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o desenho da vestimenta, além da atividade específica do indivíduo [57]. Considerações finais Neste trabalho, o fenômeno da sensação térmica é analisado em diversos níveis, abordando alguns aspectos do processo de diferenciação térmica no ser humano. Um dos objetivos do trabalho é o levantamento bibliográfico de assuntos relacionados com a percepção térmica, nas áreas da biofísica, psicofísica, antropologia e física. A intenção é fornecer subsídios para a elaboração e o desenvolvimento de materiais didáticos que possam ser usados junto com a experiência das três bacias ou, simplesmente, explicar o processo de sensação térmica. Já sabemos que os livros didáticos têm sido usados como referências definidoras de programas de curso e metodologia, além de serem oráculos de estudo para muitos professores. É essencial que os professores tenham subsídios, não só para explorar mais e melhor o conteúdo como para poder ter um olhar crítico sobre o material didático que usa, muitas vezes por imposição da sociedade escolar [50]. São apresentados argumentos que mostram a complexidade do emaranhado de recortes epistemológicos possíveis da experiência das três bacias. Por meio de exemplos vindos da fisiologia dos termoreceptores e da psicofísica da percepção, podemos compreender por que, a uma mesma temperatura, é possível ter diferentes sensações (neutra, frio e quente). Essa experiência permite uma abordagem eminentemente interdisciplinar, que inclui os fenômenos físicos da troca de calor e as adaptações fisiológicas, psicológicas e culturais que podem alterar a percepção da temperatura; é possível compreender, ainda, fenômenos relativos à termodinâmica, à psicofísica e à antropologia. Esse conjunto de informações exige cuidado no seu uso e na aplicação de metáforas e analogias, que, muitas vezes, ao invés de melhorar a compreensão do objeto estudado, passam a substituí-lo. Os recortes e as perguntas epistemológicas que surgem dessa tentativa de recobrimento de espaços conceituais complexos dizem respeito às limitações das teorias científicas e à delimitação do seu objeto [25, 45]. Concluiu-se então que a interdisciplinaridade é um fator essencial para a reformulação de conteúdos didáticos e de instrumentos de ensino para a implementação da transversalidade. Para a efetivação das indicações metodológicas oferecidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais é 107 Referências [1] D. Acolet, Acta Ped. Scan. 7878787878, 189 (1989). [2] O. Aguiar Jr., Investigações em Ensino de Ciências 44444, 1 (1999). Publicação Eletrônica disponível em: www.if.ufrgs.br/ public/ensino. [3] O. Aguiar e J. Filocre, Caderno Catarinense de Ensino de Física 1919191919, 263 (2002). [4] I. 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