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C N CIÊNCIAS DA NATUREZA C CIÊNCIAS HUMANAS HL LINGUAGENS E CÓDIGOS C M MATEMÁTICA T BASE DE QUESTÕES Novas obras literárias Fuvest - Unicamp Rodrigo Luis 3 Prescrição: Em vista da presença de novas leituras obrigatórias nos principais vestibulares de São Paulo, as questões a seguir, todas inéditas, foram elaboradas pela equipe Hexag, pensando nos aspectos principais das leituras e nas possíveis questões interdisciplinares. Espera-se que o material seja uma ferramenta útil e necessária ao aluno que deseja preparar-se melhor para enfrentar a Literatura no vestibular, utilizando-a como instrumento de análise crítica do mundo. FUVEST & UNICAMP Fuvest: Base de questões das novas oBras - 2020 Quincas Borba 1. A leitura das obras Machadianas, muitas ve- zes, pode ser feita a partir da análise das personagens femininas, sob o viés, em espe- cial, da dubiedade. Pensando nisso, teça um comentário sobre as seguintes questões: a) A relação de Sofia com Carlos Maria. b) A relação de Sofia com Rubião. 2. Com base na obra Quincas Borba, de Machado de Assis, assinale a alternativa correta. a) Ao declarar seu amor por Sofia na festa da casa de Palha, Rubião vive uma crise moral, oscilando entre a culpa e a inocência. b) Na tentativa de justificar sua atitude, Rubião atribui a Palha a responsabilidade da decla- ração de amor, ao mesmo tempo que procura suavizar a culpa da mulher. c) Quando Sofia relata a Palha a declaração de amor que Rubião lhe fez, o marido reage vio- lentamente e jura vingança. d) Apesar do jogo de sedução, Sofia não comete adultério com Quincas Borba, mas o faz com Carlos Maria, por quem se apaixona perdida- mente. e) O narrador, no primeiro capítulo da obra, afirma a indiferença da natureza aos risos e às lágrimas humanos. 3. Leia o excerto a seguir: “Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à ou- tra vertente, onde há batatas em abundân- cia; mas, se as duas tribos dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir- -se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompen- sas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pes- soa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.” ASSIS, Machado. Quincas Borba. O trecho, extraído do sexto capítulo, revela um diálogo de Quincas Borba com Rubião. O principal objeto desse diálogo, em face da relação que as personagens possuem no momento em que ele acontece, é: a) ensinar o herdeiro universal, Rubião, a lógi- ca por trás das plantações de batata. b) propagar de forma clara e objetiva a filosofia do Humanitismo. c) estabelecer um primeiro contato com Ru- bião, já que ele é um capitalista de sucesso. d) assegurar que Rubião é um homem que com- preende a importância da guerra. e) comover o interlocutor para que, por meio da emoção, ele propague o Humanitismo. 4. A respeito do Humanitismo, teça um co- mentário relacionando a tese defendida por Quincas Borba ao posicionamento crítico de Machado de Assis. 5. Rubião, logo nos primeiros capítulos, re- monta sua trajetória como: a) alguém que passou de carpinteiro a empre- sário, graças à loteria. b) alguém que passou de professor a erudito, graças ao trabalho duro. c) alguém que passou de professor a capitalis- ta, graças a uma herança. d) alguém que passou de empresário a capita- lista, graças a sorte. e) alguém que passou de enfermeiro a comer- ciante, graças aos investimentos. 4 Gregório de Matos 6. A poesia lírico-amorosa de Gregório de Ma- tos apresenta uma dualidade barroca que pode ser dada entre os termos opostos: a) espírito e abstracionismo. b) ascetismo e sensualismo. c) matéria e erotismo. d) diáfano e sacro. e) profano e erótico. 7. De que forma o amor carnal, presente na po- esia erótica de Gregório de Matos, pode ser lido como uma fuga da dualidade típica do barroco? 8. Gregório de Matos é escritor que se encai- xa dentro de um período literário conhecido como Barroco. Sabendo disso, comente de que maneira os temas tratados por Gregório de Matos são exemplos de um poeta inserido dentro da tradição barroca. 9. Gregório de Matos apresenta uma vertente poética satírica, utilizada para tratar critica- mente da sociedade, revelando suas contra- dições a partir do deboche. Em relação à obra Quincas Borba, de Machado de Assis, um re- curso semelhante utilizado pelo autor para expor as contradições sociais é: a) a digressão, que permite ao autor zombar do passado. b) a ironia, que busca dizer sempre o contrário do que está sendo colocado. c) a metáfora, que permite sutilmente tecer críticas à sociedade. d) o eufemismo, que trata de maneira exagera- da os fatos sociais. e) a hipérbole, que exprime de forma amena o deboche proposto. 10. Leia o trecho a seguir: Que falta nesta cidade?................Verdade Que mais por sua desonra?...........Honra Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha. MATOS G. Poemas Escolhidos. Relacione o trecho lido, o apelido “Boca do Inferno” e o exílio sofrido pelo autor. Em seguida, teça um comentário pensando no contexto em que se insere a sua poesia. Angústia 11. A obra Angústia, de Graciliano Ramos, pode ser lida como uma obra pertencente à segun- da geração modernista, em especial devido a) ao naturalismo presente na obra. b) aos neologismos encontrados na narrativa. c) ao elemento fantástico da obra. d) ao caráter psicológico do texto. e) à problematização do indígena na literatura nacional. 12. Angústia, de Graciliano Ramos, traz um tipo de narrador que se relaciona às influências da psicanálise freudiana. Pensando no enre- do da narrativa, faça um comentário justi- ficando e exemplificando a afirmação ante- rior. 13. Leia o parágrafo a seguir. Faz-se presente na literatura de Graciliano Ramos um jogo de forças: entre o indivíduo e o meio social, entre o indivíduo e o meio físico, entre o indivíduo e ele mesmo. Pensando no exposto, relacione o jogo de forças às seguintes personagens da obra An- gústia, de Graciliano Ramos. a) Luis da Silva. b) Julião Tavares. c) Marina. 14. Os ratos (1935) é um romance de Dyonélio Machado, que trata da modernidade em seu âmbito urbano. O título faz alusão a um ani- mal que representa, para muitos, uma pra- ga urbana. Em Angústia, o narrador-perso- nagem comenta diversas vezes sobre o fato de não querer ser um rato, mas um homem. Pensando nas transformações sociais que ocorreram durante o modernismo, cite de que forma a simbologia do rato atua, a par- tir do comentário da personagem, dentro do livro de Graciliano, estudado como uma obra da segunda geração modernista. 15. Leia o excerto a seguir com atenção. “Eu é que me podia considerar um sujeito feliz. Repetia isso maquinalmente, enquanto apalpava as caixinhas de veludo. Soltei-as com raiva, ergui-me, esfreguei as mãos. O sentido das palavras que me dançavam no espírito tornou-se claro. Perfeitamente, um sujeito feliz, que é que me faltava?” RAMOS. G. Angústia. O trecho a seguir exemplifica uma das linhas trabalhadas nos romances de Graciliano, sendo ela: a) a linha sociopolítica. b) a linha irônica. c) a linha psicológica. d) a linha historiográfica. e) a linha econômica. 5 unicamp: Base de questões das novas oBras - 2020 19. Leia os trechos a seguir: Texto 1 Drauzio Varella, em seu blog Na manhã do dia 2 de outubro de 1992, dei uma aula sobre aids para um grupo de tra- vestis presas na Casa de Detenção – o Caran- diru. No meio da explicação, entrou o diretor do presídio,doutor Ismael Pedrosa, que me convidou para um café na sala dele. Foi o que fiz ao redor do meio-dia, quando a aula terminou. Na conversa, ele tirou do armário uma tere- sa, corda improvisada com tiras de cobertor enroladas em fios de arame, descoberta na cela de um ladrão de banco que pretendia galgar a muralha, em busca da liberdade. Quando dei por conta, conversávamos havia mais de uma hora. Levantei para me despe- dir: – Já é tarde, estou atrasado e empatando o senhor, aqui. – Que nada, respondeu ele. É sexta-feira, dia de faxina nas celas para receber as visitas no fim de semana. É o dia mais tranquilo: ninguém mata, ninguém morre. No fim da tarde, só acreditei que a rebelião de que falavam era mesmo na Casa de Deten- ção, quando liguei a televisão e reconheci o Pavilhão Nove no meio da fumaça. Foram mortos 111 detentos, o maior massa- cre já ocorrido numa prisão brasileira. https://pragmatismopolitico.com.br/2019/04/ drauzio-varella-quem-aplaudiu-massacre-do- carandiru-hoje-cobra-fim-da-violencia.html Texto 2 Diário de um detento Lamentos no corredor, na cela, no pátio Ao redor do campo, em todos os cantos Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã Aqui não tem santo RACIONAIS MC’S. Sobrevivendo no inferno. São Paulo. Companhia das letras, 2019. Diário de um detento é uma composição que narra o massacre do carandiru pelos olhos de um dos presos. O texto 1 traz a narrativa de um médico que esteve presente no presídio pouco antes dos acontecimentos do dia 02 de outubro. Feita a leitura dos dois trechos, relacione os trechos em negrito e teça um comentário a respeito das visões distintas apresentadas sobre a Casa de Detenção. Sobrevivendo no inferno 16. Leia o excerto a seguir com atenção. [...] Por isso, matar ou deixar viver consti- tuem os limites da soberania, seus atributos fundamentais. Ser soberano é exercer con- trole sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação de po- der. – MBEMBE. Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política de morte. São Paulo: n-1 edições, 2018. O excerto acima foi extraído do livro Necro- política: biopoder, soberania, estado de ex- ceção, política de morte, de Achille Mbem- be. A partir do que foi apresentado, de que maneira os eventos narrados em Diário de um detento, faixa do disco Sobrevivendo no Inferno, constituem uma espécie de necro- política? Teça um comentário a respeito do assunto. 17. Observe os versos a seguir: São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã Aqui estou, mais um dia Sob o olhar sanguinário do vigia Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK O trecho lido, embora faça parte de uma canção, apresenta estruturas típicas de um outro gênero da escrita: a carta. Essas estru- turas são: a) o cabeçalho e o cenário violento. b) a interlocução e o cabeçalho. c) o discurso em primeira pessoa e o uso de siglas. d) a presença de um vigia e a interlocução. 18. Ainda sobre os primeiros versos de Diário de um detento, pode-se dizer que o uso de artifícios típicos do gênero carta confere ao texto uma maior credibilidade ao construir um caráter: a) testemunhal. b) descritivo. c) narrativo. d) épico. 6 20. Sobrevivendo no inferno é um álbum que foi estruturado em um formato que remete a: a) uma carta testemunhal. b) uma confissão. c) um culto religioso. d) uma documento de luto. A Cabra Vadia Leia o trecho a seguir para responder às questões. Mas preciso pluralizar. Não há um medo só. São vários medos, alguns pueris, idiotas. O medo de ser reacionário ou de parecer rea- cionário. Por medo das esquerdas, grã-finas e milionários fazem poses socialistas. Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário. É o medo que faz o dr. Alceu renegar os 2 mil anos da Igreja e pôr nas nuvens a “Grande Revolução” russa. Cuba é uma Paquetá. Pois essa Paquetá dá ordens a milhares de jovens brasileiros. E, de repente, somos ocupados por vietcongs, cubanos, chineses. Ninguém acusa os jovens e ninguém os julga, por medo. Ninguém quer fazer a “Revolução Brasileira”. Não se trata de Brasil. Numa das passeatas, propunha-se que se fizesse do Brasil o Vietnã. Por que não fazer do Brasil o próprio Brasil? Ah, o Brasil não é uma pátria, não é uma nação, não é um povo, mas uma paisagem. Há também os que o negam até como valor plástico. RODRIGUES, N. O ex-covarde. In.: A cabra vadia. 21. De que maneira a crônica O ex-covarde, que abre o conjunto do livro, relaciona-se com as demais? Isto é, de que forma ela acentua e/ou indica os temas que serão tratados no decorrer da obra? Teça um comentário que responda às questões sugeridas. 22. Pode-se dizer, com base no texto, que Nelson Rodrigues tem, sobre a juventude, uma opi- nião: a) otimista. b) esperançosa. c) negativa. d) instável. 23. O trecho a seguir foi retirado da Crônica “O Brasil Nazi-stalinista”, leia com atenção: Imaginem que falo pensando no Brasil. Veja- mos os brasileiros. Aqui, o radical de esquer- da não percebe, ou finge que não percebe, que é um stalinista. O radical, do outro lado, é nazista. A toda hora e em toda a parte, cumprimentamos um pequenino Stalin ou um pequenino Hitler. Instala-se o Brasil do ódio, ou, melhor dizendo, o antiBrasil. Direi mesmo que o brasileiro está em processo de desumanização. Imaginem cada um de nós transformado, de repente, na antipessoa. Conheço vários que perderam qualquer se- melhança com o ser humano. Nelson Rodrigues declarou-se, muitas vezes, um reacionário. No entanto, ao associarmos o sentido de reacionário aos regimes totali- tários, dentro da ótica de Nelson, podemos dizer que na verdade o autor enxergava-se como um: a) conservador. b) libertário. c) stalinista. d) nazista. 24. Nelson Rodrigues declarava-se contra qual- quer regime totalitário que ferisse a liber- dade do indivíduo. Contudo, o autor foi, biograficamente, bastante conivente com o período da ditadura militar, apoiando-a pu- blicamente. Essa contradição ideológica per- mite colocar Nelson Rodrigues de fato sob a alcunha que ele mesmo se deu: a de reacio- nário, conservador. Entretanto, seus textos acabavam por ferir, muitas vezes, também, a classe conservadora, pelo fato de: a) apresentarem o moralismo coerente das eli- tes. b) tecerem elogio honroso à religiosidade. c) desvelarem o endividamento externo do país. d) exporem as hipocrisias imorais de classes so- ciais elevadas. 25. Leia o texto a seguir. Fiz “entrevistas imaginárias” com jogado- res, dirigentes de futebol, literatos. Ainda anteontem, o Antônio Callado foi meu con- vidado no terreno baldio. Mas eu sentia, de maneira obscura, quase dolorosa, que faltava alguém no capinzal. “Mas quem?” — eis o que me perguntava. — “Quem?” E, súbito, um nome ilumina minhas trevas interiores: — “D. Hélder!”. De todos os vivos ou mor- tos do Brasil, era ele o mais urgente, o mais premente. E, de mais a mais, uma batina é sempre paisagística. RODRIGUES, N. Terreno Baldio. In. A Cabra Vadia. 7 A partir do excerto e de sua relação com a obra, responda: a) no que consistem as “entrevistas imaginárias”? b) qual a importância da Cabra Vadia para rati- ficação dessas entrevistas? A Falência Leia o trecho a seguir para responder às pró- ximas 2 questões. – Então não leio. Sei que está cheio de in- justiças e de mentiras perversas. Os senho- res romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo – como se não pagássemos caro a felicidade que fru- ímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me contra os castigos que eles infligem às nossas culpas, e desespero-me por não poder gritar-lhes: hipócritas! hipó- critas! Leve o seu livro; não me torne a tra- zer desses romances. Basta-me o nosso, para eu ter medo do fim. Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/ texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019. 26. Situe a fala de Camila na história, utilizan- do-a para trazer um determinado aspectoda relação da mulher com o Doutor Gervásio. 27. Explique a frase “Os senhores romancistas não perdoam às mulheres”. 28. A obra “A Falência”, de Júlia Lopes de Al- meida, retrata o Brasil de uma maneira posi- tiva ou negativa? Justifique a sua resposta. 29. Leia com atenção: O primeiro caixeiro, seu Joaquim, um ho- mem moreno, picado das bexigas, de olhos fundos e maçãs do rosto salientes, gesticu- lava em mangas de camisa, apressando os carregadores esbaforidos. Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/ texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019. O termo destacado é o nome popular de uma doença bastante comum, famosa por deixar marcas no rosto, e que só foi erradicada do país na década de 80. A partir da leitura do texto, pode-se inferir que seu Joaquim é uma personagem que teve/tem: a) dengue. b) varíola. c) caxumba. d) mal de chagas. 30. Leia o trecho a seguir. – Não estou de maré, mas explicarei: é pe- quena. Materializemos as comparações, para as tornarmos bem claras. Suponhamos, por exemplo, que a nossa honestidade é um ca- saco preto e que a das senhoras é um vestido branco. Tudo é roupa, têm ambos o mesmo destino, mas que aspectos e que responsabi- lidades diferentes! Disponível em: < http://dominiopublico.gov.br/download/ texto/bi000169.pdf>.Acesso em 03 nov. 2019. O trecho lido representa a fala de um perso- nagem, em resposta a certos questionamen- tos de Catarina, irmã do Capitão Rino. Com base nisso, explique, em relação às discus- sões que são apresentadas na cena em que o diálogo referenciado aparece: a) a metáfora proposta pelo Doutor. b) a importância da personagem Catarina. raio-X - análise eXpositiva 1. a) Sofia é uma típica personagem femi- nina machadiana. A partir de uma dis- simulação que Machado caracteriza como feminina, Sofia esconde de Palha, seu marido, a atração por Carlos Maria – per- sonagem de posses. Para não cometer o pecado da traição, mas também aproxi- mar-se da fortuna de Carlos, Sofia arqui- teta para casá-lo com sua prima. b) Sofia, com permissão do marido, deixa-se amar por Rubião. Encantando-o e sedu- zindo-o de modo que o casal Palha pu- desse usufruir do dinheiro que o ex-pro- fessor havia herdado de Quincas Borba. Nas obras machadiana, o “amor” sempre se desenvolve em um lógica de interesse. 2. [A] Rubião sente-se atraído por Sofia, mas, compreendendo que ela é uma mu- lher casada, sente-se, também, culpado, vivendo, portanto, um dilema moral en- tre a inocência de seu sentimento e a cul- pa de sentí-lo. 3. [B] Quincas Borba é apresentado como um filósofo excêntrico e louco, no trecho em questão, sua preocupação está antes na propagação do Humanitismo de forma compreensível, clara e objetiva, do que qualquer tipo de relação com Rubião. 4. Machado de Assis utiliza-se do Humani- tismo para fazer uma crítica às teses po- sitivistas do período, como o positivismo e o humanismo. Trata-se de uma satíra ao cientificismo exagerado e dado por uma racionalidade colonizadora, isto é, em 8 favor do império português. 5. [C] Questão que verifica se o aluno rea- lizou a leitura da obra compreendendo seu enredo. Antes de receber uma he- rança de Quincas Borba, Rubião atuava como professor. Há, inclusive, no início do romance, um momento de reflexão da personagem em que a colocação de que passara de professor a capitalista é feita pelo próprio Rubião. 6. [B] Entre espírito e matéria, a lógica barroca impera na obra de Gregório de Matos, de modo que sua poesia lírica se desenvolve entre o carnal, o sensual, e as reflexões ascéticas sobre a vida. 7. Em Gregório de Matos, não só como opo- sição pecadora, mas também como liber- tação o amor carnal pode ser entedido. Vale ressaltar a dualidade Barroca que se manifesta no período, de modo que a fuga do mundo sacro-profano poderia ser dada como um ápice de corporeidade, isto é, por meio das relações carnais, associa- das à poesia erótica-satírica do escritor. 8. Gregório de Matos trabalha temas religio- sos ao mesmo tempo em que trabalha, em oposição ao ideal católico, o pecado e a vida desregrada como materiais poéticos. Essa crucial oposição de valores permite aproximar o poeta dentro da escola bar- roca, que situava o homem entre o teo- centrismo e o antropocentrismo, sobretu- do como uma resposta às manifestações político-religiosas do período (reforma x contrarreforma). 9. [B] Questão que trabalha duas das obras solicitadas pelo vestibular. A questão as- socia o sarcasmo de Gregório de Matos à ironia machadiana. Exigindo do aluno a compreensão sobre recursos literários co- muns a cada um desses escritores. 10. Gregório de Matos foi conhecido como “o boca de inferno”. Seu apelido deve-se, em especial, à sua poesia satírica, sempre re- cheada por palavras de baixo calão. Vale ressaltar que essa poesia satírica também foi responsável por manifestar as expres- sões populares acerca do governo baiano durante a vida do autor; em resumo, as constantes críticas à organização social da Bahia no século XVII fizeram com que os governantes exilassem Gregório de Matos como uma forma de censurar o po- eta. 11. [D] Apenas a alternativa [D] traz uma compreensão que associa corretamente a obra referenciada à geração modernista a que ela pertence. Aspirando um exis- tencialismo sartreano, Angústia constrói- -se como um romance psicológico, em que tudo que acontece a protagonista corrobora para o desenvolvimento da si- tuação clímax: o crime. 12. Angústia trabalha com um narrador em primeira pessoa, de modo que a narra- tiva adquire um tom confessional, mas também ambíguo, já que passamos a ler a história com base no que quer nos mos- trar determinada personagem. A narração em primeira pessoa é, também, princípio para explorar o psicológico enquanto te- oria freudiana, pautada na psicanálise, no lembrar e no esquecer. O romance em primeira pessoa é, portanto, pouco con- fiável, mas, ao mesmo tempo, necessário para construção de uma narrativa sobre e para dentro do indivíduo. 13. a) Luis da Silva é uma personagem que não se conforma com a realidade que lhe é dada. Herdeiro de latifundiários senho- res de engenho, ele não consegue com- preender a decadência de sua posição, haja vista que os engenhos passam a ser substituídos pelas usinas, fruto da indus- trialização. Há uma opressão social que aumenta sua angústia na figura de Julião Tavares, filho de homens ricos que soube- ram lidar com a chegada da industriali- zação, migrando para uma nova classe so- cial: o empresário. Tudo isso se relaciona ao meio em que vivem as personagens, o sertão, cuja falta de políticas sociais gera uma ordem social particular e específica. b) Julião Tavares é visto, pelo olhar de Luis da Silva, como uma cobra. É assim que Luis da Silva apresenta personagens cujo meio social em que elas se constroem as moldaram como empresárias. Julião Ta- vares representa o filho de latifundiário que, após passar um tempo estudando fora do sertão, retorna como um rico ne- gociante, para quem os olhares se voltam. Uma figura que incomoda aqueles ainda presos a uma ordem social antiga, a dita elite do atraso. c) Marina é uma mulher estereotipada pela literatura. Uma mulher do sertão que sabe que o casamento é a única for- ma de ascenção social possível. Assim, ela é movida por interesse financeiro, de acordo com a descrição de Luis da Silva. Marina acaba sofrendo, em sua posição de mulher, as opressões não só do meio físico em que se insere, mas também pe- las do seu papel social, como no episódio do aborto. 14. Os ratos mencionados por Luis da Silva durante a obra podem ser entendidos como uma simbologia popular, em que o rato é um símbolo de fraqueza e de re- pulsa por parte da sociedade. No entanto, 9 levando em consideração o contexto mo- dernista e de industrialização, podemos entender que a recusa de Luis da Silva em se tornar um rato pode ter relação com a proposta de Dyonélio, haja vistao fato de o rato, dentro da obra urbana, ser um animal símbolo da modernidade, que aparece em grande número em função da aglomeração urbana: a fundação das cidades como conhecemos hoje. Assim, o rato acaba sendo um símbolo da não indi- vidualização do indíviduo moderno, algo que, dada a leitura de Angústia, também pode ser entendido como uma das preo- cupações/medos/angústia de Luis da Sil- va. 15. [C] O trecho em primeira pessoa, as inda- gações de cunho emocional e existencial e a reflexão do sujeito sobre si são traços que aparecem no excerto e mostram que o romance segue uma linha psicológica majoritariamente, em relação a outros traços também trabalhados na obra e na segunda geração modernista. 16. Sobrevivendo no inferno é, sem dúvida, uma obra que aborda a vivência negra na sociedade, bem como a recepção crítica, por parte da comunidade negra, sobre as políticas públicas que tangem essa popu- lação. Necropolítica é um termo utilizado para se referir a uma política que trata a soberania como a manipulação do direito de existir. Diário de um detento, ao tratar do Massacre do Carandiru, expõe uma ne- cropolítica que se sustenta com base em raça e classe, isto é, que atua majoritaria- mente contra negros e pobres. 17. [B] São estruturas do gênero carta a in- terlocução com o leitor (Você) e o cabeça- lho que situa o momento da escrita. 18. [A] Tem-se no uso da estrutura epistolar, uma forma de conferir credibilidade ao texto, na medida em que o relato deixa de ser dado por um terceiro e passa a ser visto como um relato testemunhal de al- guém que viveu o massacre narrado. 19. No texto de Drauzio Varella, Ismael Pe- drosa, diretor da fundação Carandiru, atesta que tudo vai bem na prisão, nin- guém mata, ninguém morre. Contudo, o mesmo dia trouxe o massacre de 111 presos. O trecho da música destaca que a perversidade do sistema, ao expor “aqui não tem santo”, frente ao massacre; fica claro, então, que Mano Brown não está fa- lando dos encarcerados, mas também, e, quiçá sobretudo, dos que encarceram. Da relação das falas está colocado um regime de negligência estrutural (que passa às esferas particulares) por parte do Esta- do em relação aos detentos, que pouco se importa com a população carcerária, de modo a, inclusive, como fica exposto no relato de Drauzio, maquiarem os reais acontecimentos do hostil ambiente que é a cadeia para o público geral. 20. [C] A obra é organizada de forma simi- lar a um culto religioso, tal qual atesta Acauam Oliveira, autor do prefácio da edição em livro: […] cântico de louvor e proteção direcionado ao santo guerreiro (“Jorge de Capadócia”); leitura do evan- gelho marginal (“Gênesis”); entrada em cena do pregador do proceder, explican- do (ou confundindo, a depender da ne- cessidade) os sentidos da palavra divina (“Capítulo 4, versículo 3”); o momento dos testemunhos das almas que se per- deram para o diabo, com resultados trá- gicos (“Tô ouvindo alguém me chamar” e “Rapaz comum”); intermezzo musical para velar aquelas mortes, interrompen- do por tiros que fazem recomeçar o ciclo; a pregação ou mensagem central (massa- cre do Carandiru) que liga o destino da- queles sujeitos ao de toda a comunidade (“Diário de um detento”), chave de com- preensão do destino de todos e descrição do próprio inferno; exemplos do modo de atuação do diabo no interior da comuni- dade (“Periferia é periferia”); exemplos do modo de atuação do diabo fora da comunidade (“Qual mentira vou acredi- tar”). Ao final, um momento de autorre- flexão sobre os limites da própria palavra enunciada (“Mágico de Oz” e “Fórmula mágica da paz”) e os agradecimentos a todos os presentes, verdadeiros portado- res da centelha divina (“Salve”). 21. O ex-covarde é a crônica de abertura de A Cabra Vadia. Nela, Nelson defende que as pessoas têm medo de se declararem rea- cionárias. O ex-covarde, portanto, é aque- le que, segundo o autor, perdeu o medo de ir de encontro ao que a juventude propõe como revolução: “Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário”. Nelson se coloca como al- guém que perdeu esse medo e, portanto, tratará de falar/expor o que, segundo ele, são as verdades que censuram a liberdade do indivíduo e as hipocrisias dos que se dizem revolucionários. 22. [C] Nelson Rodrigues coloca a juventu- de no patamar de falsos revolucionários, tecendo sobre ela comentários negativos durante toda a obra. Para ele, os jovens estavam reproduzindo os mesmos ideais dos regimes totalitários. 23. [B] Ao se colocar como um reacionário, Nelson Rodrigues estava se dispondo contra o que os jovens diziam, o que era, 10 para muitos, revolução, para Nelson era apenas degradação, balbúrdia e totalita- rismo, assim, o autor se via, dentro da sua postura conservadora, como um liber- tário, em fato. 24. [D] Apesar de ser politicamente contra diversos movimentos de igualdade pe- los quais lutavam os jovens, Nelson, em sua obra, muitas vezes por conta de um discurso libertário e sem pudores, tecia diversos comentários sobre a hipocri- sia presente em todas as classes sociais, fossem os jovens, os conservadores, os reacionários e os revolucionários. Para Nelson, tudo e todos eram objetos de sua escrita. 25. a) Segundo o autor, o único jeito de se realizar uma entrevista de verdade com uma personalidade é se a entrevista for imaginária; do contrário, os entrevista- dos não se sentiriam aptos a deixarem a verdade ao entrevistador. Assim, as en- trevistas imaginárias se tornam as en- trevistas possíveis, a única entrevista em que o entrevistado é, de fato, verdadeiro. b) A Cabra Vadia é uma simbologia dada por Nelson que compõe o ambiente perfeito de uma das entrevistas imaginárias, es- sas que só poderiam ocorrer em um ter- reno baldio, isto é, em sigilo, e com uma cabra vadia como testemunha, isto é, com um animal que não compreende, não está interessado e nem pode repetir o que foi dito em entrevista, de modo a confirmar a ideia de que as entrevistas verdadei- ras não acontecem, pois os entrevistados preocupam-se, o tempo todo, com a sua imagem. 26. Doutor Gervásio foi o responsável por ensinar muitas coisas para Camila. A re- lação dos dois funcionava não só como uma relação de amantes, mas como uma espécie de relação entre professor e alu- na. Doutor Gervásio era quem lhe trazia livros e músicas, e dava a Camila (não de propósito, necessariamente) meios de co- nhecer o mundo e subverter o cenário em que ela se encontrava. A fala dela acon- tece, justamente, antes dessa relação de estudante se desenvolver, quando ela de- clara não ler os romances, explicando seu motivo. 27. A fala de Camila aponta para um criti- cismo que se faz sobre a literatura, em que os escritores românticos colocavam as mulheres como objetos idealizados em sua obras, fazendo as histórias gi- rarem em torno dessas personagens de modo que, muitas vezes, as ações boas e/ou ruins tinham como origem/culpa as mulheres. Além disso, o comum final trágico dos romances tornava as histó- rias de amor inconclusas; portanto, para Camila, os escritores trabalhavam as mu- lheres apenas como bode expiatório, cul- padas pelas ações e sem jamais um final feliz. 28. A obra retrata o Brasil no final do século XIX e de forma bastante negativa, uma vez que expõe como o racismo e a desi- gualdade social e de gênero ainda sus- tentam as relações, bem como institui, em âmbito geral, a falência de diversos meios que não se coadunam mais com a modernidade, em especial, a ideia do ca- samento a que Camila se submete. 29. [B] Seu Joaquim apresenta em seu ros- to os traços da varíola, doença que só foi erradicada do país no século XX. “picado das bexigas” é uma forma popular de se referir a doença viral. Trata-se de uma questão interdisciplinar, que pode apare- cer dentro do vestibular da Unicamp. 30. a) Segundo a metáfora do autor, a fide- lidade masculina era algo socialmente não esperado e facilmenteperdoado, muitas vezes como uma mancha em um casaco negro, que simplesmente se limpa ou se esconde; em oposição, a fidelidade feminina se mostra com um fino bran- co tecido, em outras palavras, algo tão socialmente esperado que a menor das manchas ou suspeita de manchas já era algo aparente, visto, cujo estrago rara- mente podia ser desfeito. b) Catarina é irmã do capitão Rino. A perso- nagem é apresentada como uma mulher que luta declaradamente pela emancipa- ção feminina e que se mostra contra a instituição do casamento por interesses financeiros. Na obra, ela atua como uma personagem explicitamente feminista com cujas ideias Camila tem contato na cena do jantar e que, de algum modo, le- vando em consideração o final do roman- ce, permanecem dentro dela. GaBarito 2. A 3. B 5. C 6. B 9. B 11. D 15. C 17. B 18. A 20. C 22. C 23. B 24. D 29. B C N CIÊNCIAS DA NATUREZA C CIÊNCIAS HUMANAS H L LINGUAGENS E CÓDIGOS C M MATEMÁTICA T BASE DE QUESTÕES Novas obras literárias Fuvest - Unicamp 2020
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