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Ensaio Literatura Brasileira

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ENSAIO 
O COMPORTAMENTO SOCIAL NAS ENTRELINHAS MACHADIANAS
A temática da moral na sociedade
Gisele Regina Furtado¹
¹Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão. Departamento de Língua e Literatura Vernáculas. Curso de Literatura Brasileira II 8h/a). Professor Demétrio Panarotto. Florianópolis - SC - Brasil.
O realismo de Machado de Assis trata da vida urbana no Rio de Janeiro. E Mesmo ocupando lugar de honra no realismo brasileiro, ele também frequentou o movimento do romantismo. E há uma tradição ocidental em seus escritos só que com espírito atualista. Machado trabalha em uma análise psicológica nas suas personagens infiltrando as suas reflexões cotidianas. Já que a ideia do realismo era mostrar a verdade e fazer as pessoas não lerem apenas mais um livro por ócio, e sim para construir reflexões sobre a realidade. Nesse caso, a que era vista pelas retinas de machadiana.
Schwarz diz que Machado é cético em relação ao país, e que mesmo depois da abolição da escravidão a estrutura básica da sociedade não iria mudar por que a sociedade não era civilizada e sim bárbara. O crítico ainda afirma que o positivismo era voltado para soluções em relação aos problemas socias, pois o poder da crítica era como estimular mudanças das intituições no comportamento humano. Visto que era um tema que Machado abordava em seus obras, a começar com Memórias póstumas de Brás Cubas. 
Com sua obra de Brás Cubas o autor começa a ironizar; utilizando a figura do personagem- protagonista do defunto autor como ferramenta de comunicação para mostrar as ações do homem nesse final de século XIX. Seu temas traziam a face oculta da sociedade: o mundo pessimista ironicamente; quase como uma respiração profunda para eliminar as toxinas diárias que inalava. Machado tinha uma boa percepção e registrava em suas obras realistas movimentos de um povo levado pela inveja, hipocrisia, egoísmo, orgulho, vaidade, oportunismo, traição e entre outros. 
Segundo Maia (2003), no “humatinismo” de Quincas Borba, revela que “a dor e a violência são inerentes ao ser humano e que na luta pela vida a vitória do mais forte é natural.” As reflexões machadiadas se juntavam fortemente nessas anedotas costumeiras, a pensar no contexto de Brás: um proprietário de escravos, mimado desde a infância, por ter nascido em uma família abastada vai à Europa estudar mas não estuda; volta ao Brasil e tem um caso com Virgínia, que é casada; se envolve com política mas não consegue sucesso, sem contar que a vida financeira não o obrigava a trabalhar. E gastava seu dinheiro com prostitutas. Nesses pontos Machado declara a verdade que vê.
Correlacionado com o Alienista, sendo o médico responsável que curava doenças mentais, era mais para um diagnostico da própria sociedade “doente” que excedia em emoções, ao invés de questões de valores mais racionais. Pois, a ironia volta-se para o comportamento humano, visto que os valores são superficiais e vazios. Como se não tivessem nenhum tipo de capacidade da linguagem para obter reflexões por si só. Há um manifesto de revolta machadiana de forma indireta, principalmente quando a ciência de Simão Bacamarte não é bem desenvolvida e ele tem a carta branca para decidir o que bem entende por ser uma autoridade. A ironia se apresenta como se fosse uma criança: sem maturidade, sentada no lugar de qualquer figura de poder político tomando decições às cegas. 
Mas convenhamos, as “cabeças” realmente pensavam naquela época? De alguma forma mesmo que fora da conversão social? Porque os maiores cargos dependem dos pequenos, assim sendo um círculo, e algumas figuras do poder só estavam por motivos de status sociais, não mais que isso. Até aonde ia a liberdade de pensamento? Só ideias irônicas e democráticas mudam o contexto, para empurrar o que está “entalado” e não pode sair sozinho. Em que realidade vive as ideias senão enfiadas em nome de movimentos políticos, sociais e ecômicos? Tudo isso resulta da deficiencia da progressão moral, como sempre em toda a história da humanidade.
O mundo hoje é imediatista, pois a falta de paciência é incessante pela necessidade do aqui e do agora. A sociedade nunca progridirá enquanto não focar naquilo que é real. Além disso, focam somente naquilo que se vê, olhos estes que são tapados por todos os sentimentos e emoções efêmeras: sede de poder. O orgulho, a vaidade e o egoísmo só aumentaram à medida que a tecnologia avançou na nação brasileira multicultural. 
As ideias de Aluízio de Azevedo eram parecidas com a de Machado, em relação ao conteúdo social abordado em seus livros, como: preconceito racial e de classe; a ambição do enriquecimento fácil; os problemas morais; as injustiças e misérias sociais. Além disso, ele também descrevia suas personagens comparadas a animais irracionais. Como exemplo, em Demônios há a metamorfose do homem que se transforma em um animal semelhante a um lobo, uma ficcão de aventura fantástica, embora isso fosse um momento de escape. Logo, volta-se a ser o que era, uma “triste vida de escritor”. No trecho “ Ilusão minha, com certeza! que louca és tu, minha pobre fantasia! Daqui a nada estará amanhecendo, e todos estes teus caprichos, teus ou da noite, essa outra doida, desaparecerão aos primeiros raios do sol.” Quando o ser humano se depara com o diferente, a princício nada faz em relação a manifestação “estranha” em consequência de uma visão que já tem da vida. O ceticismo é o bloqueio, e quando ele finaliza “O melhor é trabalharmos!” é a confimação de que nada vai acontecer, ou seja, o conformismo. No entrelaçar do texto, ele vai percebendo que a cidade está quieta demais, e o sol nunca nasce, então o protagonista percebe que há algo realmente acontecendo no seguinte trecho: “E um violento calafrio percorreu-me o corpo. Principiei a ter medo de tudo; principiei a não querer saber o que se tinha passado em torno de mim durante aquele maldito sono traiçoeiro; desejei não pensar, não sentir e não ter consciência de nada.” Como se enfrentar o desconhecido fosse algo absurdo e fora do comum. Há muito mais do que se pode ver, e quem as esconde? Por isso o medo.
Qual a verdadeira causa da “morte” da coragem da sociedade? Aluízio se aventura nas ideias de machado quando se trata de comportamento. No trecho do conto “Não encontrava ninguém com vida; ninguém! Era a morte geral! A morte completa! uma tragédia silenciosa e terrível, com um único expectador, que era eu.” E para finalizar a ironia, revela no final o seu tédio: “Ora fica ai leitor paciente, nessa dúzia de capítulos desenxabidos, o que eu, naquela maldita noite de insônia, escrevi no meu quarto de rapaz solteiro, esperando que Sua alteza o sol, se dignasse de abrir a sua audiência matutina com os pássaros e com as flores.”
O conhecimento de hoje foi imposto pelo de ontem, e assim o quebra cabeça se anexa à medida que o tempo passa e os homens agem, sendo com boa ou má conduta. Logo, o comportamento social define-se pela evolução moral, assim, não menos importante, o intelectual, diria Machado de Assis se tivesse presente no século XXI.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MAIA, João Domingues. Português: Série Novo Ensino Médio: Realismo, Machado de Assis. São Paulo: Editora Ática, 2003.
ASSIS, de Machado. O alienista: Série Bom Livro. São Paulo: Editora Ática, 1990.
CUNHA, Euclides da. Os Sertões (Campanha de Canudos). Rio de Janeiro: Laemmert, 1902. 
AZEVEDO, Aluísio, Demônios. Domínio público: Biblioteca Virtual de Literatura. 
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2000.

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