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Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Elétrica IE 607 – Medidas para Caracterização e Análise de Materiais 1o semestre de 2000 Professores: Dr. Furio Damiani e Dr. Peter Jürgen Tatsch Fourier Transform Infrared Spectroscopy FTIR EDVAL DE JESUS FIORINI RA - 97.4192 fiorini@fee.unicamp.br 2 2 ÍNDICE Página 1 Introdução a Espectroscopia Infravermelho.............................................5 1.1 Unidades.......................................................................................................5 1.2 Regiões de Radiação do Espectro Eletromagnético..................................8 1.3 O Espectro Infravermelho de um Composto............................................9 1.4 Absorção Atmosférica................................................................................11 2 Formas de vibração.....................................................................................12 2.1 Twisting........................................................................................................14 2.2 Bending........................................................................................................14 2.3 Rocking........................................................................................................15 2.4 Wagging........................................................................................................15 3 Absorção/Radiação Infravermelho ( IR)...................................................15 4 Bandas de absorção.....................................................................................16 4.1 Força restabelecimento...............................................................................17 5 Espectrômetro..............................................................................................17 5.1 Espectrômetros dispersivos........................................................................17 5.1.1 Resolução.....................................................................................................19 5.1.2 Fontes de Radiação.....................................................................................19 5.1.3 Elementos Dispersivos................................................................................22 5.1.4 Detetores.......................................................................................................24 5.2 Espectrômetros Não-Dispersivos (FTIR)...................................................26 5.3 Interferograma.............................................................................................29 5.4 Transformada de Fourier...........................................................................29 5.5 Esquema Geral do Equipamento................................................................31 5.6 Características dos instrumentos.(FTIR)...................................................31 6 Comparação entre Espectrômetros Dispersivos e FTIR...........................32 7 Preparação da Amostra................................................................................33 8 Análise Qualitativa........................................................................................34 9 Análise Quantitativa......................................................................................36 9.1 Análise de Oxigênio no Sílicio.......................................................................36 9.2 Análise de Carbono no Sílicio.......................................................................37 9.3 Medida de Composição e Presença de Outros Elementos..........................38 10 Aplicação de FTIR para Estudo de Superfícies........................................40 11 Outras Aplicações de FTIR........................................................................ 44 12 Referências bibliográficas............................................................................45 3 3 RESUMO Abordaremos de maneira sucinta a espectroscopia no infravermelho como técnica de caracterização para análise, identificação dos compostos, determinação de estrutura químicas desconhecidas e determinação de concentrações em amostra utilizando o fato de que a maioria dos compostos apresentam absorção em regiões de frequência específica. 4 4 1- Introdução a Espectroscopia Infravermelho(11) A espectroscopia no infravermelho é uma técnica utilizada desde 1940 pelos cientistas russos, mas só em 1950 foram comercializados os primeiros espectrômetros dispersivos. É um método de caracterização físico para análise qualitativas e determinações quantitativas de traços de elementos. Isto é possível porque os átomos que formam as moléculas possuem frequências específicas de vibração, que variam de acordo com a estrutura, composição e o modo de vibração da amostra. Para varrer essa gama defrequência utiliza-se o infravermelho (7). Os instrumentos usados são chamados espectrômetros de infravermelho, e a propriedade física medida é a capacidade da substância para absorver, transmitir, ou refletir radiação infravermelho. Esta técnica tem se tornado cada vez mais importante e útil na análise qualitativa e quantitativa de materiais, e sua utilização está se estendendo para outras áreas tais como medidas de espessuras, refletividade e índice refrativo. Esta é uma técnica que encontra uma extensa variedade de utilização em laboratórios analíticos industriais e laboratórios de pesquisa de todos os tipos, no fornecimento de informações úteis entre outras já vistas, no cálculo de várias constantes físicas, na determinação da estrutura de compostos, e em muitas outras áreas. Análise no infravermelho, pode ser usado para alguma amostra, contanto que o material seja um composto ou contenha compostos ( no lugar de elementos puros ). Isto é um tipo de análise não-destrutivo ( a amostra pode normalmente ser recuperada para novo uso ), e é útil para micro amostras ( faixa inferior a sub-micrograma ). Anteriormente, a espectroscopia infravermelho foi usada primeiramente para materiais orgânicos, mas, especialmente desde o advento de instrumentação de longo comprimento de onda, tem sido utilizado também para análise de compostos inorgânicos. 1.1- Unidades Um espectrograma no infravermelho possui uma apresentação bidimensional das características de uma molécula. Estas características de absorção aparecem no espectrograma como bandas ou picos, e pode ser descrito através de três variáveis: posição, intensidade e formato. Os dois primeiros podem ser expressos em números, enquanto que o terceiro (formato de banda ) é usualmente expresso em palavras. Posição: é o pontp no eixo x ou abscissa, onde a banda aparece; este é sempre expresso numericamente. Quatro parâmetros diferentes são usados para descrever posição: energia (ergs), frequência (s-1), comprimento de onda ( µ ou µm ), e número de ondas ( cm-1). As unidades usadas no espectrograma dependerão do instrumento projetado, e se uma outra unidade é requerida para um trabalho específico, os dados devem ser apropriadamente convertidos. Esta conversão pode facilmente ser realizada usando a equação dada abaixo. Os parâmetros, energia e frequência, são dados desajeitados e não compreendidos facilmente; eles portanto, não são utilizados normalmente. A instrumentação corrente apresenta os dados ou em comprimento de onda ou número de ondas, sendo a segunda atualmente preferida, apesar de que a unidade comprimento de onda foi preferida por muitos anos. As unidades em questão podem ser convertidas como segue. 5 5 Energia e frequência são relacionadas por: E = h.ν ( 1-1 ) onde E = energia ( ergs ) h = constante de Planck ( 6,67 x 10-27 ergs . s ) ν = frequência ( s-1 )Frequência e comprimento de onda são relacionados por: λ. ν = c ( 1-2 ) onde λ = comprimento de onda ( cm ) ν = frequência ( s-1) c = velocidade da luz ( 3 x 1010 cm/s ) Comprimento de onda e número de ondas são relacionados por: ν = 1/λ (1-3) onde λ = comprimento de onda ( cm ) ν = número de onda ( cm-1 ) Equação ( 1-3 ) é usualmente escrita como: λ = 10000/ν ( 1-4 ) Onde λ é agora o comprimento de onda em microns, a unidade normalmente usada em medidas na região infravermelho do espectro. Comprimento de onda pode ser expresso em diversas unidades, todas das quais estão relacionadas ao ( cm ). 10000.µ = 1 cm Intensidade - é uma medida da quantidade da energia absorvida pela amostra e é determinado pelo eixo y, ou ordenada. Este parâmetro pode ser expresso em números ou palavras. No caso anterior, a unidade em números é válido somente para o instrumento, as condições de operação a composição da amostra, e o comprimento da trajetória óptica da amostra para o qual foi obtida. No outro caso, a intensidade é dita ser fraca, médio ou forte, e depende do grau menor dos mesmos fatores. Se a intensidade está em números, pode ser expressa como porcentagem de transmitância ou em unidades de absorção. A energia, ou potência radiante, que é absorvida 6 6 pela amostra em alguma frequência é Po, e a fração de Po da energia transmitida pela amostra é P, então a transmitância T pode ser expressa como T = P/Po = 10 -a.b.c ( 1-5 ) onde Po = radiaçao incidente P = radiação transmitida a = constante de absortividade de um componente em g/l em um comprimento de onda particular. b = diferença da trajetória óptica da amostra. c = concentração do componente em no de moles/l. e porcentagem de transmitância como %T = 100 . P/Po ( 1-6 ) Frequentemente, todavia, especialmente para análise quantitativa, é desejável expressar esses dados em unidades de absorção em vez de porcentagem de transmitância. A absorção é dada por A = log 1/T = log Po/P = a.b.c (1.7 ) Os instrumentos são usualmente designados para registrar a energia transmitida em porcentagem de transmitância numa escala linear, mas pode também ser registrado em unidades de absorção em escala logarítmica. O operador pode selecionar o tipo de apresentação e também utilizar o papel específico para o registro. Para maior parte dos propósitos, absorção não linear é bastante útil, e em muitos casos mais útil que porcentagem de transmitância. De qualquer forma que os dados foram registrados, a linha de 100% de transmitância aparece na parte superior do gráfico, e embora as absorções são chamadas picos, aparecem vales. Em alguns artigos, e em alguns instrumentos importados, a apresentação é invertida, e os picos aparecem na direção oposta ( aqui as linhas de 0% transmitância ou absorção total aparecem no topo do gráfico ). Usualmente, o papel gráfico está disponível da seguinte forma. - para a ordenada: escala linear - porcentagem de transmitância. escala não-linear - absorção. - para a abscissa: escala linear - comprimento de onda e número de onda. Formato - como visto antes, esta variável descritiva também é dada em palavras e não em números, embora algumas tentativas tem sido realizadas para reduzir a natureza qualitativa desta descrição por assinalarem letras ou números aos vários tipos de formatos de banda. O formato de banda é usualmente descrito como largo, estreito, agudo, etc., e a opinião do operador representa um papelimportante nesta descrição. Nào há uma padronização para formatos de bandas, pois uma banda em um gráfico de comprimento de onda linear não tem o mesmo formato que uma banda de um gráfico de número de ondas linear. 7 7 1.2 - Regiões de Radiação do Espectro Eletromagnético Embora este estudo esteja envolvido somente com a região infravermelho do espectro eletromagnético, será útil conhecer todo o espectro normalmente usado em análises. O espectro é dividido em diversas regiões, cada qual é usado para um diferente propósito, e cada qual fornece um diferente tipo de informação. Estas são as regiões do raio-gama, raio-x, ultravioleta, luz visível, infravermelh curto, infravermelho, infravermelho longo, microondas e de televisão. Esta divisão do espectro é arbitrária, e as fronteiras não são bem definidas. A figura 1.1 é uma representação do espectro da região raio-gama até a parte da região de televisão. Região de | região de | região do | região de | região de | região de | transições | transições | espectro | região | espectro | espectro | da camada | da camada | eletrônico | vibracional | rotacional |vibracional| interna do | externa ( va- | de com- | rotacional | e espectro | de compri-| elétron | lência ) do | primento | | vibracional | mento de | | elétron. | de onda | | de compri- |onda longo| | | longo e | | mento de | | | | espectro | | onda longo | | Fig. 1.1 - O espectro eletromagnético(8). Os comprimentos de ondas mais curtos da região dos raios-gama estão associados com o nível de energia mais alto, enquanto que os comprimentos de ondas mais longos na região de televisão, estão associados com o nível de energia mais baixo. No espectro eletromagnético a porção que corresponde ao Infravermelho é a região que fica entre o visível e microondas, região onde a maioria dos compostos ôrganicos e inorgânicos apresentam absorção com comprimentos de ondas bem característicos. Matéria pode reagir ( absorver ) com radiação somente quando a energia de radiação iguala com o nível de energia de transição num átomo ou molécula. Na matéria, os níveis mais altos de energia estão associados com os elétrons internos dos átomos , assim os raios- gama e raios-x são usados para determinar estas transições dos elétrons das camadas internas; 8 8 a espectroscopia de ultravioleta e luz visível possuem a porção de transição da camada de valência dos elétrons; enquanto que medidas de infravermelho curto podem dividir ou com a região de transições de energia da camada eletrônica similar ( que são uma extensão da região visível ) ou com a região de transições de energia rotacional-vibracional ( uma extensão do infravermelho ). Espectroscopia de infravermelho está envolvida com a região de transições de energia rotacional e vibracional, com a região de 2-15 µ de natureza conhecida como a região fundamental. O infravermelho longo é primeiramente uma região de transições de energia rotacional, embora diversas transições de baixa energia vibracional reage com radiação nesta região. Na prática existe uma sobreposição entre estas regiões, e dependendo da instrumentação disponível, é frequentemente possível ultrapassar a fronteira da região próxima. No laboratório é possível encontrar instrumentos para uso em cada região específica, mas em alguns casos o mesmo instrumento cobrirá duas ou três regiões; o instrumento mencionado anteriormenteé a combinação de ultravioleta, luz visível e infravermelho curto. 1.3 - O Espectro Infravermelho de um Composto Espectro infravermelho são normalmente registrados em papel gráfico como um gráfico de intensidade ( absorção ou porcentagem de transmitância ) versus posição (comprimento de onda ou número de onda ), embora é possível apresentá-los de outra forma (Ex: tela de osciloscópio ou computador). Os registros são usualmente chamados espectrogramas. As figuras 1.2a e 1.2b mostram espectrogramas de poliestireno rodados em dois instrumentos comerciais; um dos instrumentos apresenta os dados linearmente em unidades de comprimento de onda, enquanto o outro apresenta-o linearmente em unidades de número de ondas. A comparação destes espectrogramas mostrará como a aparência das bandas mudam entre dois tipos de apresentação. 9 9 Fig. 1.2 - Espectrogramas de poliestireno de dois instrumentos comerciais diferentes. 10 10 Nem todo material é capaz de produzir um espectro infravermelho ( Ex: não-metal ). Para reagir com radiação infravermelho, a molécula deve ter um momento dipolar permanente e deve vibrar sobre uma ligação química ( mudando o comprimento ou o ângulo da ligação ), ou rotacionar sobre um eixo perpendicular à ligação. Esta é a reação de radiação com estas vibrações e rotações que originam o surgimento das bandas de absorção no espectrograma. O espectro da maior parte dos compostos mostra um número de bandas, o comprimento de ondas ou frequências nos quais aparece suprindo o dado primário usado para identificar o composto. Listas de frequências de absorção ou comprimento de ondas normalmente não fornecem informação suficiente para identificação positiva. De qualquer maneira, a informaçao disponível da abscissa é a mais importante em análise qualitativa. Enquanto que os dados da ordenada tem algum uso na análise qualitativa, estes são antes de tudo utilizados na determinação quantitativa. Os dados da abscissa são absoluto com a precisão do instrumento, mas os dados da ordenada são relativos, e depende do instrumento usado, das condições de operação, da composição e concentração da amostra e o comprimento da trajetória óptica da amostra. 1.4 - Absorção Atmosférica Um ítem adicional que deveria ter a atenção do espectroscopista é o efeito da atmosfera no instrumento de operação e aos dados resultantes. A menos que o instrumento é operado em uma atmosfera especial ou em vácuo, aq absorção atmosférica pode apresentar problemas. Cuidados devem ser exercidos nas regiões onde existe bandas de absorção atmosférica. Para verificar a existência de bandas de absorção atmosférica devemos obter o espectrograma de fundo sem a amostra, antes ou depois de obter o espectro da amostra desejada. Dependendo da precisão desejada, pode ser necessário purgar o caminho óptico do vapor d’água e CO2 para que se possa realizar a análise quantitativa. De fato, sempre para análises qualitativas em instrumentos de moderada ou alta resolução, pode ser também necessário purgar o caminho óptico, a menos que o analista possa trabalhar em regiões do espectro livres de bandas atmosféricas. A figura 1.3 mostra o espectro de absorção do ar atmosférico de aproximadamente um metro de comprimento de trajetória óptica. As regiões mais incômodas por causa da absorção atmosférica são: 3740 cm-1 ( 2,67 µ; H2O ), 2350cm-1 ( 4,25 µ; CO2 ), 1820 - 1330 cm-1 ( 5,5 - 7,5 µ; H2O ), e 670 cm-1 ( 14,98 µ; CO2 ). Fig. 1.3 - Bandas de Absorção Atmosférica. 11 11 Nitrogênio, oxigênio, e os gases nobres não tem absoção infravermelho, e portanto não requer discussões posteriores. O dióxido de carbono e vapor d’água sempre apresentam na atmosfera normal, absorção de radição infravermelho, e pode apresentar sérios problemas. A atmosfera na qual o instrumento é operado pode também conter outros materiais (partículas ou gases ) os quais podem causar não somente problemas de operação, mas também deterioração do instrumento. Em instrumento de feixe unitário, todas as absorções atmosféricas aparecerão como bandas no espectrograma, com suas intensidades variando com mudanças na concentração. Quando as bandas atmosféricas são totalmente absorvidas, é impossível determinar se ou não, a amostra tem alguma absorção nestas frequências; quando as bandas atmosférica são somente parcialmente absorvidas, pode ser difícil para determinar a presença de bandas de pico da amostra nas mesmas regiões. A variação nas intensidades das bandas atmosféricas tornam a análise quantitativa quase impossível nestas frequências. A melhor solução para este problema é purgar o instrumento ou fechá-lo em um compartimento que possa ser purgado. Pode também ser possível colocar em bandejas de materiais adsorventes em várias sessões do instrumento, para eliminar estes gases. Instrumentos de feixe duplo são designados para minimizar estes problemas. Os comprimentos do feixe da amostra e de referência são iguais de modo que, como a concentração atmosférica deveria ser uniforme por todo o instrumento, o detetor não faria ver alguma diferença na energia dos dois feixes. Isto significa que não existiria sinal, e o instrumento não registraria as bandas. Contudo, embora as bandas não aparecerem, a atmosfera ainda assim remove energia do sistema, e o restante de energia pode ser insuficiente para operar o instrumento adequadamente. O mais apropriado remédio é mesmo como para instrumentos de feixe unitário - purgar ou adsorver os gases não desejados. 2 - Formas de vibração Para vermos como vibram os átomos em sua molécula, vamos nos valer de um modelo mecânico para o sistema. Onde as massas atômicas são representadas por esferas, de tamanho proporcional ao seu pêso atômico, alocadas de acordo com o espaço geométrico real da molécula, (fig.2.1). Fig. 2.1- Modelo mecânico de um acetoaldeído. Através das ligações químicas o sistema se mantém em equilíbrio, até que o modelo é suspenso e aplica-se uma força para retira-lo do equilíbrio. O modelo então apresentará movimentos caóticos que quando observado com uma luz estroboscópica de frequência 12 12 variável, consta-se que em determinada frequência as esferas permanecem paradas. A esta denomina-se frequência natural de vibração. Para calcular o número de formas independentes de vibração de uma molécula poliatômica temos que levar em consideração: • o movimento de translação da molécula como unidade rígida; • o movimento de rotação da molécula ao redor de cada eixo da ligação; • o movimento de cada um dos átomos em relação aos demais. O número de modos de vibração (G), é determinado pela equação: G = 3N-6 graus de liberdade e G = 3N-5 graus de liberdade para molécula linear. N = número de átomos da molécula. A diferença existente dentro da equação ocorre porque as moléculas lineares não apresentam movimento de rotação em torno do seu eixo (HCl, CO 2 ,C2H2, etc...). Isto nos fornece o número de bandas fundamentais no espectro de absorção da molécula. Onde nem todas aparecerão no espectro IR, como as vibrações inativas. As vibrações de ligações similares unidas por um átomo comum, como (H-C-H), normalmente produzem bandas de absorção devido, aos movimentos simétrico e assimétricos do mesmo tipo de vibração, com bandas bem próxima entre si. Nas vibrações de estiramento ("Stretching") os átomos se movem na direção da ligação. No estiramento simétrico os átomos de hidrogênios se afastam e se aproximam a distância iguais do átomo central de carbono, alterando a distância entre os átomos sem alterar o ângulo de valência, não há variação do momento polar e a vibração é inativa para o IR. No estiramento assimétrico um átomo de hidrogênio se aproxima e o outro se afasta do átomo de carbono, havendo variação do momento polar (fig.2.2 e 2.3). Fig.2.2- estiramento simétrico Fig.2.3- estiramentoassimétrico Quando o sitema triatômico faz parte de uma molécula maior podemos ter quatro tipos de vibrações de flexão ou deformação que causarão oscilações nos átomos, no grupo como um todo e perpendicular a sua ligação química, classificadas como: twisting, bending, rocking e wagging(3). 13 13 2.1 - Twisting - deformação fora do plano, a unidade estrutural oscila de um lado para outro em torno da ligação que a une ao resto da molécula, (fig.2.4). Fig.2.4- Vibração de deformação fora do plano. 2.2 - Bending - deformação no plano, os átomos conectados ao átomo central se aproximam e se afastam entre si com alteração do ângulo de valência simétrico ao plano, (fig.2.5). Fig.2.5. Vibração de deformação no plano. 2.3 - Rocking- flexão no plano, a unidade estrutural oscila de um lado para outro no plano de simetria da molécula, (fig.2.6). 14 14 Fig.2.6. Vibração da flexão no plano. 2.4 - Wagging- flexão fora do plano, a unidade estrutural oscila de um lado para outro, em um plano perpendicular ao plano de simetria da molécula,(fig.2.7). Fig.2.7. Vibração de flexão fora do plano. + = movimento do plano da página para o leitor; - = do plano da página para baixo. 3 - Absorção/Radiação Infravermelho (IR) Uma molécula absorverá energia sempre que: • a frequência da radiação se iguale a frequência de vibração natural da molécula; • devido o seu movimento vibracional ou rotacional cause variação do momento dipolar. O momento dipolar é determinado pela posição dos centros de gravidade das cargas elétricas, positiva e negativa, na forma de vibração. Dependendo da vibração teremos um campo elétrico oscilante, ocorrendo absorção de energia radiante nas frequências de vibração. Obs: Da Eletrostática , a intensidade da força elétrica e do campo elétrico entre duas cargas elétricas variam de acôrdo com a relação abaixo: 15 15 F = 2)( |.|. d qQk , (3.1) E = F/q , F = q.E , (3.2) Igualando 3.1 e 3.2, temos: E = 2)( ||. d Qk , (3.3) onde : F = intensidade de força elétrica; Q = carga elétrica fonte; E = intensidade de campo elétrico; q = carga elétrica de prova; K = constante eletrostática; d =distância entre cargas elétricas. Assim, de acôrdo com a variação da distância entre cargas elétricas, teremos um campo elétrico oscilante, e consequente maior ou menor absorção de energia radiante para este tipo de oscilação. A intensidade da banda de absorção IR é proporcional ao quadrado da velocidade de troca do momento dipolar em relação a distância dos átomos. A cada modo vibracional nem sempre teremos um pico de absorção no espectro. O número de picos pode ser menor devido: • a energia das vibrações ser quase idênticas; • a simetria da vibração não ocasionar variação do momento dipolar; • ao acoplamento de vibrações; 4 - Bandas de absorção É a região do espectro onde ocorre absorção de IR, e que para uma molécula diatômica pode ser prevista pela lei de Hook(3). V C K m m m m = + ⋅ 1 2 1 2 1 2π ( ) (4.1) K = força de restabelecimento da situaçào de equilíbrio; C = velocidade da luz; m1 e m2 = massa dos átomos. V = frequência de absorção. 4.1 - Força de restabelecimento É a força que mantém os átomos unidos, pode ser calculada pela relação empírica de Gordy, como sendo: K a N X X d b a b = ⋅ + ( ) /3 4 2 (4.2) a= 1,67; 16 16 b= 0,30; Xa e Xb = eletronegatividade Pauling; d= distância internuclear; N= número de ligações covalentes ou iônicas entre os átomos. Exceto a massa dos átomos, todos os outros fatores que influem nas frequências características de grupo estão incluídas na força de restabelecimento. A força de restabelecimento para ligações é: simples = 4 a 6.105 dinas.cm-1 ; duplas = 8 a 12.105 dinas.cm-1 ; triplas = 12 a 18.105 dinas.cm-1 , através da análise do valor de K e as combinações possíveis de átomos, as frequências de vibrações normais estão na faixa de 0,6.1013 a 12.1013 cps, isto é, 4.000 a 200cm-1 (2,5 a 50 µm) que corresponde a faixa do IR(3) . 5- Espectrômetros Os espectrômetros são classificados em dispersivos (feixe simples e feixe duplo) e não dispersivos (FTIR). 5.1 - Espectrômetros Dispersivos(3) Quase todos os espectrômetros dispersivos são de feixe duplo, onde o feixe (energia radiante) passa, alternadamente através da amostra e da referência. Trabalham com prisma ou grade de difração, para dispersar a luz policromática em várias faixas de comprimento de onda, obtendo assim uma radiação monocromática. Radiação esta, que após atravessar a amostra é refletida por um sistema de espelhos, passa por fendas estreitas indo em direçào ao detetor e deste para um registrador. Este sistema apresenta fraca potência de radiação infravermelho, dificultando sua medição, necessita de grades de difração apuradas, a precisão é afetada pelo frequente desalinhamento do sistema óptico, alto valor em relação sinal ruído e é lento, (fig.5.1). 17 17 Fig.5.1 - Diagrama óptico de um espectrômetro dispersivo. Os feixes gerados pela frequência (N) passam pelo interruptor circular (C1) em que uma metade, um semicirculo é um espelho e a outra metade acha-se aberta que gira com velocidade síncrona controlada ( desdobramento no tempo). A medida que C1 gira a parte que tem o espelho fica alternadamente fora e dentro do feixe. Quando o interruptor C1, se encontra fora do feixe a radiaçào da fonte é refletida por um espelho convergente e passa através da amostra. Quando o interruptor C1 fica dentro do feixe a radiação é refletida e contorna a amostra como um feixe de referência. Os espelhos planos refletem ambos os feixes no segundo interruptor C2 (em sincronismo com C1), onde são reunidos, indo em direção a entrada S1 para o primeiro monocromador. A abertura das fendas são ajustadas para termos a melhor combinação de resolução e potência radiante. O feixe sofre uma dispersão inicial pelo prisma (P) e, após passar por uma fenda intermediária sofre dispersão adicional pela grade de difração (G) o feixe duplamente dispersado atravessa a fenda de saída (S3) e alcança o detetor. Este sinal é amplificado e vai para o registrador(3). 5.1.1 - Resolução(11) Uma das importantes propriedades de um espectrômetro é sua resolução, isto é, sua habilidade para distinguir-se entre vizinhança de regiões espectrais. A habilidade para decidir vizinhança de bandas está proximamente relacionado a largura da fenda espectral expresssa em unidades de número de onda (∆ν) ou de comprimento de onda (∆λ). Como estabelecido, a largura da fenda espectral é a menor região espectral isolada pela fenda de saída do monocromador ( elemento de dispersão ). Como o termo é geralmente usado, alta resolução está associado com a menor largura de fenda espectral e seu efeito aparecerá no registro de profundidade de banda. A menos que a resolução do instrumento seja muito menor que a largura natural de uma banda particular, seu registro de absorção será menor que sua absorção verdadeira. Uma demonstração deste efeito nas duas bandas de ciclo-hexano é mostrado na figura 5.2. 18 18 Fig. 5.2 – As bandas de 861 e 903 cm-1 de ciclo-hexano em várias larguras de fenda espectral. Porque a banda 903 cm-1 tem a banda natural mais estreita que a banda 861 cm-1, é mais fortemente afetado pelas variações na largura da fenda espectral, no ponto onde as profundidades da banda relativa de fato inverte. Em algum dado ponto no espectro a largura da fenda espectral aumenta linearmente com a largura da fenda física. Contudo, a potência disponívelno detetor é proporcional ao quadrado da largura da fenda física. 5.1.2 – Fontes de Radiação Absorção de espectrômetros requer o uso de fontes de radiação contínua, isto é, fontes as quais a energia radiada possa varrer sobre a banda inteira de espectro de interesse, sem a aguda descontinuidade criada pelas linhas de emissão ou bandas de absorção própria. Na porção infravermelho do espectro, qualquer das fontes comumente usadas são sólidos incandecentes. As fontes úteis aproximam o desempenho teórico de um radiador de corpo negro; isto está claro que é impossível para algum deles excedê-lo. A eficiência de radiação de qualquer corpo J(ν,T) comparado a um corpo negro ideal Jb(ν,T) é chamado emissividade (•ν). •ν= ),( ),( TJb TJ ν ν (5.1) Radiadores de Corpo Negro Um corpo negro é definido como um objeto o qual absorve toda luz incidida nele. Quando aquecido, um corpo negro emite radiação com distribuição de frequência a qual depende somente da temperatura do corpo, isto é, a distribuição de energia emitida é independente do material do qual é construído. A figura 5.3 mostra o esquema de funcionamento de um corpo negro de referência, onde a amostra é denominada como um corpo cinza J(ν,T) , onde então podemos comparar a eficiência de radiação da amostra e obter a emissividade relativa (•ν). 19 19 Fig.5.3 - Desenho esquemático de forno de emissão infravermelho como corpo negro de referência. De acôrdo com a bem conhecida Lei de Distribuição de Planck, a distribuição espectral de energia emitida por um corpo negro ideal é determinado unicamente pela temperatura do elemento radiante. ρ(ν,T) = (8πν3/c3)[exp(hν/kT) - 1] - 1 (5.2) onde ρ(ν,T) é a densidade de radiação de frequência (ν) na temperatura (T). A lei de radiação de Planck foi importante porque iniciou a teoria quantum de energia, já que isto requer que a luz para ser emitida não continuamente, mas em quantidades discretas de magnetude (E=h.ν). A figura 5.4 mostra o gráfico da função de radiação do corpo negro de Planck de acôrdo com a equação 5.2 para temperaturas de 300, 500 e 700o K. 20 20 Fig. 5.4 – Gráfico da função de radiação de corpo negro de Planck para temperaturas de 300, 500 e 700o K. Pode ser visto na figura 5.4 que o valor de pico de ρ cresce e muda para frquências mais altas com o crescimento da temperatura. A densidadade de energia total de um corpo negro pode ser encontrada integrando a equação 5.2 sobre o intervalo de frequência (0,∞), ∫∞ = 0 ),( ννρ dT (8π5k4/15c3h3) T4 (5.3) o valor de ν para o qual é um valor máximo em uma temperatura dada pode ser encontrada da derivada de dρ/dν = 0. Fontes de Radiação mais Usadas(4) As fontes de radiação mais usadas são constituídas básicamente por sólidos inertes aquecidos eletricamente. As fontes mais otimizadas são o emissor Nernst e o Globar. O emissor de Nernst é uma mistura de óxido de zircônio e ítrio, em forma de cilindro com 2mm de diâmetro por 30mm de comprimento. É aquecido à temperatura de 1500 a 2000 graus celsius proporcionando, uma radiação máxima a 7100 cm-1 (1,4 µm), faixa útil de 4 a 20 µm, coeficiente de temperatura negativo. Necessitava operar com resistência de compensação, regulador automático de tensão, ventilação para liberar o calor dos óxidos evaporados e ser préaquecido porque não é condutor quanto está frio. Globar, composto sinterizado de carbeto de sílicio, em forma de cilindro com 4mm de diâmetro por 50mm de comprimento. É aquecido a temperatura de 1500 a 1700 graus celsius, proporcionando uma radiaçào máxima a 5200cm-1, (1,9 µm) faixa útil de 1 a 40 µm, tem coeficiente de temperatura positivo. sua resistência aumenta com o tempo de uso, necessita contrôle de tensão e refrigeração à água. Não necessita ser préaquecido. a fonte 21 21 globar é menos intensa que a Nernst, mas é mais satisfatória acima de 667cm-1 (15 µm), porque a sua emissividade decai mais lentamente(3). 5.1.3 – Elementos Dispersivos(11) Até pouco tempo atrás, prismas foram os mais usuais elementos dispersivos de instrumentos infravermelho. Atualmente, instrumentos de grade de difração tem alcançado um estado de desenvolvimento onde sua utilização tem sido bastante comum. Com a grande variedade de instrumentação disponível ao analista de hoje, uma seleção do melhor instrumento para um problema particular ou combinação de problemas depende particularmente da familiaridade com as propriedades de elementos dispersivos. Prismas – Um prisma colocado em um feixe de luz refrata, isto é, inclina o feixe o qual é incidente em um ângulo diferente do normal. O uso de um prisma como um elemento dispersivo depende do fato de que o índice refrativo muda com o comprimento de onda tal que diferentes comprimentos de onda são refratados por diferentes índices. Também, a variaçao do índice refrativo (n) com o comprimento de onda (λ) é um valor unitário e função única para o material do prisma. Os dois requisitos primários de um prisma dispersivo são que , tem uma alta transmisssão na região espectral aplicável e que sua dispersão angular seja suficiente. Disperssão angular depende diretamente da relação ∂n/∂λ, isto é, a variação do índice de refração com o comprimento de onda. Esta derivada é chamada de “dispersão”. A natureza do mecanismo físico da transmissão de radiação é tal que a dispersão está grandemente próxima de uma região de absorção. Na figura 5.5 é mostrado como o feixe incidente é dispersado pelo prisma na trajetória óptica do espectrômetro. Fig.5.5 Prisma monocromador com espelho tipo littrow. A pedra de sal ( NaCl ) tem sido o mais útil material de prisma em instrumentação analítica de infravermelho. Sua dispersão é alta em uma região espectral particularmente rica em bandas de absorção – 5 a 15 µ ( 2000 a 667 cm-1 ), embora o material é completamente transparente em comprimentos de onda muito menores que 5 µ, este ainda pode ser adequado para fornecer informações adicionais. Alguns instrumentos que utilizam prisma de pedra de sal podem varrer comprimentos de onda até de 1 µ ( 10000 cm-1 ). A figura 5.6 mostra o gráfico do prisma da pedra de sal (NaCl) realizando a comparação entre o nível de dispersão em (µm-1) e a porcentagem de transmissão. 22 22 Fig. 5.6 – Transmissão e dispersão do prisma da pedra de sal (NaCl). Existe uma gama muito grande de materiais de prismas para instrumentos de infravermelho, permitindo uma intercambiabilidade relativamente simples para permitir otimizar o desempenho em uma faixa dada, e poder estender o desempenho do instrumento para comprimentos de onda mais curtos e mais longos. A maior parte destes materiais deve possuir crescimento de cristais artificialmente, para ser adequadamente puro e homogêneo para uso óptico. Possuem variados graus de indesejáveis propriedades, tais como sensibilidade ao risco e à umidade. O Fluoreto de Cálcio ( Ca F2), o qual é amplamente usado, também para espectrômetros FTIR, forma uma exceção disto, pois é insolúvel em água e é muito duro. Grades de Refração: As grades de refração são do tipo plano de reflexão, o qual consiste geralmente de um vidro revestido de alumínio contendo muito próxima e precisamente espaçadas ranhuras paralelas. A teoria de dispersão de luz por uma grade de refração diz que a luz incidente é dispersada pelo fenômeno de difração, o qual é fundamental um efeito de interferência de onda entre os raios de luz incididos nas ranhuras. A figura 5.7 mostra o esquema de difração na superfície de uma grade de reflexão. Fig. 5.7 – Difração na superfície de uma grade de reflexão. Alguns tipos de grades de refração são utilizados como filtros de interferência de passa alta com capacidade de transmissão entre 70 a 90% da energia incidente, o qualo coloca na mesma classe de reflexão dos primas. Na figura 5.8 é mostrado o gráfico do nível de transmissão da grade usada como filtro de interferência de passa alta. 23 23 Fig. 5.8 – Características de um filtro típico de interferência de passa alta. As propriedades fundamentais de radiação difratada de uma grade de refração em contraste com um prisma são: (a) a distribuição espectral de radiação de refração segue leis de trigonometria simples. (b) a energia difratada em um dado angulo não é de um comprimento de onda unitário mas consiste de uma multiplicidade de comprimentos de onda. 5.1.4 – Detetores A função do detetor é converter a radiação infravermelh em um sinal elétrico, para então ser amplificado e posteriormente ser registrado através de um gráfico e ou numa tela de computador. Portanto, é um dispositivo tão importante tanto quanto qualquer outra parte do espectrômetro. Em vista dos seguintes fatôres abaixo, esta tarefa não deveria ser considerada tão simples: - A energia de um fóton de infravermelho é baixo. Ex: fóton de 3µ - 1 elétron volt. fóton de 30µ - 0,1 elétron volt. A energia de detetores de infravermelho de estado sólido é limitada, pois depende da ativação do fenômeno fotoelétrico com o sólido pelo fóton de energia - Aplicações analíticas quase sempre requerem informções sobre uma larga faixa espectral, o qual necessita da utilização de um detetor não seletivo, isto é, bastante abrangente. Detetores infravermelho são classificados em duas grandes categorias: Detetores térmicos e Fotodetetores. Detetores Térmicos São relativamente não seletivoss abrangendo uma ampla ampla faixa espectral, possuem uma rresposta lenta e um nível de potência em torno de 10-9 watt. Estão divididos em 3 tipos: - Termopares – são detetores termoelétricos baseados no efeito de Peltier, onde é a geração de uma voltagem num circuito contendo dois metais heterogêneos ou semicondutores quando as junções estão em diferentes temperaturas. Termopares são os mais comuns detetores utilizados em instrumentação infravermelho analítica. 24 24 - Bolômetros – são dispositivos que dependem da mudança do valor de sua resistência quando aquecido pela radiação incidente para produzir uma correspondente mudança na voltagem elétrica. O elemento de resistência é um filme fino de metal ou semicondutor isolado térmicamente do restante do instrumento. - Célula de Golay – é um detetor pneumático, construído com um gás termométrico extremamente sensível cujo elemento receptor é um plástico de revestimento preto ou de alumínio. A radiação que alcança o gás incluso, provoca um pequeno aumento na pressão que é convertida num sinal elétrico por um dos diversos métodos possíveis. São vantajosos para serem utilizados com espectrômetros infravermelho de grande porte em função do seu grande tamanho. Este fator no entanto, torna-o mais caro por necessitar do uso de um espelho elipsoidal de 45o para impedir que parte da energia se perca na sombra de seu suporte. Fotodetetores – São mais seletivos, abrangendo faixas espectrais restritas de respostas rápida e é a Segunda maior classse de detetores infravervelho. Com exceção dos detetores fotocondutivos de PbS, ssua aplicação em instrumentação analítica tem sido rejeitada por varrer limitadas regiões espectrais de alta sensibilidade para cada tipo, e pela inconveniência de operação em baixas temperaturas; este promete superar essa deficiência com desenvolvimentos posteriores. 5.2 – Espectrômetros Não-Dispersivos – FTIR(7) 25 25 Os não dispersivos (FTIR), tem como princípio o interferômetro de Michelson. Fig.5.9 - Diagrama do interferômetro de Michelson(7). Quando um feixe de radiação monocromática incide no interferômetro, o mesmo atinge o divisor de feixe (Beam Splitter), onde teoricamente metade da parte da luz é refletida pelo material e a outra passa através dele. A parte refletida atinge o espelho fixo e é refletida por este e volta para o divisor de feixes, atravessando-o, indo para o detetor. A outra parte que atravessou o divisor de feixe atinge um espelho móvel e é refletida por este, onde é refletida novamente dirigindo-se ao detetor(5). Os dois feixes quando se encontram dependendo do comprimento de onda ( λ ) e da diferença de caminho ótico (x) interferirão construtivamente ou destrutivamente. Na figura 5.10 é mostrado a configuração óptica e seus respectivos feixes de energia do espectrômetro comercial Bomem série DA3. 26 26 Fig.5.10 – Configuração óptica do espectrômetro Bomem série DA3. A energia radiante que atinge o detetor é: P P xm m= +1 2 1 2 0/ ( cos / )π λ Obs: Do Movimento Harmônico Simples (MHS) temos: X = A cos (θo + w t) onde X = Pm ; θo = 0 ; A = Pm 0 ; w = T π2 = 2πf ; 27 27 t = x ; f = ν = δ = λ 1 ; então, P P xm m o = +1 2 1 2/ ( cos )π δ (5.2) Feixe de referência Após passar pelo interferômetro dependendo da posição do espelho móvel a potência é: ∂ π δδP x P xo o( ) / ( cos )= +1 2 1 2 Integrando com relação a faixa de emissão δ1 e δ2 e mantendo x constante temos: P x P xo o( ) / ( cos )= +∫1 2 1 2 1 2 δ δ δ π δ ∂ δ x = 0 cos0 = 1 P(0)o = Po /2 + Po/2 = Po P x P P xo o o( ) / ( ) / cos= + ∫1 2 0 1 2 2 1 2 δ δ δ π δ ∂δ (5.3) Feixe da amostra Esta potência difere do feixe de referência devido a transmitância (T) da amostra: onde, como vimos T = °P P = 10 – a . b . c Po = potência (radiação) incidente; P = potência (radiação); a = absorvitividade molar em g. por litro; b = comprimento do percurso ótico em cm; c = número de moles por litro. P x P T xo( ) / ( cos )= +1 2 1 2δ π δ ∂ δ Integrando com relação a δ na faixa de δ1 - δ2 e com x = 0 temos: P x P P T xo( ) / ( ) / cos= + ∫1 2 0 1 2 2 1 2 δ δ δ π δ ∂ δ (5.4) Estas consequências são obtidas através do interferograma. 5.3 - Interferograma O interferograma é um gráfico em que temos a potência da radiação que atinge o detetor num dado instante P(x) em função da distância percorrida pelo espelho móvel(x). A 28 28 informação no interferograma, por sua decodificação complexa, é trabalhosa e viável apenas teóricamente, com isso, não conseguimos obter nenhuma informação da amostra em análise. Mas com o avanço da informática e o desenvolvimento de "softwares" apareceram os espectrômetros de infravermelho que operam com interferômetro denominados FTIR(8). 5.4 - Transformada de Fourier A transformada de Fourier possibilita através do interferograma fazer a obtenção do espectrograma (Transmitância em função do número de onda). Após as medidas do sistema detetor de P(x)o e P(x) como função de x, aplicamos as transformadas de Foürier. Isto é possível porque as duas variáveis δ e x e suas funções coseinodais podem ser intercambiáveis. Transpondo 1/2 de P(0) e intercambiando as variáveis nas equações P(x)o e P(x). Temos: [ ] [ ] )6.5(..............................2cos)0(2/1)(2/1 )5.5.........(....................2cos)0(2/1)(2/1 2 1 2 1 xxPxPTP xxPxPP x x o x x ooo ∂δπ ∂δπ δ δ ∫ ∫ −= −= Considerando-se x1 e x2 os limites do deslocamento do espelho móvel, e dividindo-se a equação 5.6 por 5.5 , obteremos a equação 5.7 que nos permite calcular ponto a ponto os valores de transmitância (T) em relação ao espectro de absorção(5). T P x P x x P x P x x x x x x= − − ∫ ∫ ( ) ( ) cos ( ) ( ) cos 1 2 0 2 1 2 0 2 1 2 1 2 0 0 π δ ∂ π δ ∂ ( 5.7 ) A figura 5.11a e 5.11b mostram o interferograma da função regida pelas equações 5.3 e 5.4 que fornecem a potência do feixe de referência e da amostraem função da posição do espelho óptico fixo e móvel, e posteriormente aplicado a Transformada de Fourier obtida pelas equações 5.5 e 5.6 onde são fornecidos os espectros com o nível de potência do feixe de referência e da amostra em função do comprimento de onda δ (µm-1). A figura 5.11c é o 29 29 espectro resultante fornecido pela equação 5.7 que mostra a porcentagem de transmitância em função do comprimento de onda δ (µm-1). Fig. 5.11 – A geração de um espectro de um espectrômetro FTIR . (a) interferograma regido pela equação 5.3, potência do feixe de referência em função da posição do espelho fixo e o espectro da equação 5.5, potência do feixe de referência em função do comprimento de onda δ; (b) interferograma regido pela equação 5.4, potência do feixe da amostra em função da posição do espelho móvel e o espectro da equação 5.6, potência do feixe da amostra em função do comprimento de onda δ; (c) espectro resultante da equação 5.7, porcentagem de transmitância em função do comprimento de onda δ. 5.5 - Esquema Geral do Equipamento 30 30 Fig.5.12 - Diagrama de bloco do FTIR. Para espectrômetro não dispersivo (FTIR) podemos através de frequência de interesse selecionar os divisores de feixe, detetores (dois simultâneos) e fontes conforme figura 5.13 abaixo. Fig.5.13 - Seleção dos divisores de feixe, detetores e fontes em função da frequência. 5.6 - Características do FTIR(8) • Método direto; • Não destrutivo; • Aplicável sólido, líquido e gasoso; • Método automatizado; Tempo para medida modelo: 31 31 • standard (2 cm- 1 ) - 8 s • cientifico ( 0,2 cm- 1 ) - 20s • opção rápida - 0,1s; Precisão: 0,01cm- 1 usando HeNe laser como referência; Resolução: • modelo standard - 2 cm- 1 ; • científico - 0,2 cm- 1. Limite de validade do método: esta na ordem de ppm; Custo: 10.000 a 400cm- 1 = US$ 30.000 fob ; 50.000 a 50cm- 1 = US$100.000 fob. Disponibilidade: UNICAMP, USP, ATLANTIC, SHELL, PETROBRAS E INDUSTRIAS, no Brasil existem aproximadamente 40 unidades. 6 – Comparação entre Espectrômetros Dispersivos e FTIR(4) Espectrômetros não dispersivos FTIR oferecem potencial vantagens comparado com espectrômetro dispersivo convencional, que são: ESPECTRÔMETROS DISPERSIVOS FTIR 1-Há muitas partes móveis re- 1-Somente o espelho se move sultando em atritos mecânicos durante um ensaio, alinhamento e desgaste. automático de divisor de feixe/ sem correção de fase. 2-Calibração em relação aos 2-Uso do laser proporciona espectros de referência alta precisão da frequência para medir freqauência até 0,01cm-1. 3-Luz dispersa dentro do 3-Luz dispersa nào afeta o instrumento causa leituras detetor, desde que todos os falsas. sinais sejam modulados. 4-A fim de melhorar a reso- 4- Um feixe bem mais amplo lução, apenas uma pequena pode ser utilizado todas porção do feixe do IR po- as vezes. Obtenção dos da- de ser permitido passar dos é mais fácil. através das fendas 32 32 5-Em qualquer ocasião apenas 5-Todas as frequências da ra- uma radiação de estreita diação cai no detetor si- faixa de frequência cai multâneamente. no detetor. 6-Baixas velocidades do lei- 6-altas velocidades do leitor tor tornam os instrumentos permitem monitoração das dispersivos muito lento amostras submetida a rápi- para sistema de monitora- das mudanças. ção a rápidas mudanças. 7-A amostra está sujeita a 7- A amostra não está sujeita efeitos térmicos do fei- aos efeitos térmicos. xe focado. 8-Qualquer emissão de ra- 8-Qualquer emissão de radia- diação de IR pela amos- ção IR pela amostra não será tra cairá no detetor. detectada/ realização de modula ção para não afetar o espectro. 7 – Preparação da Amostra Esta técnica possibilita a análise de componentes no estado líquido, sólido (supensão) e gasoso. • Líquido, são analisados na forma de película, gotas do líquido e apertadas entre duas placas de cloreto de sódio formando uma camada de 0,01mm de espessura aproximadamente unidas por capilaridade. • Sólido, sempre que possível, são dissolvidos e examinados como soluçào diluída, quando insolúveis o material é triturado em partículas pequenas e misturado com brometo de potássio, comprimido e prensado, formando um disco de 2cm de diâmetro e espessura variável em função da substância em análise. • Gasoso, O gás em análise circula através de uma célula com janela transparente. 8 - Análise Qualitativa O espectro de IR é essencialmente superposição de bandas de absorção de grupos funcionais específicos, com a interação dos demais átomos que compõe a molécula, o que impõe uma forma individual para cada composto, manifestado pela absorção de IR, numa 33 33 frequência específica. Com isso podemos estabelecer que certos grupos funcionais estão ou não presentes no composto em análise. Depois de estabelecido a presença de uma frequencia fundamental, parte-se para um exame mais detalhado da forma e da posição exata de uma banda de absorção, com a análise dos movimentos de flexão. Os espectrogramas da figura 8.1 servem pra ilustrar como se encontram as bandas de absorção características no espectro de um composto(1). Fig.8.1 -. Espectrograma de alcano saturado (Nujol) CH3 (CH2) 8 CH3. Temos quatro bandas de absorção: C-H e C-C : 2940 cm- 1 (3,4 µ ) estiramento assimétrico; C-H : 1460 cm- 1 (6,85 µ ) deformação no plano; H-C-H : 720 cm- 1 (13,89 µ ) flexão fora do plano. As bandas de absorção de 1960 a 2930 cm-1 (5,10 e 3,41 µ ) são devido as vibrações de estiramento do C-H nos grupos metil e metileno respectivamente. Fig.8.2 - Espectrograma N-octaldeído, CH3 (CH2 )6 CHO Espectrograma de C=O: 1730 cm- 1 (5,77 µ ) banda de absorção característica de aldeido e cetonas (fig.14). C-H do grupo CHO : 2720 cm- 1 (3,68 µ ) é caracterísitica. Na figura 8.3 apresentamos um gráfico, onde relacionamos o tipo de vibração com o tipo de ligações dos átomos mais importantes. 34 34 Fig.8.3 - Absorção em diferentes regiões do espectro. A análise do espectrograma requer experiência, conhecimento prêvio da amostra, e em alguns casos é necessário recorrer a tabelas e a outros métodos de medidas e caracterização. 9 - Análise Quantitativa A utilização do IR como medida quantitativa é efetuada pela Lei de Beer, que relaciona a banda de absorção com a concentração de um composto. Lei de Beer - O decréscimo em energia radiante, verificado quando um feixe de radiação atravessa um meio material, é proporcional à potência do feixe e à quantidade da substância absorvente encontrada pela radiação em seu percurso através do meio considerado. 35 35 Como exemplo vamos citar a determinação da concentração do oxigênio e carbono no silício(2) , medida de composição e presença de outros elementos(9). 9.1 - Análise de oxigênio no silício. O espectro de dois cristais de silício crescidos pelos métodos Czochralski (CZ) e Fusão Zonal (FZ) respectivamente. No cristal CZ, temos um pico em torno do comprimento de onda que corresponde a absorção do oxigênio enquanto que o cristal FZ, não apresenta esta contaminação, figura 9.1. Kaiser et al, encontrou uma relação empírica praticamente linear que é a seguinte: Concentração de oxigênio (ppm) = 3.2 ( αa -0,8) (9.1) Onde αa é o coeficiente de absorção ( cm - 1) e 0,8 corresponde ao coeficiente devido a vibrações da rede do próprio silício, em 9,0 µm. Fig.9.1 -. Coeficiente de absorção do silício para determinação de concentração de O2. 9.2 - Análise do carbono no silício. É utilizado o método da linha básica. Registra-se o espectro sobre a bandaanalítica e, traça-se uma linha reta entre pontos carentes de absorção de cada lado no máximo de absorção, figura 9.2. A quantidade de carbono pode ser calculada pela equação: Concentração de carbono(ppm) = 2,2 δ- 1 ln (Tmáx)/ Tmin (9.2) Onde δ é a espessura da amostra (cm) e Tmáx. e Tmin. os valores máximos e mínimos de transmissão, respectivamente. 36 36 É dificil conseguir uma exatidão comparável à dos métodos de absorção nas regiòes ultravioleta e visível. O erro está na ordem de 2 a 5%. Fig.9.2 - Medida de transmitância do silício para avaliação do contrôle de carbono. 9.3 - Medida de composição e presença de outros elementos(9) Uma análise da estequiometria e presença de outros elementos no filme foi obtido a partir da técnica de espectroscopia de infra-vermelho. Nesta técnica, é analisada a absorção do espectro de radiação entre 400 e 4000cm-1 (comprimento de onda de 25 a 2.5 µm) do filme de SiO2 depositado sobre um substrato de Si pouco dopado (relativamente transparente a essa faixa de radiações). O espectro de um substrato idêntico sem filme de óxido é anteriormente analisado, de forma que possa ser subtraído do espectro do substrato com filme, resultando a medida na absorção apenas do filme de SiO2. 37 37 Os picos de absorção detectados por essa análise, correspondem aos modos de vibração das moléculas presentes no filme analisado. Pelo comprimento de onda da radiação absorvida, pode ser analisada a existência de determinada molécula e a sua estequiometria . Normalmente é utilizada para essa medida o inverso do comprimento de onda, denominado número de onda (em cm-1), também as vezes conhecido por “frequencia”. O espectro de absorção do SiO2 nesta faixa analisada, apresenta três picos de absorção fundamentais, correspondentes aos três modos de vibração da molécula de O-Si-O , figura 9.3. Para o SiO2 estequiométrico, o pico principal, para o modo de vibração stretching, corresponde ao número de onda de 1080 cm-1. O pico menor, para o modo bending, encontra- se no número de onda de 810 cm-1, enquanto que o pico intermediário, devido ao modo rocking, corresponde ao número de onda de 450 cm-1. Fig 9.3 - Espectro de absorção típico de filme de SiO2, indicando os modos de vibração stretching (1080 cm-1), bendig ( 810 cm-1) e rocking (450 cm-1). Existe uma certa discordância entre os autores com relação ao valor exato de número de onda para cada pico, especialmente com relação ao pico principal (1070-1080 cm-1). Isso deve ocorrer em parte pela diferente calibração entre os equipamento utilizados para as medidas. 38 38 O pico de absorção principal, com número de onda de 1080 cm-1, é o mais utilizado na análise da estequiometria dos filmes de SiO2. Segundo M. Nakamura et al. (10), a composição relativa de oxigênio x em um filme de SiOx, pode ser obtida a partir do número de onda do pico principal, como na figura 9.4. Fig.9.4 - Relação entre a estequiometria de um filme de SiOx, com o número de onda do pico principal de sabsorção (modo stretching) no infravermelho(10). Alguns outros picos presentes no espectro, fornecem uma indicação da presença de outros elementos no filme, especialmente do hidrogênio, em ligações com silicio e oxigênio. Para a molécula de OH, encontramos picos de absorção próximos de 3400 e 3650 cm-1, e, para a molécula de SiH, próximos de 2270 e 885 cm-1. A incorporação de hidrogênio, leva a um filme poroso, de baixa densidade e com baixas qualidades elétricas. O equipamento utilizado nas análises aqui efetuadas é um espectroscópio FTIR, da marca BIO-RAD, modelo FTS-40 FTR, capacitado para medidas entre 4000 e 400 cm-1 (2.5 a 25 µm), instalado no laboratório de Micro Eletrônica, na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). 39 39 A absorção como função do número de onda, de um óxido depositado pela técnica RP/RTCVD, equipamento este existente no laboratório de Circuitos Integrados Rápidos de GaAs do IFGW-Unicamp, é mostrado na figura 9.5. Com o valor do pico principal de 1056.07 cm-1 (o valor correspondente para a absorção é igual a 0,2029 µm) e com o auxílio da figura 9.4 obtém-se a composição relativa do oxigênio no filme (x=1,63). Fig.9.5 - Variação de oxigênio em um filme. As coordenadas do pico principal são (1056.07 cm-1, 0.2029 µm). 10 – Aplicação de FTIR para Estudo de Superfícies(6) Para estudo de superfícies é necessário uma adicional instrumentação para a realização da análise da amostra, independente se o espectrômetro utilizado seja o dispersivo convencional ou FTIR, pois a interação do feixe de infravermelho com a amostra não depende de como o feixe é subsequentemente analisado. Porém, como já visto o espectrômetro FTIR tem potencial vantagens em relação ao instrumento dispersivo convencional principalmente com relação ao uso do computador para a aritmética espectral e para o ajuste de linha base (para maximizar a expansão de escala ), mas a sensibilidade do instrumento é ainda aqui um fator chave a ser considerado. Para o estudo de superfícies existem dois tipos de instrumentos acessórios infravermelho: A – Espectroscopia de Reflexão Interna ( Cristal ATR) O arranjo de amostragem básico para estudos de reflexão interna é mostrado na figura 10.1. São acessórios disponíveis comercialmente. A profundidade de penetração efetiva do feixe infravermelho na amostra varia com uma quantidade de fatores, mas nunca é maior que uns poucos microns. Assim, para estudos de filmes finos via ATR, o contato entre a amostra e o elemento de reflexão interna pode ser um fator crítico, em função da rugosidade de superfície da amostra. Esse bom contato é sempre obtido quando o filme fino pode ser 40 40 adsorvido diretamente no cristal ATR. Contudo, quando o filme já está em uma superfície de metal e não pode ser totalmente removido, a qualidade do espectro ATR são na maior parte das vêzes determinado pela rugosidade da superfície da amostra. Fig.10.1 – Diagrama óptico ilustrando um tipo de acessório de reflexão interna. Para este tipo de amostra, as técnicas de reflexão externa podem ser mais úteis que as técnicas de reflexão interna. Aplicação de Filmes Finos em Superfícies de Metais no Estudo de Reflexão Interna Um exemplo da qualidade do espectro obtido com sistemas FTIR para filmes variando a espessura é dado na figura 10.2. Esta figura mostra o espectro de filmes de ácido orgânico depositado em um cristal ATR KRS-5. A espessura do filme dado na figura representa a espessura média. Já que uma camada molecular de ácido é aproximadamente 25 Å, estes filmes representam sobre 100 camadas moleculares ( fig. 10.2a ), 20 camadas moleculares (fig. 10.2b ), 4 camadas moleculares ( fig. 10.2c ), e um filme monomolecular ( fig.10.2d). A interpretação deste espectro não é realizado para esta ilustração, mas é importante notar que mesmo no filme mais fino ( fig.10.2d), bandas de absorção podem ser observadas sobre uma ampla faixa de comprimento de onda e a sensibilidade é tal que pequenas divisões podem ser observadas. 41 41 Fig. 10.2 – Espetro de reflexão interna de filmes de ácido orgânico (a) filme de 2500Å (b) filme de 500Å, (c) filme de 100Å, (d) filme de 25Å. O interesse no estudo de filmes finos nas superfícies dos metais originam na necessidade para elucidar o mecanismo da reação de ácidos orgânicos depositados numa superfície de metal. Quando uma monocamada de ácido é colocada numa superfície de metal, podemos observar o esquemo de reação obtido na figura 10.3. Fig.10.3 – Sequência de reações para filmes finos de ácido orgânico em metais. 42 42 Este ácido orgânico, o qual normalmente é um carbonyl com frequências entre 1710 e 1690 cm-1 no estado sólido, monomeriza quando adsorvido numa superfície de metal com banda de frequência em 1745 cm-1. Com o tempo,este monômero reage com o metal para formar sais de metal COO- em banda de 1590 cm-1. Contudo, quando depositamos este filme ácido de solução em cristais ATR, espera-se observar possível mistura de monômeros e carbonyl com monômeros convertendo para sais de metal e com o carbonyl ou não convertendo ou convertendo a monômero e então para sais de metal. A figura 10.4a, somente o carbonyl ( 1700 cm-1 ) é observado. Após 269 horas a maior parte do carbonyl desapareceu e os sais de metal (COO- em 1590 cm-1) são formados. Fig.10.4 – Espectro de reflexão interna de filmes de ácido orgânico em cristais ATR KRS-5: (a) filme inicial após 15min, (b) filme após 269 horas, (c) espectro(b) – espectro(a). B – Espectroscopia de Reflexão Externa (RA) O requerimento básico para espectroscopia de reflexão externa é que o feixe deve fazer um alto angulo de reflexão na amostra e então retornar ao espectrômetro. O feixe deverá focar no mesmo ponto e seguir na mesma direção como teria sido se não fosse desviado à amostra. A prática mostrou que para uma reflexão unitária o angulo ótimo é 88o aproximadamente(12). Acessórios para espectroscopia externa podem ser projetados tal que reflexões externas unitárias ou múltiplas serão obtidas. Para muitos filmes finos ( isto é, algumas centenas de angstrons), reflexões múltiplas podem ser necessário para obter espectro com intensidades de banda razoáveis. Existe um número ótimo para reflexões múltiplas, e este número é um ou dois, onde é dependente do angulo de incidência, e da amostra de metal. O arranjo de amostragem para este acessório é mostrado na figura 10.5. Fig.10.5 – Diagrama óptico ilustrando uma reflexão unitária de acessório de reflexão externa. 43 43 Aplicação de Filmes Finos em Superfícies de Metais no Estudo de Reflexão Externa Usando um acessório de reflexão unitária tal como mostrado na figura 10.5, podemos analisar a aplicação de técnicas de reflexão externa, verificando a qualidade de espectro que pode ser obtido através da figura 10.6. A figura 10.6a mostra um espectro de reflexão externa de um filme de lubrificante ester com espessura entre 50 e 100Å numa chapa de aço. Este filme foi totalmente removido e realizado uma simulação do aço em condições normais de uso. O espectro de reflexão unitária foi então obtido como mostra na figura 10.6b numa escala expandida em 50 vêzes. Nota-se na figura 10.6b que restou lubrificante na superfície do aço, mas como indicado pelas bandas de frequência de 1170 e 1270 cm-1, existem diferenças estruturais quando comparado ao espectro do filme original na figura 10.6a. Será difícil obter espectro de ATR de tal filme fino sem removê-lo da superfície do metal. Fig.10.6 – Espectro de reflexão externa de filme de lubrificante ester no aço (reflexão unitária): (a) filme original, (b) filme removido ( 50 – 100 Å). 44 44 11 – Outras Aplicações do FTIR • Deteção de traços de constituintes gasosos; • Identificação de estrutura e grupos funcionais em compostos; • Determinação da concentração de compostos; • Absorção de CO e CO2 ; • Estudo de fusão e catalizadores; • Controle de linha de produção na industria; • Medida de espessura de camadas (epitaxiais). 12 - Referências Bibliográficas [1] Anderson, J.R, K.C.Pratt. Introduction to Characterization and testing of catalysis,1985 pp407-411. [2] Baranauskas,V.Técnicas Instrumentais de Caracterização de Semicondutores,Editora Unicamp,1989. [3] Hobart M.W, Lynn,L.Merrit e JohnA.DeanJr. Instrumental Methods of Analysis; Wadsworth P.Company, 1988. Cap 11 [4] James W. Robinson. Undergraduate Instrumental Analysis.Marcel Dekker. INC.1987 cap5. [5] J.Chem, Educ. 1979. vol 56. pp 681-684. [6] John R. Ferraro, Lovis J.Basile. Foürier Transform Infrared Spectroscopy, 1978 [7] Chia, S. Ricketts. Basic techiniques and Experiments in Infrared an FTIR Spectroscopy,1984 [8] Perkin Elmer. Catálogos, 1990 [9] Bonfim, M. J. Couto, Dissertação de Mestrado, Desenvolvimento de um sistema RP/RTCVD para deposições de filmes finos isolantes e metálicos, Agosto de 1992. [10] Nakamura M., Mochizuki Y. and Usami K., Infrared, Raman, and X-Ray Difraction Studies of Silicon Oxide Films Formed from SiH4 and N2O Chemical Vapor Deposition, J. Electroc. Soc., p. 482, 1985. [11] Alpert, N. L.; Keiser, W. E.; Szymanski, H.ª - Theory and Practice of Infrared Spectroscopy, 1970. [12] Greenler, R.G., 1966, J. Chem. Phys. 44,10.
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