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20/05/2015 1 Mutações Prof. MSc.: Luiz Eduardo Lacerda Abril/2015 Faculdade Maurício de Nassau Curso: Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia Disciplina: Genética humana São mudanças ou alterações súbitas da informação (código) genética de um organismo. Provocam alterações no genótipo, que por sua vez pode afetar seu fenótipo. Genótipo - corresponde ao conjunto de genes de um organismo. Fenótipo - refere-se às características visíveis (morfológicas, fisiológicas e comportamentais dos indivíduos). Resultado da interação entre genótipo e ambiente. Podem ocorrem em qualquer estágio de desenvolvimento do organismo Sempre ocorrem ao acaso não se prevê com antecedência qual o gene que irá sofrer a mutação e nem em que célula. Mutações • Mutação é a fonte básica de variabilidade genética, gerando novos alelos no gene. • A recombinação (por crossing over e segregação dos homólogos na meiose) gera novas combinações desses alelos. • A variabilidade é a matéria-prima sobre a qual a seleção natural atua. • A seleção natural atua: preservando as combinações mais bem adaptadas às condições ambientais existentes (sobrevivência), permitindo que esta seja transmitida às gerações seguinte (reprodução), se espalhando pela população; eliminando as características deletérias (ruins) em organismos menos adaptados. Assim a mutação + recombinação + seleção natural = evolução. Mutação e evolução Tipos de mutações Quanto ao tipo de célula afetada: Somática – em células diploides do corpo que não estão diretamente envolvidas na reprodução. Não são herdáveis. Germinativa – em células haplóides, envolvidas diretamente na reprodução, os gametas. Herdáveis. Quanto ao surgimento das mutações: Espontânea – ocorrem naturalmente na célula, numa taxa normalmente muito baixa. Induzidas – por agentes ambientais mutagênicos Quimicamente – subst. químicas como benzeno, nicotina, alcatrão, agrotóxicos, poluentes... Fisicamente – radiações (UV, raios X...) Biologicamente – vírus e bactérias Mutações Tipos de mutações Quanto aos seus efeitos: Benéficas - resultam em novas versões de proteínas que ajudam o organismo e futuras gerações a adaptar-se melhor a mudanças no seu ambiente. Silenciosas - não resultam numa mudança da sequência de aminoácidos de uma proteína. Deletérias - causam erros na sequência dos aminoácidos, formando proteínas parcial ou completamente não-funcionais causam doenças genéticas ou morte do individuo. Relativo: a característica produzida pode ser favorável em um ambiente, mas desfavorável em outro. A redundância do código genético confere proteção contra efeito deletério da mutação. Quanto ao local do material genético afetado: Mutação gênica - Mudança dentro de um gene, geralmente em um par de bases. Mutação cromossômica - Mudança em uma região cromossômica que envolvem vários genes. Remodelam o genoma numa escala maior que as mutações gênicas. Mutações Também chamadas de anomalias ou aberrações cromossômicas. São mudanças ou alterações estruturais ou numéricas nos cromossomos em relação ao cariótipo normal. Humano normal: 23 pares cromossomos (2n=46) 22 pares autossômicos (2n=44) e 1 par sexual (2n=2) Mutações cromossômicas Cariótipo feminino normal (46,XX)Cariótipo masculino normal (46,XY) Cromossomos são identificados e identificados pelo: • tamanho • posição dos centrômeros • padrões de bandeamento 20/05/2015 2 Nulissomia Causam anomalias na célula e no funcionamento do organismo ou até sua inviabilidade. Tipos de mutações cromossômicas Alterações cromossômicas Numéricas Estruturais Euploidias Aneuploidias Deleção Monossomia Duplicação Inversão Translocação Polissomia Monoploidia Poliploidia São variações na quantidade (ploidia) dos organismos alteram dosagem gênica Euploidia • Euploidia normal – conjunto básico de cromossomos completo. Em humano n=23 (gametas haplóides) e 2n=46 (células vegetativas diplóides). • Euploidia aberrante – mudanças no conjunto total de cromossomos. Tem um conjunto de cromossomos a menos ou a mais em relação ao indivíduo normal. Aneuploidia (“somias”) • mudança em partes de conjuntos cromossômicos, geralmente apenas em só um cromossomo. • Deleta ou duplica um cromossomo inteiro ou partes dele altera a dosagem e os níveis de expressão dos genes geram desequilíbrio genético específico. • Surgem de perda anafásica ou erros de segregação cromossômica na mitose ou meiose. Alterações cromossômicas numéricas Monoploidia (n) Tem um conjunto de cromossomos a menos em relação ao indivíduo normal. Não ocorre em humanos indivíduos monoplóides. Característicos de abelhas, formigas e vespas (desenvolvem por partenogênese). Euploidia 2n 2n n Poliploidia - triplóide (3n), tetraplóide (4n), pentaplóide (5n)... Tem um ou mais conjuntos de cromossomos a mais em relação ao indivíduo normal. Pouco frequente em humanos, a maioria é espontaneamente abortada ou morrem após parto. Retardamento do crescimento e letalidade em no máximo 5 meses. Os cromossomos adicionais codificam grande quantidade de produto gênico excedente defeitos coração e sistema nervoso morte. Euploidia Aborto espontâneo • Causas: Triploidia (3n) 69,XXX ou 69,XXY ou 69,XYY dispermia (2 espermatozóides em 1 ovócito) falha meiótica produzindo gameta diploide fusão de ovócito ao glóbulo polar formando gameta diplóide Tetraploidia (4n) 92,XXXX ou 92,XXXY ou 92,XXYY falha mitótica no início do desenvolvimento embrionário: 1) todos os cromossomos duplicados migram para uma das células filhas; 2) separação da cromátide sem citocinese. fusão de gametas diploides. Euploidia Dispermia Ovulo fecundado com 4 núcleos Euploidia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 XX Y Triploida 69,XXY 20/05/2015 3 Deleção ou duplicação de um cromossomo inteiro ou parte dele. Maior o n° de cromossomos afetados maiores serão as alterações. Tipo mais comum e significativo em termos clínicos de distúrbio cromossômico humano Síndromes Os que sobrevivem tem deficiência no desenvolvimento físico e mental Fatores que levam a aneuploidias: Vírus Calor e radiação (x, UV...) Substâncias químicas (drogas como LSD, maconha, nicotina, cafeína, ciclamatos ...) Idade materna (+ determinante) ou paterna Predisposição genética a não-separação dos cromossomos na divisão celular meiótica. Formula genética: N° total de cromossomos, os cromossomos sexuais + par cromossômico alterado Ex: 47,XY+21 (1 cromossomo a mais do tipo 21) ou 45,X (1 cromossomo a menos do tipo sexual) Aneuploidia Ocorre por perda anafásica na meiose Aneuploidia Meiose I Meiose II Perda anafásica n n n - 1 n - 1 Gametas Aneuploidia Meiose I Meiose II Não separação dos cromossomos n n n - 1 n + 1 Gametas n - 1 n - 1 n + 1 n + 1 Não separação dos cromossomos Meiose I Meiose II Gametas Ocorre por erro de segregação na meiose não disjunção dos cromossomos. Pode ocorrer erro nas duas divisões meióticas: 1 gameta com 4 cromossomos do mesmo tipo (n+3) e 3 gametas sem cromossomos (n-1) Possíveis cruzamentos: Aneuploidia Pessoa com um cromossomo a mais TRISSOMIA Gameta normal n - 1 n + 1 n n n nn n + 1 Pessoa normal Pessoa com um cromossomo a mais TRISSOMIA Pessoa com um cromossomo a menos MONOSSOMIA n + 1 n n + 1 n + 1 n + 1 n + 1 Pessoa normal Gameta n+1 Pessoa com um cromossomo a mais TRISSOMIA Pessoa com 2 cromossomo a mais TERASSOMIAPessoa com um cromossomo a mais TETRASSOMIA n + 1 n - 1 n Gameta n-1 n - 1 n - 1 n - 1 n - 1 Pessoa normal DISSOMIA UNIPARENTAL Pessoa normal Pessoa com 2 cromossomos a menos NULISSOMIA Pessoa com um cromossomo a menos MONOSSOMIA n + 1 n + 1 n -1 Tipos de Aneuploidia • Cromossomo a menos – hipoplóides Nulissomia (2n-2) perda de um par inteiro de cromossomos. Letal para o homem (sem informação genética). Monossomia (2n-1) um cromossomo a menos no cariótipo. Alta letalidade ou redução da fertilidade. • Cromossomo a mais – hiperplóides Trissomia (2n+1) um cromossomo a mais no cariótipo. Duplo trissômico (2n+1+1) dois cromossomos, um de cada tipo, a mais no cariótipo. Tetrassomia (2n+2) dois cromossomos do mesmo tipo a mais no cariótipo. Polissomia (2n+...) mais de dois cromossomos, geralmente sexuais, do mesmo tipo a mais no cariótipo. Raro e com mosaicismo frequente. • Tipo de cromossomo afetado Autossômicas em cromossomos não sexuais Alossômicas em cromossomos sexuais Aneuploidia Também pode ocorrer no zigoto, após fertilização, por erro na disjunção cromossômica ou perda anafásica na mitose gerando um mosaicismo Aneuploidia Mitose Erro na disjunção 2n+1 2n-1 2n 2n+1 Mitose Perda anafásica 2n 2n+1 Células inviável não se desenvolve Tem-se células alteradas e células normais (2 cariótipos) num mesmo indivíduo ou tecido, porém foram provenientes de um mesmo zigoto. A descendência das células alteradas também serão alteradas. 20/05/2015 4 Aneuploidia 46,XX 47,XX+21 / 46,XX 2 cariótipos para indivíduo aneuplóide em mosaico Mosaicismo O tipo e n° de células aneuplóides no moasicismo depende do momento do erro na disjunção. No início do desenvolvimento mais células serão afetadas pela alteração e maior a gravidade da doença Em estágios mais avançados de desenvolvimento menor n° células afetadas e menor a gravidade da doença Aneuploidia Trechos do corpo são aneuplóides. Alterações na forma e tamanho dos cromossomos altera quantidade ou localização de genes. Surgem de rupturas (quebras bifilamentares) espontâneas ou induzidas do cromossomo, seguida de perda de pedaços ou reconexão em posições diferentes (REARRANJOS) erros na leitura dos genes. Rearranjos balanceados – não há perda nem ganho de material genético. Geralmente não produzem consequências sérias à saúde. Rearranjos não balanceados – há perda ou ganho de material genético, alterando a quantidade de material genético. Produzem consequências serias em indivíduos e sua prole. Rupturas ocorrem mais facilmente na interfáse, quando os cromossomos estão distendidos mais vulnerável a variações ambientais. Podem ocorrer na mitose e meiose também. Alterações cromossômicas estruturais Variação do número de genes Deleção – perda de genes por perda de um segmento do cromossomo Duplicações – aumento de genes pelo cromossomo ganhar um pedaço repetido São não balanceados Variação na disposição (localização) dos genes Inversão – inversão de genes devido a inversão de um pedaço do cromossomo Translocação – intercambio de genes entre os cromossomos pela troca de pedaços dos cromossomos São balanceados Alterações cromossômicas estruturais Quebra seguida de perda do material genético. Terminal – única quebra levando a perda que inclui a ponta do cromossomo. Intersticial – Ocorrem duas quebras e o material entre elas é perdido. Deleção ou deficiência Os efeitos das deleções dependem da quantidade e qualidade do material genético perdido. Consequências graves a não ser que afetem genes desnecessários ou existam alelos normais dos genes deletados no seu homólogo. É irreversível e podem ser letais. Cromossomo que sofre deleção de ambos telômeros e suas extremidades, sem telômeros, tendem a se reunir formando um cromossomo em anel. Geralmente esses cromossomos em anel são perdidos resulta em monossomia nas células afetadas. Deleção Cromossomo em anel 20/05/2015 5 Repetição de um segmento cromossômico aumento do n° de genes dupla leitura. Surge por: replicação de um segmento do DNA mais de uma vez; quebra de cromossomos homólogos em diferentes posições e reconexão aos parceiros errados (crossing desigual). Menos prejudicial que a deleção. Duplicação Deleção Duplicação Quebra Quebra Tipo de duplicação especial. Erro na separação dos cromossomos na anáfase ao invés de separar as cromátides, ocorre separação dos braços cromossômicos, resultando em um cromossomos com braços iguais, com genes duplicados. Geralmente letais. Frequente envolvido em neoplasia de testículos. Duplicação Isocromossomos Inversão Quebra seguido de inserção do segmento em ordem inversa, alterando a ordem dos genes. Se o segmento invertido incluir a parte do DNA codificante, a proteína pode ser alterada tornando-a não funcional. Dificuldade de pareamento na prófase I pode produzir gametas anormais (duplicados ou deficiente) e infertilidade Quebra Inversão Inversão pericêntrica: Envolve centrômero. Muda o tamanho relativo de cada braço. Inversão paracêntrica: Não envolve centrômero, ocorrendo dentro do mesmo braço cromossômico. Troca de segmentos cromossômicos entre dois cromossomos, geralmente não homólogos. Recíproca – quebra cromossômica entre não homólogos, com troca recíproca dos seguimentos quebrados, sem perdas. Se não houver a quebra em um gene, não tem efeito no fenótipo. Alto risco de gerar gametas aneuplóides e prole anormal. Aborto e infertilidade. Robertsoniana – 2 cromossomos acrocêntricos perdem os braços curtos (pequenos e não contem material genético essencial) e unem seus braços longos no centrômero, formando um único cromossomo. Fenotipicamente normal – braço pequeno não contem informação essencial, mas só tem 45 cromossomos. Translocação Não homólogos Cromossomo acrocêntrico: Centrômero próximo aos telômero 13, 14, 15, 21, 22 14 21 Translocação robertsoniana Perde um cromossomo 14 normal e um 21 normal fica um único cromossomo com parte do braço longo do 14 e do 21Cromossomo perdido Cromossomo 14q21q 14 Translocação 21 14q21q 14 2114 14 21 Genitor normal Genitor com translocação robertsoniana Cruzamento: Possíveis filhos 1414q21q 2121 2114 2114 1414q21q 2114 2114 OuOu Trissomia 21 Normal Translocação balanceada Monossomia 21 Translocação não balanceada 1414q21q 21 Trissomia 14 Não balanceada 14 21 Monossomia 14 21 = Morte Cariótipo de prole de genitor com Translocação 45,XY, t(14q21q) 46,XY, -14, +t(14q21q) BALANCEADA NÃO BALANCEADA – Síndrome de Down 5% dos casos dessa síndrome
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