Buscar

(20170811223644)Capítulo II APELAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Capítulo II. DA APELAÇÃO 
ROGERIO LICASTRO TORRES DE MELLO 
Doutor e Mestre em direito processual civil pela PUC-SP. Professor de direito processual civil e 
prática processual civil da FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Professor do curso de pós-
graduação lato sensu em direito processual civil da COGEAE – PUC/SP. Professor de direito processual 
civil da Escola Superior de Advocacia da OAB/SP. Conselheiro de Prerrogativas da OAB/SP. Advogado. 
 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 513. Da sentença caberá apelação 
(arts. 267 e 269). 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
§ 1.º As questões resolvidas na fase de 
conhecimento, se a decisão a seu respeito não 
comportar agravo de instrumento, não ficam 
cobertas pela preclusão e devem ser 
suscitadas em preliminar de apelação, 
eventualmente interposta contra a decisão 
final, ou nas contrarrazões. 
§ 2.º Se as questões referidas no § 1.º 
forem suscitadas em contrarrazões, o 
recorrente será intimado para, em 15 (quinze) 
dias, manifestar-se a respeito delas. 
§ 3.º O disposto no caput deste artigo 
aplica-se mesmo quando as questões 
mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo 
da sentença. 
1. Conceito. A apelação é o recurso adequado à impugnação das sentenças, 
as quais, conforme dispõe o § 1.º do art. 203 do CPC/2015, consistem 
no “pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe 
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. Por 
intermédio do recurso de apelação, busca-se ou a reforma da sentença apelada 
quanto ao mérito da causa (error in judicando), ou sua anulação em virtude de 
vícios processuais (error in procedendo). 
2. Ampliação de escopo da apelação em virtude da extinção da regra da 
recorribilidade em separado das decisões interlocutórias. O CPC/2015 contém 
relevante modificação relativamente ao sistema de recorribilidade das decisões 
interlocutórias, o que culmina por afetar a amplitude do recurso de apelação, 
alargando-a. Com efeito, ao contrário do que sucede no CPC/1973, as decisões 
interlocutórias não serão, em regra, passíveis de recurso de agravo (no 
CPC/2015, agravo de instrumento): serão objeto de impugnação ou no bojo da 
apelação, em capítulo preliminar próprio, ou nas contrarrazões. O CPC/2015, 
portanto, torna absolutamente excepcionais as hipóteses de interposição de 
recurso em separado (agravo de instrumento) em face de decisões 
interlocutórias, determinando que sua impugnação se dê, em regra, no recurso 
de apelação ou nas contrarrazões a este apresentadas, o que fica claro diante do 
texto do § 1.º do art. 1.009 em análise: “As questões resolvidas na fase de 
conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de 
instrumento, não ficam cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em 
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas 
contrarrazões”. Sendo suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimada 
para, em quinze dias, manifestar-se a respeito delas. As decisões interlocutórias 
que gerem prejuízo à parte, portanto, estarão preclusas apenas se não 
impugnadas na apelação ou nas contrarrazões a esta apresentadas, ressalvadas 
as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento (CPC/2015, art. 1.015 e ss.). 
3. Impugnação da decisão interlocutória nas contrarrazões. Questão 
interessante diz respeito à natureza jurídica das contrarrazões como o advento 
do § 1.º do art. 1.009 do CPC/2015. Tradicionalmente, as contrarrazões foram 
destinadas apenas à manifestação de resistência do recorrido relativamente à 
pretensão recursal veiculada na apelação. Eventual insurgência do apelado 
relativamente à sentença deveria ser veiculada em apelação própria deste, ou 
em apelação adesiva. No CPC/2015, contudo, com a modificação do sistema de 
impugnação das decisões interlocutórias (que passaram a não precluir no curso 
do processo, merecendo impugnação em razões de apelação ou em 
contrarrazões de apelação), as contrarrazões passaram a ter natureza jurídica 
híbrida, vale dizer, (i) tanto consistem em peça de resistência às razões de 
apelação, (ii) quanto podem consistir em peça recursal relativamente a decisões 
interlocutórias que o apelado resolva impugnar em sua resposta ao recurso. 
Pode haver nas contrarrazões, por assim dizer, uma defesa (relativamente à 
apelação da outra parte) e um possível ataque (relativamente às interlocutórias 
que o recorrido entenda por bem impugnar). Disto pensamos decorrer uma 
importante circunstância: se, por alguma razão, a apelação é inadmitida por 
intempestividade por exemplo, ou deixa de existir por qualquer outro motivo 
(desistência do recurso), não necessariamente as contrarrazões deixarão de ter 
utilidade e relevância: se nas contrarrazões houver o apelado suscitado 
impugnação relativamente a alguma decisão interlocutória, e se for pertinente 
sua apreciação pelo tribunal pois ainda não foi extinto o interesse recursal do 
apelado a respeito, pensamos que as contrarrazões que contenham impugnação 
de decisão interlocutória, mesmo que a apelação não mais exista, deverão ser 
apreciadas pelo tribunal, demonstrando-se que remanesce o interesse de agir, 
repita-se, do apelado a respeito. As contrarrazões nas quais se impugna decisão 
interlocutória funcionam, neste pormenor, com autêntico recurso, ex vi do § 1.º 
do art. 1009 ora analisado, e neste aspecto não guardam dependência com o 
recurso principal, como se recurso adesivo fosse. Imagine-se, por exemplo, a 
seguinte hipótese: a sentença é de parcial procedência da ação, sendo autor e 
réu sucumbentes em parte; no curso do processo, em decisão interlocutória, foi 
afastada preliminar de ilegitimidade ativa suscitada pelo réu; apenas o autor 
apela da sentença, o réu apresenta contrarrazões e nestas suscita a impugnação 
à decisão interlocutória que rejeitou sua preliminar de ilegitimidade ativa. 
Nestas condições, ainda que por alguma razão o apelante desista de seu 
recurso, ou este seja inadmitido, parece-nos evidente que remanesce o interesse 
recursal do apelado relativamente à impugnação que veiculou em suas 
contrarrazões acerca da rejeição da preliminar de ilegitimidade ativa, pois este 
capítulo de suas contrarrazões, muito distintamente de mera resistência, perfaz 
impugnação recursal de decisão interlocutória que lhe pode gerar, se acolhida 
tal impugnação, situação jurídica melhor, mais vantajosa, consistente em 
decisão que não o condene e que decida pela ilegitimidade ativa. Por fim, dada 
a natureza híbrida das contrarrazões em que se veicula impugnação de decisão 
interlocutória, parece-nos que, em prestígio ao contraditório e à ampla defesa, 
deverá ser instado o apelante a responder o capítulo das contrarrazões em que 
se suscitou impugnação de decisão interlocutória que, se acolhida, lhe pode 
gerar prejuízo. 
4. Ainda sobre a impugnação de decisões interlocutórias em contrarrazões 
e seu caráter de não dependência relativamente ao recurso do apelante. Poder-
se-ia dizer que a impugnação de interlocutórias em contrarrazões guarda 
relação de dependência com o a apelação pois estaríamos diante de um recurso 
(a impugnação da interlocutória nas contrarrazões) subordinado ao recurso 
principal (a apelação), como fosse a primeira uma espécie de recurso adesivo. 
Pensamos que a ideia, venia concessa, não procede, e o dizemos com fulcro em 
regra básica de interpretação: o recurso adesivo subordinado ao principal 
perfaz exceção, pois a regra vigente é a da manifestação recursal livre, 
independente, conforme expressa dicção do art. 997, caput, do CPC de 2015; no 
CPC/2015, se a parte quiser lançar mão de recurso subordinado (adesivo), 
deverá fazê-loexpressamente, interpondo o recurso adesivo previsto nos §§ do 
art. 997 e sujeitando-se às condições ali estabelecidas. Esta é a exceção (recurso 
adesivo), e como tal deve ser interpretada restritivamente. Optando por 
impugnar a decisão interlocutória em contrarrazões, que recurso adesivo não é, 
não há que se cogitar de subordinação recursal entre contrarrazões nas quais se 
impugna interlocutória e a apelação. Mutatis mutandis, e guardadas as devidas 
proporções, a impugnação de interlocutória em contrarrazões está para a 
apelação como a contestação com pedido contraposto está para a petição inicial: 
a desistência da ação pelo autor não impede a apreciação do pedido 
contraposto formulado pelo réu (TJRS, ApCiv 70014407225, 12.ª Segunda 
Câmara Cível, rel. Cláudio Baldino Maciel, J. 06.04.2006) bem como a 
desistência da apelação não impede a apreciação da impugnação de 
interlocutória formulada pelo apelado em contrarrazões. 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 514. A apelação, interposta por 
petição dirigida ao juiz, conterá: 
I – os nomes e a qualificação das partes; 
II – os fundamentos de fato e de direito; 
III – o pedido de nova decisão. 
Parágrafo único. 
Art. 1.010. A apelação, interposta por 
petição dirigida ao juízo de primeiro grau, 
conterá: 
I – os nomes e a qualificação das partes; 
II – a exposição do fato e do direito; 
III – as razões do pedido de reforma ou de 
decretação de nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão. 
§ 1.º O apelado será intimado para 
apresentar contrarrazões no prazo de quinze 
dias. 
§ 2.º Se o apelado interpuser apelação 
adesiva, o juiz intimará o apelante para 
apresentar contrarrazões. 
§ 3.º Após as formalidades previstas nos 
§§ 1.º e 2.º, os autos serão remetidos ao 
tribunal pelo juiz, independentemente de 
juízo de admissibilidade. 
1. Competência para interposição. O art. 1010 do CPC/2015 cuida, por assim 
dizer, da estrutura da petição por intermédio da qual será aviado o recurso de 
apelação. Nesse passo, a primeira informação que nos traz o dispositivo legal 
em apreço é no sentido de que a apelação será “dirigida ao juízo de primeiro 
grau”, expressão tecnicamente melhor que aquela constante no art. 514 do 
CPC/1973 (“dirigida ao juiz”). De fato, o recurso de apelação compõe-se de dois 
tipos de manifestação, quais sejam, a petição de interposição, dirigida ao juízo 
de primeiro grau (que é o competente para o recebimento da apelação), e as 
razões recursais, anexadas à predita petição de interposição, razões estas que 
serão avaliadas pelo órgão ad quem, dado ser deste (o tribunal) a competência 
para o julgamento do recurso de apelação. 
2. Nome e qualificação das partes. Na petição de interposição deverão 
constar os nomes e a qualificação das partes. Sobre esse último requisito 
(“qualificação das partes”), pensamos ser, em regra, absolutamente dispensável, 
dado que a qualificação das partes já haverá sido exposta em petição inicial ou 
em contestação. Apenas haverá a necessidade de qualificação integral da parte 
recorrente quando se tratar de apelação interposta por terceiro interessado, 
dado ser esta sua primeira intervenção no feito. 
3. Razões recursais. Anexadas à petição de interposição, deverão ser 
articuladas as razões recursais, nas quais a parte recorrente suscitará as 
questões fáticas e jurídicas componentes de sua irresignação relativamente à 
sentença. Quanto à composição da fundamentação do recurso (se serão fáticas e 
jurídicas as razões recursais, ou se exclusivamente jurídicas), há que se 
considerar o motivo da interposição do recurso, se proveniente de error in 
procedendo (erro de caráter processual incorrido pelo órgão judicante, caso em 
que as razões recursais terão cunho fundamentalmente de direito) ou se 
procedente de error in judicando (erro de juízo, vale dizer, de subsunção da 
norma ao fato, hipótese em que os motivos recursais poderão ter 
fundamentação fático-jurídica). 
4. Pedido de reforma, de decretação de nulidade ou de nova decisão. O 
CPC/2015 contém, nesta disposição, redação mais correta que aquela existente 
no art. 514 do CPC/1973. Com efeito, a redação dos incs. III e IV do art. 1.010 
abrange todas as hipóteses decisórias que podem ser geradas quando do 
julgamento da apelação: ipso facto, a apelação que pode ocasionar a reforma da 
decisão recorrida, seu decreto de nulidade ou a nulidade do próprio 
processamento da ação, além de nova decisão. De fato, do julgamento do apelo 
pode surgir simples decretação de nulidade da decisão recorrida (por 
motivação de caráter processual, por exemplo, tal qual se daria em caso de 
acolhimento, pelo tribunal, de alegação de cerceamento de defesa) ou de 
reforma (exclui-se a sentença apelada do mundo jurídico e se dá o rejulgamento 
do mérito da causa pelo tribunal). 
5. Extinção do duplo juízo de admissibilidade da apelação. O CPC/2015 
inova ao extinguir o duplo juízo de admissibilidade a que se submete o recurso 
de apelação no regime do CPC/1973. Com efeito, em face do que literalmente 
dispõe o § 3.º do art. 1.010 sob análise, a apelação será remetida ao Tribunal 
independentemente de juízo de admissibilidade realizado pelo órgão de 
primeiro grau, ao qual incumbirá, apenas, o recebimento da apelação, a 
intimação da parte recorrida para apresentação de contrarrazões e a remessa 
dos autos ao órgão recursal. 
CPC/1973 CPC/2015 
Sem correspondência 
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação 
no tribunal e distribuído imediatamente, o 
relator: 
I – decidi-lo-á monocraticamente apenas 
nas hipóteses do art. 932, incisos III a V; 
II – se não for o caso de decisão 
monocrática, elaborará seu voto para 
julgamento do recurso pelo órgão colegiado. 
1. Julgamento monocrático e julgamento colegiado. Dispõe o art. 1.011 do 
CPC/2015 que, uma vez distribuído o recurso de apelação no tribunal (e deverá 
sê-lo imediatamente, vale dizer, tão logo cheguem os autos ao tribunal), o 
relator, a quem incumbe a condução do processamento recursal, poderá adotar 
duas posturas: a decisão monocrática, sem julgamento do recurso pelo órgão 
colegiado, ou, se a hipótese não for de julgamento monocrático, a elaboração do 
voto para julgamento pelo órgão colegiado. Em virtude da própria essência dos 
julgamentos em regime colegiado, em que o reexame da matéria sub judice por 
órgão composto por ao menos três magistrados funciona como natural 
fomentador de qualidade da atividade jurisdicional, é evidente que o 
julgamento monocrático do recurso de apelação, e de resto dos demais recursos, 
deve ser excepcional, o que, aliás, afigura-se claro em face da própria existência 
do “apenas” no inc. I do art. 1.011 do CPC/2015 (“apenas nas hipóteses do art. 
932, incs. III a V”). 
2. Hipóteses de julgamento monocrático. O art. 1011, inc. II, do CPC/2015 
permite a ocorrência de julgamento monocrático da apelação em três hipóteses, 
quais sejam, aquelas previstas no art. 932, incs. III a V, do CPC/2015. No inc. III 
do art. 932 do CPC/2015, tem-se a permissão do julgamento monocrático em 
três situações distintas: (i) inadmissibilidade do recurso, (ii) negação de 
provimento do recurso em caso de contrariedade do pleito recursal a 
jurisprudência sumulada ou uniformizada, (iii) ou provimento de recurso em 
caso de desconformidade da decisão relativamente a jurisprudência sumulada 
ou uniformizada. 
3. Julgamento monocrático em virtude de inadmissibilidade do 
recurso. Dispensa-se a remessa do recurso para julgamento pelo órgão 
colegiado em caso de (i) inadmissibilidade do recurso (ausência de requisitos de 
admissibilidade, tais quais tempestividade, recolhimento de custas, carência de 
condições da ação emgrau recursal, etc.), (ii) em caso estar o recurso 
prejudicado (por prejudicialidade deve-se entender a perda do objeto recursal, 
vale dizer, a ausência de interesse de agir verificada posteriormente à 
interposição do recurso, como sucede em situações de composição entre as 
partes, de desistência, dentre outras), (iii) ou em situação de ausência, no 
recurso, de impugnação específica dos fundamentos da decisão recorrida (o 
recurso contém impugnação genérica, ou mera reprodução dos termos da 
petição inicial ou da contestação, sem que se desenvolva a específica 
impugnação dos pontos da sentença que geraram a sucumbência do apelante 
em primeiro grau de jurisdição), a teor do disposto no art. 932, III, do CPC/2015. 
4. Negação monocrática de provimento em caso de jurisprudência 
sumulada ou uniformizada. A segunda hipótese de julgamento monocrático da 
apelação consiste na negação monocrática de provimento ao recurso, e diz 
respeito às situações em que o pedido recursal contrarie (i) entendimento 
sumulado do STF, do STJ ou do próprio tribunal, (ii) entendimento firmado 
pelo STF e pelo STJ em acórdão proveniente de julgamento de recursos 
repetitivos, ou (iii) entendimento firmado em sede de incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou assunção de competência (CPC/2015, art. 932, IV). 
Nestas hipóteses, em face da clara orientação do CPC/2015 de observação, pelos 
órgãos do Poder Judiciário, das orientações jurisprudências gerais firmadas em 
súmulas, em julgamento de recursos repetitivos ou em uniformização 
jurisprudencial, faz-se despicienda a apreciação do recurso pelo órgão 
colegiado, atribuindo-se ao relator o poder de julgá-lo monocraticamente. 
Observamos, de nossa parte, que o julgamento monocrático dos recursos perfaz 
medida excepcional, que deve aplicar-se apenas e exclusivamente em face da 
exata presença das situações arroladas no art. 932 do CPC/2015, não 
comportando este, como exceção que é, interpretação ampliativa. 
5. Provimento monocrático do recurso de apelação. A terceira hipótese de 
julgamento monocrático da apelação diz respeito às situações em que a decisão 
recorrida contrarie (i) entendimento sumulado do STF, do STJ ou do próprio 
tribunal, (ii) entendimento firmado pelo STF e pelo STJ em acórdão proveniente 
de julgamento de recursos repetitivos, ou (iii) entendimento firmado em sede 
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção de competência 
(CPC/2015, art. 932, inc. V). É de se observar. É de se remarcar que, ao inclinar-
se pelo provimento monocrático do recurso de apelação, deverá o relator apurar 
se houve a concessão ao recorrido de oportunidade para apresentação de 
contrarrazões, dado que o provimento recursal, porquanto representativo de 
sucumbência do recorrido, deverá ser sempre precedido de respeito à garantia 
do contraditório. Repetimos aqui as observações que acima fizemos acerca da 
excepcionalidade da aplicação do julgamento recursal monocrático. 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 520. A apelação será recebida em seu 
efeito devolutivo e suspensivo. Será, no 
entanto, recebida só no efeito devolutivo, 
quando interposta de sentença que: 
I – homologar a divisão ou a demarcação; 
Art. 1.012. A apelação terá efeito 
suspensivo. 
§ 1.º Além de outras hipóteses previstas 
em lei, começa a produzir efeitos 
imediatamente após a sua publicação a 
sentença que: 
II – condenar à prestação de alimentos; 
III – (Revogado pela Lei 11.232/2005) 
IV – decidir o processo cautelar; 
V – rejeitar liminarmente embargos à 
execução ou julgá-los improcedentes; 
VI – julgar procedente o pedido de 
instituição de arbitragem. 
VII – confirmar a antecipação dos efeitos 
da tutela. 
I – homologa divisão ou demarcação de 
terras; 
II – condena a pagar alimentos; 
III – extingue sem resolução do mérito ou 
julga improcedentes os embargos do 
executado; 
IV – julga procedente o pedido de 
instituição de arbitragem; 
V – confirma, concede ou revoga tutela 
provisória; 
VI – decreta a interdição. 
§ 2.º Nos casos do § 1.º, o apelado poderá 
promover o pedido de cumprimento 
provisório depois de publicada a sentença. 
§ 3.º O pedido de concessão de efeito 
suspensivo nas hipóteses do § 1.º poderá ser 
formulado por requerimento dirigido ao: 
I – tribunal, no período compreendido 
entre a interposição da apelação e sua 
distribuição, ficando o relator designado para 
seu exame prevento para julgá-la; 
II – relator, se já distribuída a apelação. 
§ 4.º Nas hipóteses do § 1.º, a eficácia da 
sentença poderá ser suspensa pelo relator se o 
apelante demonstrar a probabilidade de 
provimento do recurso, ou, sendo relevante a 
fundamentação, houver risco de dano grave 
ou difícil reparação. 
1. Efeito suspensivo automático da apelação. O Projeto de Novo CPC em 
sua versão proveniente do Senado Federal (Projeto 166/2010) apresentava 
sensibilíssima e positiva modificação relativamente aos efeitos em que recebido 
o recurso de apelação: este seria recebido, em regra, apenas no efeito devolutivo 
(e não mais no efeito suspensivo, em regra), o que significaria que toda a 
sentença seria, ab initio, passível de requerimento de cumprimento provisório 
desde sua publicação em primeiro grau, de modo que pudesse produzir efeitos 
práticos independentemente do recurso de apelação interposto pela parte 
prejudicada, e a suspensão dos efeitos da sentença poderia ocorrer apenas 
mediante pedido expresso da parte, demonstrando-se a existência de risco de 
dano irreparável (o efeito suspensivo da apelação seria, assim, excepcional). E 
esta proposição legislativa (apelação recebível apenas no efeito devolutivo, em 
regra) nos parecia de todo correta: perfaria uma tomada de posição em prestígio 
do juízo de primeiro grau, prestigiaria o fato de existir, após a sentença, 
conjunto de elementos de convicção que no mais das vezes conduzem à 
percepção de que o direito de uma das partes em desfavor da outra já é 
evidente, permitindo e autorizando sua imediata fruição (mediante 
cumprimento provisório) e deslocaria para o sucumbente-apelante o ônus de 
postular a suspensão dos efeitos da sentença. Tal proposta (apelação recebível 
apenas no efeito devolutivo) representaria, se aprovada fosse, radical mudança 
no tempo do processo: em vez de ser obrigado a aguardar o geralmente largo 
tempo exigido para que se dê o trânsito em julgado autorizador da execução, o 
litigante poderia promover o cumprimento provisório da sentença tão logo esta 
fosse publicada, deslocando-se para o apelante a incumbência de postular a 
atribuição de efeito suspensivo ao seu recurso para impedi-lo. No texto 
substitutivo do Projeto de Novo CPC da Câmara dos Deputados, contudo, 
restaurou-se o efeito suspensivo automático da apelação, persistindo a 
impossibilidade de as sentenças serem, em regra, objeto de pedido de 
cumprimento provisório, permanecendo tudo como já ocorria quando vigente o 
CPC/1973, perdendo-se, em nosso sentir, oportunidade histórica de 
aprimoramento procedimental da apelação. 
2. Hipóteses em que a apelação será recebida apenas no efeito 
devolutivo. Tal qual ocorrente no CPC/1973, o CPC/2015 prevê, nos incisos de 
seu art. 1.012, as hipóteses em que a apelação será recebida exclusivamente no 
efeito devolutivo (e poderá ser objeto de requerimento de cumprimento 
provisório), com alguns aprimoramentos redacionais que, contudo, em sua 
essência não representam sensíveis modificações relativamente ao texto dos 
incs. I a VII do art. 520 do CPC/1973. As alterações merecedoras de destaque são 
as seguintes: retirou-se do rol de sentenças passíveis de apelação recebível 
apenas no efeito devolutivo aquelasque decidirem o processo cautelar (inc. IV 
do art. 520 do CPC/1973), por não mais existirem as ações cautelares específicas 
como previstas no CPC/1973, e incluiu-se no rol do art. 1.012 do CPC/2015 a 
sentença que decreta a interdição como objeto de apelação recebível apenas no 
efeito devolutivo em regra. 
3. Momento de requerimento do cumprimento provisório da sentença. Nas 
hipóteses em que passível de apelação recebível apenas no efeito devolutivo, as 
sentenças, consoante o disposto no § 2.º do art. 1.012 CPC/2015, poderão ser 
objeto de requerimento de cumprimento de sentença após sua publicação. 
4. Pedido de concessão de efeito suspensivo às apelações recebíveis, em 
regra, apenas no efeito devolutivo. Os §§ 3.º e 4.º do art. 1012 do CPC/2015 
cuidam do pedido de atribuição de efeito suspensivo à apelação recebível 
apenas no efeito devolutivo (incs. I a VI do § 1.º do art. 1.012 sob análise). A 
competência para a apreciação deste pedido será do relator do recurso, 
observando-se o estágio em que se encontre o processo: (i) se o pedido de 
atribuição de efeito suspensivo à apelação ocorrer entre a interposição da 
apelação e sua distribuição, deverá ser dirigido ao Tribunal em petição 
autônoma contendo o arrazoado necessário (petição de atribuição de efeito 
suspensivo à apelação), que será apreciada tão logo designado o relator (a rigor, 
dar-se-á a distribuição deste pleito de efeito suspensivo, tornando prevento 
para o julgamento da apelação o relator que for designado para sua apreciação); 
(ii) se o pedido de atribuição de efeito suspensivo à apelação ocorrer quando já 
distribuída a apelação, deverá ser dirigido ao relator desta. 
5. Requisitos para a concessão de efeito suspensivo à apelação recebível 
apenas no efeito devolutivo, em regra. A literalidade do § 4.º do art. 1012 do 
CPC/2015 estabelece duas condições a serem observadas para que se atribua 
efeito suspensivo à apelação que não o tem: (i) a demonstração de 
probabilidade de provimento do recurso ou, (ii) sendo relevante a 
fundamentação, o risco de dano irreparável ou de difícil reparação. São, 
portanto, duas condições distintas, o que se denota em face da presença da 
partícula ou entre ambas no texto do § 4.º do art. 1.012 em análise: (i) 
demonstração de probabilidade de provimento do recurso, vale dizer, há aqui 
uma espécie de tutela de evidência para fins de atribuição de efeito suspensivo 
à apelação, sem cogitar-se de demonstração de periculum in mora: demonstrando 
a parte que seu recurso reúne elevada probabilidade de provimento (porque a 
decisão apelada hostiliza jurisprudência sumulada ou firmada em julgamento 
de recurso repetitivo, por exemplo, além de outras hipóteses previstas no art. 
932, V, do CPC/2015), sendo evidente que existirá o êxito recursal, poderá o 
recorrente pretender a suspensão da eficácia da sentença; (ii) sendo relevante a 
fundamentação, houver risco de dano grave ou difícil reparação: nesta segunda 
hipótese de suspensão dos efeitos da sentença mediante excepcional atribuição 
de efeito suspensivo à apelação, estamos diante de pretensão cuja natureza é de 
típica tutela de urgência, pois se exige, para a suspensão da eficácia da sentença, 
a demonstração conjunta da relevância da fundamentação (vale dizer, avalia-se 
o quão relevante é a pretensão recursal, algo assemelhado à aparência do bom 
direito), e o risco de que, se for passível de cumprimento desde sua publicação, 
a sentença poderá gerar dano irreparável, grave, ou de difícil reparação. 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal 
o conhecimento da matéria impugnada. 
§ 1.º Serão, porém, objeto de apreciação e 
julgamento pelo tribunal todas as questões 
suscitadas e discutidas no processo, ainda que 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao 
tribunal o conhecimento da matéria 
impugnada. 
§ 1.º Serão, porém, objeto de apreciação e 
julgamento pelo tribunal todas as questões 
a sentença não as tenha julgado por inteiro. 
§ 2.º Quando o pedido ou a defesa tiver 
mais de um fundamento e o juiz acolher 
apenas um deles, a apelação devolverá ao 
tribunal o conhecimento dos demais. 
§ 3.º Nos casos de extinção do processo 
sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal 
pode julgar desde logo a lide, se a causa 
versar questão exclusivamente de direito e 
estiver em condições de imediato julgamento. 
§ 4.º Constatando a ocorrência de 
nulidade sanável, o tribunal poderá 
determinar a realização ou renovação do ato 
processual, intimadas as partes; cumprida a 
diligência, sempre que possível prosseguirá o 
julgamento da apelação. 
suscitadas e discutidas no processo, ainda que 
não tenham sido solucionadas, desde que 
relativas ao capítulo impugnado. 
§ 2.º Quando o pedido ou a defesa tiver 
mais de um fundamento e o juiz acolher 
apenas um deles, a apelação devolverá ao 
tribunal o conhecimento dos demais. 
§ 3.º Se a causa estiver em condições de 
imediato julgamento, o tribunal deve decidir 
desde logo o mérito quando: 
I – reformar sentença fundada no art. 485; 
II – decretar a nulidade da sentença por 
não ser ela congruente com os limites do 
pedido ou da causa de pedir; 
III – constatar a omissão no exame de um 
dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; 
IV – decretar a nulidade de sentença por 
falta de fundamentação. 
§ 4.º Quando reformar sentença que 
reconheça a decadência ou a prescrição, o 
tribunal, se possível, julgará o mérito, 
examinando as demais questões, sem 
determinar o retorno do processo ao juízo de 
primeiro grau. 
§ 5.º O capítulo da sentença que confirma, 
concede ou revoga a tutela provisória é 
impugnável na apelação. 
1. O efeito devolutivo do recurso de apelação. O efeito devolutivo é típico 
de todo e qualquer recurso e consiste na extensão da impugnação veiculada 
pela parte na peça recursal, vale dizer, é o conteúdo do recurso (a impugnação 
manifestada pela parte relativamente à decisão recorrida) que definirá, em 
regra, a atividade que será desenvolvida no juízo recursal a ser exercido pelo 
tribunal. Como diz o brocardo latino, devolve-se à apreciação da Justiça, para 
revisão, o que estiver impugnado no recurso (tantum devolutum quantum 
appellatum), em clara manifestação do princípio dispositivo em esfera recursal, 
na medida em que está o órgão jurisdicional autorizado a prestar jurisdição de 
revisão apenas no âmbito da impugnação manifestada pelo recorrente, em 
regra. O efeito devolutivo apresenta-se como verdadeiro balizamento da 
atuação do juízo recursal, dele decorrendo a definição dos assuntos passíveis de 
julgamento pelo tribunal. 
2. Extensão do efeito devolutivo: A ideia de devolutividade como 
decorrente apenas do conteúdo recursal não esgota, porém, toda a amplitude 
do efeito devolutivo, dado que a lei prevê o conhecimento de matérias outras 
pelo órgão recursal, a despeito de sua constância, ou não, nas razões recursais 
ou mesmo na própria decisão recorrida. Esta é a inteligência dos §§ 1.º e 2.º e 3.º 
do art. 1.013 do CPC/2015. O § 1.º do art. 1.013 do CPC/2015 determina que, 
independentemente de constarem do recurso ou a da própria decisão recorrida, 
poderão ser utilizados como razão de decidir pelo órgão de 2.º grau temas 
outros que tenham sido objeto de controvérsia no primeiro grau e que não 
tenham sido solucionados na sentença. 
3. Dimensão horizontal e dimensão vertical do efeito devolutivo. Há, por 
assim dizer, duas dimensões a serem analisadas em termos de efeito devolutivo 
dos recursos: uma dimensão horizontal, consistente na amplitude da 
impugnação que se faz no recurso de apelação (o que se pede, vale dizer, a 
reforma, a anulação, etc.),e uma dimensão vertical (sob qual fundamento se 
pede). Esta seria a conformação padrão do efeito devolutivo, como 
manifestação do princípio dispositivo: o pedido recursal (reforma, anulação de 
um ou de mais de um capítulo da sentença) e a sua respectiva fundamentação 
como “medidas” da atividade judicante a ser desenvolvida pelo tribunal 
(Rogerio Licastro Torres de Mello. Atuação de ofício em grau recursal. São Paulo: 
Saraiva, 2010, p. 198 e ss.). Em termos de dimensão horizontal (para Barbosa 
Moreira, extensão), contendo a sentença diversos capítulos (apreciação de 
matérias preliminares, de matérias componentes do mérito da causa, 
condenação em honorários), será devolvida à apreciação do tribunal os 
capítulos objeto de expressa impugnação recursal, e os capítulos da sentença 
não impugnados não poderão ser apreciados; em termos de dimensão vertical 
do efeito devolutivo (para Barbosa Moreira, profundidade), para a apreciação 
dos capítulos impugnados no recurso, não estará ao tribunal adstrito apenas aos 
fundamentos constantes do recurso, podendo valer-se de outros fundamentos 
debatidos no processo, ainda que não reiterados no recurso, e podendo apreciar 
outras questões controvertidas entre as partes, mesmo que não julgadas em 
sentença, desde que, contudo, tenham a ver com o capítulo impugnado. Esta a 
intelecção dos §§ 1.º e 2.º do art. 1013 em análise. 
4. Opiniões doutrinárias. Araken de Assis conceitua o efeito devolutivo da 
seguinte forma: “A essência do efeito devolutivo, relativamente aos meios 
previstos no art. 496, localiza-se na remessa ao conhecimento do mesmo ou de 
outro órgão judiciário da matéria julgada e impugnada e, sob algumas 
condições, passível de ser julgada no órgão a quo. As questões subordinadas à 
iniciativa das partes observam, assim, o tradicional aforismo tantum devolutum 
quantum appellatum. Embora o brocardo aluda à apelação, a diretriz se aplica a 
quaisquer recursos” (Araken de Assis. Manual dos recursos. São Paulo: Ed. RT, 
2007. p. 221). Para Barbosa Moreira, uma das maiores autoridades em termos de 
doutrina sobre recursos cíveis, o efeito devolutivo parte da circunstância de que 
“a interposição do recurso transfere ao órgão ad quem o conhecimento da 
matéria impugnada. Podem variar, de recurso para recurso, a extensão e a 
profundidade do efeito devolutivo (…)” (José Carlos Barbosa Moreira. O novo 
processo civil brasileiro. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 123). O professor João 
Batista Lopes leciona que, “quanto ao efeito devolutivo, que, em regra, só se 
devolve (ou melhor, só se transfere) ao tribunal o conhecimento da matéria 
impugnada pelo apelante (tantum devolutum quantum appellatum)” (João Batista 
Lopes. Curso de direito processual civil, v. II. São Paulo: Atlas, 2006, p. 179). 
5. Efeito translativo. O recurso de apelação conta, também, com o efeito 
translativo, consistente no traslado, de uma instância a outra, 
independentemente de suscitação nas razões recursais, das matérias de ordem 
pública, por serem estas apreciáveis ex officio e, portanto, impassíveis de 
preclusão pro judicato, como os são as condições da ação, os pressupostos 
processuais de existência e de validade, dentre outros temas (Nelson Nery 
Junior. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. São Paulo: Ed. RT, 2004, p. 482 usque 488). 
A simples existência do recurso de apelação permite ao órgão jurisdicional de 
segundo grau a apreciação a apreciação de temas de ordem pública, 
independentemente de estes serem abordados expressamente no recurso 
(Rogerio Licastro Torres de Mello. Atuação de ofício em grau recursal, Ed. Saraiva, 
São Paulo, 2010, p. 196 e ss.). 
6. Julgamento do mérito pelo tribunal, sem remessa ao juízo de primeiro 
grau para tanto. O § 3.º do art. 1.013 do CPC/2015, estendendo e 
minudenciando a regra e o espírito do § 3.º do art. 515 do CPC/1973, estabelece 
a possibilidade de o tribunal apreciar o mérito da causa ainda que este não 
tenha apreciado pelo juízo de primeiro grau. A ratio essendi do dispositivo legal 
em apreço é evitar que exista delonga na tramitação processual, como ocorreria 
caso o tribunal se limitasse a afastar a sentença extintiva sem resolução de 
mérito para, mediante remessa do processo ao primeiro grau, possa este 
pronunciar-se sobre o meritum causae. O que se pretende é que, estando a causa 
apta a tanto, o tribunal, ao reformar sentença de natureza processual (que 
tenha, por exemplo, dado pela ausência de condição da ação), aprecie desde 
logo o mérito. O mesmo deverá ocorrer e, caso de reforma de sentença infra, 
extra ou ultra petita: o tribunal deverá, verificando-se alguma das hipóteses dos 
incs. II e III do § 3.º do art. 1.013, corrigir o vício processual verificado em 
primeiro grau (sentença incongruente com o pedido ou com a causa de pedir, 
ou sentença que deixou de apreciar algum dos pedidos da parte) e desde logo 
proferir decisão de resolução do mérito da causa. Em ocorrendo vício de falta 
de fundamentação (inc. IV do § 3.º do art. 1.013) ou reforma de sentença 
monocrática que tenha reconhecido a prescrição ou decadência (§ 4.º do art. 
1.013), igualmente deverá o tribunal resolver o mérito da causa, examinando as 
demais pretensões das partes, “sem determinar o retorno do processo ao juízo 
de primeiro grau”. 
7. “Se a causa estiver em condições de imediato julgamento”. A locução 
constante do § 3.º do art. 1013 em análise estabelece as condições em que o 
mérito da causa poderá ser julgado diretamente pelo tribunal, ainda que não 
tenha existido pronunciamento a respeito por parte do órgão jurisdicional de 
primeiro grau. Cogita-se, in casu, de estar a causa em condições de imediato 
julgamento, o que significa que (i) não se faz necessária a produção de provas 
adicionais em dilação probatória, sendo suficientes as provas já constantes dos 
autos (provas documentais, por exemplo), ou (ii) que seja a controvérsia 
exclusivamente de direito, dispensando instrução probatória. Se não estiverem 
presentes estas hipóteses, pensamos que a causa não estará em condições de 
imediato julgamento, fazendo-se de rigor a remessa ao juízo de primeiro grau 
para, adotadas as providências necessárias (fundamentalmente, a instrução 
processual), ali proferir-se sentença resolutiva do mérito (Rogerio Licastro 
Torres de Mello. Atuação de ofício em grau recursal. São Paulo: Saraiva, São Paulo, 
2010, p. 205 e ss.). 
8. Capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga tutela 
antecipada. apelação. Confirmando o quanto já consolidado em sede 
doutrinária e jurisprudencial, o § 5.º do art. 1.013 do CPC de 2015 estabelece que 
o capítulo da sentença em que confirmada, concedida ou revogada tutela 
antecipada será impugnável no bojo da apelação, e não em recurso próprio de 
agravo de instrumento. 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 517. As questões de fato, não 
propostas no juízo inferior, poderão ser 
suscitadas na apelação, se a parte provar que 
deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
Art. 1.014. As questões de fato não 
propostas no juízo inferior poderão ser 
suscitadas na apelação, se a parte provar que 
deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
1. Suscitação, na apelação, de questões de fato não propostas no juízo 
inferior. Como regramento geral do processo civil, o momento próprio para a 
arguição fática é o da fase postulatória ocorrida em primeiro grau, quando as 
partes detêm condições de articulação de fatos em petição inicial ou em 
contestação. Essa limitação procedimental à arguição de fatos (circunscrevendo-
os à fase postulatória, em regra) revela o claro escopo de aderir estabilidade ao 
processamento da ação, na medida em que se torna possível fixar a 
controvérsia, valedizer, estabelecer com ares de definitividade o cenário fático-
jurídico sobre o qual incidirá a atividade do juiz, e também o contraditório entre 
as partes. Ulteriormente à fase postulatória em primeiro grau de jurisdição, 
apenas é dado cogitar-se de alteração do cenário fático do feito nas hipóteses de 
(i) fatos ou direitos supervenientes que sejam modificativos, extintivos ou 
constitutivos do direito em debate, cuja cognição pelo órgão julgador poderá 
dar-se a requerimento da parte ou ex officio, ou (ii) fatos que, ainda que 
preexistentes ao início da demanda, não tenham sido a esta conduzidos por 
razões alheias à vontade da parte (força maior). 
2. Fatos supervenientes e fatos inéditos. Os chamados “fatos 
supervenientes” compõem-se de situações que inexistiam ao tempo do início da 
ação (e que advieram no seu curso); já os chamados “fatos inéditos” são 
preexistentes à ação judicial, apenas não tendo sido a esta carreados por motivo 
de força maior. No que toca à primeira categoria (“fatos supervenientes”), trata-
se de situações fático-jurídicas que devem ser levadas em consideração pelo 
juízo recursal como imperativo da correta prestação jurisdicional, a despeito de 
não constarem anteriormente do processo. O advento de fato ou de direito 
superveniente ao início do processamento da ação e que influa no desfecho 
desta terá de ser levado em conta pelo órgão jurisdicional. A superveniência, no 
caso, permite a alteração da causa de pedir remota, e é admitida precisamente 
por não significar atuação desleal de qualquer litigante. De fato, não nos parece 
adequado “cristalizar-se” a atividade jurisdicional, imunizando-a de qualquer 
modificação a partir da propositura da ação de modo a impedir que sejam 
levados em consideração, como razão de decidir, fatos ulteriores que possam 
interferir decisivamente no julgamento da demanda. Já por “fatos inéditos”, 
temos que são fatos não suscitados no trâmite processual por questões alheias à 
vontade do litigante (força maior), que não pode, por justa causa, manejar em 
seus arrazoados fatos antecedentes ao início da demanda (STJ, RMS 9069, rel. 
Min. Felix Fischer, DJ 16.03.1998). Estes fatos preexistentes são considerados 
fatos novos para o processo, mas não fatos supervenientes. São fatos inéditos 
para a causa, conquanto não sejam supervenientes a esta. A norma do art. 1.014 
do CPC/2015 permite sejam tais fatos levados em consideração como razão de 
decidir desde que seja comprovada a força maior como fator de sua não 
apresentação anteriormente, e isso se justifica pela necessidade de coibição de 
litigância irresponsável, prevenindo-se situações de dolosa surpresa processual. 
3. Instrução probatória. A arguição de fatos supervenientes ou inéditos 
poderá exigir alguma atividade probatória em grau recursal, de modo que tais 
fatos possam ser comprovados, como consta do art. 1.014 do CPC/2015 (“se a 
parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior”). Para que sejam 
tomados como causa decidendi, os fatos supervenientes ou inéditos têm, 
evidentemente, de ser submetidos ao contraditório (Rogerio Licastro Torres de 
Mello. Atuação de ofício em grau recursal. São Paulo: Saraiva, São Paulo, 2010, p. 
275 e ss.).

Outros materiais