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Competência Jurisdicional na Ação Civil Pública Ambiental

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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alexandre Pontes Batista 
 
 
 
 
 
02 
INTRODUÇÃO 
 Olá! Seja bem-vindo a mais uma parte do nosso estudo. Neste tema, você 
vai ver vários aspectos da competência jurisdicional para processar e julgar a ação 
civil pública. Além de saber que o juízo responsável por processar e julgar a Ação 
Civil Pública será, nos termos do art. 2º da LACP, o do local onde ocorrer o dano, 
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa 
(competência absoluta/improrrogável.). 
Notaremos que as ações coletivas de cunho ambiental serão propostas 
perante a Justiça Estadual ou Distrital, e os juizados especiais não são 
competentes para processar e julgar as ações coletivas. 
Estudaremos alguns aspectos do Inquérito Civil que é uma peça informativa 
e tem por finalidade embasar a propositura da ação. Outro tópico abordado aqui 
são as sentenças na ação civil pública. 
No material on-line, o Professor Alexandre vai falar sobre tudo o que 
veremos neste tema. Não deixe de assistir! 
 
PROBLEMATIZAÇÃO 
Imaginemos uma situação hipotética em que a empresa “Y”, instalada no 
município “X”, desmata uma área de preservação permanente para aumentar 
suas instalações e despeja dejetos químicos da produção no pequeno lago 
localizado no interior do terreno da empresa. Um fiscal da secretaria do meio 
ambiente verifica a ocorrência do dano ambiental, autua a empresa e encaminha 
o processo administrativo ao ministério público. 
Diante do exposto, o que seria mais adequado para buscar uma tutela 
judicial de proteção ao meio ambiente? 
Não precisa responder agora. Voltaremos a falar sobre isso no final do 
nosso estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
03 
 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL 
Para iniciar esta parte e você conseguir entender as competências 
jurisdicionais, o Professor Alexandre vai ajudar explicando um pouco mais sobre 
isso no material on-line. 
O juízo responsável por processar e julgar a Ação Civil Pública será, nos 
termos do art. 2º da LACP, o do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá 
competência funcional para processar e julgar a causa (competência 
absoluta/improrrogável.) 
A regra do art. 2º fundamenta-se no princípio da efetividade da tutela dos 
interesses metaindividuais; pois o juízo do local onde ocorreu o dano terá melhor 
condição de apreciar as provas e compreender a dimensão da conduta lesiva, e 
as partes terão maior acesso ao Poder Judiciário. 
Havendo a necessidade de se requerer uma tutela ambiental provisória, 
baseada na necessidade urgente de se tutelar o meio ambiente, essa tutela será 
requerida ao juízo competente para conhecer do pedido principal, nos termos do 
art. 299 do NCPC. Assim, será competente o órgão judicial do local onde o dano 
potencialmente poderá se concretizar. 
A competência do juízo do local onde ocorrer o dano é funcional e absoluta, 
não podendo ser modificada ou prorrogada por vontade das partes. A decisão 
proferida pelo juízo incompetente conservará seus efeitos até que outra seja 
proferida pelo juiz competente, nos termos do art.64, § 4º do NCPC. É importante 
ressaltar também que a sentença proferida pelo juiz incompetente é passível de 
ser rescindida pela ação rescisória, com fundamento no art. 966, II, do Novo 
Código de Processo Civil. 
De acordo com ANDRADE (2014), “em nenhum dos incisos do art. 109 da 
Carta Republicana, em que se define a competência da Justiça Federal, encontra-
se alusão a qualquer matéria ambiental. Daí se infere que a competência para as 
ações civis públicas ambientais segue as mesmas regras gerais de competência 
de jurisdição proclamadas na Constituição Federal. 
Por tal razão, via de regra, as ações coletivas de cunho ambiental serão 
propostas perante a Justiça Estadual ou Distrital. Somente quando presentes 
algumas das hipóteses do art. 109 da CF é que a ação será da competência da 
Justiça Federal”. 
Diante do exposto, notamos que o foro da justiça estadual ou distrital onde 
ocorreu o dano será o competente para julgar a ação civil pública. 
A justiça federal será competente nos seguintes casos: 
 
 
04 
1. Competência em Razão da Pessoa. Art. 109, I, da CRFB - nas 
causas em que a União, o Ministério Público Federal, entidade 
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na 
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de 
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral 
e à Justiça do Trabalho. 
2. Competência em Razão da Matéria. Art. 109, III, da CRFB - nas 
causas fundadas em tratados ou convenções internacionais. Art. 
109, V, - nas causas relativas a direitos humanos. Art. 109, XI, da 
CRFB, e nas causas em que há disputa sobre direitos indígenas (CF, 
art. 109, XI). 
 
Ocorrendo o dano ambiental que se estenda por uma área muito extensa, 
abrangendo mais de uma comarca ou seção judiciária, o juízo competente será 
definido pela prevenção. 
Nos termos dos p. único do art. 2º da LACP, a propositura da ação 
prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que 
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 
 
“Discutiu-se se a regra do art. 2° da Lei de Ação Civil Pública é 
espécie daquelas que autorizam a Justiça Estadual a processar e 
julgar causas da Justiça Federal, na forma do art. 109, §3º, CF/88 
(nas comarcas onde não houver sede da Justiça Federal, com 
recurso para o Tribunal Regional Federal). 
Atualmente, prevalece o entendimento de que não há essa 
autorização, tendo vista decisão do STF. Já prevaleceu, porém, 
pensamento contrário, tendo sido inclusive objeto de enunciado da 
súmula da jurisprudência predominante no Superior Tribunal de 
Justiça. 
(...) 
Importante referir, nesse espaço, que a regra prevista no art. 225, § 
4°, CF/88, que reputa a Floresta Amazônica brasileira, a Mata 
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona 
Costeira ‘patrimônios nacionais’', não atrai a competência da 
Justiça Federal, pelo simples fato de a causa envolver um dano em 
um desses locais’”. (DIDDIER JR., 2014) 
 
 
 
 
 
05 
Nesse ponto, devemos citar o inciso II, do art. 93, do CDC, que estabelece 
a competência ao foro da Capital do Estado ou no Distrito Federal para os danos 
de âmbito nacional ou regional. 
Para elucidar o tema, segue o quadro elaborado por ANDRADE (2014): 
 
EXTENSÃO DO DANO OU DO 
RISCO COMPETÊNCIA 
LOCAL (um único ou poucos foros, 
ainda que em dois Estados vizinhos). 
Juízos de quaisquer dos foros 
atingidos. 
REGIONAL (muitos foros de um 
único Estado, sem abranger todo o 
território Estadual). 
Juízos com foro na capital do Estado 
atingido. 
REGIONAL (vários Estados, e, 
eventualmente, o Distrito Federal, 
sem abranger todo o território 
nacional). 
Juízos com foro nas capitais dos 
Estados atingidos e juízos com foro 
no Distrito Federal (quando atingido). 
NACIONAL (todo o território 
nacional). 
Juízos com foro nas capitais de 
quaisquer dos Estados e juízos com 
foro no Distrito Federal. 
 
Para complementar seu conhecimento sobre isso, a seguir, tem a notícia 
sobre as ações que cobram indenizações dos responsáveis pela tragédia 
ambiental ocorrida em Minas Gerais. Acesse pelo material on-line. 
 
 
http://www.conjur.com.br/2015-dez-17/acao-agu-cobra-
indenizacao-samarco-julgada-mg 
 
 
Incompetência do JEC 
Devemos destacar que os juizados especiais não são competentes para 
processar e julgar as ações coletivas. O art. 3º, da Lei n° 9.009/95,estabelece que 
o Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e 
julgamento das causas cíveis de menor complexidade. As ações coletivas, em 
especial a ACP Ambiental não são de menor complexidade, por envolverem 
interesses transindividuais. Ainda mais em matéria ambiental, pois a verificação 
 
 
06 
da ocorrência ou não do dano, ou ainda a discussão sobre a extensão do dano 
ambiental, necessitará de produção de prova pericial complexa. 
A Lei n° 10.259/2001, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais 
em âmbito federal, em seu art. 3º, § 1º, I, excluiu expressamente da competência 
dos Juizados Cíveis Federais “as demandas sobre direitos ou interesses difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos”. Logo, eles não têm competência para 
apreciar ações civis públicas. 
 
Inquérito Civil 
Como são as práticas no inquérito civil e o TAC? A resposta está no 
material on-line. O Professor Alexandre gravou um vídeo explicando isso para 
você! Acesse e não deixe de assistir. 
Qualquer pessoa poderá informar ao MP a ocorrência de lesão a algum 
bem jurídico protegido pela Lei n° 7.347/85. E ainda, o órgão do MP, tendo 
conhecimento de algum fato lesivo, deverá adotar a medida legal cabível. 
Destaca-se que é atribuição exclusiva do Ministério Público a instauração do 
inquérito civil. 
Portanto, se o órgão do MP, através da informação de terceiro (particular 
ou funcionário público), entender que os documentos entregues forem suficientes, 
poderá ajuizar a ação civil pública respectiva. Mas, se entender que precisa colher 
mais informações sobre a possível ocorrência do dano, o órgão do MP poderá 
requisitar documentos (certidões, informações, exames ou perícias) ou instaurar 
um inquérito civil. 
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o inquérito civil, como peça 
informativa, tem por fim embasar a propositura da ação, que independe da prévia 
instauração do procedimento administrativo. Eventual irregularidade praticada na 
fase pré-processual não é capaz de inquinar de nulidade a ação civil pública, 
assim como ocorre na esfera penal, se observadas as garantias do devido 
processo legal, da ampla defesa e do contraditório. (REsp 1.119.568/PR, Rel. 
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 23.09.2010). 
A Resolução 23/2007, do Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP 
–, visa disciplinar a instauração e tramitação do inquérito civil nos diversos 
Ministérios Públicos. 
Ocorrendo a instauração do inquérito e após a realização de diligências, 
colheita de provas e o membro do MP verificar que não existe fundamento para o 
ajuizamento da ação civil pública, ele poderá promover seu arquivamento, 
 
 
07 
fundamentando sua decisão. Importante você saber que os autos serão remetidos 
ao Conselho Superior do Ministério Público. 
A seguir você pode conferir uma notícia do site do MP/MG onde consta 
notícia sobre o Inquérito Civil para apurar rompimento da barragem em Mariana. 
Acesse pelo material on-line. 
 
 
 
https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/mpmg-
instaura-inquerito-civil-para-apurar-rompimento-de-
barragem-em-mariana.htm 
 
 
 
Compromisso de Ajustamento de Conduta 
O § 6º, do art. 5º, da LACP, autoriza, somente os órgãos públicos 
legitimados para propor a ação civil pública, firmar com os responsáveis pelas 
ações lesivas "Termo de Ajustamento de Conduta", com a finalidade de 
comprometê-los a ajustar suas condutas às prescrições legais, sob pena de 
cominações. Esse termo terá eficácia de título executivo extrajudicial. 
Sobre o TAC, devemos esclarecer que as partes poderão transacionar a 
forma pela qual a norma ambiental será cumprida, mas não poderão transacionar 
o conteúdo da norma (não poderá ser objeto de transação a proteção do direito 
ambiental - direito fundamental). Se o TAC estiver eivado de vício, outro legitimado 
pode propor a ACP anular o TAC e a promoção da proteção do meio ambiente. 
Vamos ao exemplo. Confira a seguir: 
"Como o tomador do compromisso não é titular do interesse em 
questão, não pode abdicar, ainda que parcialmente, do seu 
conteúdo. Por exemplo: se houve desmatamento ilegal de uma área 
de nove hectares, não é possível ao órgão público celebrar um 
compromisso em que o responsável pelo dano se comprometa a 
reparar tão somente oito hectares. 
Sendo assim, o compromisso deve ser formulado de maneira a fixar 
apenas o modo, o lugar e o tempo no qual o dano ao interesse 
transindividual deve ser reparado, ou a ameaça ser afastada, na 
sua integralidade. Na hipótese sugerida, poder-se-ia pactuar, por 
exemplo, o prazo para que o compromissário adquirisse as mudas, 
o prazo para início de plantio, o espaçamento das mudas, os 
cuidados a serem tomados no trato cultural, os prazos para envio 
 
 
08 
de relatórios informando ao órgão tomador a evolução no 
crescimento das mudas, o prazo final para que elas atinjam 
determinado porte etc. 
As obrigações constantes do termo de compromisso podem ser de 
fazer, de não fazer, de entregar coisa ou de pagar. Tais obrigações 
têm de ser certas quanto a sua existência, e determinadas quanto 
ao seu objeto, sem o que não seriam exequíveis". (ANDRADE, 
2014). 
 
SENTENÇA 
Lá no material on-line tem o vídeo do Professor Alexandre explicando para 
você questões relevantes sobre a sentença na ação civil pública. 
A parte autora deve requerer na ação civil pública, primeiramente, uma 
tutela inibitória/preventiva, buscando evitar a ocorrência do dano ambiental, que 
muitas das vezes é irreparável. Mas, caso não seja possível requerer a tutela 
preventiva, a parte deve requerer uma tutela jurisdicional que obrigue a parte ré a 
recompor de forma específica o dano já consumado (obrigação de fazer) ou que 
cesse imediatamente a ocorrência do dano (obrigação de não fazer). Caso o dano 
seja irreparável, a parte deve requerer o resultado prático equivalente ao da tutela 
específica. Caso não seja possível adotar alguma medida que tenha o resultado 
prático equivalente a reparação do dano, a parte dever requerer a condenação do 
responsável ao pagamento de uma indenização em dinheiro (art. 84 do CDC). 
Assim, na sentença da ação civil pública em que o pedido da parte consiste 
em uma obrigação de fazer ou não fazer, o juiz irá determinar que a parte cumpra a 
obrigação de fazer ou cesse a atividade nociva. Caso a parte não cumpra, o juiz 
poderá determinar a execução específica da condenação ou aplicar multa diária para 
forçar o cumprimento da sentença condenatória. 
Com base nisso, leia a seguir o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: 
RESP 677.585: (...) 11. Deveras, a efetividade da prestação 
jurisdicional implica em resultados práticos tangíveis e não meras 
divagações acadêmicas, porquanto, de há muito já afirmava 
Chiovenda, que o judiciário deve dar a quem tem direito, aquilo e 
justamente aquilo a que faz jus, posto não poder o processo gerar 
danos ao autor que tem razão. Ora, é da essência da ação civil 
pública gerar tutela específica, inibitória ou repressiva, sendo livre 
o juiz não só quanto às medidas de apoio para fazer valer a sua 
decisão, como também na prolação da mesma, impondo o que no 
direito anglo-saxônico se denomina specific performance. In casu, 
o Tribunal impôs uma prestação específica independentemente das 
 
 
09 
multas, por isso que cada uma das medidas vem prevista em leis 
federais distintas a saber: a que veda as práticas abusivas 
econômicas (Lei n° 8.884/1994 e n° 7.347/1985 - Lei da Ação Civil 
Pública). 
 
A tutela específica é aquela que mantém intacta a esfera jurídica do autor 
(tutela preventiva) oua restitui com exatidão à situação existente antes do dano ou 
do ilícito (tutela repressiva), ou provê exatamente a prestação contemplada no 
contrato (tutela específica da obrigação inadimplida). É cabível principalmente para 
afastar ameaça ou lesão a direitos infungíveis ou não patrimoniais. 
A tutela específica é a que deve ser preferencialmente deferida pelo Estado-
juiz, por ser a que atende mais de perto ao princípio da adequada prestação 
jurisdicional. Excepcionalmente, em vez de prestá-la, o magistrado poderá condenar 
o responsável (mesmo de forma diferente da requerida pelo autor) a providências que 
assegurem o resultado prático equivalente ao do objeto do pedido. Isso deverá 
ocorrer quando: 
 Não for tecnicamente possível a tutela específica; ou 
 Houver um meio de entregar ao autor um resultado equivalente, com 
menos restrições à esfera jurídica do réu. (ANDRADE, 2014). 
 
Para exemplificar esta parte do nosso estudo, acesse os links a seguir pelo 
material on-line e leia as notícias sobre ações civis públicas. 
http://www.mpf.mp.br/es/sala-de-imprensa/noticias-es/samarco-tera-que-garantir-
renda-minima-a-pescadores-e-trabalhadores-afetados-pela-lama-no-rio-doce 
 
http://www.mpf.mp.br/regiao3/sala-de-imprensa/noticias-r3/mpf-consegue-sancoes-
mais-duras-para-danos-ambientais 
 
http://www.mpf.mp.br/regiao2/sala-de-imprensa/noticias-r2/mpf-contesta-
lancamento-de-lodo-no-rio-doce-em-colatina-es 
 
http://www.mpf.mp.br/es/sala-de-imprensa/noticias-es/ministerio-publico-ajuiza-
acao-para-garantir-saude-e-seguranca-sanitaria-da-populacao-de-colatina 
 
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/17/interna_gerais,708880/acao-
civil-publica-cobra-da-samarco-indenizacao-de-r-10-bilhoes.shtml 
 
 
 
010 
COISA JULGADA 
De acordo com o art. 502 do NCP, ocorre a coisa julgada quando a decisão 
de mérito for irrecorrível, tornando-se imutável. Já segundo o art. 16 da LACP, a 
sentença fará coisa julgada erga omnes, mas nos limites da competência territorial 
do órgão prolator, com a exceção do pedido ser julgado improcedente por 
insuficiência de provas. Nesse caso, qualquer legitimado, previsto no art. 5º, 
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, desde que tenha nova prova. 
No regime jurídico da coisa julgada na ação civil pública são aplicáveis as 
normas previstas no arts. 103 e 104 do CDC. 
Sobre o tema, vejamos o seguinte julgamento do STJ: 
" Informativo nº 0552 Período: 17 de dezembro de 2014. 
Terceira Turma DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EFEITO ERGA 
OMNES DA SENTENÇA CIVIL PROFERIDA EM AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. Tem abrangência nacional a eficácia da coisa julgada 
decorrente de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público, 
com assistência de entidades de classe de âmbito nacional, perante 
a Seção Judiciária do Distrito Federal, e sendo o órgão prolator da 
decisão final de procedência o STJ. É o que se extrai da inteligência 
dos arts. 16 da LACP, 93, II, e 103, III, do CDC. REsp 1.319.232-
DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2014.”. 
 
 
Imprescritibilidade da Pretensão 
O Superior Tribunal de Justiça entende que o direito à reparação do meio 
ambiente é imprescritível, em razão da imensa potencialidade lesiva do dano 
ambiental. 
Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado: 
“STJ REsp 1. 120 .11 7-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/1 
112009. (Informativo número 415 do Superior Tribunal de Justiça). Cuida-se, 
originariamente, de ação civil pública (ACP) com pedido de reparação dos 
prejuízos causados pelos ora recorrentes à comunidade indígena, tendo em vista 
os danos materiais e morais decorrentes da extração ilegal de madeira indígena. 
(...) O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da 
logicidade hermenêutica, também está protegido pelo manto da 
imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial 
à afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não em texto 
legal. No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador 
do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança jurídica e estabilidade com 
 
 
011 
natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico 
coletivo, indisponível, fundamental, que antecede todos os demais direitos - pois 
sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer - o último prevalece, 
por óbvio, concluindo pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano 
ambiental. 
(...)”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
012 
REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO 
Agora que você viu todo o conteúdo teórico e já sabe mais sobre as ações 
civis públicas, vamos voltar a falar sobre o problema exposto lá no início do tema 
e encontrar a melhor opção. E então, o que seria mais adequado para buscar uma 
tutela judicial de proteção ao meio ambiente? 
a. O membro do MP ajuíza uma ação civil pública e requer somente a 
condenação em dinheiro pelo dano cometido. 
b. O membro do MP instaura um inquérito civil para colher material 
probatório e somente após a conclusão ajuíza uma ação civil pública perante um 
Juizado Especial Cível. 
c. O Membro do MP, já possui material probatório suficiente que subsume 
a atividade da empresa ao desastre ambiental. Ajuíza uma ação civil pública no 
foro do local onde ocorreu o dano. 
 
Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material 
on-line. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
013 
SÍNTESE 
Concluímos mais uma etapa do nosso estudo. Neste tema, vimos diversos 
tópicos específicos, entre eles que as ações coletivas de cunho ambiental serão 
propostas perante a Justiça Estadual ou Distrital, e os juizados especiais não são 
competentes para processar e julgar as ações coletivas. 
Outro ponto importante que analisamos aqui foi relacionado ao inquérito 
civil, peça informativa importantíssima e tem por finalidade embasar a propositura 
da ação. 
Vamos relembrar agora os outros itens os quais estudamos aqui? Então, 
para isso, o Professor Alexandre gravou um vídeo recapitulando o conteúdo. Não 
deixe de assistir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
014 
REFERÊNCIAS 
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ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 
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São Paulo: MÉTODO, 2014. 
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DIDIER JR., Fredie. ZANETI JR, Hermes. Curso de Direito Processual Civil: 
processo coletivo. v. 4. 9ª ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2014. 
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14° 
ed. rev., ampl. e atual. em face da Rio+20 e do novo “Código” Florestal. São Paulo: 
Saraiva, 2013. 
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Direitos difusos e coletivos II. São Paulo: 
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http://www.conjur.com.br/2015-mai-07/defensoria-publica-propor-acao-civil-
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http://www.conjur.com.br/2015-mai-07/defensoria-publica-propor-acao-civil-
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MARINS, Jomar. Ibama pode propor Ação Civil Pública Ambiental. Revista 
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jan. 2017. 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Ações constitucionais. 2ª ed. rev., atual. e 
ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de processo coletivo, volume 
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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 
 
 
015 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. TARTUCE, Flávio. Manual de direito do 
consumidor: direito material e processual. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. 
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 17ª ed. São 
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THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 5ª ed. São Paulo: JusPodivm, 
2015.

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