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AVALIAÇÃO E PREPARO PRÉ

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AVALIAÇÃO E PREPARO PRÉ-ANESTÉSICO
Procedimento anestésico: intoxicação controlada do organismo. A medicação tem um tempo determinado para cada tipo de medicamento. E também varia para cada tipo de espécie.
OBJETIIVOS:
Planejamento anestésico: Deve se conhecer o animal e planejar o medicamento anestésico adequado. A avaliação anestésica vale muito para segurança, você pode prever o que irá ocorrer. 
Morbidade e mortalidade relacionado a procedimentos anestésicos cirúrgicos tem uma variação entre grandes animais, em relação a pequenos animais e também com o ser humano. Existe uma relação de 1óbito/100 pacientes em equinos em procedimentos anestésicos, em pequenos animais: 1óbito/1000 e em humanos: 1óbito/200000. A diferença provavelmente se dá em função da diferença no investimento pré-anestésico: avaliação no pré-operatório e investimento em monitoração anestésica. Também nos pacientes equinos os procedimento cirúrgicos não eletivos, como cólica equina (emergência), é um procedimento bastante evasivo, no qual o paciente já chega na clínica bastante debilitado. 
A avaliação visa determinar a condição física e indicar a melhor técnica anestésica com base no estado clínico do paciente.
Paciente <-> Procedimento cirúrgico <-> Procedimento anestésico (um interfere no outro, estão diretamente relacionados)
O paciente está na melhor condição possível para cirurgia?
Os riscos de operar o animal agora são maiores do que não operar? Isso é muito importante principalmente nos procedimentos cirúrgicos de emergência, pois muitas vezes o animal chega no hospital e não se tem o tempo de fazer uma avaliação adequada.
COMO DEVE SER EXECUTADA?
Identificação do paciente
Anamnese – Conversa com o proprietário do animal, para conhecer o hábito, comportamento do animal
Exame físico – avaliação do animal
Solicitação de exames complementares
Conhecendo o paciente
- Saber a espécie, raça (por exemplo, cães da raça Boxer, braquicefálicos, com o focinho mais curto, têm maior tendência a hipotensão quando utiliza a sedação), idade (principalmente filhotes e idosos-> em função da diminuição da taxa de metabolização dos fármacos, além de outros problemas associados), sexo (geralmente não tem diferença entre fêmea e macho, avalia-se mais o estagio reprodutivo do animal), estágio reprodutivo (cadelas logo após o cio, é comum a ocorrência de piometra, por exemplo, além do mais, as fêmeas tem maior tendência a hemorragia).
- Temperamento. Influencia muito na conduta anestésica, pois existem animais em que é difícil de se fazer a avaliação anestésica.
- Paciente apresenta alterações clínicas? 
- O paciente recebe algum tratamento? Por exemplo, pacientes epiléticos a base de tratamento com gadernal, pois esse é um medicamento que pode potencializar outros fármacos.
- Apresenta intolerância/alergia a algum medicamento?
ANAMNESE
Deve-se pesquisar os diversos sistemas:
- S. respiratório (tosse, dispneia, secreções). Pacientes com redução da função respiratória, aumento na produção de secreção, eles podem ter uma redução na absorção de fármacos administrados pela via inalatória.
- S. cardiovascular (cansaço, síncope -> desmaios, edemas) 
- S. nervoso central (convulsões)
- S. gastrintestinal (vômito, diarreia)
- S. endócrino ( diabetes, hipotireoidismo, que influenciam na metabolização de fármacos)
EXAME FÍSICO
Verificar o peso. As drogas são calculadas em função do peso. Isso é muito importante principalmente em animais de menor peso
Avaliar condição física. Geralmente o cálculo da dose é diminuído em pacientes magros, caquéticos, pois as drogas vão ter efeito potencializado nesses animais. Já em animais obesos, é importante que se faça o cálculo do peso real que o animal teria. Descontar o excesso do peso. 
Avaliar:
- Estado de hidratação. As drogas são encaminhadas para o sangue e a circulação pode estar deficiente no animal desidratado. Como resultado do efeito da droga, muitas vezes pode acontecer uma redução da frequência cardíaca, redução da pressão arterial. Quando o estado de hidratação está deficiente e você administra um medicamento anestésico, você pode ter lesões renais, hepáticas e até mesmo lesões no SNC. Deve-se repor a volemia antes de qualquer procedimento anestésico cirúrgico, se não for possível, e ainda assim, a cirurgia for recomendada, pode-se repor a volemia durante o procedimento.
- Auscultação cardíaca e pulmonar – é importante o som do batimento cardíaco normal. A auscultação pulmonar é muito discreta, quase não se ouve o som, porém, isso é o normal.
Reconhecer sopro, arritmia, tamponamento cardíaco (redução do som, que pode indicar redução de massa, tumor...)
Presença de secreções, sibilos, ou qualquer outro som
- Parâmetros fisiológicos (FC,FR,PA,T). Comparar se abaixou, aumentou, se está fora do limite.
Padrão do paciente.
- Presença de ectoparasitas. Pode indicar uma mucosa hipocorada, anemia.
PARÂMETROS FISIOLÓGICOS:
Geralmente raças maiores têm a FC mais baixas e raças menores tem a frequência mais alta. Por exemplo, um Pinscher com FC=70 é muito provável que ele tenha algum problema associado. Normalmente no gato, a FC é mais alta. Animais atletas geralmente tem a FC mais baixa. Nos bovinos: 40-80: nos mais adultos. A FC dos suínos se assemelha a dos humanos.
A FR varia muito com a atividade física. È importante não deixar a pressão sistólica abaixo de 60. Porque com 60 você já tem uma pressão suficiente para uma perfusão renal, por exemplo.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Hemograma completo
- Proteína total (albumina e globulina). A albumina é uma proteína importante por ser a principal responsável por carrear medicamentos na circulação sanguínea. Então, a redução da albumina vai influenciar nessa distribuição e principalmente no efeito da droga.
Pressão coloidosmótica. Quando se tem redução da proteína, o líquido sai do seu local, se expande, e tem-se então, a formação de edema.
 Ligações eletrostáticas. Realizam essas ligações com os fármacos, possibilitando seu transporte. 
Albumina. Quando se tem redução da proteína total? Proteinúria, caquexia, insuficiência hepática (pp crônica)
- Hemoglobina e volume globular (hematócrito)
Oxigênio disponível nos tecidos – Existe um cálculo matemático que mostra a sua oferta de oxigênio: produção cardíaca (ml/min) x saturação arterial de Oxigenio (%) x hemoglobina (g/ml) x 1,34. Se você não meche na pressão sanguínea durante a anestesia, ou seja, o coração está trabalhando do mesmo jeito, se a saturação de oxigênio não foi alterada e tem-se um paciente anêmico, ainda assim a oferta de oxigênio vai estar reduzida, pela redução de hemoglobina. Então, deve-se avaliar antes, pois em um animal anêmico qualquer alteração da pressão cardíaca pode ser um prejuízo muito grande, incompatível com a vida.
Anemia grave: Risco de hipóxia tecidual aumenta pela interferência nos fatores de produção cardíaca e hemoglobina. E se ainda tiver um animal que não está intubado, que não esta recebendo oxigênio, vai influenciar na saturação arterial de oxigênio.
Quem sofre com a hipóxia tecidual é o SNC, miocárdio, rins
- Distúrbios leucocitários
SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica). Está relacionada com o processo inflamatório, que pode influenciar na anestesia. Resposta inflamatória exarcebada.
Sepse (infecção generalizada) 
Qualquer outra infecção
- Teste de função hepática
Influencia na metabolização de fármacos
Gera como consequência aumento do período hábil do anestésico. Ou seja, vai circular mais tempo, vai fazer efeito por mais tempo. 
Sobredose anestésica (por exemplo, procedimentos prolongados que se faz a administração continua do anestésico, parte dele está sendo metabolizado, parte dele está sendo redistribuído)
Aumento de reações adversas. Em função do tempo maior de anestesia. Por exemplo, um fármaco que produz bradicardia por 10 minutos, vai produzir bradicardia por 2 horas.
Dosagem de ALT (alanina aminotransferase)
É uma enzima intracitoplasmática, detecta lesão na membrana do hepatócito ouseja, está dentro do citoplasma, e quando tem uma lesão hepática, com lesão celular, essa enzima é liberada e sua concentração sérica aumenta . Em casos de níveis de ALT muito alto, não quer dizer que se tem um fígado afuncional. Muitas vezes numa intoxicação, o animal apresenta uma ALT 6,7x maior do que o limite de referência e não necessariamente ela tem uma insuficiência hepática. O fígado é um órgão que apresenta um grande poder de regeneração, então uma ALT alta não esta diretamente relacionada com essa alteração. 
A desvantagem da ASP (aspartato aminotransferase) com relação a ALT (alanina aminotransferase) é que a ASP está presente também no músculo e nas hemácias. Então, o aumento da ASP, embora represente uma lesão mais grave, essa lesão pode estar acontecendo em outros tecidos e não especificamente no fígado. Quando se tem ASP e ALT altas, tem-se uma forte indicação de uma lesão hepática.
Correlação ruim entre atividade sérica da ALT e grau de disfunção do órgão
Albumina
A dosagem de albumina é feita secundariamente a avaliação anterior. Quando o animal está caquético, quando necessita algumas indicações para realização desse exame, faz-se a dosagem de albumina sérica porque nos casos de insuficiência hepática crônica, a ocorrência de hipoalbuminemia, pode confirmar a suspeita de alteração hepática.
Inespecífica (pois pode-se ter hipoalbuminemia pela inanição, o animal se alimenta muito mal, ou seja, baixa ingestão de proteína que resulta na diminuição da concentração sérica de albumina) e pouco sensível.
Produzida no fígado (1/4 das proteínas sintetizadas no fígado)
Doença hepatocelular crônica, cirrose (muitas vezes associado a infecções)
Diferenciar a desnutrição ou hemorragia crônica.
Bilirrubina
O aumento de bilirrubina, pode ser utilizada com indicador de disfunção hepática, hemólise (pelo aumento na produção) ou redução da ingestão de alimentos e alterações de funções hepáticas, como as crônicas.
Originada da degradação do grupamento heme e degradada em BD.
Avaliar as funções hepatobiliares e eritropoiéticas.
Auxiliar a diagnosticar obstrução biliar e anemia hemolítica.
FA (fosfatase alcalina)
Pode indicar hepatopatias, colestase e osteopatias. Existem dosagens específicas da fosfatase alcalina hepática, fosfatase alcaline óssea.
Exame pouco específico. Quando há hepatite, lipidose hepática, neoplasias há aumento de FA.
A utilização de fármacos (corticoides, barbitúricos, anticonvulsivantes) promovem o aumento de FA, um exame de pouca validade, mas quando associado com outros exames, tem-se um parâmetro melhor. 
Testes de função renal
Eliminação de fármacos e metabólitos
Equilíbrio ácido-base
Manutenção da volemia (IRC – poliúria e polidipsia) que influencia diretamente na perfusão sanguínea e na distribuição do oxigênio durante a anestesia
Teste de uréia
É sintetizada no fígado
Eliminação por filtração glomerular. Mas é um teste que quando há alteração indica que quando é de origem renal, normalmente há uma ineficiência em avaliar alterações iniciais. Normalmente a uréia aumentada em insuficiência renal, já ocorreu uma lesão de aproximadamente 60%,70% do glomérulo.
Lesão de 70% a 80% dos glomérulos para haver aumento plasmático
Ela pode ser influenciada pela dieta.È renal e é pré –renal quando é por aumento do consumo quando Jejum de 8-12 horas ( aumento com alimentação rica em proteínas)
Pela redução do volume circulatório. Tem-se uma desidratação e consequentemente um aumento na proporção da uréia sérica.
Pós-renal. Obstrução das vias urinárias fazendo um acúmulo da uréia por ausência de eliminação, não com disfunção renal, mas por deficiência mesmo na eliminação.
Teste de creatinina 
Produto da fosfocreatinina muscular, que libera energia 
Bom indicativo de filtração glomerular
O valor não é alterado pela dieta, não sofre metabolização, só sofre excreção renal exclusiva.
A creatinina está relacionada com as três causas: pré-renal ou redução da circulação, desidratação renal (aumento da creatinina), insuficiência renal ou obstrução das vias urinárias fazendo a retenção da creatinina.
Avaliação da coagulação
Previne a hemorragia intraoperatória
CID ( coagulação intravascular disseminada)
No hemograma, faz a contagem de plaquetas. O número total de plaquetas é um fator importante na coagulação
Exame simples de ser feito: Tempo de sangramento de mucosa oral
É uma incisão na mucosa, que é feito o controle de tempo da coagulação com um papel fino, secando o sangue até parar de fluir. (tempo normal de 2 a 3 minutos)
Avalia função plaquetária
Histórico de distúrbio de sangramento
Tempo de tromboplastina parcial ativada (dosa o tempo de formação do coágulo de fibrina da cascata de coaguçação. Ou seja, dosa o tempo de do início de formação do fator 12 até a formação do coágulo de fibrina). Então, o TTPA avalia a via intrínseca e a via comum, e os fatores relacionados a essas duas vias. E o TP (tempo de protrombina) avalia a via extrínseca e a via comum, e os fatores relacionados.
Geralmente o aumento de TTPA está relacionado: início da coagulação intravascular disseminada, doença hepática (pela redução dos fatores de coagulação), anticoagulantes circulantes (intoxicação no tratamento, também se faz a avaliação), deficiência de vitamina K e hipofibrinogemia, deficiência nas etapas iniciais da via intrínseca: fatores XII, XI, IX ou VIII.
O tempo de protrombina também acontece de estar aumentado, pode indicar doença hepática, pela redução desses fatores de coagulação, também hipofibrogenemia, protrombina ou fatores de coagulação relacionados na via extrínseca e comum.
Glicemia
Redução do metabolismo quando há hipoglicemia, é importante porque prolonga o efeito anestésico e prolonga também os efeitos adversos relacionados (o animal demora muito a se recuperar, se mantém em decúbito), fraqueza, risco de convulsões. Em animal hipoglicemico, o tratamento com glicose, a recuperação é visivelmente acelerada.
A dosagem pode ser feita pré-anestésica e também durante o trans-operatório (cirurgias prolongadas)
O maior cuidado que se deve ter é com o paciente diabético e filhotes, que são mais sensíveis, principalmente quando o jejum prolongado é feito. Cuidado também com pacientes lactantes.
Urinálise
Indicações:
Após a avaliação dos demais exames de rotina.
Pacientes com alterações genito-urinárias
Animais idosos
Densidade urinária tem que ser avaliada junto com o estado de hidratação do animal.
A proteína tem que ser avaliada junto com a densidade.
Avaliar origem da proteína.
Exames radiográficos
ICC (diagnóstico por imagem), neoplasias pulmonares (as vezes o animal esta com a reserva respiratória diminuída e ainda vai se promover uma diminuição respiratória nesse animal.]
Pacientes idosos e todos os pacientes com diagnóstico de neoplasias (com ou sem metástases diagnosticada).
ECG (eletrocardiograma)
Indicado para avaliar função elétrica do coração (arritmias)
Exame pouco invasivo, relativamente simples. Muitas vezes há muito valor no pré-operatório, quando vc faz auscultação.
Pacientes idosos e com indício de cardiopatia.
Exames ultrassonográficos
Avalia débito cardíaco, função miocárdica e também as valvulopatias
É solicitado quando há necessidade de avaliação hepática, (principalmente no caso de suspeita de neoplasias, disfunção) avaliação renal, entre outras. 
Fibrinogênio plasmático
Normalmente utiliza a dosagem nos equinos, que tem relação direta também com a coagulação
Proteína de fase aguda . Então no caso de inflamação, provavelmente vai ter alteração. Mas é identificado principalmente nas fases iniciais 
Exame parasitológico. Extremamente específico, utilizado normalmente quando há suspeita pela anamnese secundária uma verminose. È um exame barato, simples e fácil.

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