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Direito das Obrigações

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Direito das Obrigações 
Conceito: 
Relação jurídica pessoal e transitória que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de 
determinada prestação. (conceito tradicional ou estático, unilateral) 
A obrigação é vista como um processo, ou seja, como uma série de atos praticados pelo devedor e pelo credor 
para que seus objetivos sejam alcançados. (conceito moderno, bilateral ou sinalagmática) 
Credor Devedor 
Por exemplo, em uma relação de compra e venda 
Comprador: é credor do bem e devedor do dinheiro 
Vendedor: é credor do dinheiro e devedor do bem 
Segundo o princípio da boa fé objetiva, existem vários deveres anexos (laterais, colaterais, saturitários, fiduciários) 
ao negócio jurídico que não estão explícitos, tais como: agir com lealdade, confidencialidade, ética, etc) 
OBS: É importante destacar, que esta deve ser sempre pessoal e transitória. Esta é a razão que os contratos de 
prestação de serviço não podem ultrapassar 4 anos. Após 4 anos eles perdem sua eficácia, ou seja, o prestador 
não pode ser obrigado a prestar o serviço. 
Direito Real e Direito Obrigacional: 
Direito real é o poder jurídico direto e imediato, do titular sobre a coisa (pessoa x coisa, erga omnes, criados por 
lei), enquanto que direito obrigacional é o vínculo jurídico pelo qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo 
determinada prestação (pessoa x pessoa, inter partes, ilimitados). (Direito Civil Brasileiro, Vol 2, Gonçalves) 
Elementos da obrigação: 
 Subjetivos: Credor (ativo) Devedor (passivo) 
OBS: No Brasil qualquer pessoa podem ser credores ou devedores (até mesmo os entes despersonalizados, tais 
como a massa falida) 
 Elemento objetivo: DAR, FAZER e NÃO FAZER 
 
 Elemento virtual, espiritual ou abstrato: Vinculo jurídico (ligação) entre o credor e o devedor 
 
Ex: Lei, contrato, declaração unilateral de vontades (promessa de recompensa); 
 
Teoria Monista ou Unitária: 
Defende a existência de um único vínculo entre o credor e o devedor. 
 A responsabilidade é uma sombra da obrigação civil e apenas surge, quando esta é descumprida. 
 
Obrigação Civil débito 
≠ 
Responsabilidade civil 
 
Teoria Dualista ou Binaria: Defende um duplo vínculo entre o credor e o devedor. 
 
Obrigação Civil débito (dever jurídico de cumprir espontaneamente uma prestação). 
 
responsabilidade civil (consequência jurídica e patrimonial do descumprimento do 
débito ou seja, possibilidade de irmos a juízo para exigir o cumprimento forçado da 
prestação ou pedir a reparação dos danos causados 
Obrigações reais, obrigação “propter rem”, obrigação reipersecutória: 
São as obrigações que se adquirem com o ganho de posse de uma determinada coisa. 
Ex: dividas de condomínio, herdadas com a aquisição de um imóvel, contratos de doação com clausula de retorno, 
direitos de vizinhança (tal como o disposto no Art. 1.280 CC) 
 
Classificação das Obrigações 
 
Quanto ao vínculo obrigacional (jurídico): 
 Moral (não possui vinculo jurídico, obrigação de princípios morais); 
 Natural (possui vinculo jurídico somente de débito, obrigação de cumprimento espontâneo); 
 Civil (possui vinculo jurídico de débito e de responsabilidade, possibilita exigir judicialmente); 
OBS: Uma dívida prescrita perde a vinculo de responsabilidade civil, tornando-se portanto uma obrigação natural. 
 
Quanto a liquidez: 
 Liquida: certas quanto ao seu objeto (determinado em valor monetário) 
 Ilíquida: incertas quanto ao seu objeto (não determinado em valor monetário) 
 
Quanto ao objeto em relação a sua natureza: 
 DAR; 
 FAZER; 
 NÃO FAZER; 
 
Quanto a estrutura: 
 Simples: um único credor e um único devedor 
 Complexas: mais de um devedor e/ou credor 
 
Quanto ao modo de execução: 
 Simples: quando recai apenas a uma coisa. 
 Cumulativa: quando recai em 2 ou + coisas. Apresenta termo conjuntivo: E 
 Alternativa: quando recai em 2 ou + coisas. Apresenta termo conjuntivo: OU 
 Facultativa: quando ocorra alguma coisa com o objeto da prestação o devedor poderá cumpri-la 
entregando outra coisa prevista. Ex: contrato de vendas em consignação, onde as revendedoras acordam 
em vender o carro da outra parte para então restitui-la com o valor do carro e ficar com o sobre preço, 
ficando facultativo depois do prazo estipulado, caso se constate a não venda do automóvel, devolve-lo a 
outra parte. 
 
OBS: Art. 313/314 CC 
 
Quanto ao tempo do adimplemento: 
 Instantâneas: quando surge, já são cumpridas (imediatas). Ex.: compra à vista. 
 Periódicas: tudo que levar a prestações. Ex.: compra parcelada, contrato de aluguel. 
 Diferidas: obrigação que será cumprida em um prazo de tempo. Ex.: compra com cheque pré-datado ou 
compra com prazo de entrega. 
 
Quanto aos elementos acidentais: 
 Pura e simples: efeitos imediatos e incondicionais 
 Condicional: condicionada a um evento futuro e incerto. 
 A termo: condicionada a um evento futuro e certo. 
 Com encargos (modais): é a que se encontra onerada por cláusula acessória, que impõe um ônus a 
outrem. É admissível também em declarações unilaterais de vontade. 
 
Quanto a pluralidade de sujeitos (obs.: apenas quando há pluralidade de sujeitos): 
 Fracionárias ou parciais: quando o objeto da obrigação é divisível. 
 Conjuntas ou unitárias: quando o objeto da obrigação é indivisível. 
 Solidárias: havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito 
à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito 
todo, como se fosse o único devedor, ou seja, ocorre quando apenas um dos sujeitos pode ser solicitado 
(cobrado) a pagar o todo. 
 
Efeitos da obrigação indivisível: 
 Havendo pluralidade de devedores, cada um deles será obrigado pela dívida toda; 
 O devedor que pagar a dívida sub-rogar-se-á no direito do credor em relação aos outros coobrigados; 
 Havendo multiplicidade de credores, cada credor poderá exigir o débito por inteiro; 
 Cada co-credor terá direito de exigir em dinheiro a parte que lhe caiba no total; 
 
Quanto ao fim: 
 Meio: quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios técnicos para a obtenção de 
determinado resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. 
 Resultado: o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado de fato. Não o sendo, 
é considerado inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso. 
 Garantia: Nesta hipótese de obrigação, uma pessoa se obriga para com a outra, a garantir o cumprimento 
do objeto. Vale ressaltar que o pacto entre elas é justamente a garantia. Ex. A seguradora garante através 
de um contrato que o segurado será indenizado por um evento futuro e incerto que tiver sido contratado 
 
Obrigações principais e acessórias: 
 Principais: são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua 
real eficácia. 
 Acessórias: subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação 
principal. 
 
 
Obrigação de Dar Coisa Certa 
 
Definições muito usadas pelo legislador: 
1. Perda do objeto: o objeto não mais existe para o dono. 
2. Deterioração do objeto: avaria do objeto. 
OBS: No direito civil brasileiro a propriedade das coisas moveis não se transfere pelo contrato e sim pela 
tradição (entrega do bem) Art. 1.267 CC. Já os bens imóveis, a propriedade apenas se dará com o registro no 
cartório de registro de imóveis, Art. 1.245 CC. 
 
Coisa certa refere-se a um bem infungível (único) 
Coisa incerta refere-se a um bem fungível(substituível) 
 
As obrigações de dar coisa certa, subdividem-se em: 
 Obrigações de dar propriamente ditas: são aquelas que existem em um contrato de compra e venda. Nestas 
obrigações o bem troca de proprietário. 
 Obrigações de restituir: são aquelas presentes em um contrato de comodato e de locação de imóvel. Nestas 
obrigações o bem não troca de proprietário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dispõe, com efeito, o art. 313 do Código Civil: 
“O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. 
 
 
Obrigação de Dar Coisa Certa 
Gênero – Qualidade - Quantidade 
 
Credor – sujeito ativo 
Devedor – sujeito passivo 
Vinculo 
Objeto 
Se perde Com culpa Sem culpa 
a) Restituir o valor recebido 
b) Pagar o equivalente 
acrescido de perdas e 
danos. (Art. 234 CC) 
a) Extingue-se a obrigação. 
(resolve-se a obrigação) 
Obrigação de Restituir Coisa Certa 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: Direitos do proprietário usar, fluir, dispor 
 Direitos do possuidor: usar e fluir 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*= Se não for indenizado, o possuidor poderá reter a coisa até que seja indenizado (necessárias e uteis) 
 
Obrigação de Dar Coisa Incerta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deteriora Sem culpa Com culpa 
Receber a coisa no 
estado que estiver. 
Responderá este pelo 
equivalente, acrescido 
de perdas e danos 
Possuidor 
Má-fé Boa-fé 
Será indenizado pelas 
benfeitorias necessárias, 
uteis e voluptuárias. (Art. 
1.219 CC)* 
Será indenizado somente pelas 
benfeitorias necessárias. 
Obrigação de Dar Coisa Incerta 
Gênero – Quantidade 
 
Credor – sujeito ativo 
Devedor – sujeito passivo 
Vinculo 
Objeto 
Se perde 
Caso fortuito ou 
força maior 
Continua 
obrigado 
Escolha do devedor 
Coisa certa 
Neste caso não importa se for ocorrido a perda da coisa foi por caso fortuito ou força maior (sem culpa) o credor 
continua obrigado a entregar a coisa. Entretanto, no momento que ocorre a escolha, que em regra é realizada 
pelo devedor, a coisa deixa de ser incerta e torna-se certa, mas para que isso ocorra é necessário que o devedor 
cientifique o credor a sua escolha. 
 
Obrigação de Fazer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obrigação de Fazer 
 
Fungível – Pode substituir o 
devedor da obrigação 
Infungível – Personalíssima 
Com culpa Sem Culpa 
Perdas e Danos 
Resolve-se a obrigação 
Com Culpa 
Sem culpa 
Resolve-se a obrigação 
Urgente 
Não urgente 
Contratar um 3º, devedor paga, 
devedor é ressarcido + perdas e danos. 
Autorização judicial 
Contratar um 3º, credor paga, depois o 
devedor tem direito a perdas e danos. 
Obrigação de Não Fazer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: Art. 251, parágrafo único: Em caso de urgência, poderá o credor, desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido (poder de autotutela). 
 
Obrigação Alternativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obrigação de não Fazer 
Prestação Negativa 
Com culpa Sem Culpa 
Desfazer as custas do 
devedor + Perdas e Danos 
Resolve-se a obrigação 
Omissão 
Obrigações Alternativas 
(Escolha do devedor) 
Presença do termo: OU 
Pluralidade de coisas 
como alternativas 
Coisa 1 Coisa 2 Coisa 3 
Perdeu uma ou mais 
das alternativas 
Ainda está obrigado a 
entregar uma das outras 
ou a que restar. 
Perdeu todas as 
alternativas (coisas) 
Fica obrigado a pagar o valor 
da coisa que se perdeu por 
último + perdas e danos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: Art.252: “Nas obrigações alternativas a escolha cabe ao devedor, se nada se estipulou.” 
 
 
Obrigação de Divisíveis e Indivisíveis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obrigações Alternativas 
(Escolha do Credor) 
Pluralidade de coisas 
como alternativas 
Coisa 1 
Valor $350 
Coisa 1 
Valor $450 
Coisa 3 
Valor $480 
 
Perdeu uma ou mais 
das alternativas 
Pagar-se-á o valor da coisa 
mais alta + perdas e danos 
Obrigação Divisível 
(Vários devedores) 
Credor 
Devedor 1 
1/3 divida 
Devedor 2 
1/3 divida 
Devedor 3 
1/3 divida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: Se a coisa se perde, a obrigação torna-se divisível. Se a culpa foi de apenas de um credor ou devedor, apenas 
este será cobrado as perdas e danos. 
 
Devedor 1 Devedor 2 Devedor 3 
Obrigação Indivisível 
(Vários devedores) 
Credor 
O Credor poderá exigir a coisa (todo) de um dos 
devedores e este terá sub-rogado os direitos do 
credor de exigir a parte dos demais devedores. 
Entrega a coisa 
Direito de exigir a parte os demais em dinheiro 
Credor 1 Credor 2 Credor 3 
Obrigação Indivisível 
(Vários credores) 
Devedor 
O devedor poderá entregar a coisa (todo) aos três 
credores ou entregar a coisa a um deles, exigindo 
caução de 2/3 do valor da coisa. 
Caução = garantia em dinheiro 
Considerações e definições: 
Novação: É uma operação jurídica do Direito das obrigações que consiste em criar uma nova obrigação, 
substituindo e extinguindo a anterior e originária. 
Compensação: Ocorre quando uma parte é ao mesmo tempo credor e devedor a outra. 
Confusão: Ocorre quando a mesma pessoa é credor e devedor de uma mesma dívida. 
Transação: É a facilitação para o recebimento de uma dívida por uma das partes, fracionando a dívida em parcelas. 
Remissão: Ato de remitir, perdoar 
Remição: Ato de remir, substituir. 
 
Obrigações Solidárias 
 
A solidariedade não se presumem. Surgem da lei ou da vontade das partes (contrato). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solidariedade 
(Modalidades) 
Ativa Passiva 
Pluralidade de 
Credores 
Credor 1 Credor 2 
Devedor 
Credor pode receber parcial ou total 
de um ou de cada devedor 
Total ou 1/2 1/2 
Pluralidade de 
Devedores 
Devedor pode receber parcial ou 
total de um ou de cada credor

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