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C N
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
C
CIÊNCIAS
HUMANAS
HL
LINGUAGENS
E CÓDIGOS
C M
MATEMÁTICA
T
BASE DE QUESTÕES
Novas obras literárias
Fuvest - Unicamp
Rodrigo Luis
3
Prescrição: Em vista da presença de novas leituras obrigatórias nos principais vestibulares de São 
Paulo, as questões a seguir, todas inéditas, foram elaboradas pela equipe Hexag, pensando nos aspectos 
principais das leituras e nas possíveis questões interdisciplinares. Espera-se que o material seja uma 
ferramenta útil e necessária ao aluno que deseja preparar-se melhor para enfrentar a Literatura no 
vestibular, utilizando-a como instrumento de análise crítica do mundo.
FUVEST & UNICAMP
Fuvest: Base de questões das novas oBras - 2020
Quincas Borba
 1. A leitura das obras Machadianas, muitas ve-
zes, pode ser feita a partir da análise das 
personagens femininas, sob o viés, em espe-
cial, da dubiedade. Pensando nisso, teça um 
comentário sobre as seguintes questões:
a) A relação de Sofia com Carlos Maria.
b) A relação de Sofia com Rubião.
 2. Com base na obra Quincas Borba, de Machado 
de Assis, assinale a alternativa correta.
a) Ao declarar seu amor por Sofia na festa da 
casa de Palha, Rubião vive uma crise moral, 
oscilando entre a culpa e a inocência.
b) Na tentativa de justificar sua atitude, Rubião 
atribui a Palha a responsabilidade da decla-
ração de amor, ao mesmo tempo que procura 
suavizar a culpa da mulher.
c) Quando Sofia relata a Palha a declaração de 
amor que Rubião lhe fez, o marido reage vio-
lentamente e jura vingança.
d) Apesar do jogo de sedução, Sofia não comete 
adultério com Quincas Borba, mas o faz com 
Carlos Maria, por quem se apaixona perdida-
mente.
e) O narrador, no primeiro capítulo da obra, 
afirma a indiferença da natureza aos risos e 
às lágrimas humanos.
 3. Leia o excerto a seguir:
“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos 
famintas. As batatas apenas chegam para 
alimentar uma das tribos, que assim adquire 
forças para transpor a montanha e ir à ou-
tra vertente, onde há batatas em abundân-
cia; mas, se as duas tribos dividem em paz 
as batatas do campo, não chegam a nutrir-
-se suficientemente e morrem de inanição. 
A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra 
é a conservação. Uma das tribos extermina 
a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria 
da vitória, os hinos, aclamações, recompen-
sas públicas e todos os demais efeitos das 
ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais 
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo 
motivo real de que o homem só comemora 
e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e 
pelo motivo racional de que nenhuma pes-
soa canoniza uma ação que virtualmente a 
destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao 
vencedor, as batatas.”
ASSIS, Machado. Quincas Borba.
O trecho, extraído do sexto capítulo, revela 
um diálogo de Quincas Borba com Rubião. 
O principal objeto desse diálogo, em face 
da relação que as personagens possuem no 
momento em que ele acontece, é:
a) ensinar o herdeiro universal, Rubião, a lógi-
ca por trás das plantações de batata.
b) propagar de forma clara e objetiva a filosofia 
do Humanitismo.
c) estabelecer um primeiro contato com Ru-
bião, já que ele é um capitalista de sucesso.
d) assegurar que Rubião é um homem que com-
preende a importância da guerra.
e) comover o interlocutor para que, por meio 
da emoção, ele propague o Humanitismo.
 4. A respeito do Humanitismo, teça um co-
mentário relacionando a tese defendida por 
Quincas Borba ao posicionamento crítico de 
Machado de Assis.
 5. Rubião, logo nos primeiros capítulos, re-
monta sua trajetória como:
a) alguém que passou de carpinteiro a empre-
sário, graças à loteria.
b) alguém que passou de professor a erudito, 
graças ao trabalho duro.
c) alguém que passou de professor a capitalis-
ta, graças a uma herança.
d) alguém que passou de empresário a capita-
lista, graças a sorte.
e) alguém que passou de enfermeiro a comer-
ciante, graças aos investimentos.
4
Gregório de Matos
 6. A poesia lírico-amorosa de Gregório de Ma-
tos apresenta uma dualidade barroca que 
pode ser dada entre os termos opostos:
a) espírito e abstracionismo.
b) ascetismo e sensualismo.
c) matéria e erotismo.
d) diáfano e sacro.
e) profano e erótico.
 7. De que forma o amor carnal, presente na po-
esia erótica de Gregório de Matos, pode ser 
lido como uma fuga da dualidade típica do 
barroco?
 8. Gregório de Matos é escritor que se encai-
xa dentro de um período literário conhecido 
como Barroco. Sabendo disso, comente de 
que maneira os temas tratados por Gregório 
de Matos são exemplos de um poeta inserido 
dentro da tradição barroca.
 9. Gregório de Matos apresenta uma vertente 
poética satírica, utilizada para tratar critica-
mente da sociedade, revelando suas contra-
dições a partir do deboche. Em relação à obra 
Quincas Borba, de Machado de Assis, um re-
curso semelhante utilizado pelo autor para 
expor as contradições sociais é:
a) a digressão, que permite ao autor zombar do 
passado.
b) a ironia, que busca dizer sempre o contrário 
do que está sendo colocado.
c) a metáfora, que permite sutilmente tecer 
críticas à sociedade.
d) o eufemismo, que trata de maneira exagera-
da os fatos sociais.
e) a hipérbole, que exprime de forma amena o 
deboche proposto.
 10. Leia o trecho a seguir:
Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.
 MATOS G. Poemas Escolhidos.
Relacione o trecho lido, o apelido “Boca do 
Inferno” e o exílio sofrido pelo autor. Em 
seguida, teça um comentário pensando no 
contexto em que se insere a sua poesia.
Angústia
 11. A obra Angústia, de Graciliano Ramos, pode 
ser lida como uma obra pertencente à segun-
da geração modernista, em especial devido
a) ao naturalismo presente na obra.
b) aos neologismos encontrados na narrativa.
c) ao elemento fantástico da obra.
d) ao caráter psicológico do texto.
e) à problematização do indígena na literatura 
nacional.
 12. Angústia, de Graciliano Ramos, traz um tipo 
de narrador que se relaciona às influências 
da psicanálise freudiana. Pensando no enre-
do da narrativa, faça um comentário justi-
ficando e exemplificando a afirmação ante-
rior.
 13. Leia o parágrafo a seguir.
 
Faz-se presente na literatura de Graciliano 
Ramos um jogo de forças: entre o indivíduo 
e o meio social, entre o indivíduo e o meio 
físico, entre o indivíduo e ele mesmo.
 
Pensando no exposto, relacione o jogo de 
forças às seguintes personagens da obra An-
gústia, de Graciliano Ramos.
a) Luis da Silva.
b) Julião Tavares.
c) Marina.
 14. Os ratos (1935) é um romance de Dyonélio 
Machado, que trata da modernidade em seu 
âmbito urbano. O título faz alusão a um ani-
mal que representa, para muitos, uma pra-
ga urbana. Em Angústia, o narrador-perso-
nagem comenta diversas vezes sobre o fato 
de não querer ser um rato, mas um homem. 
Pensando nas transformações sociais que 
ocorreram durante o modernismo, cite de 
que forma a simbologia do rato atua, a par-
tir do comentário da personagem, dentro do 
livro de Graciliano, estudado como uma obra 
da segunda geração modernista.
 15. Leia o excerto a seguir com atenção.
“Eu é que me podia considerar um sujeito 
feliz. Repetia isso maquinalmente, enquanto 
apalpava as caixinhas de veludo. Soltei-as 
com raiva, ergui-me, esfreguei as mãos. O 
sentido das palavras que me dançavam no 
espírito tornou-se claro. Perfeitamente, um 
sujeito feliz, que é que me faltava?”
RAMOS. G. Angústia.
O trecho a seguir exemplifica uma das linhas 
trabalhadas nos romances de Graciliano, 
sendo ela:
a) a linha sociopolítica.
b) a linha irônica.
c) a linha psicológica.
d) a linha historiográfica.
e) a linha econômica.
5
unicamp: Base de questões das novas oBras - 2020
 19. Leia os trechos a seguir:
Texto 1
Drauzio Varella, em seu blog
 
Na manhã do dia 2 de outubro de 1992, dei 
uma aula sobre aids para um grupo de tra-
vestis presas na Casa de Detenção – o Caran-
diru.
No meio da explicação, entrou o diretor do 
presídio,doutor Ismael Pedrosa, que me 
convidou para um café na sala dele. Foi o 
que fiz ao redor do meio-dia, quando a aula 
terminou.
Na conversa, ele tirou do armário uma tere-
sa, corda improvisada com tiras de cobertor 
enroladas em fios de arame, descoberta na 
cela de um ladrão de banco que pretendia 
galgar a muralha, em busca da liberdade.
Quando dei por conta, conversávamos havia 
mais de uma hora. Levantei para me despe-
dir:
– Já é tarde, estou atrasado e empatando o 
senhor, aqui.
– Que nada, respondeu ele. É sexta-feira, dia 
de faxina nas celas para receber as visitas 
no fim de semana. É o dia mais tranquilo: 
ninguém mata, ninguém morre.
No fim da tarde, só acreditei que a rebelião 
de que falavam era mesmo na Casa de Deten-
ção, quando liguei a televisão e reconheci o 
Pavilhão Nove no meio da fumaça.
Foram mortos 111 detentos, o maior massa-
cre já ocorrido numa prisão brasileira.
https://pragmatismopolitico.com.br/2019/04/
drauzio-varella-quem-aplaudiu-massacre-do-
carandiru-hoje-cobra-fim-da-violencia.html
Texto 2
Diário de um detento
Lamentos no corredor, na cela, no pátio
Ao redor do campo, em todos os cantos
Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã
Aqui não tem santo
RACIONAIS MC’S. Sobrevivendo no inferno. 
São Paulo. Companhia das letras, 2019.
Diário de um detento é uma composição que 
narra o massacre do carandiru pelos olhos de 
um dos presos. O texto 1 traz a narrativa de 
um médico que esteve presente no presídio 
pouco antes dos acontecimentos do dia 02 
de outubro. Feita a leitura dos dois trechos, 
relacione os trechos em negrito e teça um 
comentário a respeito das visões distintas 
apresentadas sobre a Casa de Detenção.
Sobrevivendo no inferno
 16. Leia o excerto a seguir com atenção.
[...] Por isso, matar ou deixar viver consti-
tuem os limites da soberania, seus atributos 
fundamentais. Ser soberano é exercer con-
trole sobre a mortalidade e definir a vida 
como a implantação e manifestação de po-
der.
– MBEMBE. Achille. Necropolítica: biopoder, 
soberania, estado de exceção, política de 
morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.
O excerto acima foi extraído do livro Necro-
política: biopoder, soberania, estado de ex-
ceção, política de morte, de Achille Mbem-
be. A partir do que foi apresentado, de que 
maneira os eventos narrados em Diário de 
um detento, faixa do disco Sobrevivendo no 
Inferno, constituem uma espécie de necro-
política? Teça um comentário a respeito do 
assunto.
 17. Observe os versos a seguir:
São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da 
manhã
Aqui estou, mais um dia
Sob o olhar sanguinário do vigia
Você não sabe como é caminhar com a cabeça 
na mira de uma HK
O trecho lido, embora faça parte de uma 
canção, apresenta estruturas típicas de um 
outro gênero da escrita: a carta. Essas estru-
turas são:
a) o cabeçalho e o cenário violento.
b) a interlocução e o cabeçalho.
c) o discurso em primeira pessoa e o uso de 
siglas.
d) a presença de um vigia e a interlocução.
 18. Ainda sobre os primeiros versos de Diário 
de um detento, pode-se dizer que o uso de 
artifícios típicos do gênero carta confere ao 
texto uma maior credibilidade ao construir 
um caráter:
a) testemunhal.
b) descritivo.
c) narrativo.
d) épico.
6
 20. Sobrevivendo no inferno é um álbum que foi 
estruturado em um formato que remete a:
a) uma carta testemunhal.
b) uma confissão.
c) um culto religioso.
d) uma documento de luto.
A Cabra Vadia
Leia o trecho a seguir para responder às 
questões.
 
Mas preciso pluralizar. Não há um medo só. 
São vários medos, alguns pueris, idiotas. O 
medo de ser reacionário ou de parecer rea-
cionário. Por medo das esquerdas, grã-finas 
e milionários fazem poses socialistas. Hoje, o 
sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não 
o chamem de reacionário. É o medo que faz 
o dr. Alceu renegar os 2 mil anos da Igreja e 
pôr nas nuvens a “Grande Revolução” russa. 
Cuba é uma Paquetá. Pois essa Paquetá dá 
ordens a milhares de jovens brasileiros. E, 
de repente, somos ocupados por vietcongs, 
cubanos, chineses. Ninguém acusa os jovens 
e ninguém os julga, por medo. Ninguém quer 
fazer a “Revolução Brasileira”. Não se trata 
de Brasil. Numa das passeatas, propunha-se 
que se fizesse do Brasil o Vietnã. Por que não 
fazer do Brasil o próprio Brasil? Ah, o Brasil 
não é uma pátria, não é uma nação, não é 
um povo, mas uma paisagem. Há também os 
que o negam até como valor plástico.
RODRIGUES, N. O ex-covarde. In.: A cabra vadia.
 21. De que maneira a crônica O ex-covarde, que 
abre o conjunto do livro, relaciona-se com 
as demais? Isto é, de que forma ela acentua 
e/ou indica os temas que serão tratados no 
decorrer da obra? Teça um comentário que 
responda às questões sugeridas.
 22. Pode-se dizer, com base no texto, que Nelson 
Rodrigues tem, sobre a juventude, uma opi-
nião:
a) otimista.
b) esperançosa.
c) negativa.
d) instável.
 23. O trecho a seguir foi retirado da Crônica “O 
Brasil Nazi-stalinista”, leia com atenção:
 
Imaginem que falo pensando no Brasil. Veja-
mos os brasileiros. Aqui, o radical de esquer-
da não percebe, ou finge que não percebe, 
que é um stalinista. O radical, do outro lado, 
é nazista. A toda hora e em toda a parte, 
cumprimentamos um pequenino Stalin ou 
um pequenino Hitler. Instala-se o Brasil do 
ódio, ou, melhor dizendo, o antiBrasil. Direi 
mesmo que o brasileiro está em processo de 
desumanização. Imaginem cada um de nós 
transformado, de repente, na antipessoa. 
Conheço vários que perderam qualquer se-
melhança com o ser humano.
Nelson Rodrigues declarou-se, muitas vezes, 
um reacionário. No entanto, ao associarmos 
o sentido de reacionário aos regimes totali-
tários, dentro da ótica de Nelson, podemos 
dizer que na verdade o autor enxergava-se 
como um:
a) conservador.
b) libertário.
c) stalinista.
d) nazista.
 24. Nelson Rodrigues declarava-se contra qual-
quer regime totalitário que ferisse a liber-
dade do indivíduo. Contudo, o autor foi, 
biograficamente, bastante conivente com o 
período da ditadura militar, apoiando-a pu-
blicamente. Essa contradição ideológica per-
mite colocar Nelson Rodrigues de fato sob a 
alcunha que ele mesmo se deu: a de reacio-
nário, conservador. Entretanto, seus textos 
acabavam por ferir, muitas vezes, também, a 
classe conservadora, pelo fato de:
a) apresentarem o moralismo coerente das eli-
tes.
b) tecerem elogio honroso à religiosidade.
c) desvelarem o endividamento externo do 
país.
d) exporem as hipocrisias imorais de classes so-
ciais elevadas.
 25. Leia o texto a seguir.
Fiz “entrevistas imaginárias” com jogado-
res, dirigentes de futebol, literatos. Ainda 
anteontem, o Antônio Callado foi meu con-
vidado no terreno baldio. Mas eu sentia, de 
maneira obscura, quase dolorosa, que faltava 
alguém no capinzal. “Mas quem?” — eis o 
que me perguntava. — “Quem?” E, súbito, 
um nome ilumina minhas trevas interiores: 
— “D. Hélder!”. De todos os vivos ou mor-
tos do Brasil, era ele o mais urgente, o mais 
premente. E, de mais a mais, uma batina é 
sempre paisagística.
RODRIGUES, N. Terreno Baldio. In. A Cabra Vadia.
7
A partir do excerto e de sua relação com a 
obra, responda:
a) no que consistem as “entrevistas 
imaginárias”?
b) qual a importância da Cabra Vadia para rati-
ficação dessas entrevistas?
A Falência
 
Leia o trecho a seguir para responder às pró-
ximas 2 questões.
 
– Então não leio. Sei que está cheio de in-
justiças e de mentiras perversas. Os senho-
res romancistas não perdoam às mulheres; 
fazem-nas responsáveis por tudo – como se 
não pagássemos caro a felicidade que fru-
ímos! Nesses livros tenho sempre medo do 
fim; revolto-me contra os castigos que eles 
infligem às nossas culpas, e desespero-me 
por não poder gritar-lhes: hipócritas! hipó-
critas! Leve o seu livro; não me torne a tra-
zer desses romances. Basta-me o nosso, para 
eu ter medo do fim.
Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/
texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019.
 26. Situe a fala de Camila na história, utilizan-
do-a para trazer um determinado aspectoda 
relação da mulher com o Doutor Gervásio.
 27. Explique a frase “Os senhores romancistas 
não perdoam às mulheres”.
 28. A obra “A Falência”, de Júlia Lopes de Al-
meida, retrata o Brasil de uma maneira posi-
tiva ou negativa? Justifique a sua resposta.
 29. Leia com atenção:
 
O primeiro caixeiro, seu Joaquim, um ho-
mem moreno, picado das bexigas, de olhos 
fundos e maçãs do rosto salientes, gesticu-
lava em mangas de camisa, apressando os 
carregadores esbaforidos.
Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/
texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019.
O termo destacado é o nome popular de uma 
doença bastante comum, famosa por deixar 
marcas no rosto, e que só foi erradicada do 
país na década de 80. A partir da leitura do 
texto, pode-se inferir que seu Joaquim é 
uma personagem que teve/tem:
a) dengue.
b) varíola.
c) caxumba.
d) mal de chagas.
 30. Leia o trecho a seguir.
– Não estou de maré, mas explicarei: é pe-
quena. Materializemos as comparações, para 
as tornarmos bem claras. Suponhamos, por 
exemplo, que a nossa honestidade é um ca-
saco preto e que a das senhoras é um vestido 
branco. Tudo é roupa, têm ambos o mesmo 
destino, mas que aspectos e que responsabi-
lidades diferentes!
Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/
texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019.
O trecho lido representa a fala de um perso-
nagem, em resposta a certos questionamen-
tos de Catarina, irmã do Capitão Rino. Com 
base nisso, explique, em relação às discus-
sões que são apresentadas na cena em que o 
diálogo referenciado aparece:
a) a metáfora proposta pelo Doutor.
b) a importância da personagem Catarina.
raio-X - análise eXpositiva
1. a) Sofia é uma típica personagem femi-
nina machadiana. A partir de uma dis-
simulação que Machado caracteriza como 
feminina, Sofia esconde de Palha, seu 
marido, a atração por Carlos Maria – per-
sonagem de posses. Para não cometer o 
pecado da traição, mas também aproxi-
mar-se da fortuna de Carlos, Sofia arqui-
teta para casá-lo com sua prima.
b) Sofia, com permissão do marido, deixa-se 
amar por Rubião. Encantando-o e sedu-
zindo-o de modo que o casal Palha pu-
desse usufruir do dinheiro que o ex-pro-
fessor havia herdado de Quincas Borba. 
Nas obras machadiana, o “amor” sempre 
se desenvolve em um lógica de interesse.
2. [A] Rubião sente-se atraído por Sofia, 
mas, compreendendo que ela é uma mu-
lher casada, sente-se, também, culpado, 
vivendo, portanto, um dilema moral en-
tre a inocência de seu sentimento e a cul-
pa de sentí-lo. 
3. [B] Quincas Borba é apresentado como 
um filósofo excêntrico e louco, no trecho 
em questão, sua preocupação está antes 
na propagação do Humanitismo de forma 
compreensível, clara e objetiva, do que 
qualquer tipo de relação com Rubião.
4. Machado de Assis utiliza-se do Humani-
tismo para fazer uma crítica às teses po-
sitivistas do período, como o positivismo 
e o humanismo. Trata-se de uma satíra ao 
cientificismo exagerado e dado por uma 
racionalidade colonizadora, isto é, em 
8
favor do império português.
5. [C] Questão que verifica se o aluno rea-
lizou a leitura da obra compreendendo 
seu enredo. Antes de receber uma he-
rança de Quincas Borba, Rubião atuava 
como professor. Há, inclusive, no início 
do romance, um momento de reflexão da 
personagem em que a colocação de que 
passara de professor a capitalista é feita 
pelo próprio Rubião.
6. [B] Entre espírito e matéria, a lógica 
barroca impera na obra de Gregório de 
Matos, de modo que sua poesia lírica se 
desenvolve entre o carnal, o sensual, e as 
reflexões ascéticas sobre a vida. 
7. Em Gregório de Matos, não só como opo-
sição pecadora, mas também como liber-
tação o amor carnal pode ser entedido. 
Vale ressaltar a dualidade Barroca que 
se manifesta no período, de modo que a 
fuga do mundo sacro-profano poderia ser 
dada como um ápice de corporeidade, isto 
é, por meio das relações carnais, associa-
das à poesia erótica-satírica do escritor.
8. Gregório de Matos trabalha temas religio-
sos ao mesmo tempo em que trabalha, em 
oposição ao ideal católico, o pecado e a 
vida desregrada como materiais poéticos. 
Essa crucial oposição de valores permite 
aproximar o poeta dentro da escola bar-
roca, que situava o homem entre o teo-
centrismo e o antropocentrismo, sobretu-
do como uma resposta às manifestações 
político-religiosas do período (reforma x 
contrarreforma).
9. [B] Questão que trabalha duas das obras 
solicitadas pelo vestibular. A questão as-
socia o sarcasmo de Gregório de Matos à 
ironia machadiana. Exigindo do aluno a 
compreensão sobre recursos literários co-
muns a cada um desses escritores.
10. Gregório de Matos foi conhecido como “o 
boca de inferno”. Seu apelido deve-se, em 
especial, à sua poesia satírica, sempre re-
cheada por palavras de baixo calão. Vale 
ressaltar que essa poesia satírica também 
foi responsável por manifestar as expres-
sões populares acerca do governo baiano 
durante a vida do autor; em resumo, as 
constantes críticas à organização social 
da Bahia no século XVII fizeram com que 
os governantes exilassem Gregório de 
Matos como uma forma de censurar o po-
eta.
11. [D] Apenas a alternativa [D] traz uma 
compreensão que associa corretamente a 
obra referenciada à geração modernista 
a que ela pertence. Aspirando um exis-
tencialismo sartreano, Angústia constrói-
-se como um romance psicológico, em 
que tudo que acontece a protagonista 
corrobora para o desenvolvimento da si-
tuação clímax: o crime.
12. Angústia trabalha com um narrador em 
primeira pessoa, de modo que a narra-
tiva adquire um tom confessional, mas 
também ambíguo, já que passamos a ler 
a história com base no que quer nos mos-
trar determinada personagem. A narração 
em primeira pessoa é, também, princípio 
para explorar o psicológico enquanto te-
oria freudiana, pautada na psicanálise, 
no lembrar e no esquecer. O romance em 
primeira pessoa é, portanto, pouco con-
fiável, mas, ao mesmo tempo, necessário 
para construção de uma narrativa sobre e 
para dentro do indivíduo.
13.
 a) Luis da Silva é uma personagem que não 
se conforma com a realidade que lhe é 
dada. Herdeiro de latifundiários senho-
res de engenho, ele não consegue com-
preender a decadência de sua posição, 
haja vista que os engenhos passam a ser 
substituídos pelas usinas, fruto da indus-
trialização. Há uma opressão social que 
aumenta sua angústia na figura de Julião 
Tavares, filho de homens ricos que soube-
ram lidar com a chegada da industriali-
zação, migrando para uma nova classe so-
cial: o empresário. Tudo isso se relaciona 
ao meio em que vivem as personagens, o 
sertão, cuja falta de políticas sociais gera 
uma ordem social particular e específica.
 b) Julião Tavares é visto, pelo olhar de Luis 
da Silva, como uma cobra. É assim que 
Luis da Silva apresenta personagens cujo 
meio social em que elas se constroem as 
moldaram como empresárias. Julião Ta-
vares representa o filho de latifundiário 
que, após passar um tempo estudando 
fora do sertão, retorna como um rico ne-
gociante, para quem os olhares se voltam. 
Uma figura que incomoda aqueles ainda 
presos a uma ordem social antiga, a dita 
elite do atraso.
 c) Marina é uma mulher estereotipada 
pela literatura. Uma mulher do sertão 
que sabe que o casamento é a única for-
ma de ascenção social possível. Assim, 
ela é movida por interesse financeiro, de 
acordo com a descrição de Luis da Silva. 
Marina acaba sofrendo, em sua posição 
de mulher, as opressões não só do meio 
físico em que se insere, mas também pe-
las do seu papel social, como no episódio 
do aborto.
14. Os ratos mencionados por Luis da Silva 
durante a obra podem ser entendidos 
como uma simbologia popular, em que o 
rato é um símbolo de fraqueza e de re-
pulsa por parte da sociedade. No entanto, 
9
levando em consideração o contexto mo-
dernista e de industrialização, podemos 
entender que a recusa de Luis da Silva 
em se tornar um rato pode ter relação 
com a proposta de Dyonélio, haja vistao 
fato de o rato, dentro da obra urbana, ser 
um animal símbolo da modernidade, que 
aparece em grande número em função 
da aglomeração urbana: a fundação das 
cidades como conhecemos hoje. Assim, o 
rato acaba sendo um símbolo da não indi-
vidualização do indíviduo moderno, algo 
que, dada a leitura de Angústia, também 
pode ser entendido como uma das preo-
cupações/medos/angústia de Luis da Sil-
va.
15. [C] O trecho em primeira pessoa, as inda-
gações de cunho emocional e existencial 
e a reflexão do sujeito sobre si são traços 
que aparecem no excerto e mostram que 
o romance segue uma linha psicológica 
majoritariamente, em relação a outros 
traços também trabalhados na obra e na 
segunda geração modernista.
16. Sobrevivendo no inferno é, sem dúvida, 
uma obra que aborda a vivência negra na 
sociedade, bem como a recepção crítica, 
por parte da comunidade negra, sobre as 
políticas públicas que tangem essa popu-
lação. Necropolítica é um termo utilizado 
para se referir a uma política que trata a 
soberania como a manipulação do direito 
de existir. Diário de um detento, ao tratar 
do Massacre do Carandiru, expõe uma ne-
cropolítica que se sustenta com base em 
raça e classe, isto é, que atua majoritaria-
mente contra negros e pobres.
17. [B] São estruturas do gênero carta a in-
terlocução com o leitor (Você) e o cabeça-
lho que situa o momento da escrita.
18. [A] Tem-se no uso da estrutura epistolar, 
uma forma de conferir credibilidade ao 
texto, na medida em que o relato deixa 
de ser dado por um terceiro e passa a ser 
visto como um relato testemunhal de al-
guém que viveu o massacre narrado.
19. No texto de Drauzio Varella, Ismael Pe-
drosa, diretor da fundação Carandiru, 
atesta que tudo vai bem na prisão, nin-
guém mata, ninguém morre. Contudo, 
o mesmo dia trouxe o massacre de 111 
presos. O trecho da música destaca que a 
perversidade do sistema, ao expor “aqui 
não tem santo”, frente ao massacre; fica 
claro, então, que Mano Brown não está fa-
lando dos encarcerados, mas também, e, 
quiçá sobretudo, dos que encarceram. Da 
relação das falas está colocado um regime 
de negligência estrutural (que passa às 
esferas particulares) por parte do Esta-
do em relação aos detentos, que pouco se 
importa com a população carcerária, de 
modo a, inclusive, como fica exposto no 
relato de Drauzio, maquiarem os reais 
acontecimentos do hostil ambiente que é 
a cadeia para o público geral.
20. [C] A obra é organizada de forma simi-
lar a um culto religioso, tal qual atesta 
Acauam Oliveira, autor do prefácio da 
edição em livro: […] cântico de louvor e 
proteção direcionado ao santo guerreiro 
(“Jorge de Capadócia”); leitura do evan-
gelho marginal (“Gênesis”); entrada em 
cena do pregador do proceder, explican-
do (ou confundindo, a depender da ne-
cessidade) os sentidos da palavra divina 
(“Capítulo 4, versículo 3”); o momento 
dos testemunhos das almas que se per-
deram para o diabo, com resultados trá-
gicos (“Tô ouvindo alguém me chamar” 
e “Rapaz comum”); intermezzo musical 
para velar aquelas mortes, interrompen-
do por tiros que fazem recomeçar o ciclo; 
a pregação ou mensagem central (massa-
cre do Carandiru) que liga o destino da-
queles sujeitos ao de toda a comunidade 
(“Diário de um detento”), chave de com-
preensão do destino de todos e descrição 
do próprio inferno; exemplos do modo de 
atuação do diabo no interior da comuni-
dade (“Periferia é periferia”); exemplos 
do modo de atuação do diabo fora da 
comunidade (“Qual mentira vou acredi-
tar”). Ao final, um momento de autorre-
flexão sobre os limites da própria palavra 
enunciada (“Mágico de Oz” e “Fórmula 
mágica da paz”) e os agradecimentos a 
todos os presentes, verdadeiros portado-
res da centelha divina (“Salve”). 
21. O ex-covarde é a crônica de abertura de A 
Cabra Vadia. Nela, Nelson defende que as 
pessoas têm medo de se declararem rea-
cionárias. O ex-covarde, portanto, é aque-
le que, segundo o autor, perdeu o medo de 
ir de encontro ao que a juventude propõe 
como revolução: “Hoje, o sujeito prefere 
que lhe xinguem a mãe e não o chamem 
de reacionário”. Nelson se coloca como al-
guém que perdeu esse medo e, portanto, 
tratará de falar/expor o que, segundo ele, 
são as verdades que censuram a liberdade 
do indivíduo e as hipocrisias dos que se 
dizem revolucionários.
22. [C] Nelson Rodrigues coloca a juventu-
de no patamar de falsos revolucionários, 
tecendo sobre ela comentários negativos 
durante toda a obra. Para ele, os jovens 
estavam reproduzindo os mesmos ideais 
dos regimes totalitários.
23. [B] Ao se colocar como um reacionário, 
Nelson Rodrigues estava se dispondo 
contra o que os jovens diziam, o que era, 
10
para muitos, revolução, para Nelson era 
apenas degradação, balbúrdia e totalita-
rismo, assim, o autor se via, dentro da 
sua postura conservadora, como um liber-
tário, em fato.
24. [D] Apesar de ser politicamente contra 
diversos movimentos de igualdade pe-
los quais lutavam os jovens, Nelson, em 
sua obra, muitas vezes por conta de um 
discurso libertário e sem pudores, tecia 
diversos comentários sobre a hipocri-
sia presente em todas as classes sociais, 
fossem os jovens, os conservadores, os 
reacionários e os revolucionários. Para 
Nelson, tudo e todos eram objetos de sua 
escrita.
25. a) Segundo o autor, o único jeito de se 
realizar uma entrevista de verdade com 
uma personalidade é se a entrevista for 
imaginária; do contrário, os entrevista-
dos não se sentiriam aptos a deixarem a 
verdade ao entrevistador. Assim, as en-
trevistas imaginárias se tornam as en-
trevistas possíveis, a única entrevista em 
que o entrevistado é, de fato, verdadeiro.
b) A Cabra Vadia é uma simbologia dada por 
Nelson que compõe o ambiente perfeito 
de uma das entrevistas imaginárias, es-
sas que só poderiam ocorrer em um ter-
reno baldio, isto é, em sigilo, e com uma 
cabra vadia como testemunha, isto é, com 
um animal que não compreende, não está 
interessado e nem pode repetir o que foi 
dito em entrevista, de modo a confirmar 
a ideia de que as entrevistas verdadei-
ras não acontecem, pois os entrevistados 
preocupam-se, o tempo todo, com a sua 
imagem.
26. Doutor Gervásio foi o responsável por 
ensinar muitas coisas para Camila. A re-
lação dos dois funcionava não só como 
uma relação de amantes, mas como uma 
espécie de relação entre professor e alu-
na. Doutor Gervásio era quem lhe trazia 
livros e músicas, e dava a Camila (não de 
propósito, necessariamente) meios de co-
nhecer o mundo e subverter o cenário em 
que ela se encontrava. A fala dela acon-
tece, justamente, antes dessa relação de 
estudante se desenvolver, quando ela de-
clara não ler os romances, explicando seu 
motivo.
27. A fala de Camila aponta para um criti-
cismo que se faz sobre a literatura, em 
que os escritores românticos colocavam 
as mulheres como objetos idealizados 
em sua obras, fazendo as histórias gi-
rarem em torno dessas personagens de 
modo que, muitas vezes, as ações boas 
e/ou ruins tinham como origem/culpa 
as mulheres. Além disso, o comum final 
trágico dos romances tornava as histó-
rias de amor inconclusas; portanto, para 
Camila, os escritores trabalhavam as mu-
lheres apenas como bode expiatório, cul-
padas pelas ações e sem jamais um final 
feliz.
28. A obra retrata o Brasil no final do século 
XIX e de forma bastante negativa, uma 
vez que expõe como o racismo e a desi-
gualdade social e de gênero ainda sus-
tentam as relações, bem como institui, 
em âmbito geral, a falência de diversos 
meios que não se coadunam mais com a 
modernidade, em especial, a ideia do ca-
samento a que Camila se submete.
29. [B] Seu Joaquim apresenta em seu ros-
to os traços da varíola, doença que só foi 
erradicada do país no século XX. “picado 
das bexigas” é uma forma popular de se 
referir a doença viral. Trata-se de uma 
questão interdisciplinar, que pode apare-
cer dentro do vestibular da Unicamp.
30. a) Segundo a metáfora do autor, a fide-
lidade masculina era algo socialmente 
não esperado e facilmenteperdoado, 
muitas vezes como uma mancha em um 
casaco negro, que simplesmente se limpa 
ou se esconde; em oposição, a fidelidade 
feminina se mostra com um fino bran-
co tecido, em outras palavras, algo tão 
socialmente esperado que a menor das 
manchas ou suspeita de manchas já era 
algo aparente, visto, cujo estrago rara-
mente podia ser desfeito.
b) Catarina é irmã do capitão Rino. A perso-
nagem é apresentada como uma mulher 
que luta declaradamente pela emancipa-
ção feminina e que se mostra contra a 
instituição do casamento por interesses 
financeiros. Na obra, ela atua como uma 
personagem explicitamente feminista 
com cujas ideias Camila tem contato na 
cena do jantar e que, de algum modo, le-
vando em consideração o final do roman-
ce, permanecem dentro dela. 
GaBarito
 2. A 3. B 5. C 6. B 9. B
 11. D 15. C 17. B 18. A 20. C
 22. C 23. B 24. D 29. B
C N
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
C
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HUMANAS
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