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DIREITO ADMINISTRATIVO

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Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos – FAESO
PROGRAMA DE DISCIPLINA – 2017.2º 1	IDENTIFICAÇÃO
Componente Curricular: Direito Administrativo I
Professor:	Christovam Castilho Júnior
(E-mail: castilhojunior.estacio@gmail.com)
Curso:	Direito
Períodos:	8º e 9º Turmas:	A e B Turno:	Noturno
Nº horas/aula semanais:	4 (quatro)
semestrais:	73 (setenta e três)
EMENTA
Noções preliminares de Direito Administrativo;	Princípios Constitucionais da Administração Pública; Poderes Administrativos; Atos Administrativos; e Licitações e Contratos Administrativos.
OBJETIVOS
GERAL
Desenvolver o aprendizado da disciplina trazendo conceitos variados de cada instituto, com o intuito de despertar uma visão dinâmica, crítica, e que o acadêmico possa exercer as atividades jurídicas de forma satisfatória.
ESPECÍFICOS
Proporcionar conhecimentos básicos indispensáveis ao aproveitamento das demais disciplinas, que se valem dos conceitos de Direito Administrativo; e
Compreensão da estrutura da administração pública brasileira à luz da doutrina, jurisprudência e legislação em vigor.
Metodologia de Ensino
Aulas expositivas dialogadas;
Debates;
	Leitura	de
	textos	legais,	doutrinas
	e
	jurisprudências,
	elaborando	análise	crítica
	e
	redação;
	
	
Estudo	de	casos	extraídos	de	processos, periódicos e livros, propondo soluções; e
Atividades complementares orientadas para a
disciplina.
AVALIAÇÃO
AV1 = 10,0 (dez pontos); e
AV2 = 10,0 (dez pontos).
Serão considerados ainda, o comportamento em sala de aula, participação do aluno durante as aulas, assiduidade e frequência.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
AULA 01 - Introdução ao Direito Administrativo
AULA 02 - Órgãos Públicos
AULA 03 - Princípios do Direito Administrativo AULA 04 - Ato Administrativo
AULA 05 - Elementos do ato administrativo
AULA 06 - Existência, validade e eficácia do ato administrativo
AULA 07 - Classificação dos atos administrativos AULA 08 - Desfazimento dos atos administrativos AULA 09 - Poderes e deveres do Estado
AULA 10 - Licitação
AULA 11 - Modalidades licitatórias AULA 12 - Procedimento licitatório
REFERÊNCIAS - BÁSICA
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 30ª ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 26ª ed., São Paulo: Atlas, 2013.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 39ª ed. S. Paulo: Malheiros, 2013.
COMPLEMENTAR
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 26ª edição, São Paulo: Atlas, 2013.
	GASPARINI,
Administrativo.
	Diógenes. 17ª	ed.
	
São
	Direito
Paulo:
	Saraiva, 2012.
	
	
	
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 3ª edição, São Paulo: Saraiva, 2013.
AULA 01 - INTRODUÇÃO	AO DIREITO ADMINISTRATIVO
Administrar – verbo transitivo direto - Gerir (negócios públicos ou particulares), reger com autoridade.
Ramo do Direito Público – rege a organização e o exercício de atividades do Estado voltadas para a satisfação do interesse público.
Desigualdade nas Relações Jurídicas – prevalência do interesse público sobre o particular.
Conceito:
Conjunto de regras e princípios aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, as relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente às relações com os administrados, e à gestão dos bens públicos, tendo em conta a finalidade geral de bem atender ao interesse público. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo)
Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. (Hely Lopes Meirelles)
	Objeto:
	compete-lhe	o	estudo	da
	atividade
	ou
	função
	administrativa	exercida
	direta
	ou
indiretamente, de sua estrutura, de seus bens, de
seu pessoal e de sua finalidade.
Codificação: O Direito Administrativo no Brasil não se encontra codificado. CF, diversas leis esparsas, decretos-leis, medidas provisórias, regulamentos, etc. Ex.; Lei 8.112/90; Lei 8.666/93.
Fontes: Lei (normas constitucionais e infra- constitucionais); jurisprudência – súmula vinculante
– conduta obrigatória também para a Administração Pública; doutrina; princípios gerais de direito; e os costumes.
Relações com outros Ramos do Direito
Direito Constitucional – ex.: art. 37
Direito Tributário – composição da receita pública –
gestora a adm. pública.
Direito Penal – ilícitos cometidos por agentes públicos.
Ex: Peculato - Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Direito Processual – processos administrativos. Direito do Trabalho – empregados públicos celetistas Direito	Civil	e	Comercial	-	negócios	jurídicos	de
interesse da Administração. Ex.: constitui sociedade de economia mista; alienação de bem imóvel; recebe um bem em doação.
03/08 - Regime Jurídico Administrativo
Conjunto de normas de direito público próprias do direito administrativo e que condicionam a vontade da Administração (sujeição) e permite-lhe o exercício de prerrogativas exorbitantes do direito privado.
A expressão “regime jurídico administrativo” consagra a união dos princípios peculiares a essa disciplina, que conservam entre si não apenas união, mas relação de interdependência. Tais princípios são: a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade do interesse público.
Interesse público é classificado em duas categorias:
Primário – interesse da sociedade, da coletividade, de todos. Ex: Não postergar o pagamento de indenização.
Secundário – é o interesse da Administração Pública na condição de pessoa jurídica. Ex: interposição de recurso com finalidade protelatória; aumento excessivo de tributos; e a demora para pagamento de precatórios.
O verdadeiro interesse público é o interesse primário.
O interesse secundário somente pode ser perseguido se for coincidente com o interesse primário.
QUESTÃO-JUIZ SUBSTITUTO/SP/182º - 2009 - A demora
da Administração Pública em cumprir com a obrigação de saldar os débitos líquidos, certos e devidamente requisitados pelo Poder Judiciário por meio de precatório judicial, ainda que sob a ótica doutrinária,
justifica-se pelo poder-dever do Estado de dar atendimento, com primazia, aos interesses públicos primários, por princípio constitucional, indisponíveis, considerando que a rápida e efetiva solução dos precatórios judiciais diz respeito à indenização de caráter privado.
justifica-se à vista do regime jurídico-administrativo que tutela o interesse coletivo, considerando que dar efetivo e rápido cumprimento aos precatórios judiciais implica empobrecimento do erário público em prejuízo da coletividade que não prescinde da prestação de serviços públicos.
justifica-se no fato de a Administração Pública ser dotada do poder discricionário de atender, em primeiro lugar, ao interesse do Estado, considerando que todo interesse do Estado por si só se define como interesse público.
ofende o princípio da supremacia do interesse público primário do Estado, considerando que a demora da solução dos precatórios atende exclusivamente ao interesse secundário do Estado.
A função administrativa é exercida preponderantemente pelo Poder Executivo.
O Art. 2º, CF enunciou o princípio da Tripartição do Poderes nos seguintes termos: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
A principal forma de preservar a independência é atribuir a cada Poder uma função própria (função típica) e exercida predominantemente por um deles, sem interferência externa.
Já a garantia da harmonia é permitir que cada Poder, além de sua tarefa preponderante, exerça também, em caráter excepcional, atividades próprias dos outros dois (função atípica).QUESTÃO - Procurador do
Estado/RN – FCC “Sobre a função administrativa é correto afirmar	que	existe exclusivamente no seio do Poder Executivo, único apto a editar atos administrativos”
Certo ou errado?
Função típica dos Poderes
Poder Legislativo: criação da norma;
Poder Judiciário: solucionar conflitos de interesse, mediante provocação do interessado; e
Poder Executivo: função administrativa, consistente na defesa concreta do interesse público.
Função atípica dos Poderes
São as funções que os Poderes adquiriram depois de um processo de reinterpretação sobre o conceito de 'Separação de Poderes', esse conceito deixou de representar um isolamento entre os Poderes e assim aumentou a interação entre eles, inclusive com a aquisição de diversas funções que anteriormente não eram típicas. Ex: Legislativo, passou a 'julgar' politicamente infrações nas CPI´s; Executivo, Adquiriu um meio de criar leis com as Medidas provisórias; Judiciário, Pode-se considerar que o Judiciário 'legisla' negativamente pelo controle de Constitucionalidade.
Todas as competências da
Administração Pública podem ser desempenhadas	mediante provocação do interessado ou DE OFÍCIO. Ex: instaurar processos administrativos, abrir sindicâncias, apreender mercadorias, fechar estabelecimentos comerciais
Dica: tudo que a Administração faz
pode ser de ofício
QUESTÃO: Sobre a função administrativa é correto assinalar:
Caracteriza-se por prover de maneira imediata e concreta às exigências individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses públicos. É imparcial, concreta e subordinada;
Existe exclusivamente no seio do Poder Executivo, único apto a editar atos administrativos;
O administrador público, no exercício da função administrativa, só deve atuar quando provocado, na medida em que não dispõe da iniciativa para dar à lei contornos concretos;
Tem como pressuposto a satisfação do bem comum. Além de ser exercida pelo Poder Executivo, também está presente em atos do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, podendo, ainda, materializar-se por meio de atos praticados por terceiros autorizados a agir em nome do Estado, como ocorre com os concessionários e permissionários de serviços públicos;
AULA 02 – ÓRGÃOS PÚBLICOS
São, pois, centros de competência, ou unidades de atuação, pertencentes a uma entidade estatal, dotados de atribuições próprios, porém não dotados de personalidade jurídica própria. Dessa forma, a Secretaria de Estado da Saúde (órgão) atua em nome do Estado (pessoa jurídica de direito público).
“Círculos de atribuições, os feixes individuais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade estatal e expressados através de agentes neles providos.” Celso Antônio Bandeira de Mello
Entes despersonalizados que atuam por meio de pessoas físicas que o compõe. Para explicar essa relação do Estado com os seus agentes, a doutrina, com o passar do tempo definiu algumas teorias.
Teoria do Mandato: O agente público é um mandatário da pessoa jurídica. Não é adotada. O Estado não outorga um mandato para seu servidor, pois não tem vontade própria.
Teoria da Representação: O agente representa a pessoa jurídica de direito público, atuando em seu nome. Não é adotada. Ora, o Estado não é um incapaz para ser representado.
Teoria do Órgão: A pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos órgãos, de tal modo que, quando os agentes que os compõem manifestam a sua vontade, é como o próprio Estado o fizesse. É a adotada.
Questão: AGU/2006 – A teoria do órgão, atualmente adotada no sistema jurídico, veio substituir as teorias do mandato e da representação.
Certo ou errado?
Questão: Quando Hely Lopes Meirelles conceitua os órgãos públicos como centros de competência, instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem, fica claro que o autor adota a teoria do órgão.
Certo ou errado?
Órgãos são, assim, meros instrumentos
da atuação estatal, e a relação que mantêm com a entidade estatal é de imputação e não de representação. A atuação do órgão, por seus agentes, é imputada à pessoa jurídica.
Não possuem personalidade jurídica própria, são resultado da desconcentração.
10/08 - ÓRGÃO: unidade de atuação
integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
ENTIDADE: unidade de atuação
dotada de personalidade jurídica;
AUTORIDADE: o servidor ou agente
público dotado de poder de decisão.
Classificação dos Órgãos Públicos
Quanto à posição hierárquica:
Independentes: se originam da previsão constitucional. São os representativos dos 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Não há subordinação; seus agentes são denominados agentes políticos. Ex: Presidência da República, Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados).
Autônomos: subordinados aos independentes e localizados na cúpula da administração, possuem autonomia administrativa e financeira. Ex: Ministérios, Secretarias Estaduais; Advocacia Geral da União, Procuradoria Geral de Justiça.
Superiores: são os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando, subordinando-se a um órgão mais alto. Não gozam de autonomia administrativa nem financeira; liberdade restringida ao planejamento e soluções técnicas, dentro de sua esfera de competência. Ex: Gabinetes, Coordenadorias, Secretarias Gerais, etc.
Subalternos: são todos aqueles que se acham hierarquizados a órgãos mais elevados, com reduzido poder decisório e predominância de atribuições de execução, rotineiras. Ex: Repartições, Seções de Expediente.
Quanto à composição:
Simples: dotados de um único centro de competência. Ex: Posto Fiscal, Agência da SRF, Presidência da República.
Compostos: caracterizados pela união de mais de um órgão. Vários centros de competência (outros órgãos menores na estrutura). A atividade é desconcentrada, do órgão central para os demais órgãos subalternos. Ex: Delegacia da Receita Federal, Secretarias.
Quanto à atuação funcional:
Singulares: são os que atuam e decidem por um único agente. Ex: Presidência da República; Ministérios.
Compostos: são os que atuam e decidem pela expressão da vontade de seus membros. Ex: Tribunais, Congresso Nacional.
Questão – Analista Judiciário TRT/AM – 2012 – FCC
Existem vários critérios de classificação dos órgãos públicos, tais como, “posição hierárquica”, “composição”, “atuação funcional”, dentre outros. No que concerne ao critério “posição hierárquica”, as Casas Legislativas, a Chefia do Executivo e os Tribunais são órgãos públicos:
Autônomos
Superiores
Singulares
Centrais
Independentes
Criação e Extinção do Órgão Público
Tanto a criação como a extinção de órgãos dependem de lei, inclui- se, pois, na relação das denominadas reservas legais (art. 48, XI, CF). A iniciativa é exclusiva do Executivo.
Art.	48.	Cabe	ao	Congresso	Nacional,	com	a
sanção do Presidente da República:
XI	-	criação,	estruturação	e	atribuições	dos
Ministérios e órgãos da administração pública
AULA 03 - PRINCÍPIOS DO DIREITO
ADMINISTRATIVO
SUPRAPRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da supremacia do interesse público
	De	acordo
	com
	o	mencionado	princípio,	os
	interesses
	da
	coletividade	são	mais
	importantes
	que
	os	interesses	individuais,	de
maneira que a lei confere à Administração
Pública poderes especiais, não conferidos aos particulares, para defesa dos interesses do grupo social em detrimento dos interesses individuais.
Importante ressaltar que somente os
chamados interesses públicos primários, que são aqueles que atendem às necessidades do grupo social, é que possuem supremacia sobre o interesse privado. Os interesses públicos secundários (patrimonial do Estado como pessoa jurídica) estão no mesmo nível hierárquico dos interesses dos particulares.
São exemplos de prerrogativas especiais conferidas à Administração Pública:(a) desapropriação; (b) requisição de bens; (c) requisição de serviço; (d) prazos processuais em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar;
(e) direito de rescisão unilateral de contratos administrativos; (f) dever de o particular dar passagem no trânsito para viaturas sinalizando situação de emergência; (g) presunção de legitimidade dos atos administrativos; (h) impenhorabilidade dos bens públicos; (i) imprescritibilidade dos bens públicos; (j) presença de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos; (k) poder de polícia; (l) imperatividade.
Questão: Analista da CGU – ESAF
“Entre os princípios constitucionais do Direito Administrativo, pode-se destacar o de que os interesses públicos e privados são equitativos entre si”.
Certo ou errado?
Questão: Ministério Público/MG - 2008
“O princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular permite a existência das chamadas cláusulas exorbitantes no bojo dos contratos administrativos, em prol da Administração Pública”.
Certo ou errado?
Questão: AGU - CESPE
“A exigibilidade do ato administrativo decorre, também, da posição de supremacia da Administração na relação com os particulares”.
Certo ou errado?
Princípio da indisponibilidade do
interesse público
A Administração Pública não pode abrir mão do interesse público, haja vista que os agentes públicos não são donos dos interesses que defendem. Alexandre Mazza (2011:73) escreve que "no exercício da função administrativa os agentes públicos estão obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade, mas do modo determinado pela legislação“.
Assim, o agente público está obrigado a agir sempre que houver interesse público envolvido, não podendo exercer juízo de valor sobre a necessidade ou não de sua atuação. Além disso, não pode renunciar aos poderes a ele conferidos, tampouco transacionar a respeito de tais poderes.
OBS: a Lei dos Juizados Especiais Federais (Lei nº 11.029/2011) autoriza que a Fazenda Pública realize conciliação e transação sobre os interesses discutidos na demanda. Também é possível a utilização da arbitragem nas concessões de serviço público e nas parcerias público-privadas.
Questão: Auditor da Receita Federal - ESAF
“Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera que o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa autorização legislativa”.
Certo ou errado?
Questão: OAB/SP
“Na relação moderna entre Administração e administrado não mais se admite a ideia da supremacia absoluta do interesse público sobre o privado”.
Certo ou errado?
PRINCÍPIOS	CONSTITUCIONAIS	DO
DIREITO ADMINISTRATIVO
O	rol	de		princípios	constitucionais	do	Direito Administrativo não se esgota no art. 37, caput, da CF. Especialmente	em	provas	do	CESPE,		tem	sido	 exigido	o		conhecimento		de		outros		princípios administrativos expressos na CF/88. São eles: Princípio da Participação (art. 37, §3º, da CF); Princípio	da		Celeridade			Processual		(art.		5º, LXXVIII, da CF);
Princípio do Devido Processo legal (art. 5º, LIV,
da CF);
Princípio do Contraditório (art. 5º, LIV, da CF); e
Princípio da Ampla Defesa (art. 5º, LIV, da CF).
Princípio da legalidade
O princípio da legalidade vincula a atividade da Administração Pública aos ditames da lei. Diferentemente do cidadão comum, que pode fazer tudo o que a lei permite ou o que ela expressamente não proíbe, o administrador público está adstrito aos termos da lei, ou seja, só pode fazer aquilo que a lei expressamente determina.
Questão: Auditor Fiscal do TCU
- ESAF: “Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não veda, pelo princípio da legalidade, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado em lei”.
Certo ou errado?
O princípio da legalidade pode ser dividido em dois
subprincípios:
princípio da primazia da lei: enuncia que os atos administrativos não podem contrariar a lei;
princípio da reserva legal: os atos administrativos só
podem ser praticados mediante expressa autorização legal.
OBS: Bloco de legalidade – a teoria do bloco de legalidade ou teoria da juridicidade tem por base o art. 2º da Lei nº 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo) que define legalidade como atuação conforme a lei e o direito. Assim, cabe ao administrador público respeitar não somente o que está previsto na lei stricto sensu, mas em todos os diplomas normativos que tragam normas de interesse público, por exemplo, decretos, medidas provisórias e tratados internacionais recepcionados.
O princípio da legalidade encontra fundamento em três dispositivos diferentes na CF: art. 37, caput; art. 5º, inc. II; e art. 84, inc. IV.
OBS: exceções ao princípio da legalidade – medida provisória (CF, art. 62), estado de defesa (CF, art. 136) e estado de sítio (CF, art. 137 a 139).
Questão: Analista do TCU –
CESPE: “A existência de atos administrativos discricionários constitui uma exceção ao princípio da legalidade, previsto expressamente na Constituição da República”.
Certo ou errado?
	Critérios de diferenciação
	Legalidade privada
	Legalidade pública
	Destinatário
	Particulares
	Agentes públicos
	Fundamento
	Autonomia da
vontade
	Subordinação
	Significado
	Podem fazer tudo que a lei não proíbe
	Só podem fazer o que a lei autoriza
	Silêncio legislativo
	Equivale a permissão
	Equivale a proibição
	Sentido da norma
específica
	Normas permissivas excepcionaram proibições gerais ou reforçam liberdades
	Normas proibitivas excepcionam permissões gerais ou reforçam vedações
	Norma geral implícita
	Permissiva
	Proibitiva
Princípio da impessoalidade
Alexandre Mazza (2011:82) escreve que o princípio da impessoalidade "estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discriminações e privilégios indevidamente dispensados a particulares no exercício da função administrativa".
Assim, a Administração Pública deve cumprir as finalidades determinadas em lei, sem observar privilégios a quem quer que seja, isto é, todos os administrados devem ser tratados de maneira idêntica, salvo as exceções previstas em lei.
Outro aspecto importante do princípio da impessoalidade é a não atribuição das realizações da administração à pessoa física dos agentes públicos, até mesmo porque os danos causados aos administrados são objetivamente impostos à Administração Pública e não aos agentes.
OBS: vedação da promoção pessoal – CF, art. 37,
§1º - a atuação da Administração Pública, como já dito, deve ser impessoal, não podendo o agente promover-se pessoalmente à custa da coisa pública. O STF, no julgamento do RE 191668/RS, em 2008, entendeu que a inclusão de slogan de partido político em propaganda governamental também fere o princípio da vedação da promoção pessoal.
Questão: Assistente Jurídico
do DF – CESPE: “No princípio da impessoalidade, traduz-se a ideia de que a administração tem que tratar todos os administrados sem discriminações benéficas ou detrimentosas”.
Certo ou errado?
Questão: Defensoria/MG: Utilizando
a interessante metáfora da impessoalidade como “ATUAÇÃO SEM ROSTO”, responda: “O princípio da impessoalidade terá duplo sentido: afasto o rosto do administrador e as influências dos administrados particularmente considerados”.
Certo ou errado?
Questão: Ministério Público do
TCU: “Regras relativas a impedimentos e suspeições são aplicadas a servidores públicos como corolário do princípio da impessoalidade”.
Certo ou errado?
Princípio da moralidade
O princípio da moralidade administrativa exige respeito aos padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração.
A CF fala da moralidade em, pelo menos, três dispositivos: art. 5º, inc. LXXIII; art. 37, caput; e art. 85, inc. V.
OBS: Súmula Vinculante nº 13 – veda o nepotismo nos órgãos da administração pública direta e indireta dequalquer esfera dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Nepotismo (do latim nepotis, sobrinho) é a nomeação de parente para ocupar cargo de confiança. Contrária à moralidade, impessoalidade e eficiência administrativas, a prática do nepotismo foi condenada pela Súmula Vinculante n. 13 do STF.
Súmula Vinculante n. 13 do STF: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendidos o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal”.
Pergunta: No tocante à
nomeação de parentes para cargos em comissão, o que se entende por modalidade cruzada ou transversa?
Pergunta: “Em atenção à necessidade
de se preservar os padrões de moralidade no serviço público, sublinha-se a disciplina aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça, em resolução regulamentadora de dispositivo constitucional, pela qual ficou expressamente vedada a condenável prática do nepotismo”.
Certo ou errado?
A legislação brasileira prevê diversos
instrumentos de proteção da moralidade administrativa, dentre os quais podem ser citados: (a) ação popular – CF, art. 5º, inc. LVIII e Lei nº 4.717/1965); (b) ação civil pública de improbidade administrativa – Lei nº 8.429/1992); (c) controle externo exercido pelos Tribunais de Contas – CF, art. 70; (d) Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) – CF, art. 58, §3º.
Princípio da publicidade
De acordo com o art. 2º, parágrafo único, inc. V, da Lei nº 9.784/1999, é o dever de divulgação oficial dos atos administrativos. Tem por objetivo levar ao conhecimento de todos os administrados os atos praticados pela Administração Pública.
A publicidade traz à tona dois subprincípios: (a) transparência, não devendo os atos administrativos de interesse dos cidadãos serem praticados em sigilo; (b) divulgação oficial, pois o meio de publicação do ato deve atender à determinação da legislação.
OBS: O STF entende que a divulgação do ato administrativo no programa A Voz do Brasil não atende ao princípio da publicidade.
Questão – Delegado Federal/2004 – CESPE “A veiculação do ato praticado pela administração pública na Voz do Brasil, programa de âmbito nacional, dedicado a divulgar fatos e ações ocorridos ou praticados no âmbito dos três poderes da União, é suficiente para ter-se como atendido o princípio da publicidade”.
Certo ou errado?
A publicidade tem como objetivos:
exteriorizar a vontade da Administração	Pública divulgando seu conteúdo para conhecimento público;
tornar exigível o conteúdo do ato;
desencadear	a	produção	de
efeitos do ato administrativo;
permitir	o	controle	de
legalidade do comportamento.
A corrente majoritária da doutrina defende a posição de Hely Lopes Meirelles, sustentando que a publicação é condição de eficácia do
	ato,	de	maneira
	que
	o	ato
	não	publicado
	existe,	mas	não
	está
	apto	a
	produzir	seus
	efeitos.
	
	
	
A corrente minoritária, capitaneada por Celso Antonio Bandeira de Mello, afirma que a publicação é elemento de existência do ato, de maneira que o ato administrativo não publicado não chega sequer a existir no mundo jurídico.
São exceções ao princípio da publicidade
atos que envolvam segurança de Estado (por exemplo, informações militares), segurança da sociedade (por exemplo, informações sobre interior de usina nuclear para evitar atentados terroristas) e intimidade dos envolvidos (por exemplo, processos administrativos disciplinares).
Princípio da eficiência
O princípio da eficiência foi acrescentado ao art. 37, caput, da CF pela EC nº 19/1998, a qual implantou a chamada administração gerencial, voltada para um controle de resultados, em detrimento do sistema burocrático que imperava.
A eficiência encampa os seguintes valores: economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional, e levou à criação de alguns institutos, quais sejam: (i) estágio probatório e avaliação periódica (CF, art. 41), (ii) contrato de gestão das agências executivas (CF, art. 37, §8º), (iii) duração razoável dos processos administrativos (CF, art. 5º, inc. LXXVIII), (iv) parcerias da Administração Pública – parcerias público-privadas (Lei nº 11.079/2004); concessões e permissões de serviço público (Lei nº 9.897/1999) e parcerias firmadas com Oscips (Lei nº 9.790/1999).
Questão: TRT/PB - FCC “O princípio constitucional que impõe à Administração Pública direta e indireta a busca pela qualidade e aperfeiçoamento na prestação de seus serviços, preservando os interesses que representa, e o princípio estabelecendo que todos têm o direito de receber dos órgãos públicos, de regra, informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, dizem respeito, respectivamente, a
impessoalidade e razoabilidade.
presunção de legitimidade e a moralidade administrativa.
eficiência e a publicidade.
publicidade e a proporcionalidade.
imperatividade e a especialidade.
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS
LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE
1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,	proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Princípio da autotutela
A	Administração	Pública	pode	promover	o
controle	de	seus	atos	(Art.	2º,	CF),
	anulando	os	ilegais
	e
	revogando
	os
	inconvenientes,	sem
	a
	necessidade
	de
intervenção do Poder Judiciário. Encontra amparo no art. 53 da Lei nº 9.784/1999 e nas Súmulas nº 356 e nº 473 do STF.
Anulação: envolve problema de legalidade
Revogação: trata de mérito administrativo
Art. 53 da Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.
Súmula nº 356 do STF: “A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”.
Súmula nº 473 do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Questão: Analista Executivo – CESPE “Caso se verifique, durante a realização de um concurso público, a utilização, por candidatos, de métodos fraudulentos para a obtenção das respostas corretas das provas, a administração
	pública	poderá
	anular
	o	concurso
	embasada
	diretamente
	no
	princípio
	da”
segurança jurídica.
autotutela.
transparência.
eficiência.
supremacia do interesse público.
Princípio da obrigatória motivação
Todos os atos praticados pela Administração Pública devem conter a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática deles. Tem previsão no art. 93, inc. X da CF e no art. 50 da Lei nº 9.784/1999.
Trata-se de um mecanismo de controle sobre a legalidade e legitimidade das decisões da Administração Pública.
OBS: a CF só prevê expressamente a motivação
para atos dos Tribunais e do Ministério Público.
OBS: motivação é a justificativa escrita do ato administrativo, enquanto que o motivo é o pressuposto fático que autoriza a prática do ato.
Motivação: Na multa de trânsito, o documento de notificação do infrator contém a motivação do ato.
Art. 167, CTB: Deixar o condutor ou passageirode usar o cinto de segurança.Infração - grave; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até colocação do cinto pelo infrator.
Motivo: a infração é o motivo da multa de trânsito. (Ex: o fato do condutor conduzir o veículo sem cinto de segurança).
Questão: Técnico do TCU –
CESPE “Motivo e motivação dos atos administrativos são conceitos coincidentes e significam a situação de fato e de direito que serve de fundamento para prática do	ato	administrativo”
Certo ou errado?
Alguns atos dispensam motivação: (a) motivação evidente, como nos atos de gesticulação executados por policial na disciplina do trânsito; (b) motivação inviável, na hipótese, por exemplo, de sinais de trânsito emitidos por semáforos; (c) nomeação e exoneração de cargos de provimento comissionado.
MOTIVAÇÃO ALIUNDE ou PER RELATIONEM – o ato
administrativo pode ser motivado posteriormente, por outro ato, contrariando a motivação contextual, quando os fundamentos estão no próprio ato. Um exemplo é a motivação de ato administrativo constante de parecer jurídico. (Art. 50, §1, da Lei nº 9.784/99)
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES – apresentados
os fundamentos fáticos e jurídicos que motivaram a prática do ato, fica o administrador vinculado a eles, de maneira que, se forem nulos, nulificam o próprio ato.
Questão: Agente de inteligência
da	ABIN				–	CESPE		“Não		viola	o		 princípio	da			motivação			dos	atos administrativos	o			ato			da		 autoridade	que,			ao				deliberar acerca	de		recurso		administrativo	, mantém	decisão	com		base		em	 parecer	da				consultoria				jurídica, sem maiores considerações” Certo ou errado?
Exceção - Há controvérsia doutrinária sobre o alcance do dever de motivar em relação aos atos vinculados e aos discricionários.
Alguns autores sustentam que a motivação seria obrigatória somente para atos vinculados. Para outros, a motivação seria necessária apenas nos atos discricionários.
Entretanto, a corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos atos vinculados quanto aos atos discricionários, conforme dispõe o Art. 50, da Lei nº 9784/1999.
Princípio da finalidade
A Administração Pública não pode praticar atos administrativos buscando objetivos diversos daqueles previstos na legislação. É o que prevê o art. 2º, parágrafo único, inc. II da Lei nº 9.784/1999.
DESVIO DE FINALIDADE – desvio de finalidade, desvio de poder ou tresdestinação é defeito que torna nulo o ato administrativo quando praticado, tendo em vista fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (art. 2º, parágrafo único, letra e da Lei nº 4.717/1965).
Pode-se falar em dois sentidos para o princípio da finalidade:
	a)	Finalidade
	geral:	veda
	a	utilização
	de
	prerrogativas
	administrativas
	para	defesa
	de
interesse alheio ao interesse público.
Exemplo:	desapropriar,	para	fins	de
perseguição, imóvel de inimigo político; e
b) Finalidade específica: proíbe a prática de ato administrativo em hipóteses diferentes daquela para a qual foi previsto na lei, violando sua tipicidade legal.
Exemplo:	autorizar	a	realização	de	obra	por
meio de decreto, quando a lei exige licença.
Não se deve confundir:
Constata-se que o gênero “abuso de poder” comporta duas espécies: desvio de poder e excesso de poder.
No desvio de poder (ou de finalidade), o agente competente atua visando interesse alheio ao interesse público;
No excesso de poder, o agente competente exorbita no uso de suas atribuições indo além de sua competência.
AULA 04 – ATOS ADMINISTRATIVOS
NOÇÕES GERAIS
A Administração Pública não pode iniciar qualquer atuação material sem a prévia expedição do ato administrativo que lhe sirva de fundamento, pois ele é a expressão da vontade da administração pública, e é obrigatório no Estado de Direito.
Como a legislação brasileira não conceitua o ato administrativo, coube à doutrina tal mister. Para Celso Antonio Bandeira de Melo, ato administrativo é a "declaração do Estado, ou de quem lhe faça as vezes, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgãos jurisdicionais“.
Hely Lopes Meirelles escreve que ato administrativo é "toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria".
	Para	Maria
	Sylvia	Zanella
	Di
	Pietro,	ato
	administrativo
	é	a	"declaração
	do
	Estado	ou	de
quem o represente, que produz efeitos jurídicos
imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário“.
José dos Santos Carvalho Filho leciona que ato administrativo é "a exteriorização da vontade dos agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público".
Alexandre Mazza resume os conceitos mencionados, escrevendo que ato administrativo é "toda manifestação expedida no exercício da função administrativa, com caráter infralegal, consistente na emissão de comandos complementares à lei, com a finalidade de produzir efeitos jurídicos“.
Questão: Controladoria Geral da União – ESAF “No conceito de ato administrativo, arrolado pelos juristas pátrios, são assinalados diversas características, entre elas:
Provém do Estado ou de quem esteja investido em prerrogativas estatais;
É exercido no uso de prerrogativas públicas,
sob regência do direito público;
Trata-se de declaração jurídica unilateral, mediante manifestação que produz efeitos de direito;
Sujeita-se a exame de legitimidade por órgão jurisdicional, por não apresentar caráter de definitividade.
CERTO OU ERRADO?
manifestação expedida no exercício da função administrativa: o ato administrativo nem sempre é uma manifestação de "vontade", haja vista poder ser praticado por máquinas, por exemplo, sinais de trânsito emitidos por um semáforo. Além disso, importa ressaltar que é ato praticado dentro de função administrativa, de maneira que pode ser expedido por qualquer pessoa encarregada de executar tarefas administrativas, ainda que não ligadas ao Poder Executivo, até mesmo delegatários do poder público.
Questão: TRT/GO “É considerado ato administrativo aquele praticado por entidade de direito privado no exercício de função delegada do Poder Público e em razão dela”. Certo ou errado?
com caráter infralegal: o ato administrativo deve estar, obrigatoriamente e sob pena de nulidade, subordinado à lei.
consistente na emissão de comandos complementares à lei: o ato administrativo só pode tratar de matéria previamente disciplinada em lei, haja vista que o administrador não pode agir contra a lei (contra legem) nem fora da lei (praeter legem).
com finalidade de produzir efeitos jurídicos: assim como os demais atos jurídicos, o ato administrativo é praticado para adquirir, resguardar, modificar, extinguir e declarar direitos.
FATO ADMINISTRATIVO – é a ação concreta destinada a executar o ato administrativo. Segundo José dos Santos Carvalho Filho, é "toda atividade material no exercício da função administrativa, que visa efeitos de ordem prática para a Administração". Podem ser voluntários, quando derivarem de atos administrativos ou de condutas administrativas (por exemplo, apreensão de mercadoria), ou naturais, os quais têm origem em fenômenos da natureza, por exemplo, quando um raio destrói um bem público, morte de um servidor público.
ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
A Administração Pública não pratica somente atos administrativos, mas outros atos jurídicos de natureza diversa. Além disso, nem todos os atos são praticados pela Administração, pois podem ser expedidos por concessionários ou permissionários. São atosda administração:
atos políticos ou de governo: são atos que possuem ampla margem de discricionariedade e têm competência extraída diretamente da CF, por exemplo, declaração de guerra, decreto de intervenção federal, indulto, etc.
atos meramente materiais: consistem na prestação concreta de serviços, faltando-lhe o caráter prescritivo próprio dos atos administrativos, por exemplo, poda de árvore, varrição de rua, cirurgia em hospital público.
	3. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO
	O	silêncio
	da	administração
	pode
	implicar
	aprovação
	ou	rejeição,	desde
	que	tal
	hipótese
	tenha previsão legal. Assim, se a lei estabelecer
que
o
decurso
do
prazo
sem
manifestação
da
administração
pública
implica
aprovação
da
pretensão,
o
silêncio
administrativo
adquire
significado
de
aceitação
tácita
,
sendodesnecessária apresentação de motivação.
O silêncio não é ato administrativo por ausência de exteriorização do comando prescritivo, tratando-se de simples fato administrativo porque o silêncio nada ordena.
Quando a lei estabelece prazo para resposta, o silêncio administrativo após o transcurso do prazo legal caracteriza abuso de poder, ensejando a propositura de mandado de segurança, habeas data, medida cautelar, mandado de injunção ou ação ordinária.
Se a omissão administrativa contrariar enunciado de Súmula Vinculante é possível a propositura de reclamação constitucional ao STF.
4. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os atributos são características especiais que distinguem os atos administrativos dos demais atos jurídicos, com base na supremacia do interesse público. São cinco os atributos: (a) presunção de legitimidade, (b) imperatividade, (c) exigibilidade, (d) autoexecutoriedade, (e) tipicidade.
presunção de legitimidade: o ato administrativo, até prova em contrário, é considerado válido para o direito, sendo um reflexo do princípio da supremacia do interesse público. A presunção de legitimidade é relativa, pois admite prova em contrário. Ocorre, assim, a inversão do ônus da prova, cabendo ao interessado provar a existência de qualquer vício do ato.
A legitimidade envolve a presunção de legalidade, ou seja, que o ato foi praticado em observância às determinações legais; e presunção de veracidade, isto é, o conteúdo motivador do ato administrativo é verdadeiro, podendo ser demonstrado empiricamente pelo administrador.
QUESTÃO: TRT/MT – FCC - “Presunção de legitimidade e presunção de veracidade dos atos administrativos não possuem caráter absoluto”.
Certo ou errado?
QUESTÃO: TRT/SP – FCC - “Presunção de legitimidade não impede o questionamento do ato administrativo perante o Poder Judiciário”.
Certo ou errado?
QUESTÃO: ESAF – “A inversão do
ônus da prova, característica do Direito Administrativo, relaciona-se ao atributo da presunção de legitimidade”.
Certo ou errado?
QUESTÃO: TRT/AM – FCC – “A certidão negativa de tributos imobiliários expedida pela Prefeitura Municipal de Manaus é portadora de fé pública, em decorrência do atributo da presunção de legitimidade”.
Certo ou errado?
Imperatividade ou coercibilidade: o 			ato administrativo possui a característica de criar obrigações	para			os		particulares, independente		da		anuência	destes,		o	que	é chamado de poder extroverso. Enquanto que o particular só pode criar obrigações para ele mesmo,	a		Administração			Pública	pode	criá- las para si mesma e para terceiros. QUESTÃO:	TRT/SP	–		“A imperatividade implica		que			a	imposição		do			ato independe da anuência do administrado” Certo ou errado?
Exigibilidade: consiste no poder conferido à Administração de aplicar punições, no exercício do poder de polícia, aos particulares, independente de ordem judicial. Ex: multas, advertência, interdição de estabelecimento comercial etc.
Autoexecutoriedade: é a prerrogativa da Administração de promover a execução material dos atos administrativos por seus próprios meios, sem a necessidade de medida judicial. Possuem tal atributo somente os atos administrativos com a autoexecutoriedade prevista em lei, como o fechamento de um restaurante pela vigilância sanitária, ou os atos praticados em situações emergenciais, como dispersão pela polícia de atos de vandalismo. (ANOTEM OS EXEMPLOS)
EXIGIBILIDADE
AUTOEXECUTORIEDADE
Aplicação de sanções administrativas
Execução material do ato administrativo
Exemplo: multa de trânsito
Exemplo: guinchamento do
carro
Dispensa ordem judicial
Dispensa ordem judicial
Coerção indireta
Coerção direta
Pune, mas não desfaz a
ilegalidade
Pune e desconstitui a
situação ilegal
Não permite uso da força física
Permite o uso da força física
QUESTÃO: TRT/PB – FCC - “A
Administração Pública, usando meios de coação, apreende mercadorias irregulares ou interdita uma indústria.
	Este	ato	diz
	respeito
	à
	autoexecutoriedade
	do
	ato
	administrativo”.
	
	
	Certo ou	errado?
	
	
Tipicidade: diz respeito à necessidade de respeitar-se a finalidade específica definida na lei para cada espécie de ato administrativo, ou seja, dependendo da finalidade que a Administração pretende alcançar, existe um ato definido em lei. É uma derivação do princípio da legalidade, impedindo a Administração de praticar atos atípicos ou inominados.
Anotem: A tipicidade proíbe, por exemplo, que a regulamentação de dispositivo legal seja promovida utilizando-se uma portaria, já que tal tarefa cabe legalmente a outra categoria de
ato administrativo, o decreto.
	Atributo
	Síntese
	Abrangência
	Dica especial
	Presunção	de legitimidade
	O ato é válido até prova em contrário
	Todos os atos administrativos + atos	da
administração
	Presunção relativa que inverte o ônus da prova
	Imperatividade
	O	ato	cria	 unilateralmente obrigações	ao particular
	Maioria	dos	atos
administrativos
	Deriva	do	poder
extroverso
	Exigibilidade
	Aplicação	das sanções administrativas
	Maioria	dos	atos
administrativos
	Pune,	mas	não
desfaz a ilegalidade
	Autoexecutorie dade
	Execução material que desconstitui a ilegalidade
	Maioria	dos	atos administrativos
	Só	quando	a		lei prevê	ou		em
situações	de emergência
	Tipicidade
	Respeito	às
finalidades específicas
	Todos	os	atos
administrativos
	Proíbe atos atípicos
ou inominados
AULA 05 – ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
COMPETÊNCIA
José dos Santos Carvalho Filho define competência como “o círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes exercer legitimamente sua atividade. Na verdade poder-se-ia qualificar esse tipo de competência como administrativa, para colocá-la em plano diverso das competências legislativa e jurisdicional”.
O agente público, para praticar o ato administrativo, deve possuir, além de capacidade, autorização legal para tanto, haja vista que a lei é a fonte natural da competência. Cabe ressaltar que, em alguns casos, a competência do agente deriva da própria CF, como é o caso dos agentes de elevada hierarquia.
A competência administrativa tem duas
características próprias:
inderrogabilidade, pois o agente que recebe a competência do texto normativo não pode repassá-la a outro agente; e
improrrogabilidade, tendo em vista que um órgão que não possui uma competência só passará a possuí-la por expressa disposição legal, e não por vontade do agente.
A competência é um elemento
VINCULADO e não discricionário.
DELEGAÇÃO – A competência de um agente só poderá ser delegada a outro se houver expressa disposição legal autorizando a delegação, por exemplo, o art. 84 da CF que autoriza que o Presidente da República delegue funções aos Ministros de Estado. O Decreto-Lei nº 200/1967 exige, porém, que o ato de delegação indique “com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de delegação”.
AVOCAÇÃO – É fenômeno inverso à delegação, pois, neste caso, a autoridade delegante atrai para si a decisão a respeito do objeto da delegação, por exemplo, a possibilidade de avocaçãode processos disciplinares pelo CNJ (CF, art. 103-B, §4º, inc. III).
QUESTÃO – TCU/CESPE – “O
ato administrativo não surge espontaneamente e por conta própria. Ele precisa de um executor, o agente público competente, que recebe da lei o devido dever-poder para o desempenho de suas funções”.
Certo ou errado?
OBJETO
É o conteúdo do ato administrativo, o objetivo imediato da vontade exteriorizada pelo ato. Segundo José dos Santos Carvalho Filho é “a alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar”.
O objeto do ato administrativo pode consistir na aquisição, no resguardo, na transferência, na modificação, na extinção ou na declaração de direitos, conforme o fim a que a vontade se preordenar.
O objeto do ato administrativo deve ser lícito, possível, determinado ou, ao menos, determinável, conforme explicita o art. 104 do CC. Além disso, o objeto do ato administrativo pode ser vinculado ou discricionário.
O objeto do ato será vinculado quando o agente emissor do ato tiver que se ater exatamente aos contornos já estabelecidos pela legislação. Pode- se citar como exemplo a concessão de licença para exercício de determinada profissão: se o requerente preenche os requisitos exigidos pela lei, cabe apenas ao administrador emitir a autorização.
Será discricionário, contudo, quando a lei permitir ao agente emitir juízo de valor a respeito do conteúdo do ato, principalmente no que se refere a questões de conveniência e oportunidade. Exemplo: requerimento de instalação de casa de espetáculos em determinada área do município, pedido este que pode ser deferido pelo administrador, mas com restrição de horários, ou indeferido, se ele entender que o local pretendido para instalação não comporta o empreendimento.
QUESTÃO – TRT/GO – “Sendo
um dos requisitos do ato administrativo, o objeto consiste na criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas e atividades sujeitas à ação do Poder Público”.
Certo ou errado?
FORMA
A forma é o meio de exteriorização do ato administrativo, integrando a própria formação do ato. É requisito vinculado, pois o ato deve ser externado da maneira determinada pela lei.
Em regra, os atos administrativos seguem a forma escrita, mas, excepcionalmente, admitem- se atos gestuais, verbais ou expedidos visualmente por máquinas (semáforos, por exemplo), especialmente em casos de urgência e transitoriedade da manifestação. É o que prescreve a Lei nº 9.784/1999, no art. 22.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro escreve que "tanto a inobservância da forma como do procedimento produzem o mesmo resultado, ou seja, a ilicitude do ato. Por exemplo, se a lei exige a forma escrita e o ato é praticado verbalmente, ele será nulo; se a lei exige processo disciplinar para demissão de funcionário, a falta ou vício naquele procedimento invalida a demissão, ainda que esta estivesse correta, quando isoladamente considerada".
Para Alexandre Mazza e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o vício de forma causa a invalidade do ato; para José dos Santos Carvalho Filho é causa de inexistência do ato.
QUESTÃO – OAB/MT –
“A forma é o revestimento substancial do ato administrativo,	que predominantemente se revela por escrito”.
Certo ou errado?
FINALIDADE
Conforme lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, finalidade é "o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato. Enquanto o objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz (aquisição, transformação ou extinção de direitos), a finalidade é o efeito mediato".
Importante ressaltar que se o ato for praticado em defesa de interesse alheio ao interesse público, o ato será nulo, por ocorrência de desvio de finalidade.
É elemento VINCULADO.
QUESTÃO – TRT/SP – “O
juízo de conveniência e oportunidade, presente no ato discricionário, compreende o mérito do ato administrativo, requisito ligado à finalidade do ato administrativo”.
Certo ou errado?
MOTIVO
Refere-se à situação de fato e ao fundamento jurídico que autorizam a prática do ato administrativo. Para fins de direito administrativo, situação de fato corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato. Já fundamento jurídico corresponde ao embasamento legal do ato administrativo.
Não se confundem as expressões motivo e motivação, pois esta é a exposição dos motivos, ou seja, é a explicação por escrito das razões que levaram à prática do ato.
QUESTÃO – TRT/PB – “Alegando falta
de verbas públicas, o Prefeito de uma cidade litorânea exonerou, ad nutum, determinado servidor. No dia seguinte, sem qualquer modificação na situação financeira do Município, nomeou outro funcionário para a mesma vaga. Em virtude desse fato, o ato de exoneração será nulo por causa da inobservância do requisito do ato administrativo denominado motivo”.
Certo ou errado?
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ressalta que "relacionada com o motivo, há a teoria dos motivos determinantes, em consonância com a qual a validade do ato se vincula aos motivos indicados como seu fundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam sua nulidade. Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ele só será válido se os motivos forem verdadeiros".
ELEMENTOS VINCULADOS – COMPETÊNCIA, FORMA E FINALIDADE
ELEMENTOS DISCRICIONÁRIOS – OBJETO E MOTIVO
QUESTÃO – Procurador
Federal – CESPE – “O exame do ato administrativo revela a existência de requisitos necessários à sua formação, que podem ser assim discriminados: competência, finalidade, forma, motivo e objeto”.
Certo ou errado?
AULA	06	–	EXISTÊNCIA,	VALIDADE	E EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO
NOÇÕES GERAIS
O ato administrativo, assim como os demais atos jurídicos, está sujeito a três planos lógicos distintos: existência, validade e eficácia.
O ato existente ou perfeito é aquele que cumpriu seu ciclo de formação. A validade do ato envolve a conformidade com os requisitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico para a correta prática do ato administrativo. Já o plano da eficácia está relacionado com a aptidão do ato para produzir efeitos jurídicos.
QUESTÃO – Procurador do
Estado/PB – ESAF – “Ato perfeito é aquele que teve seu ciclo de formação encerrado, por ter esgotado todas as fases necessárias à sua produção”.
Certo ou errado?
EXISTÊNCIA OU PERFEIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
Primeiramente há que se ressaltar que a existência tratada neste ponto é a jurídica, não se confundindo, portanto, com a existência fática do ato, pois, ainda que o ato praticado não possa ser considerado como existente para o ordenamento jurídico, ele, de fato, existiu, por exemplo, quando um cidadão finge ser juiz e realiza uma audiência (Alexandre Mazza).
Segundo Celso Antonio Bandeira de Mello, o ato administrativo apresenta elementos de existência e pressupostos de existência. São elementos de existência o conteúdo e a forma, e pressupostos o objeto e a referibilidade à função pública.
QUESTÃO – Magistratura/SE
CESPE – “Caso o Presidente da República nomeie ministro do STF sem a aprovação do Senado Federal, o ato administrativo pertinente será considerado existente, mas inválido”.
Certo ou errado?
Ato administrativo sem conteúdo é aquele que não possui o núcleo da conduta que se deseja obter a partir da expedição do ato, ou porque ignorado pelo agente público, ou porque contraditório.
Como exemplos podemos citar a folha de um talão de multas não preenchida e uma ordem expedida pelo chefe da repartição permitindo e, ao mesmo tempo, proibindo determinado comportamento. Trata-se, portanto, de ato inexistente por ausência de conteúdo.
São ainda inexistentes os atos administrativos que proíbem o inevitável ou exigem o impossível, por exemplo, decreto proibindo a morte, portaria proibindo a chuva, edital de concurso que exige domínio de idioma extinto.
Quanto ao elemento forma, é precisodizer que o ato só existe quando exteriorizado seu conteúdo, ou seja, se seu conteúdo for divulgado pelo agente público. Alexandre Mazza cita como exemplo o texto de ato administrativo esquecido na gaveta.
Objeto do ato administrativo é o bem ou pessoa a que o ato faz referência. Se o objeto desaparece ou sequer existe o ato administrativo é tido por inexistente. Exemplos: promoção de servidor falecido; alvará autorizando a reforma de prédio em terreno baldio.
Por fim, a referibilidade à função administrativa afirma ser necessário que o ato administrativo tenha sido praticado no exercício da função administrativa. Assim, não existem juridicamente os atos praticados por usurpador de função pública, ou por quem não tenha competência para prática do ato.
VALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO
A validade é a verificação da conformidade do ato administrativo com os requisitos fixados no ordenamento para sua correta produção. Segundo a doutrina majoritária, capitaneada pela visão de Hely Lopes Meirelles, o ato administrativo possui cinco requisitos de validade: competência, objeto, forma, motivo e finalidade.
Celso Antonio Bandeira de Mello, encabeçando a corrente minoritária, elenca os seguintes elementos de validade: sujeito, motivo, requisitos procedimentais, finalidade, causa e formalização.
EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO
O plano da eficácia analisa a aptidão do ato administrativo para produzir efeitos jurídicos. O destino natural do ato administrativo é ser praticado com a finalidade de criar, declarar, modificar, preservar e extinguir direitos e obrigações.
Segundo Alexandre Mazza, algumas circunstâncias podem interferir na irradiação de efeitos do ato administrativo: (a) existência de vício; (b) condição suspensiva (por exemplo, alvará concedido a taxista com a condição de que apresente o veículo para regularização dentro de 15 dias); (c) condição resolutiva (por exemplo, permissão para instalação de banca de jornal em parque público outorgada até que seja construída loja de revistas no local); (d) termo inicial (por exemplo, licença autorizando construção de prédio residencial só a partir de 30 dias de sua outorga); (e) termo final (habilitação para conduzir veículo concedida pelo prazo de 5 anos).
Os efeitos do ato administrativo dividem-se em três categorias: (a) efeitos típicos: são aqueles próprios do ato, por exemplo, a homologação da autoridade superior tem o efeito típico de aprovar o ato administrativo desencadeando sua exequibilidade;
(b) efeitos atípicos ou prodrômicos: são efeitos preliminares ou iniciais distintos da eficácia principal do ato, por exemplo, a expedição de decreto expropriatório autoriza o Poder Público a ingressar no bem para fazer medições; (c) efeitos atípicos reflexos: são aqueles que atingem terceiros estranhos à relação jurídica principal, por exemplo, com a desapropriação de um imóvel extingue-se a hipoteca que garantia crédito de instituição financeira.
MÉRITO ADMINISTRATIVO
O mérito administrativo é a margem de liberdade que os atos discricionários recebem da lei para permitir aos agentes públicos escolher, diante da situação concreta, qual a melhor maneira de atender ao interesse público.
Trata-se de juízo de conveniência e oportunidade que constitui o núcleo de formação típica do Poder Executivo, razão pela qual é vedado ao Poder Judiciário controlar o mérito do ato administrativo.
Segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto (apud Alexandre Mazza), o juízo de oportunidade diz respeito ao momento e ao motivo ensejadores da prática do ato. Já o juízo de conveniência relaciona-se diretamente com a escolha do conteúdo e a intensidade dos efeitos do ato jurídico praticado pela Administração.
QUESTÃO – TRT/SP – CESPE –
“O juízo de conveniência e oportunidade, presente no ato discricionário, compreende o mérito administrativo, mas não afasta a necessidade de submissão do agente público ao princípio da legalidade e ao atendimento do interesse público”. Certo ou errado?
QUESTÃO 15 – ENADE/2012 - Em outra
oportunidade, com a intenção de conceituar o termo “necessidade temporária”, empregado pelo art. 37, inciso IX, da Constituição da República, anotei: É temporário aquilo que tem duração prevista no tempo, o que não tende à duração ou à permanência no tempo. A transitoriedade põe-se como uma condição que indica ser passageira a situação, pelo que o desempenho da função, pelo menos pelo contratado, tem o condão de ser precário. A necessidade que impõe o comportamento há de ser temporária, segundo os termos constitucionalmente traçados. Pode-se dar que a necessidade do desempenho não seja temporária, que ela até tenha de ser permanente.
Mas a necessidade, por ser contínua e até mesmo ser objeto de uma resposta administrativa contida ou expressa num cargo que se encontre, eventualmente, desprovido, é que torna aplicável a hipótese constitucionalmente manifestada pela expressão “necessidade temporária”. Quer-se, então, dizer que a necessidade das funções é contínua, mas aquela que determina a forma especial de designação de alguém para desempenhá-las sem o concurso e mediante contratação é temporária. Assim, poderia haver a contratação para atender a necessidades temporárias de uma atividade que pode, ou não, ser permanente e própria do órgão da Administração Pública. O que deve ser temporária é a necessidade, e não a atividade. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n.º 3.386/DF. Rel. Min. Cármen Lúcia. Julgamento em: 14/04/2011, publicada no DJe n.º 162, de 24/08/2011. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2012.
A necessidade temporária de
contratação pela Administração Pública, objeto de análise no voto acima	transcrito,	encontra fundamento constitucional no princípio da:
legalidade.
impessoalidade.
moralidade.
publicidade.
eficiência.
AULA 07 – CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
ATOS DISCRICIONÁRIOS E ATOS VINCULADOS
Tal classificação baseia-se no grau de liberdade dado ao administrador para a prática do ato administrativo, dividindo-os em atos vinculados e discricionários.
Atos vinculados são aqueles que não atribuem ao administrador qualquer margem de liberdade de atuação, estando todos os aspectos da conduta previstos na lei autorizadora da criação do ato administrativo. Exemplos: aposentadoria compulsória de servidor público aos 70 anos de idade; licença para construir.
Os atos vinculados não podem ser revogados por não possuírem mérito administrativo, ou seja, não serem formados a partir de juízo de conveniência e oportunidade exarado pelo administrador quando da prática do ato. Pode, no entanto, ser anulados por ilegalidade.
Já os atos discricionários são praticados pelo administrador com margem de liberdade concedida pela lei autorizadora da criação do ato, a fim de que o agente público possa adequar, da melhor maneira, o caso concreto ao interesse público. Exemplos: decreto expropriatório, autorização para instalação de circo em área pública, outorga de permissão de banca de jornal.
Os atos discricionários caracterizam-se pela existência de juízo de conveniência e oportunidade no motivo ou no objeto, conhecido como mérito. Desta forma, os atos discricionários podem ser revogados por razões de interesse público, e anulados, quando forem ilegais.
O controle de legalidade do ato discricionário feito pelo Poder Judiciário é amplo, sendo vedado ao juiz apenas revisar o mérito administrativo, haja vista que as questões de conveniência e oportunidade são atribuídas exclusivamente ao administrador.
QUESTÃO – TRT/SP – CESPE –
“No ato vinculado a lei estabelece quase todos os requisitos e condições de sua realização, deixando pouca margem de liberdade ao administrador”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – ESAF – “Quanto à
discricionariedade e à vinculação da atuação administrativa, pode-se afirmar corretamente que a discricionariedade presente num ato administrativo nunca é total, pois, em geral, ao menos a competência, a forma e a finalidade sãoelementos definidos em lei e, portanto, vinculados”.
Certo ou errado?
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (CONTINUAÇÃO)
ATOS SIMPLES, COMPOSTOS E COMPLEXOS Atos	administrativos	simples	são		aqueles	que surgem	da	manifestação	de		um	único	órgão	, podendo	ser		singular	ou		colegiado.	Exemplos: decisão do conselho de contribuintes, declaração da comissão parlamentar de inquérito.
Atos administrativos compostos são os praticados por um único órgão, mas que dependem da anuência ou homologação de outro como condição de exequibilidade, sendo a manifestação do segundo órgão secundária ou complementar. Exemplos: ato lavrado por fiscal e aprovado pela chefia e ato de autorização sujeito a ato confirmatório.
No ato composto, a existência, a validade e a eficácia dependem da manifestação do primeiro órgão (ato principal), mas a execução fica pendente até a manifestação do outro órgão (ato secundário).
“Atos administrativos complexos são formados pela conjugação de vontades de mais de um órgão ou agente. A manifestação de vontade do último órgão ou agente é elemento de existência do ato complexo. Somente após ela, o ato torna-se perfeito, ingressando no mundo jurídico. Com a integração da vontade do último órgão ou agente, é que o ato passa a ser atacável pela via judicial ou administrativa” (Alexandre Mazza).
Exemplos:
Investidura de funcionário, pois a nomeação é feita pelo Chefe do Executivo e complementada pela posse dada pelo chefe da repartição (Hely Lopes Meirelles);
Nomeação, procedida por autoridade de um órgão, que deve recair sobre pessoa cujo nome consta da lista tríplice elaborada por outro órgão (Celso Antônio Bandeira de Mello).
QUESTÃO – Analista Judiciário –
TRT/PB “Atos compostos são os que se resultam da manifestação de dois ou mais órgãos, cujas vontades se fundem para formar um ato único”.
Certo ou errado?
QUESTÃO	–	OAB/SP	-	CESPE
“Caracteriza	ato	complexo	a
aprovação de tratado internacional”.
Certo ou	errado?
Vide o Art. 84, VIII, CF e Art. 49, I,
CF
	
	SIMPLES
	COMPOSTO
	COMPLEXO
	Mecanismo de formação
	Manifestação de um único órgão
	Praticado por um órgão, mas sujeito à aprovação de outro
	Conjugação de vontades de mais de um órgão ou agente
	Exemplo importante
	Decisão do conselho de contribuintes
	Auto de infração que depende do visto de autoridade superior
	Investidura de funcionário
	Dica
especial
	A vontade do único órgão torna o ato existente, válido e eficaz
	A vontade do segundo órgão é condição de exequibilidade do ato
	A vontade do último órgão ou agente é elemento de existência do ato
	O que
guardar
	Mesmo se o órgão for colegiado, o ato é simples
	Apareceu na prova “condição de exequibilidade”, o ato é composto
	No ato complexo, todas as vontades se fundem na prática de ato uno
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
Atos concretos: aplica-se a um caso específico, esgotando-se após a primeira aplicação, por exemplo, ordem de demolição de um imóvel com risco de desabamento.
Atos abstratos ou normativos: aqueles que se aplicam a uma quantidade indeterminada de situações concretas, não se esgotando após a primeira aplicação, possuindo sempre aplicação continuada. Exemplo: regulamento do IPI.
Atos de império: praticados pela Administração em posição de superioridade diante do particular, por exemplo, desapropriação, multa, interdição de atividade.
Atos de expediente: dão andamento a processos administrativos. São atos de rotina interna praticados por agentes subalternos sem competência decisória, por exemplo, numeração dos autos do processo.
Atos constitutivos: criam novas situações jurídicas, por exemplo, admissão de aluno em escola pública.
Atos extintivos ou desconstitutivos: extinguem situações jurídicas, por exemplo, demissão de servidor.
Atos declaratórios ou enunciativos: visam preservar direitos e afirmar situações preexistentes, por exemplo, certidão e atestado.
AULA 08 – DESFAZIMENTO DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS
REVOGAÇÃO
A revogação ocorre quando o administrador verifica que o ato administrativo tornou-se inconveniente ou inoportuno, conforme prevê o art. 53 da Lei nº 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo Federal), bem como a Súmula nº 473 do STF.
SÚMULA 473 DO STF: A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL.
De forma geral, será o próprio agente que praticou o ato, ou seu superior hierárquico, quem poderá revogar o ato, devendo fazê-lo sempre motivadamente (art. 50, inc. VIII da Lei nº 9.784/1999).
Cabe ressaltar também que o Poder Judiciário não pode revogar atos administrativos, tendo em vista não ter competência para revisar o mérito administrativo.
	Alexandre
	Santos	de
	Aragão
	ressalta	que	o
	poder	de
	revogação
	do	ato
	administrativo
encontra alguns limites, quais sejam:
não podem ser revogados os atos administrativos vinculados, tendo em vista que todos os seus elementos decorrem da lei, não havendo espaço para análise de conveniência e oportunidade;
os direitos adquiridos devem ser respeitados, conforme rezam o art. 53 da Lei nº 9.784/1999 e a Súmula nº 473 do STF;
se o ato administrativo já se consumou, ou seja, já produziu todos os seus efeitos em relação à Administração e aos terceiros, não é passível de revogação, pois, em tese, estaria sendo extinto pela segunda vez;
a ocorrência da “coisa julgada administrativa”, que é o vencimento do prazo previsto em lei para que a administração possa invalidar seus próprios atos, o qual é de 5 anos, como prevê o art. 54 da Lei nº 9.784/1999);
a circunstância que leva a Administração a revogar o ato administrativo deve ser superveniente à publicação do mencionado ato, isto é, o ato não pode ser revogado simplesmente por uma reavaliação dos fatos que justificaram a edição dele;
a revogação deve ser feita por regular processo administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa a todos os que puderem ter afetadas suas expectativas.
QUESTÃO – Analista Judiciário –
TRT/Campinas “A revogação do ato administrativo no âmbito da Administração não pode ser feita por quem o praticou”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – TRT/AL - “No
Município X, determinado terreno é objeto de um decreto declarando-o de utilidade pública, para fins de desapropriação, para a construção de uma escola. Entretanto, por não ser mais conveniente e oportuna essa construção, cabe ao Prefeito editar decreto de revogação”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – Prof. Os
efeitos da revogação do ato administrativo são ex tunc ou ex nunc”.
Resposta:
ANULAÇÃO
Segundo Alexandre Santos de Aragão é “a extinção do ato administrativo por ser contrário ao direito, que pode ser feita tanto pela própria Administração Pública, de ofício ou por provocação, como pelo Poder Judiciário quando provocado”.
O art. 53 da Lei nº 9.784/1999 diz que “a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade”, mesma redação trazida pela Súmula nº 473 do STF, do que se entende ser dever da Administração invalidar os atos administrativos inquinados de vícios que os tornem ilegais.
De acordo com o art. 54 da Lei nº 9.784/1999, a Administração tem o prazo de 5 anos para promover a anulação dos atos tidos como ilegais; passado tal prazo, ocorreria aquilo que a doutrina chama de “fato sanatório da nulidade do ato administrativo” (Diogo de Figueiredo Moreira Neto, apud Alexandre Santos de Aragão).
É a posição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho, os quais aplicam ao caso a regra da prescrição quinquenal das ações contra a Fazenda Pública, prevista no art. 1º do Decreto nº 20.910/1932.
Parte da doutrina, no entanto, entende que não haveria prazo para intentar a anulação dos atos administrativos em virtude do princípio dalegalidade, uma vez que não existe previsão expressa e específica nesse sentido. Outros autores defendem a aplicação do maior prazo prescricional previsto no ordenamento jurídico brasileiro, que é de 10 anos (CC, art. 205).
Outra discussão relevante diz respeito aos efeitos da anulação do ato administrativo. A doutrina clássica, seguindo as orientações de Hely Lopes Meirelles, defende efeitos ex tunc, pois os atos praticados com violação a normas de ordem pública são eivados de nulidade absoluta, alcançando, inclusive, os efeitos já produzidos pelo ato.
A moderna doutrina, no entanto, defende a “modulação temporal dos efeitos da declaração de nulidade”, ou seja, a possibilidade de se reconhecer unicamente efeitos ex nunc à anulação do ato administrativo, em respeito aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica das relações. Assim, não seria caso de nulidade do ato, mas de mera anulabilidade.
Para Alexandre Santos de Aragão, “trata-se de ponderação entre a necessidade de cumprimento dos preceitos legais e o princípio da segurança jurídica, que também tem sede constitucional (legalidade ampla), que, à vista do caso concreto, pode levar a uma conclusão pela manutenção de efeitos pretéritos de um ato ao final reconhecidamente ilegal”.
QUESTÃO – Procurador do INSS -
CESPE – “Para as partes envolvidas, os efeitos da anulação de um ato administrativo retroagem à data da prática do ato ilegal. Apesar da anulação, porém, admite-se a produção de efeitos válidos em relação a terceiro de boa-fé, podendo o ato anulado ensejar, por exemplo, uma ação de reparação de dano”.
Certo ou errado?
	
	ANULAÇÃO
	REVOGAÇÃO
	MOTIVO
	ILEGALIDADE
	CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE (INTERESSE PÚBLICO)
	COMPETÊNCIA
	ADMINISTRAÇÃO E PODER JUDICIÁRIO
	SOMENTE A ADMINISTRAÇÃO
	EFEITOS
	RETROATIVOS (EX
TUNC)
	NÃO RETROATIVOS (EX
NUNC)
	ATO QUE REALIZA
	ATO ANULATÓRIO
	ATO REVOCATÓRIO
	NATUREZA
	DECISÃO VINCULADA
	DECISÃO DISCRICIONÁRIA
	ALCANCE
	ATOS VINCULADOS E ATOS DISCRICINÁRIOS
	ATOS DISCRICIONÁRIOS PERFEITOS E EFICAZES
	PRAZO
	5 ANOS
	5 ANOS
CONVALIDAÇÃO – Lei nº 9.784/1999, art. 55
se o ato administrativo possui vícios sanáveis (defeitos leves), a administração pode convalidá-los, ou seja, praticá-los novamente sem o vício anteriormente constatado, dando validade aos efeitos já decorridos, desde que tal decisão não cause prejuízo à Administração ou a terceiros.
Art. 55: “Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”.
Ao afirmar que os atos com defeitos sanáveis “poderão ser convalidados”, a Lei do Processo Administrativo abertamente tratou da convalidação como faculdade, uma decisão discricionária. A solução é absurda porque traz como consequência aceitar a anulação do ato também uma opção discricionária. Se a convalidação é escolha discricionária, então o outro caminho possível diante do ato viciado (anulação) igualmente seria escolha discricionária. Mas isso contraria frontalmente a natureza jurídica da anulação. É por isso que a doutrina considera a convalidação como um dever, uma decisão vinculada.
QUESTÃO – ANALISTA
FINANCEIRO – ESAF – “Os
efeitos da convalidação retroagem à data da prática do ato convalidado”.
Certo ou errado?
Portanto, a convalidação tem
efeitos ex tunc ou ex nunc ?
São passíveis de convalidação os atos
com defeito na competência ou na forma. Defeitos no objeto, motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato.
QUESTÃO – ANALISTA FINANCEIRO –
ESAF – “A convalidação de ato viciado quanto à forma é possível, desde que esta não seja essencial à validade do ato”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – OAB/MS –
“Convalidação é o processo de que se vale a Administração para	aproveitar	atos administrativos com vícios insuperáveis, de forma a confirmá-los, no todo ou em parte”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – Analista Financeiro – ESAF Tratando-se de convalidação do ato administrativo é incorreto afirmar que:
O ato de convalidação classifica-se como ato discricionário.
Os efeitos da convalidação retroagem à data
da prática do ato convalidado.
É factível a convalidação quando se tratar de vício quanto ao motivo.
Não se admite convalidação quando o ato está viciado por incompetência em razão da matéria.
A	convalidação	de	ato	viciado	quanto	à
forma	é	possível,	desde	que	não	seja essencial à validade do ato.
CASSAÇÃO
É a modalidade punitiva de extinção do ato administrativo, que ocorre quando o particular por ele beneficiado descumpre um dos requisitos que condicionaram a expedição do ato. Assim, o desfazimento de licença para construir por inobservância do projeto submetido pelo particular e aprovado pela Administração Pública é exemplo de cassação do ato administrativo.
QUESTÃO
O descumprimento de obrigação fixada no ato por seu	destinatário	ou beneficiário, acarretará:
A cassação do ato.
O decaimento do ato.
A revogação do ato.
A anulação do ato.
DECAIMENTO ou CADUCIDADE
Trata-se da extinção do ato administrativo em razão da sua ilegalidade superveniente, ou seja, quando lei posterior retira do ato administrativo seu suporte fático ou seu suporte normativo. Por exemplo, o art. 6º da Lei nº 9.437/1997 dava amplo poder discricionário à Administração Pública para conceder e manter autorizações para porte de arma. Hoje, com o art. 6º da Lei nº 10.826/2003, o porte de arma é, como regra, vedado, salvo para as categorias de pessoas nele enumeradas.
QUESTÃO - OAB/SP - O instituto da
caducidade ou decaimento ocorre em relação a um ato administrativo:
Pela ocorrência de vício na sua formação.
Pela implementação dos efeitos jurídicos do ato.
Pelo advento de invalidade superveniente
à expedição do ato.
Por razões de conveniência e oportunidade.
Exemplo: O comércio em determinada rua pode tornar-se proibido em razão da caducidade da permissão advinda com a vigência de nova lei de zoneamento.
AULA 09 – PODERES REGULAMENTAR
E DE POLÍCIA
PODER REGULAMENTAR
O poder regulamentar, atribuído ao Chefe do Executivo, surge da necessidade de complementação do conteúdo ou de sentido de normas emanadas da atividade legislativa. Normalmente assumem a forma de decretos, que podem ser de execução ou regulamentares, com o objetivo de pormenorizar determinado dispositivo de uma lei administrativa, sem, contudo, alterá-la.
A competência para expedir atos regulamentares, como já dito, é do Chefe do Poder executivo, conforme determina a CF, no art. 84, inc. IV, no que se refere ao Presidente da República, bem como o art. 47, inc. III da CESP.
Os decretos possuem natureza infralegal, estando diretamente subordinados à lei, não podendo promover alterações, tampouco dizer o que a lei não disse. A única função dos decretos regulamentares ou de execução é complementar o sentido do texto legislativo, permitindo sua "fiel execução", ou seja, possibilitando que a norma possa ser aplicada em sua integralidade.
DECRETOS AUTÔNOMOS – ao
contrário dos decretos regulamentares, que possuem fundamento na lei, os decretos autônomos buscam seu fundamento na própria Constituição. É chamado de autônomo porque não regulamenta texto de lei, mas da Constituição, tratando-se, portanto, de ato normativo primário, pois cria direitos e obrigações não previstos em lei.
QUESTÃO – Magistratura/GO
– “O poder regulamentar é a faculdade de que dispõe a Administração Pública de normatizar matéria ainda não regulamentada em lei”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – Magistratura/SP –
“Dependendo a lei de regulamentação para sua entrada em vigor, tal regulamentação é da competência do Poder Executivo”.
Certo ou errado?
QUESTÃO – Ministério Público
Federal – “O poder regulamentar da Administração somente pode ser exercido em relação às leis que expressamente recomendem a	necessidade	de regulamentação,

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