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Gestão Socioambiental - Apostila completa

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Prévia do material em texto

1Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Panorama Histórico das Questões Sociais 
e Ambientais
Vânia Martins
2Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Sumário
Introdução ......................................................................................... 03
Objetivos ........................................................................................................... 04
Estrutura do Conteúdo .................................................................................... 04
Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Tópico 1: Evolução da Responsabilidade Socioambiental ................................. 05
 1.1 Década de 1950 ............................................................................... 06
 1.2 Década de 1960 .............................................................................. 08
 1.3 Década de 1970 ............................................................................... 09
 1.4 Década de 1980 .............................................................................. 10
 1.5 Década de 1990 .............................................................................. 12
 1.6 A Partir de 2000 ............................................................................... 13
Tópico 2: Estado, Mercado e Sociedade ........................................................... 15
Tópico 3: A Globalização e o Estado Mínimo .................................................... 17
Tópico 4: A Redemocratização Brasileira .......................................................... 19
Tópico 5: Mudanças no Mercado ...................................................................... 20
 
Resumo ............................................................................................................. 27
Referências Bibliográficas .............................................................................. 28
3Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Seja bem-vindo(a) ao conteúdo “Panorama Histórico das Questões Sociais e 
Ambientais”.
Os seres humanos, principalmente por meio de suas atividades econômicas, sempre 
provocaram algum tipo de mudança no ambiente. Esta interferência foi muito ampliada 
ao longo da história da humanidade, sobretudo pelo desenvolvimento da tecnologia, que 
permitiu uma utilização cada vez maior dos recursos da natureza.
A Revolução Industrial, a partir do século XVIII, introduziu um novo padrão de 
relações entre o homem, a tecnologia e o meio ambiente. Com a máquina a vapor e 
outras tecnologias surgidas neste período, passou-se a transformar facilmente os recursos 
então abundantes na natureza em energia, ocorrendo uma expansão sem precedentes na 
capacidade produtiva humana.
Entretanto, tamanho desenvolvimento econômico não foi acompanhado, inicialmente, 
do mesmo nível de desenvolvimento social, pois a maior parte das populações ficaram 
excluídas das riquezas geradas. Por sua vez, a utilização sem precedentes dos recursos 
naturais, com o objetivo de alimentar uma sociedade de consumo cada vez mais voraz, 
trouxe grandes danos ao meio ambiente.
A percepção da sociedade a respeito destas questões evoluiu por muitas décadas 
até que fosse construída a noção de que os avanços econômicos não poderiam andar 
separados do desenvolvimento social e da preservação ambiental.
4
Estrutura do Conteúdo
Objetivo
s
Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Esperamos que ao final deste conteúdo 
você seja capaz de:
1. Identificar como as questões sociais 
e ambientais atraíram a atenção da so-
ciedade e do meio acadêmico;
2. Reconhecer, em cada década, os 
principais fatos marcantes para o de-
senvolvimento da gestão socioambien-
tal;
3. Compreender as particularidades do 
caso brasileiro na evolução das ques-
tões sociais e ambientais;
4. Entender as principais mudanças 
ocorridas no mercado que favoreceram 
o surgimento da gestão socioambiental.
Para melhor compreensão do conteúdo, 
este material está dividido de acordo com os 
seguintes tópicos:
1. Evolução da Responsabilidade So-
cioambiental
2. Estado, Mercado e Sociedade
3. A Globalizaçáo e o Estado Mínimo
4. A Redemocratização Brasileira
5. Mudanças no Mercado
5Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
1. Evolução da Responsabilidade 
Socioambiental 
Na sociedade contemporânea é comum observar o surgimento e a transformação de 
determinados conceitos. Tal afirmação aplica-se ao conceito de:
• Gestão Social e;
• Gestão Ambiental nas últimas seis décadas.
Até meados dos anos 1950, geralmente as organizações utilizavam os termos.
Controle da
Poluição
Ações 
Filantrópicas
Ações 
Sociais
6Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Dos anos 1960 em diante, esses sofreram algumas alterações e, segundo Tenório 
(2004), é comum na atualidade observarmos no discurso das organizações e da sociedade 
civil os seguintes termos:
• Responsabilidade social empresarial;
• Responsabilidade social corporativa;
• Ações e produtos ambientalmente corretos e;
• Responsabilidade ambiental, entre outros.
Para entender melhor a evolução destes conceitos, você percorrerá uma linha do 
tempo, desde os anos 1950 até a atualidade. Vamos lá?
1.1 Década de 1950
Segundo Lemos (2013), as preocupações com a gestão social e a gestão ambiental 
moderna tiveram início na década de 1950, a partir de dois acontecimentos marcantes: 
o acidente na Baía de Minamata, no Japão, onde ocorreu derramamento de uma grande 
quantidade de mercúrio no mar. Esse fato resultou num intenso debate sobre as questões 
ambientais e, paralelamente a este desastre, temos o lançamento do livro “Responsabilidade 
Social dos homens de negócios”, de Howard R. Bowen, nos Estados Unidos em 1953, 
contribuindo para a discussão do assunto no meio acadêmico. Começa neste momento a 
percepção de que as empresas não devem apenas gerar lucros com suas atividades, mas 
também contribuir para o desenvolvimento social.
7Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
É importante perceber que, desde a Revolução Industrial, no início do século XIX, 
até o acidente na Baía de Minamata, o meio ambiente era considerado apenas um lugar 
de descarte dos resíduos industriais, sem nenhum critério de segurança ou preocupação 
com os impactos negativos da produção das indústrias. O consumo de matérias-primas 
e o processamento industrial, com a única preocupação de oferecer um número cada 
vez maior de bens de consumo para as pessoas, resultaram em uma grande degradação 
ambiental.
Figura 1: Revolução Industrial
Figura 2: Contaminação do Solo
Figura 3: Desastres Ambientais
Neste período, o que chama a atenção são as condições degradantes a que foram 
submetidos os operários nas fábricas, incluindo crianças, com jornadas de até 16 horas de 
trabalho por dia, sem quaisquer condições de saúde ou de segurança.
8Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Podemos perceber então que o consenso sobre a ideia de que a natureza seria capaz 
de absorver tudo que o homem lançava no meio ambiente começou a ser quebrado. 
Como você deve ter notado, o caso do desastre de Minamata deixou claro que as 
atividades produtivas de uma empresa podem gerar muitos impactos negativos na 
sociedade e no meio ambiente.
Em 1962, o lançamento do livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, denunciou 
o desaparecimento dos pássaros nos campos dos Estados Unidos devido ao uso de 
pesticidas na agricultura. Além do livro de Carson, outra obra que marcou a evolução 
da gestão socioambiental foi “As empresas e a sociedade”, de Joseph W. McGuire, 
que defendia a ideia de que as organizações não tinham apenas obrigaçõeslegais e 
econômicas, como também obrigações morais e humanitárias com a sociedade.
1.2 Década de 1960
Nesta década, evolui bastante a conscientização social e política sobre as questões 
ambientais, por meio de uma grande reação da sociedade civil. Surgem os movimentos 
sociais que defendem o pacifismo, a igualdade racial e a igualdade de direitos entre homens 
e mulheres, e que criticam duramente a degradação da natureza. As organizações não 
governamentais (ONGs) ambientalistas surgiram nesse período, nos países desenvolvidos, 
lutando pela conservação da natureza e questionando os efeitos da poluição industrial 
(NASCIMENTO, 2007).
9Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
1.3 Década de 1970 
Em 1971 é criada a ONG que se tornaria uma das mais atuantes nas causas ambientais: 
Greenpeace.
Você deve estar notando que as indústrias se tornam neste momento o principal alvo 
das críticas dos movimentos ambientalistas. Os mais radicais pediam o fechamento de 
fábricas. A crítica ao modelo capitalista industrial parecia apontar para um conflito sem 
solução entre crescimento econômico e preservação de recursos ambientais. 
Os acidentes ambientais que continuam a acontecer nesta década agravam ainda 
mais a situação: em 1976, o acidente numa indústria de pesticidas em Seveso, na Itália, 
lançou uma enorme quantidade de dioxinas na atmosfera.
Mas será mesmo necessário reduzir o ritmo de crescimento econômico para salvar o 
planeta? O que você pensa a respeito?
A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou em 1972 a Conferência de 
Estocolmo, na Suécia, envolvendo representantes de diversos Estados para discutir a 
questão ambiental. 
Nesta conferência surge um importante documento, o relatório “Os Limites do 
Crescimento” (também conhecido como “Relatório Meadows”), afirmando que a acelerada 
industrialização e o crescimento demográfico levariam ao esgotamento dos recursos 
naturais do planeta em algumas décadas (LEMOS, 2013). 
Segundo o relatório, a Terra poderia entrar em colapso, botando em risco a vida 
humana, sendo necessário conter os níveis de crescimento econômico. A solução dos 
problemas, dentro deste ponto de vista, seria adotar uma política mundial de contenção 
do crescimento — chamada de “crescimento zero” — até que o equilíbrio do planeta fosse 
restaurado.
10Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
1.4 Década de 1980
1989
1986
1986
1984
Gases letais vazam 
em fábrica de 
agrotóxicos em 
Bhopal (Índia)
Produtos tóxicos 
atingem o rio 
Reno (Suíça)
Acidente 
nuclear de 
Chernobyl 
(Ucrânia)
Exxon Valdez 
derrama óleo 
(Alasca)
A década de 1980 foi a que mais sofreu com acidentes ambientais, desencadeando 
um nova onda de reações por parte dos movimentos ambientalistas. Os casos foram os 
seguintes:
11Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Em 1987 surge um importante relatório da ONU, chamado “Nosso Futuro Comum” 
(também conhecido como “Relatório Brundtland”), estabelecendo o conceito de 
desenvolvimento sustentável:
“...aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer 
a possibilidade de gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. 
O conceito de desenvolvimento sustentável, segundo Lemos (2013), mostra duas 
coisas importantes:
a) O crescimento econômico e a proteção ambiental são compatíveis entre si.
b) Devemos levar em conta as consequências de nossas ações presentes para as 
gerações futuras.
Do ponto de vista acadêmico, é também na década de 1980 que ocorrem evoluções 
marcantes nos estudos sobre Responsabilidade Social. Em 1984, Edward Freeman elabora 
o conceito de stakeholder, cuja definição é:
 “Qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou é afetado 
pelo alcance dos objetivos organizacionais”.
Importante
12Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Esse conceito implica em admitir que toda organização se relaciona com diversos 
grupos interessados em seus resultados — e não apenas com seus donos ou acionistas. 
Temos assim os clientes, os empregados, os fornecedores, o governo e a própria 
comunidade onde a organização está inserida, dentre outros.
1.5 Década de 1990
Na década de 1990 também ocorreram vários acontecimentos marcantes do ponto de 
vista ambiental e social.
Em 1998 e 1999, a gestão social e ambiental contou com 
algumas iniciativas que ajudaram na institucionalização do seu 
conceito e da sua aplicabilidade nas organizações. Segundo Lemos 
(2013), foram criados:
• 1998 — Instituto Ethos de Responsabilidade Social — 
propõe-se a disseminar a prática da responsabilidade social 
entre as empresas. É hoje uma referência internacional sobre 
o assunto, estabelecendo indicadores que permitem medir o 
índice de responsabilidade social das empresas.
• 1997 — Norma SA 8000 — norma internacional para avaliar 
condições de trabalho, incluindo trabalho infantil, trabalhos 
forçados, saúde e segurança no trabalho, liberdade de 
associação, discriminação, carga horária, dentre outros.
• 1997 — Global Reporting Iniciative (GRI) — Organização sem 
fins lucrativos que promove a elaboração de relatórios de 
sustentabilidade que são adotados por diversas organizações 
no mundo.
• 1999 — Código de melhores práticas de governança corporativa 
pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) — 
apresenta recomendações de boas práticas de Governança 
Corporativa para empresas atuantes no Brasil.
• 1999 — Norma AA 1000 — padrão internacional de gestão 
da responsabilidade corporativa, com foco na contabilidade 
e auditoria.
13Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
1.6 A partir de 2000
Em 2007, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão da 
ONU criado para produzir relatórios científicos sobre mudanças climáticas, divulgou um 
relatório que marcou de modo definitivo as discussões sobre as questões ambientais, 
afirmando que o aquecimento do clima global era evidente em observações científicas e 
causado pela influência das atividades humanas sobre o meio ambiente (LEMOS, 2013).
O relatório alertava para a elevação da temperatura média do planeta em 4°C até o 
fim do século XXI e para o potencial catastrófico do fenômeno, provocando extinções em 
massa, elevação do nível dos oceanos e devastação de áreas costeiras.
Como resultado da crescente 
conscientização a respeito dos 
problemas sociais e ambientais, os 
países precisaram descobrir maneiras 
de promover o crescimento de suas 
economias gerando bem-estar social e 
preservando o equilíbrio ambiental, mas 
sem provocar danos para as gerações 
futuras.
14Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Acesse o Recurso Multimídia e veja os principais pontos 
desta linha do tempo.
Conteúdo On-line
Surge então o conceito de empresa 
sustentável, integrando de forma clara 
as preocupações econômicas, sociais e 
ambientais, como mostra a definição de 
Savitz (2007): “empresa sustentável é 
aquela que gera lucro para os acionistas, 
ao mesmo tempo em que protege o meio 
ambiente e melhora a vida das pessoas 
com quem mantém interações”.
Segundo Nascimento (2007), no século XXI os termos social e ambiental aparecem 
unidos nos relatórios e demais estudos sobre desenvolvimento sustentável. Esta união 
significa que os estudiosos compreenderam que pensar o meio ambiente implica, 
necessariamente, em tratar também da questão social.
Sendo assim, as empresas passam a lidar com o conceito de responsabilidade 
socioambiental, que representa uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa 
parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social e pela preservação ambiental. 
Podemos dizer que, para que uma empresa se torne responsável em termos sociais 
e ambientais, ela precisa ouvir os anseios das partes interessadas (stakeholders)— 
acionistas, funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio 
ambiente – e incorporá-los ao planejamento de suas atividades.
15Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
2. Estado, Mercado e Sociedade
No âmbito da responsabilidade socioambiental, é importante entender quais são os 
papéis do Estado, das empresas que atuam no mercado e da própria sociedade nestas 
questões. 
No século XIX, o processo de industrialização provocou inúmeras alterações nas 
relações entre estes agentes. Predominava neste período a concepção do liberalismo 
econômico, segundo o qual o mercado deve ser um espaço onde as empresas competem 
de modo livre, com o mínimo de intervenção do governo. Impostos, taxações, obrigações 
trabalhistas e outras formas de intervenção do governo nas relações de mercado não 
eram bem vistas pela doutrina do liberalismo econômico (IVO, 2001).
Entretanto, a partir do século XX, este cenário sofreu mudanças, principalmente com 
a crise da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, que apontou a decadência da ordem 
liberal nos países capitalistas. 
Além disso, em 1917, a União Soviética tornou-se um país socialista, mostrando a 
possibilidade de um modelo alternativo de organização da economia, bem diferente dos 
princípios liberais.
Nos países socialistas, a atuação do capital privado é limitada. As empresas industriais 
e financeiras são propriedade pública e o governo detém o planejamento e o controle da 
economia. O socialismo é influenciado pelas proposições de Karl Marx e Friendrich Engels 
elaboradas no século XIX.
Liberalismo
Econômico
1
23
16Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Os Estados capitalistas, diante da crise do modelo liberal, encontraram na teoria 
keynesiana o seu suporte. Contrariando as ideias do livre mercado, o economista John 
Maynard Keynes defendia que o Estado tinha um papel indispensável na economia (IVO, 
2001). De acordo com essa teoria, caberia ao Estado intervir através de medidas fiscais e 
de moeda para tentar contornar os efeitos negativos provocados por ciclos econômicos, 
que levavam as economias a uma sucessão de crises, depressões, recuperação, boom e 
novamente crises, depressões...
Deste modo, o Estado passou a assumir um papel pró-ativo 
como protagonista das relações de mercado. Neste contexto, 
a indústria bélica foi um dos setores que mais cresceram e 
aceleraram as economias dos países industrializados.
Importante
A partir da Segunda Guerra Mundial, o mundo fica dividido em dois blocos, o socialista, 
liderado pela União Soviética, e o capitalista liderado pelos Estados Unidos.
17Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Diversos países da Europa também se tornaram socialistas, como a Alemanha 
Oriental, a Hungria, a Polônia e a Romênia, além da própria União Soviética. O modelo 
socialista alcançou também alguns países da África, como Angola e Moçambique. Na 
América Latina, a grande força socialista era representada por Cuba. Na Ásia, pela China.
A divisão econômica mundial nestes blocos provocou a crescente necessidade de 
aperfeiçoamento e manutenção da competitividade do ponto de vista bélico. Ou seja, as 
potências envolvidas diretamente no conflito investiram na indústria de armamentos e suas 
economias passaram a ter um peso muito significativo no comércio de armas. Esse evento 
ficou conhecido como “Guerra Fria”.
Neste período ganha força a ideologia da social democracia, que acabou orientando 
as políticas de diversos governos na Europa. Esta ideologia surgiu a partir da ideologia 
socialista, mas com uma diferença básica: defendia que não era necessário fazer uma 
revolução para acabar com o capitalismo, mas sim reformá-lo, de modo a reduzir as 
desigualdades sociais por meio da proteção social ao trabalhador e de investimentos em 
programas sociais para redistribuir a riqueza.
O período da “Guerra Fria” durou pouco mais de quatro décadas e, no final dos anos 
1980, precisamente em 1989, a queda do Muro de Berlim decretou seu fim.
Novamente, a partir do início da década de 1990, as relações entre Estado e Mercado 
sofreram alterações. Dessa vez, o fenômeno da Globalização seria o principal elemento 
de transformação e de reformulação do papel do Estado.
3. A Globalização e o Estado Mínimo
Segundo Castells (1999), uma economia global é capaz de funcionar como uma 
unidade em tempo real, em escala planetária, com base na nova infraestrutura propiciada 
pelas tecnologias da informação e comunicação e pela quebra das barreiras comerciais. 
Esta nova característica da ordem global trouxe importantes consequências para as 
relações entre Estado, mercado e sociedade.
A partir dos anos 1990, os Estados Nacionais deixaram de ter a responsabilidade de 
promover o desenvolvimento econômico, idealizar e executar a proteção social, e regular 
as questões econômicas. Segundo Ivo (2001), a partir deste momento é que se afirma a 
ideia do “Estado Mínimo”, que perde certos poderes a partir das seguintes mudanças nas 
relações entre Estado, sociedade e mercado:
18Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
• Uma série de responsabilidades públicas é assumida pela sociedade civil, organizada 
principalmente em ONGs que passam a atuar no combate aos problemas sociais.
• Serviços considerados básicos antes oferecidos pelo Estado, como educação e 
saúde, são privatizados.
• Crescente parceria entre a esfera pública e a privada, de modo que o Estado volta a 
ficar limitado à garantia de um ambiente político e legal seguro para a atuação das 
empresas privadas em nível global.
Já que o Estado perde seu protagonismo, se tornaram comuns as iniciativas do setor 
privado para intervir ou minimizar a questão social. Por um lado, as empresas passam a 
investir em projetos sociais e, por outro, a sociedade civil se organiza por meio de ONGs 
para dar conta de um conjunto de responsabilidades antes dominadas pelo Estado.
Acesse o Recurso Multimídia e observe as alterações no 
papel do Estado.
Conteúdo On-line
19Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
4. A Redemocratização Brasileira
No Brasil, ocorreu nos anos 1980 a emergência de novos atores sociais, dentre os 
quais se destacaram os movimentos pela democracia. 
O país vivia na ditadura militar desde 1968 e os movimentos políticos e sociais 
ganharam força nesta década, reafirmando a democracia como um valor moral e abrindo 
novas possibilidades de representação, por meio, por exemplo, das eleições diretas, da 
liberdade sindical e de imprensa, e da maior transparência nos assuntos legislativos.
A retomada da democracia no Brasil significou a oportunidade de 
uma maior atuação da sociedade civil na vida política e social do país.
Segundo Anau (2003), o processo de redemocratização no Brasil gerou grandes 
mudanças nos rumos da sua cultura política. Se durante o regime autoritário a sociedade 
civil não tinha espaços de livre expressão, agora, com a democracia, as cobranças da 
sociedade sobre o Estado se ampliam, no sentido de que as iniciativas governamentais 
respondam melhor aos seus anseios.
20Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
A nova Constituição, promulgada em 1988, representou 
diversos aspectos do cenário político e social brasileiro, 
dentre os quais se destacam: a entrada do país na ordem da 
globalização da economia, a adequação do Estado aos padrões 
do neoliberalismo e reorganização do Estado em moldes mais 
flexíveis e menos intervencionistas nos assuntos de mercado.
Importante
A Constituição de 1988 é chamada de “Constituição Cidadã” por conta da ampla gama 
de direitos nela estabelecidos. Podemos citar, por exemplo, o fim da censura à imprensa, 
o direito à saúde e à educação a todos os cidadãos, a proibição da tortura e da pena 
de morte, a igualdade de direitos fundamentais entrehomens e mulheres, a punição ao 
racismo, a liberdade sindical, a proteção ao índio, entre outras. 
Esta Constituição foi a primeira a tratar de forma direta sobre o meio ambiente. Uma 
das formas de proteção do meio ambiente previstas constitucionalmente é a ação popular, 
que permite que qualquer cidadão ingresse com a referida ação com o intuito de anular 
qualquer ato lesivo ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (BENJAMIM, 
2008).
5. Mudanças no Mercado
No cenário internacional, como vimos, as relações de mercado caracterizavam-se 
pelo neoliberalismo e pelo predomínio do capital internacional. Neste cenário, segundo 
Castells (1999), temos características importantes como:
• Novos padrões de produção pós-fordistas expressando o predomínio do capital 
internacional;
• Flexibilização das relações de trabalho e aumento dos níveis de desemprego;
• Ampliação do poder das organizações internacionais, afetando a soberania dos 
Estados Nacionais;
• Reforma do Estado ocorrida na América Latina a partir dos anos 1990, aproximando 
suas economias do modelo neoliberal.
21Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
A ideologia neoliberal afirma o predomínio dos mercados livres e é uma das bases 
mais importantes da globalização. Para a ideologia neoliberal, o mercado é visto como 
principal recurso de desenvolvimento e crescimento econômico, sendo prejudicial qualquer 
forma de intervenção estatal. Deste modo, ocorre a redução drástica da regulamentação 
dos mercados e das barreiras comerciais entre os Estados, permitindo o deslocamento do 
capital para os locais mais rentaveis (HOBSBAWN, 2009). 
Com a abertura de mercados, as condições de negócios se tornam mais instáveis. 
A concorrência entre as empresas se acirra e a demanda por bens de consumo se torna 
mais diversificada, exigindo que as empresas se adaptem mais rapidamente às mudanças 
e respondam às exigências diferenciadas dos vários segmentos de mercado.
As grandes empresas transnacionais, que atuam na economia global, são capazes não 
só de vender, como também de produzir em diversos países. Deste modo, estabelecem 
contratos com fábricas em países geralmente pobres ou em desenvolvimento, em busca 
de vantagens como: mão de obra barata, profissionais qualificados, vantagens fiscais 
(impostos reduzidos) e leis de proteção ambiental menos rígidas (CASTELLS, 1999).
22Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Dentro deste modelo (chamado pós-fordista), utilizado pelas empresas transnacionais, 
as etapas operacionais do processo produtivo são deslocadas para as regiões de baixo 
salário do mundo, enquanto as funções de natureza estratégica permanecem nas empresas 
sediadas nos países avançados. Desta forma, é comum que o projeto de criação de um 
produto seja definido em um país, as peças que o compõe fabricadas em outro, a montagem 
realizada em um terceiro país e o produto final vendido no mercado global.
Um dos fenômenos resultantes destas mudanças na economia global, segundo 
Castells (1999), foi o aumento do desemprego, pois as empresas tornaram-se capazes 
de produzir cada vez mais empregando uma porcentagem cada vez menor da força de 
trabalho, por conta da redução de cargos hierárquicos (“enxugamento da estrutura”) e 
do emprego de altas tecnologias que substituem o trabalho humano. Por outro lado, boa 
parte dos empregos gerados é baseado em contratos de trabalho flexíveis e precários, 
desprovidos de estabilidade e de garantias sociais.
Para termos mais claro o cenário 
de desigualdade econômica, a chamada 
“elite do conhecimento”, que trabalha nos 
setores estratégicos de grandes empresas, 
em tarefas criativas e com oportunidades 
de crescimento, detém os empregos 
qualificados e bem remunerados. Segundo o 
relatório sobre a riqueza mundial, publicado 
pelo centro de pesquisas do Credit Suisse 
em 2014, o 1% mais rico da população 
mundial detém mais de 48% da riqueza 
mundial. Considerando os 10% mais ricos, 
a porcentagem sobe para 87% da riqueza 
mundial.
23Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Como o Brasil se insere neste contexto? O país, que durante várias décadas 
caracterizou-se por uma economia fechada pela prática do protecionismo, ingressou de 
forma acelerada na flexibilização de seus mercados a partir da década de 1990 e os 
resultados mostram que nem todos foram ganhadores neste processo. 
Enquanto algumas empresas tiveram condições de aproveitar as oportunidades 
trazidas com a expansão das relações comerciais, outras ficaram expostas aos problemas 
trazidos pelo acirramento da competição e quebraram. 
Até o início da década de 2000, os problemas sociais se agravaram e a desigualdade 
atingiu seu ponto máximo.
Você deve estar percebendo que tantas mudanças impulsionaram as empresas a 
assumirem mais sua responsabilidade diante de problemas sociais. 
Veja como o Conselho Federal de Administração (CFA) destaca a responsabilidade 
social das empresas:
“Responsabilidade Social Empresarial são ações 
das empresas que beneficiam a sociedade. São 
causas sociais relevantes para as comunidades, 
contribuindo com a política social. É uma forma de 
gestão que pretende diminuir os impactos negativos no 
meio ambiente e comunidades, preservando recursos 
ambientais e culturais, respeitando a diversidade e 
reduzindo a desigualdade social. São as corporações 
se conscientizando do seu papel no desenvolvimento 
na comunidade que está inserida, criando programas 
que levam em consideração a natureza, economia, 
educação, saúde, atividades locais, transportes”.
24Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Empresários 
A adequação das normas e regras da Responsabilidade 
Social denota ganhos monetários (com a isenção de 
impostos) e melhor estratégia de marketing (marketing 
verde).
Estado
Para o Estado é fundamental tais iniciativas, justamente 
porque ocorrem intervenções em áreas que, antes, 
estavam sob a sua responsabilidade.
Para o Estado e para as empresas, isso tudo representa grandes vantagens:
De acordo com essa nova dimensão, a iniciativa privada passou a ter maior importância 
nas formulações de políticas, não apenas de mercados, mas também de ordem social.
O empresariado passou a participar da dinâmica de formulação de políticas de diversas 
formas:
25Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Essa última estratégia pode ser percebida na formulação 
do Planejamento Estratégico das Cidades, cuja intervenção 
empresarial é latente.
A cidade do Rio de Janeiro, nos anos 1990, teve o seu 
primeiro planejamento estratégico liderado pelo poder municipal 
e a elite empresarial.
No investimento 
em candidaturas de 
representantes da 
classe empresarial para 
ocupar cadeiras nos 
legislativos municipal, 
estadual e federal.
Na formulação de grupos 
de pressão que possam 
intervir mais diretamente 
nos assuntos de seu 
interesse no legislativo 
e no executivo.
Nas parcerias entre os 
poderes público e privado, 
especialmente na construção 
de projetos políticos para 
determinadas localidades.
26Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Além da participação nos assuntos políticos de reforma do Estado e as questões de 
mercado, as organizações privadas de diversos ramos se movimentaram rapidamente para 
adequarem-se às leis, normas e padrões do ponto de vista da Responsabilidade Social. 
Até meados dos anos 1980, a ideia de Responsabilidade Social, uma vez que não 
havia obrigatoriedade por parte do Estado, era assimilado pelo empresariado de acordo 
com suas próprias aspirações.
A questão ambiental também representou uma das grandes motivações para a criação 
de selos e novas estratégias de competitividade. No limiar do século XXI, a palavra de 
ordem é a questão da sustentabilidade, ou seja, o crescimento econômicocom o máximo 
possível de preservação do meio ambiente.
Assim, no limiar do século XXI, a palavra de ordem para as empresas é a questão 
da sustentabilidade, ou seja, a ideia de que o crescimento econômico deve coexistir com 
a preservação do meio ambiente e da qualidade de vida. Esta nova concepção destaca, 
portanto, a relação equilibrada com o ambiente em sua totalidade, considerando que todos 
os seus elementos afetam e são afetados reciprocamente pela ação humana. 
Entretanto, a dificuldade do 
Estado em manter a ordem 
social e econômica transformou 
em elemento básico de 
competitividade a inserção das 
organizações na dinâmica da 
Responsabilidade Social.
27Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
Neste conteúdo, procuramos apresentar a evolução das questões sociais e ambientais. 
Deste modo, acompanhamos, década a década, os principais marcos da evolução destas 
questões, mostrando como diversos acidentes ambientais despertaram a atenção da 
sociedade e de organismos internacionais, gerando iniciativas importantes para conter os 
problemas que se apresentavam.
Estudamos também as alterações nas relações entre Estado e Mercado, no Brasil 
e no mundo, levando a uma revisão crítica acerca do papel desempenhado pelo Estado, 
especialmente nas questões relativas aos mercados.
O processo de globalização teve muitas implicações no cenário das relações 
internacionais, alterando as relações entre as nações e a forma de produzir e de 
comercializar os produtos por parte das empresas. 
Assim, a alternativa neoliberal tornou-se a mais importante para que os Estados 
capitalistas pudessem entrar na nova ordem global de forma competitiva. 
Com a redução do papel do Estado na regulação social e econômica, abre-se o espaço 
para a atuação das organizações privadas nas questões sociais e ambientais.
28Panorama Histórico das Questões Sociais e Ambientais
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