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Teoria da História da Arquitetura
THAU ARQ. IV
Universidade Paulista – UNIP
Campus: Flamboyant – Goiânia
Curso: Arquitetura e Urbanismo – 6º Período
SUMÁRIO
1. Plano Haussmann – Paris
1.1 – Plano Cerda – Barcelona
1.2 – Plano Pereira Passes – Rio de Janeiro
2. Cidade Jardim – Ebenezer howerd
2.1 – Goiânia – Plano Atílio Costa
2.2 – Plano Agache – Rio de Janeiro
3. Plano Vosin ( Ville Radiense ) – Le Cobusier
3.1 – Plano Piloto – Lúcio Costa
3.2 – Palmas – Luís Fernando Teixeira
1. Plano Haussmann – Paris
A Cidade de Paris
 
400d.C – invasão dos povos do Reno. Paris torna-se uma das cidades mais importantes da região.
1100 – início da construção da Catedral de Notre Dame.
1348 – Preste Negra.
Séculos XIV e XV – Paris torna-se a cidade mais populosa da Europa.
1500 – Noite do Massacre de São Bartholomeu; reforma do Castelo do Louvre; os reis voltam a residir em Paris (1528).
1700 – construção da Ìlle de La Cité.
1789 – Revolução Francesa.
Antecedentes urbanos: liberar o tecido urbano (função militar);
ocorre uma grande transformação – um terço do tecido da cidade é atingido com a expansão; 
Plano de Reforma – Plano dos Artistas (1793 – 1797); região mais populosa – classe operária fica à margem esquerda do Rio Sena (três quartos da população residiam nesta área).
 
A gestão de Rambeteau: não modifica a estrutura da cidade; implanta série de reformas, respeitando o tecido urbano existente (arte urbana); tenta dar qualidade sem desfigurar; cria os passeios (não existiam); arboriza, cria pavimentação nas ruas; cria comissão de Monumentos Históricos (Viollet-le-Duc); faz paisagismo (melhoria sanitária).
A gestão Berger: reconstrução da cidade; cria Rua das Escolas; cria lei que os imóveis devem ser limpos de dez em dez anos.
 
 Fig. 01 - Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo.
 Planta de Paris em 1853, antes dos trabalhos de Haussmann.
A Reforma de Paris e o Plano de Haussmann 
 O principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris é o de liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. A grande transformação da cidade ocorre em um terço do tecido da cidade sobre a ideia da grande expansão.
 Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é a reforma da ‘’Ìlle de la Cité’’ em área militar. Para atingir esse objetivo, todas as edificações existentes são demolidas. Para Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” e só deve visar os interesses de Napoleão, interesses esses, de cunho estritamente militares. A partir daí, é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico.
O foco principal é a melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso são eliminados bairros considerados degradados, as ruas são arborizadas e recebem sistema de iluminação.
A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com monumentos que servem como ‘cenário’. São criados vários boullevard e um novo elemento urbano, o Carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado não aproveitando o existente, transfigurando a cidade.
 Fig. 02 - Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo.
Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris – linhas mais grossas, novas ruas – tracejado quadriculado, novos bairros – tracejado horizontal, os dois grandes parques periféricos: os Bois de Boulogne (à esquerda) e os Bois de Vincennes (à direita).··.
1.1 – Plano Cerda – Barcelona
 Ildefonso Cerdà i Sunyer (1815 — 1876) foi um engenheiro urbanista, e político catalão, responsável pela proposta de expansão e construção da nova cidade: o Exemplo. O plano para Barcelona de Cerdà, aprovado inicialmente em 1859, tinha como objetivo aumentar a área total da cidade, permitindo a sua expansão além dos limites da antiga muralha medieval, e fornecer uma alternativa mais ordenada de ruas e quarteirões. 
A contenção da cidade dentro dos limites da muralha tinha aumentado a sua densidade e criado problemas de comunicação com o exterior. O plano de Cerdá desenha uma grelha ortogonal, com quarteirões quadrados, de 113m x 113m, com vértices cortados, cada um apontando para um ponto cardeal, e ruas de 20m de largura. Cada conjunto de nove quarteirões inscreve-se num quadrado de 400m de lado. 
O corte diagonal nas arestas dos quarteirões permite uma maior amplitude visual dos edifícios de esquina e transforma o simples cruzamento de ruas num novo em espaço. O melhor exemplo de habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí O plano urbanístico de Cerdá cria uma hierarquia viárias onde pequenas ruas desembocam em ruas maiores que por sua vez desembocam em grandes avenidas desenhando uma grelha de ruas paralelas e perpendiculares e duas avenidas que se cruzam, a Diagonal e a Meridional. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem, indiferente ao contexto, a ligação com o centro histórico é feita com extrema habilidade a partir de conexões pré-existentes. 
Do plano original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário. Os quarteirões foram maciçamente ocupados no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um carácter que os reaproximou do quarteirão tradicional. Inicialmente concebidos para ter em média 67.000m³ de área construída, atualmente, após 150 anos de progressiva densificação, têm, em média, 295.000m³ de área construída.
 
 Fig. 03 - Fonte: Guião+Barcelona+cerda.pdf.
 As ruas eram planeadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, diferença de cotas entre outros. As paisagens, praças e quarteirões deveriam interagir entre si, além de serem elementos harmónicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com o quarteirão.
1.2 – Plano Pereira Passes – Rio de Janeiro
 No começo do século XX, o Rio de Janeiro era a capital do país e vivia um período de transformações. A nova imagem do Rio era planejada por Pereira Passos, prefeito da cidade, que queria dar ao Brasil características mais modernas, fugindo da visão de atraso, de país escravocrata. O prefeito se inspirou em Paris para fazer as reformas urbanísticas no Rio, construindo praças, ampliando ruas e criando estruturas de saneamento básico. Entre as principais heranças da gestão Passos está o Teatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional. 
 Fig. 04 - Fonte: Reprodução (GLOBO.COM)
 Incentivado pelo presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos começou as reformas em 1903. O presidente levantou os recursos e o prefeito pôde realizar as obras, a higienização ficou nas mãos do médico Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde Pública. A reforma urbana carioca foi inspirada na reforma feita em Paris no século XIX, entre 1853 e 1870. Em sua gestão, Passos modernizou a Zona Portuária, criou a Avenida Central, hoje Rio Branco, a Avenida Beira-Mar e a Avenida Maracanã. 
A reforma Pereira Passos buscou adaptar a cidade também para os automóveis. É nesse período que o Rio de Janeiro vê a chegada da energia elétrica e a reorganização do espaço urbano carioca. O prefeito proibiu ainda a atuação de ambulantes.  
Dos cortiços ao Morro da Providência: mudança representada na novela Lado a Lado
 
Foi nessa época que muitas favelas surgiram. Com a destruição dos cortiços, parte das pessoas foi paraa periferia da cidade e a outra parte subiu o morro, formando favelas. O caso foi, inclusive, retratado na novela Lado a Lado, da Rede Globo, em que vários personagens foram forçados a deixar o cortiço e partiram para o Morro da Providência. Nos cortiços, os moradores sofriam com a falta de higiene, que causava várias doenças. A situação continuou ruim no morro, sem saneamento básico ou qualquer auxílio do governo.
2. Cidade Jardim - Ebenezer Howard
Ebenezer Howard, em livro publicado originalmente em 1898, propôs uma alternativa  aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. O livro “To-morrow” (chamado “Garden-cities of To-morrow” na segunda edição, em 1902) apresentou um breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas consequências. Segundo ele, essa superpopulação era causada sobretudo pela migração proveniente do campo. Era, portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo.
Howard (1996) fez uma síntese das vantagens e dos problemas tanto de um ambiente como de outro. Ambos atuariam como “ímãs”, atraindo as pessoas para si.
Em síntese, a cidade era o espaço da socialização, da cooperação e das oportunidades, especialmente de empregos, mas padecia de graves problemas relacionados ao excesso de população e à insalubridade do seu espaço. Por outro lado, o campo era o espaço da natureza, do sol e das águas, bem como da produção de alimentos, mas também sofria de problemas como a falta de empregos e de infraestrutura, além de uma carência de oportunidades sociais.
A chave para a solução dos problemas da cidade, segundo Howard, era reconduzir o homem ao campo, através da criação de atrativos – ou “ímãs” – que pudessem contrabalançar as forças a tratoras representadas pela cidade e pelo campo. Ele argumentou que havia uma terceira alternativa, além das vidas urbana e rural, que seria o que ele chamou de Cidade-Campo (Town-Country). Nessa alternativa, os dois imãs fundiram-se num só, aproveitando o que há de melhor em cada um deles, e dessa união nasceria “uma nova esperança, uma nova vida, uma nova civilização”
O desenho da Cidade-Jardim
O modelo proposto, chamado de Cidade-jardim, deveria ser construído numa área que compreenderia, no total, 2400 hectares, sendo 400 hectares destinados à cidade propriamente dita e o restante às áreas agrícolas. O esquema feito para a cidade assume uma estrutura radial, sendo composto por 6 bulevares de 36 metros de largura que cruzam desde o centro até a periferia, dividindo-a em 6 partes iguais. No centro, seria prevista uma área de aproximadamente 2,2 ha, com um belo jardim, sendo que na sua região periférica estariam dispostos os edifícios públicos e culturais (teatro, biblioteca, museu, galeria de arte) e o hospital. O restante desse espaço central destinar-se-ia a um parque público de 56 ha com grande áreas de recreação e fácil acesso.
Fig. 05 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura
Ao redor de todo o Parque Central estaria localizado o “Palácio de Cristal”, uma grande arcada envidraçada que se destinaria a abrigar as atividades de comércio e a se constituir num jardim de inverno, estando distante no máximo 558m de qualquer morador. Nesse local, poderiam ser comercializadas as mercadorias que requerem “o prazer de escolher e decidir” (HOWARD, 1996, p. 115). Funcionaria também como um jardim de inverno, onde os habitantes poderiam passear ao abrigo da chuva e contemplar a paisagem.
 Fig. 06 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura
De frente à Quinta Avenida e ao Palácio de Cristal, existiria um conjunto de casas ocupando lotes amplos e independentes. Mais adiante, estariam os lotes comuns, cerca de 6,1 x 40m, em número de 5.500. A população estaria próxima de 30.000 habitantes na cidade e 2.000 no setor agrícola. Com isso, a densidade média seria de 200 a 220 pessoas por hectare, o que, de certa forma, contraria a noção geralmente aceita de que a Cidade-Jardim defende baixas densidades habitacionais. Entretanto, utilizando o esquema geral de Howard como base, obteve-se uma área total para a cidade de 416,83 hectares. Para uma população de 30.000 pessoas, portanto, a densidade média bruta seria de 71,97 habitantes por hectare, o que é bem inferior ao estimado por Hall. Calculando apenas a área dos “setores” residenciais (incluindo a Grande Avenida), têm-se aproximadamente 251,72 hectares, o que daria uma densidade média de 119,18 habitantes por hectare, que pode ser considerada uma densidade de baixa a média.
A Grande Avenida dividiria a cidade em duas partes e possuiria 128 m de largura. Ela constituiria, na verdade, mais um parque, com 46,5 ha, e nela estariam dispostas, em seis grandes lotes, as escolas públicas. Também nessa avenida estariam localizadas as igrejas necessárias para atender à diversidade de crenças existentes na cidade.
No anel externo estariam os armazéns, mercados, carvoarias, serrarias, etc., todos defronte à via férrea que circunda a cidade. Dessa forma, o escoamento da produção e a recepção de mercadorias e matéria-prima seria facilitado (e barateado), evitando também a circulação do tráfego pesado pelas ruas da cidade, diminuindo a necessidade de manutenção.
As receitas da Cidade-Jardim
Foi concebido um mecanismo engenhoso para viabilizar a criação e a manutenção de uma Cidade-Jardim. Inicialmente, um terreno localizado em área rural deveria ser comprado por um grupo de pessoas, para abrigar a futura cidade. Esse terreno seria comprado por um preço baixo, compatível com o preço de terras rurais, a partir de um financiamento. O aumento do número de habitantes nessas terras seria capaz de diluir os juros do financiamento e de constituir um fundo para ir quitando aos poucos o principal. Assim, a partir de pagamentos relativamente pequenos, os habitantes da Cidade-Jardim poderiam quitar a dívida assumida e ainda obter recursos para as ações coletivas necessárias (construção de edificações públicas, manutenção dos espaços abertos, etc.).
Na área rural, a competição natural entre os produtores, as culturas e os modos de produção deveriam indicar quais produtos seriam cultivados. Aqueles que conseguissem gerar mais renda se estabeleceriam nos arredores da Cidade-Jardim. A renda, entretanto, não seria apropriada por um único indivíduo, já que a terra teria sido adquirida coletivamente. Os benefícios obtidos em termos financeiros pelo aumento do valor da terra e, como consequência, pelo incremento da renda fundiária, seriam convertidos em menores impostos e mais investimentos coletivos.
Mecanismo de crescimento.
 
 
 
Fig. 07 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura
Destaca ainda outro equívoco no que diz respeito às interpretações da Cidade-Jardim. Segundo ele, os autores costumam descrevê-la como um espaço urbano isolado em uma grande área rural. Hall argumenta que Howard propôs, ao contrário, que um sistema de cidades fosse construído dentro de distâncias não  muito grandes. Assim, tão logo a população da primeira cidade-jardim atingisse seu máximo, outra cidade seria construída em local próximo, cuidando, entretanto para que uma área rural fosse mantida entre as duas. Estas seriam conectadas por estradas de ferro, que se 
encarregariam de possibilitar o intercâmbio de mercadorias.
2.1 - Goiânia - Plano Atílio 
Fig. 08 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura
Attílio Corrêa Lima se formou engenheiro-arquiteto na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1925. Ainda estudante trabalhou no escritório que Agache abriu no Rio, para desenvolver o Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro. Por influência de Agache foi para a Universidade de Paris fazer um curso de pós-graduação em Urbanismo no Institut d’Urbanisme, onde foi aluno de Henry Prostcom quem Agache tinha trabalhado, recebendo uma dupla influência: da nascente sociologia francesa e da concepção estética da Beaux-Arts, que influenciou sua proposta para Niterói (que foi sua tese de pós-graduação) e para Goiânia, posteriormente. O projeto de Goiânia é de 1933, mas o projeto final foi alterado por Armando de Godói, engenheiro carioca que assumiu o projeto em 1935 quando Attílio morreu num acidente de avião. Além do projeto de Goiânia, Attílio foi durante um curto período professor de Urbanismo na Escola Nacional de Belas Artes, projetou a cidade de Volta Redonda e projetou o Conjunto Residencial da Várzea do Carmo com forte influência da arquitetura moderna dos CIAMs (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna). Sobre esse importante arquiteto e urbanista está sendo filmado um documentário com mais de 1 hora de duração, que segundo os autores deverá estar pronto agora no final do mês de Março, e que será distribuído em todas as escolas de Goiânia e para as escolas de arquitetura do Brasil. Agradeço ao Arq. Daniel Amor Presidente do Sindicato dos Arquitetos Urbanistas do Estado de São Paulo por me dar a ideia para esse post. Attilio Corrêa Lima nasceu em Roma, em 19 de abril de 1901 e faleceu no Rio de Janeiro em um triste acidente de avião em 27 de agosto de 1943, após erro do piloto na aproximação do aeroporto santo Dumont. Neste mesmo voo faleceram também o jornalista Cásper Líbero e o Arceibispo de São Paulo, dentre outros. Em 1935 Attilio deixa o projeto de Goiânia, após cumprir todo o contrato assinado em 1933, devido a problemas políticos e financeiros, ficando a cargo do arquiteto Armando de Godói as alterações da parte sul de Goiânia. Armando de Godói foi contratado pela firma Coimbra-Bueno, empresa que foi a responsável pela implantação e construção da cidade, e que por motivos econômicos (exploração imobiliária) forçou a desistência de Attilio. Esta mesma firma omitiu por muitos anos o nome de Attilio como autor do projeto de Goiânia, o que ocasionou um processo na justiça, sendo que a firma Cimbra-Bueno se retratou e corrigiu o problema antes do julgamento. Attilio vai para Paris após vencer um concurso do governo brasileiro, ganhando uma bolsa de permanência de 5 anos de duração, e lá cursa especialização em urbanismo na Sorbonne, no Instituto de Urbanismo de Paris (IUP), sendo seu projeto final a reurbanização de Niterói. Retorna em 1930 como o primeiro urbanista formado do Brasil. É em Paris que Attilio conhece Agache, chegando a estagiar com o mesmo. Quando, ainda em Paris, recebe convite do arquiteto Lúcio Costa para lecionar na Escola Nacional de Belas Artes, sendo o primeiro ocupante da cadeira de Urbanismo, cadeira esta que ocupa até meados de 1939, tendo se licenciado no período em que projetou a cidade de Goiânia. Em 1936 vence o concurso para a estação de hidroaviões do Aeroporto Santos Dummont (um dos primeiros prédios no estilo modernista – atual INCAER), completando a obra em 1937. O conjunto de Várzea do Carmo, sua última obra (Attilio voltava de uma visita à obra quando morreu) foi construído enquanto era arquiteto do IAPI (Instituto de Aposentadoria e Previdência dos Industriários). Desenvolvia concomitantemente em seu escritório o projeto de Volta Redonda – RJ, junto com mais dois sócios, mas que também não completou devido ao seu falecimento.
Fig. 09 - Fonte: A Praça Cívica, elemento central na concepção de Atilio Corrêa Lima, ainda na década de 1930.
Fig. 10 - Fonte: A Praça Cívica, elemento central na concepção de Atílio Corrêa Lima, ainda na década de 1930.
2.2 – Plano Agache – Rio de Janeiro
Alfred Hubert Donat Agache, arquiteto francês, elabora, junto com um grupo de técnicos estrangeiros, o primeiro plano diretor para a cidade, durante o período de 1927 a 1930. A cidade, então Distrito Federal, capital da República, é abordada de forma global, embora as atenções maiores fiquem com a Área Central. Volta-se especialmente para aspectos ligados à estética e ao saneamento, denominando-se um plano de remodelação, extensão e embelezamento.
Não se propõe a ser um plano de desenvolvimento, mas somente um plano físico territorial. Para tanto, é interessante observarmos de que forma o autor conceitua o urbanismo: "é uma ciência, e uma arte e sobre tudo uma filosofia social. Entende-se por urbanismo, o conjunto de regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do arruamento, da circulação e do descongestionamento das artérias públicas. É a remodelação, a extensão e o embelezamento de uma cidade, levados a efeito, mediante um estudo metódico da geografia humana e da topografia urbana sem descurar as soluções financeiras".
O plano apresenta a comparação da aglomeração urbana a um organismo vivo: "Nenhuma imagem poderia representar melhor a constituição e a vida das cidades. Essas nascem, crescem, vivem e como os seres animais, enfraquecem e morrem". É necessário, portanto, segundo o autor, que seus órgãos estejam em estado de exercer as funções que lhes são próprias. Enfoca as três funções: circulação, digestão e respiração.
A estética merece destaque especial. A ênfase dada ao embelezamento é observada em vários capítulos. O Plano Agache é um típico plano diretor, quando produz um retrato das condições futuras da cidade e o compara com a cidade ideal, que será obtida através de suas proposições. 
Vários objetivos se encontram expressos no plano. É evidenciada a sua intenção de ordenamento da cidade, usando para isso especialmente o zoneamento (zoning), e também a legislação urbanística.
O plano apresenta para a cidade do Rio de Janeiro duas funções, que considera primordiais: função político-administrativa como capital e função econômica como porto e mercado comercial e industrial. 
A metodologia usada na elaboração é a dos planos diretores. A situação da cidade é analisada, são identificados problemas e detectadas defasagens em relação a um modelo de cidade proposto pelo autor do plano e são feitas proposições, a respeito de como tal modelo pode ser atingido.
É dividido em três partes: Componentes Antropogeográficos do Distrito Federal, O Rio de Janeiro Maior e Os Grandes Problemas Sanitários. Em anexo ao plano são apresentados projetos de legislação com o objetivo de regulamentar as proposições do autor.
A segunda parte trata realmente da essência do plano, o modelo de cidade ideal e proposições para atingi-la. A terceira parte do plano é dedicada ao saneamento. 
O principal instrumento de intervenção adotado é o zoneamento, muito utilizado à época. Segundo o autor, constitui uma tentativa de impor uma ordem às cidades, visando evitar o caos, que se estabeleceria, caso o crescimento das cidades fosse deixado à livre iniciativa. 
É ideia geral do plano que a grande cidade necessita de várias tipologias habitacionais, sendo que o zoneamento, a construção de habitações populares e uma política territorial bem conduzida irão ajudar a resolver os problemas habitacionais.
A favela para Agache é uma escolha. A solução é a construção de habitações a preços baixos ou totalmente subvencionados pelo estado.
O Plano Agache destaca em importância o tema saneamento, que constitui um terço do seu volume. Ao contrário do tema habitação, em que o plano o aborda à distância, o saneamento é encarado de forma técnica e com a profundidade necessária.
Para os assuntos ligados a saneamento básico, água, esgoto e drenagem, apresenta um enfoque global da cidade. Não determina áreas onde deveriam acontecer, prioritariamente, as obras de saneamento, e portanto não discrimina ou privilegia partes do espaço urbano.
O plano aborda o sistema viário da mesma forma que o saneamento básico, com o objetivo de aumentar sua eficiência. Aqui, no entanto, um outro fator é levado em conta, já que algumas das soluções propostas atendem, também, aos objetivos de ordem estética. São então, na medida do possível, aliados os valores de funcionalidade e embelezamento.
As proposições do plano, ainda que tenham por objetivo solucionar acidade em geral, se tornam mais detalhadas quando abordam a Área Central da Cidade. 
O sistema viário é tratado no plano como a ossatura do plano diretor. Dentro de uma visão orgânica da cidade, constitui uma das funções principais: a circulação. Os conjuntos de vias vão conectar os elementos funcionais, os bairros e zonas de usos diversos. 
O sistema de transporte já é visto pelo autor como um sistema integrado, e sua reformulação é explicada pela necessidade de suprimir a maior parte dos bondes, que saturam a cidade, de encontrar artérias principais, que entrem até o centro da mesma, de criação de vias de comunicação entre bairros e de construção de uma rede de metropolitano.
3. Plano Vosin ( Ville Radiense ) – Le Cobusier
Ville Radieuse (Cidade Radiante) foi um plano urbano não construído de Le Corbusier, apresentado pela primeira vez em 1924 e publicado no livro homônimo em 1933. Projetado para conter meios eficientes de transporte, bem como uma abundância de espaços verdes e luz solar, a cidade do futuro de Le Corbusier não só almejava oferecer uma vida melhor aos residentes, mas contribuir para criar uma sociedade melhor. Embora radical, rigorosa e quase totalitária na sua ordem, simetria e padronização, os princípios propostos por Le Corbusier tiveram extensa influência sobre o planejamento urbano moderno, levando ao desenvolvimento de novas tipologias de habitação de alta densidade.
 Fig. 11 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-radieuse-le-corbusier
De acordo com os ideais modernistas de progresso (que encorajaram a aniquilação da tradição), A Cidade Radiante emergiria de uma tabula rasa: seria construída sobre nada menos que as cidades europeias vernaculizares destruídas na guerra. A nova cidade conteria arranha-céus pré-fabricados de alta densidade e idênticos, distribuídos por vastas áreas verdes e organizados em uma grade cartesiana, permitindo que a cidade funcionasse como uma "máquina viva". Le Corbusier  explica: "A cidade de hoje vem morrendo porque seu planejamento não está na proporção geométrica de um quarto. O resultado de um verdadeiro layout geométrico é a repetição, o resultado da repetição é um padrão. A forma perfeita".
No cerne do plano de Le Corbusier estava a noção de zoneamento: a divisão estrita da cidade em áreas segregadas comerciais, de negócios, de lazer e residenciais. A área de negócios localizava-se no centro, e apresentava mega-arranha-céus monolíticos, cada um atingindo uma altura de 200 metros e com capacidade para entre cinco e oito mil pessoas. Localizado no centro deste distrito cívico estava a principal plataforma de transporte, a partir da qual um vasto sistema subterrâneo de trens transportaria cidadãos para os distritos de habitação do entorno.
Os bairros habitacionais contariam com edifícios de apartamentos pré-
fabricados. Conhecidos como "Unités"“. Atingindo uma altura de cinquenta metros, uma única Unité poderia acomodar 2.700 habitantes e funcionar como uma vila vertical”.  Instalações de restaurantes e lavanderias ficariam no piso térreo, um jardim de infância e uma piscina na cobertura. Entre os blocos existiriam parques, proporcionando aos residentes um máximo de luz natural, um mínimo de ruído e instalações de lazer logo à porta.
 
Fig. 12 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-radieuse-le-corbusier
Estas ideias radicais foram desenvolvidas por Le Corbusier em seus esboços para vários esquemas para cidades como Paris, Antuérpia, Moscou e Argel. Finalmente, em 1949, ele encontrou uma autoridade estatal que lhe forneceu um “passe livre" - para a capital indiana do Punjab. Em Chandigarh, a primeira cidade planejada na Índia livre, Le Corbusier aplicou seu rigoroso sistema de zoneamento e projetou o Complexo Central Capital, que consiste na Alta Corte, o Palácio da Assembleia e o Secretariado.
Mas talvez a maior realização das ideias de Le Corbusier possa ser testemunhada na concepção da capital do Brasil, Brasília, construída em um enorme terreno vago fornecido pelo governo brasileiro. Sobre esta tabula rasa (que Le Corbusier teria cobiçado), Lúcio Costa e Oscar Niemeyer projetaram uma cidade geometricamente perfeita segregando as zonas monumentais de administração e os bairros de habitação idênticos, que são propriedade estatal. Com a implementação de princípios de Le Corbusier, Costa e Niemeyer esperavam criar uma cidade que materializasse a igualdade e a justiça.
Hoje, como consequência do Modernismo, as cidades construídas nas ideias de Corbusier raramente são descritas como utópicas. Brasília, por exemplo, tem sido duramente criticada por ignorar os hábitos e desejos dos residentes e por não fornecer espaços públicos para encontros urbanos. Além disso, os blocos de apartamentos inspirados na Unité, que se encontram nos arredores de quase todas as grandes cidades de hoje, tornaram-se incubadoras de pobreza e crime; sendo que grande parte foi completamente remodelada ou demolida.
No entanto, a ideia de propor ordem através de um planejamento cuidadoso é tão relevante atualmente como quando Le Corbusier publicou The Radiant City. Questões de qualidade de vida, tráfego, ruído, espaço público e transporte, que Le Corbusier - ao contrário de qualquer outro arquiteto antes dele - tratou de forma global, continuam a ser uma das principais preocupações dos planejadores da cidade atual.
3.1 – Plano Piloto – Lúcio Costa
Plano Piloto
Uma ideia revolucionária, que marcaria para sempre a história do urbanismo contemporâneo. Ousada, pioneira, mas ao mesmo tempo de uma simplicidade surpreendente, apresentada na forma de um memorial descritivo e singelos esboços em lápis.
 Fig. 13 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-plano-piloto
O projeto do arquiteto e urbanista Lucio Costa, que derrotou outros 25 perante um júri internacional, em março de 1957, não era apenas o traçado de uma cidade voltada para a administração pública e que expressava "a grandeza de uma vontade nacional", como determinava o edital do concurso. Ele sugeria uma nova concepção de vida, baseada no resgate de valores essenciais ao bem-estar coletivo. Uma cidade-parque em que homem e natureza convivessem de forma harmoniosa e em que os laços comunitários fossem fortalecidos. Uma capital arrojada e moderna, com um sistema viário inovador, pontuada por monumentos de forte impacto cívico e arquitetônico.
A concepção do Plano Piloto nasceu do gesto de quem assinala uma cruz. Um símbolo de conquista, de quem toma posse de um território. Adaptado à topografia local e ao escoamento das águas, um dos eixos dessa cruz, o Norte-Sul, seria arqueado e daria ao desenho final a noção de um pássaro – ou, como diria mais tarde Lucio Costa, a sugestão de uma libélula, uma borboleta, um arco e flecha...
Entre os princípios básicos do projeto estão a setorização urbana por atividades determinadas e uma técnica rodoviária que elimina cruzamentos. A cidade gira em torno de dois grandes troncos de circulação, o Eixo Monumental, que vai de Leste a Oeste, e o Eixo Rodoviário-Residencial, que vai de Norte a Sul e é cortado transversalmente pelas vias locais.
Com exceção da área central, onde prevalecem edifícios mais altos e mais aglomerados, o Plano Piloto se caracteriza pela paisagem horizontalizada, pela predominância de espaços livres e pela grande amplitude visual. São quatro escalas: a residencial, a monumental, a gregária e a bucólica.
 
Fig. 14 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-plano-piloto
A ESCALA RESIDENCIAL, construída ao longo do Eixo Rodoviário, traduz um conceito completamente novo de moradia, com superquadras de apartamentos cercadas de verde, edifícios de gabarito baixo suspensos sobre pilotis e unidades de vizinhança que estimulam a convivência, com seus comércios locais, praças, escolas e outros equipamentos comunitários. O espaçopara casas geminadas ficou mais afastado do eixo central, na parte Oeste.
 
Fig. 15 e 16 - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-plano-piloto
O projeto de Lucio Costa, planejado para 500 mil habitantes, também previu, entre outras áreas, os Setores Culturais, o Centro Esportivo, a Cidade Universitária, o Jardim Botânico, o Setor Militar e os quartéis, as zonas destinadas à armazenagem e abastecimento, às garagens de viação urbana e às pequenas indústrias locais.
Mas nem tudo saiu como previsto pelo urbanista. A nova capital acabou construída mais perto do Lago Paranoá, para evitar a ocupação indevida entre a Praça dos Três Poderes, e a orla do lago e os Setores de Habitação Individual Sul e Norte (hoje transformadas em outras regiões administrativas) tiveram de ocupar a outra margem do lago.
Para atender à demanda crescente por templos e colégios particulares, foram planejados os chamados Setores de Grandes Áreas, a Leste e a Oeste. Com isso, várias outras mudanças precisaram ser feitas. O Setor de Mansões surgiu a partir de iniciativa de Israel Pinheiro, os Ministérios precisaram ganhar prédios anexos e foram criadas novas áreas residenciais mais populares, como o Cruzeiro e a Octogonal. As casas isoladas, de maior padrão econômico, também proliferaram no Lago Norte e no Lago Sul.
Com o crescimento da cidade, a área central teve de ser ampliada. Vieram os setores Hospitalar, de Rádio e Televisão, de Autarquias e a Praça dos Tribunais. Nas unidades de Vizinhança, boa parte das entrequadras ainda está vazia. Muitas áreas tiveram sua destinação original desvirtuada. A invasão de áreas públicas é um problema sério, assim como a pressão por estacionamento e o fluxo crescente do trânsito. A privatização da orla do Lago Paranoá e a multiplicação dos clubes esportivos comprometeram o acesso público às margens do lago.
Mesmo assim, 50 anos depois, o espírito do Plano Piloto de Lucio Costa continua bem vivo e considerado, desde 1987, como Patrimônio Cultural da Humanidade, permanecendo como um presente, para os brasileiros e para o mundo.
 3.2 Palmas – Luís Fernando Teixeira. 
A fase pioneira 
Desde a criação da República e da Federação, o território do Estado do Tocantins fez parte do Estado de Goiás. O primeiro registro de busca de autonomia da região onde se construiu a cidade de Palmas data de 1821. Neste ano, o ouvidor-geral da então Comarca de São João das Duas Barras (mais tarde São João da Palma, hoje Paranã), Joaquim Teotônio Segurado, assumiu a iniciativa de criar um governo autônomo da Coroa Portuguesa em uma área de terra no sul do território que hoje forma o estado do Tocantins. Esta área incluía ainda as localidades de Cavalcante e Natividade. Esse episódio está registrado no nome da principal avenida da capital, que homenageia o ouvidor. Há registro também, de 1873, de uma proposta frustrada do Visconde de Taunay para criação da Província de Boa Vista do Tocantins. Outra iniciativa de desmembramento do norte de Goiás deu-se em 1956. Mais tarde, em 1972, o deputado Siqueira Campos, então presidente da Comissão da Amazônia, apresentou projeto de redivisão da Amazônia Legal, do qual constava a criação do Estado do Tocantins. Até 1988, vários outros projetos foram tentados e frustrados. Todo esse esforço separatista desembocou na Assembleia Constituinte de 1988, cujo artigo 13 das Disposições Transitórias da Constituição Federal criou o Estado do Tocantins, desmembrado do Estado de Goiás. O novo Estado passou a integrar a Região Norte, fazendo parte da Amazônia Legal.
A escolha do local da nova capital 
Criado o novo Estado e eleito o governador, Siqueira Campos, começa a disputa pela localização da capital. Conforme previsto na Constituição Federal, o governo do Estado do Tocantins deveria se instalar em uma capital provisória até a escolha definitiva. Os estudos para a determinação do lugar da capital, entretanto, já avançavam em duas frentes: instalá-la em uma das cidades existentes ou escolher um sítio novo para construir uma cidade nova. A opção por Araguaína, no norte do Estado, além de estar situada próxima à área conflituosa de mineração e garimpo do Pará, disputaria influência no sul do Maranhão. A opção por Gurupi, no sul, poderia manter a capital sob a influência de Goiás, o que era contraditório com o esforço de separação dos dois Estados.
Todavia decidiu-se que a cidade seria construída em uma faixa de terra situada entre a margem direita do Rio Tocantins e a Serra do Lajeado, próximo ao antigo povoado de Canela, no município de Taquaruçu do Porto. De fato, essa região central, ainda pouco desenvolvida, mas com um povoamento considerável em torno de cidades como Porto Nacional, Miracema do Tocantins e Paraíso do Tocantins, poderia ser positivamente influenciada pela presença da capital. Uma forte rede de cidades poderia ser formada no coração do Estado sob o impulso multiplicador da capital.
O plano urbanístico 
O sítio urbano, com alguns limites bem demarcados pelo Rio Tocantins e pela Serra do Lajeado, sugeria uma planta linear para a cidade. O rio, o lago artificial projetado e a serra puderam garantir um bom enquadramento urbanístico e paisagístico da cidade no lugar. O eixo da rodovia estadual TO-132 (hoje TO-010) foi deslocado para leste, servindo de referência ao traçado viário. Acompanhando a cota de enchente do futuro lago, foi projetada uma via-parque junto à qual foram previstas amplas áreas verdes de lazer e recreação destinadas ao uso público. As matas ciliares junto aos ribeirões foram preservadas, formando grandes faixas verdes, entremeando as quadras destinadas à edificação.
A opção por uma malha viária ortogonal, em xadrez, além de econômica e de se adequar bem ao sítio urbano, garantiu simplicidade quase didática para a implantação do plano. O sistema viário básico e os módulos de quadras são os elementos geradores e disciplinadores principais da ocupação urbana.
O sistema de quadras permite a grande flexibilidade da implantação, abrigando o uso residencial com densidade máxima prevista de 300 habitantes por hectare. A quadra padrão tem cerca de 700x700 metros podendo abrigar uma população de 8 a 12 mil habitantes. Esse formato quadrado básico pode sofrer adaptações dependendo da posição da quadra e das condições do sítio urbano em cada trecho da cidade. As vias confrontantes com os limites das quadras formam um sistema de circulação arterial, enquanto dentro de cada quadra os loteamentos particulares progressivos vão definindo um sistema de arruamento vicinal com alamedas, de modo a garantir segurança aos pedestres e áreas verdes indispensáveis ao conforto e ao lazer da população. Os cruzamentos dessas avenidas arteriais são em rótula, visando disciplinar o trânsito e reduzir o risco de acidentes. De acordo com o plano urbanístico, uma vez implantada a rede básica de quadras, a partir da abertura das vias arteriais, cada uma delas seria objeto de parcelamento interno próprio, podendo as soluções variar em cada caso, inclusive quanto aos tipos construtivos permitidos para as edificações (casas, edifícios de apartamentos, residências geminadas, etc.). Nos miolos das quadras foram previstos equipamentos públicos básicos, como praças e escolas.
Estratégia de implantação 
A estratégia de implantação do plano previu uma expansão controlada da urbanização. Uma vez aberto o sistema viário básico, as quadras seriam progressivamente implantadas como módulos, de acordo com a demanda por espaços exigida pelo ritmo do crescimento urbano. Isso permitia, em princípio, evitar a dispersão das frentes de urbanização pela área total prevista para a cidade, garantindo o aproveitamento racional e econômico da infraestrutura dos serviços públicos que avançaria, por assim dizer, em ondas. O sentido da expansão das quadras obedeceria inclusive às declividades apresentadas pelo terreno para adequação das instalações de infraestrutura que pudessem se servir da gravidade, como o abastecimento de água, o esgotamento sanitárioe a drenagem de águas pluviais. A implantação integral do núcleo central, entre o córrego Brejo Comprido e o córrego Suçuapara, prevista para a primeira etapa, permitiria abrigar uma população estimada cerca de 200 mil habitantes nos primeiros dez anos. O processo de implantação seguiria até a ocupação de toda a área reservada ao plano básico, quando então a cidade atingiria a população total de 1,2 milhão de habitantes.
Evolução urbana 
Palmas foi concebida como uma cidade aberta. O plano urbanístico e a estratégia de sua implantação consideraram que uma cidade, antes de ser um produto acabado, é um processo sem fim. Na verdade, um plano não deve ser somente um desenho ou uma forma preconcebida. Um plano de cidade deve ser, antes de tudo, um jogo com definições básicas sobre a organização do espaço urbano e regras mínimas que orientarão sua implantação no tempo. A gestão pública do processo de evolução urbana é que – inspirada na correção original do plano urbanístico – deveria cuidar do detalhamento, aperfeiçoamento e correção do plano, de acordo com as exigências de cada contexto. Todavia o processo de gestão da implantação da cidade por parte do governo foi orientado principalmente por questões políticas em detrimento das orientações do plano diretor. 
Em março de 1989, foi criada a Comissão de Implantação da Nova Capital (Novatins). O agente principal de implantação de Palmas é, desde a sua origem, o Poder público, já que a cidade foi fundada por razões político-administrativas. Como capital do Estado, Palmas é, ao mesmo tempo, sede dos governos estadual e municipal. A função de governo é a principal força motora da criação e do desenvolvimento da cidade. A necessidade de instalação imediata dos governos exigiu prioridade para os investimentos na construção dos edifícios públicos. Algumas instalações, como a própria sede do governo estadual, foram construídas provisoriamente até a conclusão dos edifícios definitivos. O Palacinho, como ficou conhecido à sede provisória do governo estadual, hoje está tombado como bem do patrimônio histórico da cidade.
Foi também priorizada a implantação do sistema viário principal e da infraestrutura básica, como abastecimento da água, energia elétrica, hospital e outros serviços e equipamentos indispensáveis. As empresas, num Estado que procurou nascer já com um perfil privatista, foram chamadas a complementar o investimento público na construção da cidade.
O impacto da fundação de Palmas atraiu gente de quase todos os lugares do país. A posição geográfica do Estado no Brasil, fazendo fronteira com seis outros Estados e situado em uma região de transição entre o Cerrado, o semiárido do Nordeste e a Floresta Amazônica, tornou Palmas um lugar de fácil afluência de migrantes de várias origens. Havia também o agravante da ausência de cidades próximas com força de contenção e triagem de parte dessa migração para Palmas. Os que se estabeleceram na cidade manifestaram vínculo e identidade com o lugar, assumindo compromissos de longo prazo com a decisão de se estabelecerem em Palmas.
A primeira grande desapropriação de terras, realizada pelo Estado, ocorreu em abril de 1990 e atingiu 24 propriedades na área destinada ao plano básico da cidade. As principais fazendas desapropriadas foram Suçuapara e Triângulo. A venda dos lotes foi iniciada por leilão público, em janeiro de 1990.
A questão da ocupação territorial reflete a ineficiência do processo de implantação da cidade. O custo por habitação de urbanização é 5 vezes maior que o previsto pelo plano. Os reflexos são enormes quanto à implantação e à prestação de serviços de segurança, saúde, transporte coletivo, limpeza urbana, habitação, etc. Palmas tem, portanto desafios pela frente. O principal deles é promover o adensamento das áreas urbanizadas evitando novos loteamentos que produzam vazios urbanos. Com isso talvez se consiga devolver a Palmas os princípios de ordenamento territorial estabelecido pelo plano diretor.

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