociais, culturais, e da história de vida da paciente. Deste modo, todos esses fatores influem na qualidade do parto, de modo que os aspectos emocionais estão relacionados ao SNA, assim como a fisiologia do parto. 
	Estudos tem mostrado que os partos em que as mães estão mais preparadas psicologicamente, tem o fisiológico também mais bem preparado para o parto. A forma com que um parto ocorre, não depende somente da extensão pélvica, mas também da qualidade do útero, de modo que fatores externos vão afetar as contrações da musculatura do útero. Tensão emocional pode provocar a eliminação de um excesso de adrenalina, o que diminuirá a atividade do útero, prolongando o tempo de parto.
	Sabe-se hoje que o feto recebe estimulações externas de dentro do útero, após o primeiro trimestre ele já tem vários membros importantes para seu funcionamento, assim, em prematuros de seis meses, já se observa as reações cardíacas e de percepção diante de estímulos sonoros. Outros fatores tais como hormônios, má alimentação, podem também afetar o feto dentro da barriga. Estudos mostram que, tensão emocional após o parto pode trazer alterações do comportamento do bebê, tornando-o irritadiço, e consequentemente apresentando sintomas da síndrome da hipertonicidade congênita. A tensão emocional pode provocar também no bebê, baixo desenvolvimento motor, alto nível de atividade do feto; já na mãe, essa tensão pode trazes modificações hormonais, e atividades de risco para o bebê durante a gravidez.
	Assim como as concepções de maternidade são diferentes nos vários momentos históricos, se modificam também a noção do que é ter ou não um bom parto, este conceito está associado a fatores sociais e culturais. Assim como os fatores sociais interferem no parto, os individuais também, sendo que cada mãe carrega dentro de si uma relação diferente com as diversas sensações e experiências vividas.
CAPÍTULO III
Revisão crítica dos principais métodos de preparação para o parto
	O Método Psicoprofilático (MPP) foi criado pelo obstetra Read em 1942, e propunha utilizar metodologias para a diminuição da dor durante o parto. O MPP consistia em trazer informações válidas sobre as transformações do corpo da grávida durante a gravidez e do parto de modo que ela esteja preparada psicologicamente e fisicamente, e a partir disso, reduzindo o medo e a tensão muscular, sabendo que o medo provoca pouca circulação sanguínea no útero, dificultando o parto. Este método propõe que os partos não tenham analgesia e que a mãe participe mais ativamente possível desse momento.
	Considera-se que há um aprendizado social da dor do parto, e deste modo é importante ensinar à mulher exercícios de respiração e relaxamento para que haja uma dissociação dessas respostas de dor socialmente construídas. Assim, o método utiliza de teorizações pavlovianas de que é necessário um recondicionamento de respostas negativas durante o parto para respostas mais positivas diante das contrações uterinas. O que aconteceria então, seria que a mulher aprenderia exercícios de relaxamento, reduzindo a sensação de dor durante o parto.
	O MPP propõe que se ofereça à gestante, informações sobre as transformações anatômicas decorrentes da gravidez para diminuir o medo do desconhecido; ensinar exercícios físicos que fortalecem os músculos e melhoram o condicionamento físico da mulher; ensino de exercícios de respiração para o período de contração uterina. Read considera que esse estado de relaxamento faz com que a mulher fique mais atenta com as mudanças ocorridas no seu corpo do que na dor em si.
	Críticas quanto ao MPP foram feitas a partir da compreensão de que a evolução do parto vai depender não somente da concepção que se tem de dor do parto, mas das relações estabelecidas entre a gestante e sua mãe e entre outras relações afetivas básicas. Esse método então seria uma abordagem breve, cheia de limitações.
	Chertok (apud MALDONADO), relaciona a personalidade da mulher com o grau de dor sentida e com a qualidade do parto, sendo que, mulheres que tiveram mais problemas em sua vida pessoal tinham partos mais difíceis. Outro fator que interfere no parto é a preparação da gestante, de modo que, mulheres mais preparadas têm melhores partos. O objetivo dessas técnicas consistem, no fim, em proporcionar partos mais tranquilos, preparando a mulher para os momentos que ela passará, trabalhando questões psíquicas que poderão interferir na gestação e do parto, elaborando sobre as mudanças que o nascimento de um filho trará para a vida dessa mulher, possibilitando a ela uma boa experiência de maternidade e paternidade.
	Outra técnica de preparação para o parto é a dessensibilização sistemática, que envolve três etapas: “o treinamento em relaxamento muscular, a construção das hierarquias de ansiedade e o emparelhamento do estado de relaxamento com os estímulos ansiogênicos das hierarquias.” (MALDONADO, p. 132, 1985), ou seja, essa técnica consiste em expor, gradualmente, a pessoa ao conteúdo que causa ansiedade, e assim, ela irá reduzindo o temor diante dele. A partir da técnica de emparelhamento de estímulos, a grávida vai se dessensibilizando e emparelhando as sensações com relaxamento muscular, diminuindo a ansiedade.
	A psicoterapia breve tem o efeito de diminuir as tensões diante do parto e da maternidade, atuando nos conflitos que se relacionam a esses temas. O grupo de gestantes é um bom espaço para se trabalhar essas questões, esclarecendo sobre as etapas de um parto, dos procedimentos que são realizados, e das dificuldades que podem surgir. A informação tem um papel fundamental de diminuir esse medo diante do desconhecido. A partir do grupo, a mulher se sente livre para expor seus sentimentos relacionados à maternidade, falar de suas ansiedades e expectativas, funcionando de modo terapêutico.

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