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UNIDADE 1 – Introdução à metodologia da pesquisa O conhecimento e seus níveis Olá turma. Animados para continuar os estudos? Espero que sim. Essa semana vamos focar no conhecimento e seus níveis. Fique atento e lembre-se, não deixe de realizar as atividades que estão no nosso ambiente virtual e qualquer dúvida entre em contato. Bom estudo! É condição humana a busca pelo conhecimento. Ninguém pode negar que a escola é por excelência um local em que circula o conhecimento. Mas como podemos definir conhecimento? Conhecer é incorporar um conceito novo, original sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim, das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de vivências, de leituras de livros, dos relacionamentos interpessoais etc. “Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à ideia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores da vida moral e política.” Marilena Chauí Pelo conhecimento, o homem pode libertar- se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e nos outros. Os Níveis do conhecimento Existem, pelo menos, quatro níveis de conhecimento fundamentais: • empírico, • científico, • filosófico e • teológico. Conhecimento popular ou empírico (Senso Comum - Saber Popular) O saber popular é a forma de conhecer a realidade em que se vive, age, mora e fala, integrando o homem a seu meio. Esse conhecimento do senso comum ou empírico, construído principalmente pelas classes populares, não explica o porquê das coisas. As diferentes classes sociais, de acordo com sua posição, buscarão as explicações de suas experiências vividas de formas diferentes. O que devemos destacar é que, antes de alcançar as explicações científicas, todo conhecimento se inicia pela experiência. O saber popular, também denominado conhecimento empírico, baseado apenas na experiência, não no estudo, é o conhecimento do senso comum, é o modo comum, usual, espontâneo de conhecer. É um conhecimento ingênuo por não ser crítico, por não se colocar como problema. O saber popular é o conhecimento do povo, um conhecimento sobre os fatos, sem lhes inquirir as causas. No decorrer de nossas vidas, vamos acumulando experiências, vivências, interiorizando tradições. São experiências casuais, empíricas, fragmentadas, sem preocupações com análises ou críticas e sem demonstração. O saber popular é aquele que nasce da tentativa do homem para resolver os problemas da vida diária. É muito conhecido o exemplo das mamães e das vovós que fazem enorme preleção com as “outras mães”, chamadas de “primeira viagem”. Elas dão quase que verdadeiras consultas pediátricas, baseadas na experiência adquirida com seus bebês. Podemos dizer que esse tipo de conhecimento citado no slide anterior, é empírico, porque se baseia na experiência cotidiana e comum das pessoas. É diferente da experiência científica, pois não segue um plano rigoroso descrito pela Ciência. Segundo Ruiz (1996), “ninguém precisa estudar lógica e aprofundar-se nas teorias sobre a validade científica da indução ou nas leis formais do raciocínio dedutivo para ser natural e vulgarmente lógico; ninguém precisa devotar-se aos estudos da psicologia para integrar-se na família, no trabalho, na sociedade; ninguém precisa ser teólogo para adotar uma religião”. O saber popular de que se fala possui algumas características que auxiliam a compreendê-lo melhor e, principalmente, a identificá-lo em nossa vida diária. No slide seguinte vamos ver as características do saber popular, segundo Chauí (2002). Subjetivo Pode variar de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro. Qualitativo Acontece a partir do julgamento sobre uma determinada qualidade da coisa em si mesma ou dos fatos que a envolvem. Heterogêneo No julgamento atribuímos diferenças, isto é, percebemos as coisas ou os fatos como diversos entre si. Individualizador Ao julgarmos pelas qualidades das coisas ou dos fatos, estamos tratando cada um deles de forma individualizada. Generalizador Individualizamos para termos um parâmetro de generalização e daí transpormos para o geral. Passamos a falar de coisas usando um plural. Conhecimento científico Na Grécia, antes de Cristo, os homens aspiravam a um conhecimento que se distinguisse da magia e do saber comum. Recente na história da humanidade, o conhecimento científico tem apenas trezentos anos, pois surgiu no século XVII com as ideias de Galileu. Essa afirmativa, porém não significa que até o século XVII não havia um saber pautado em um método. Quando passamos a ter um objeto específico de investigação, aliado a um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento temos aí a Ciência moderna. A Ciência greco-romana e medieval se encontrava vinculada à filosofia e só se separa dela na Idade Moderna, quando adquire método próprio. O que é CIÊNCIA? Do latim scientia, conhecimento - Um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar; conjunto organizado de conhecimentos relativos a determinados fenômenos, especialmente os obtidos através da observação objetiva, da experimentação e de um método que seja adequado e racional. A Ciência, antes de tudo, desconfia, põe em dúvida toda e qualquer certeza. Ela quer ultrapassar as aparências. E, para isso, o conhecimento perseguido tem características que o identificam e que se opõem, em quase todos os aspectos, ao saber popular. Assim, são apresentadas, abaixo, as características do conhecimento científico, segundo Chauí (2002). Objetivo Procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas. Quantitativo Busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes. Homogêneo Busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para fatos que nos parecem diferentes. Diferenciador Não generaliza por semelhanças aparentes, mas distingue os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes. Generalizador Reúne individualidades, percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a mesma estrutura. A grande diferença entre o conhecimento popular e o científico está no método. Senso comum se contenta com a experiência cotidiana. Os fatos ou objetos científicos superam os dados empíricos espontâneo da experiência cotidiana para construí-los pelo trabalho de investigação científica. O essencial é aprender como trabalhar, como enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam não só na universidade, mas principalmente na vida profissional. E isso não é adquirir conhecimentos científicos comprovados, fórmulas mágicas para todos os males, mas SIM hábitos, consciência e espírito preparado no emprego dos instrumentos que levarão a soluções de problemas. Conhecimento filosófico Enquanto as ciências estudam uma parte da realidade sensível, a filosofia questiona todas as coisas, procurando saber sua essência (o que é?), sua origem (de onde vem?), seu destino (para onde vai?), seu sentido (por quê?). A Filosofia é a ciência mãe, da qual foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram independentes, e que, hoje, consideramos ciência. Mesmoassim, ainda hoje, é difícil estabelecer contornos que separam o conhecimento filosófico de outros tipos de conhecimento. Na Filosofia, além de estudar as reflexões dos pensadores do passado, colocam-se as novas questões que surgem na atualidade, por exemplo, o sentido da técnica, os aspectos éticos da globalização ou da engenharia genética. A Filosofia procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produz soluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida, concretamente. Conhecimento teológico ou religioso O homem responde à “Revelação de Deus” através da “Fé”. A verdade pode ser encontrada tanto pelo caminho da investigação (nas ciências e na Filosofia), como pelo caminho da revelação e do encontro com o transcendente (típico da experiência religiosa). A Teologia procura integrar os conhecimentos da razão com os dados da fé. Seu método é, pois, caracterizado por esta integração; enquanto que seu objeto de investigação é constituído pelos dados da fé. O fundamento do conhecimento religioso é a fé. • Não é preciso ver para crer, e a crença ocorre mesmo que as evidências apontem no sentido contrário. • As verdades religiosas são registradas em livros sagrados ou são reveladas por seres espirituais, por meio de alguns iluminados, santos ou profetas. Essas verdades são quase sempre definitivas e não permitem revisões mediante reflexão ou experimentos. Portanto o conhecimento religioso é um conhecimento mítico, dogmático ou ainda espiritual. “É o produto da fé humana na existência de uma ou mais entidades divinas. Apresenta respostas para questões que o homem não pode responder com os conhecimentos empírico, científico ou filosófico.” RIBAS, 2004 O conhecimento teológico A formação do espírito científico Diferenciar os níveis de conhecimento, ainda não é o suficiente para realizar um trabalho científico. Outras qualidades são decisivas para produzir uma verdadeira pesquisa. O conhecimento e o uso dos recursos metodológicos devem estar acompanhados do rigor e da seriedade de que o trabalho científico exige, ou seja, do espírito científico. O espírito científico caracteriza-se pela atitude do pesquisador que busca soluções sérias, com métodos adequados, para o problema que enfrenta. Essa atitude pode e deve ser aprendida. Espírito Científico Mente crítica, objetiva e racional. Julgar, distinguir, analisar para melhor avaliar e tomar decisões. Mas qual a importância do espírito científico na formação profissional? O estudante de nível universitário, consciente de seu papel, deve investir em aprender como trabalhar, como enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam não só na universidade, mas principalmente na vida profissional. E isso não é adquirir conhecimentos científicos comprovados, fórmulas mágicas para todos os males, mas: Hábitos, consciência e espírito preparado no emprego dos instrumentos que levarão a soluções de problemas. SIM Desenvolvendo o espírito de criatividade e de iniciativa, aliadas ao conhecimento científico, adquirido no decorrer dos estudos universitários, será possível encontrar a solução mais indicada que as circunstâncias exigirem. Aqui vale o ditado: "ao pobre que bater à porta não se dá o peixe, mas a linha e o anzol. O peixe resolve a situação presente, mas a linha e o anzol poderão resolver o problema em definitivo”. Ok pessoal! Muito bem! Terminamos mais uma semana. Na próxima aula vamos começar a Unidade 2. Falaremos sobre O Trabalho Acadêmico. Não perca! Para complementar seu aprendizado, não esqueça de ler os textos disponíveis no nosso AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem)
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