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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA MARCUS VINÍCIUS LEAL DE CARVALHO ROBÓTICA SUBAQUÁTICA UMA INTRODUÇÃO Joinville 2017 Sumário 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 2 ROVs ............................................................................................................................... 4 2.1 DEFINIÇÃO ................................................................................................................................ 4 2.2 HISTÓRIA .................................................................................................................................. 4 2.3 ESTRUTURA .............................................................................................................................. 5 2.4 CLASSES DE ROV ....................................................................................................................... 9 2.5 EMBARCAÇÃO DE APOIO ....................................................................................................... 12 2.6 APLICAÇÕES ............................................................................................................................ 13 2.7 CAPACITAÇÃO ........................................................................................................................ 19 2.8 MARCOS HISTÓRICOS ............................................................................................................. 20 2.9 ROV NO BRASIL....................................................................................................................... 20 3 AUV ............................................................................................................................... 22 3.1 DEFINIÇÃO .............................................................................................................................. 22 3.2 HISTÓRIA ................................................................................................................................ 22 3.3 ESTRUTURA ............................................................................................................................ 23 3.4 CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 25 3.5 PROPULSÃO ............................................................................................................................ 28 3.6 FONTES DE ENERGIA .............................................................................................................. 28 3.7 TECNOLOGIAS DE NAVEGAÇÃO ............................................................................................. 30 3.8 COMUNICAÇÃO E TROCA DE DADOS ..................................................................................... 32 3.9 APLICAÇÕES ............................................................................................................................ 32 4 ROV vs AUV ................................................................................................................. 36 1 INTRODUÇÃO O ambiente subaquático foi explorado até a década de 1950 por mergulhadores, dotados de equipamentos profissionais. No entanto estes profissionais se viam barrados quando o assunto era a exploração de ambientes aquáticos mais profundos e inóspitos. A título de curiosidade a maior profundidade alcançada por um ser humano com equipamentos autônomos foi de 332,35 metros. Feito realizado pelo tenente coronel egípcio Ahmed Gamal Gabr. O mergulhador levou 12 minutos para descer e 15 horas para retornar, devido aos efeitos de descompressão (PRESSE, 2014). A incorporação da robótica neste setor foi a solução encontrada para explorar de maneira mais adequada este ambiente, uma vez que ela passou a eliminar os riscos de acidentes com os seres humanos. Além do fator segurança, os robôs subaquáticos garantem melhor desempenho nas atividades de exploração destes locais, porque atingem maior profundidade, podem adentrar em locais contaminados e perigosos sob o oceano, além de se deslocarem com maior precisão e velocidade. A maior profundidade alcançada por um robô subaquático remotamente controlado (ROV) ocorreu em 2009. O Hybrid Remotely Operated Vehicle (ROV) atingiu 10.902 metros de profundidade. Somente foi “vencido” pelo ROV Deepsea Challenger em 2012 que atingiu o solo mais fundo do oceano localizado também nas ilhas marianas à 10.898 metros de profundidade. A peculiaridade deste ROV é que ele levou consigo dentro de seu compartimento, o diretor de cinema e pesquisador James Cameron. James detinha total controle sobre o ROV sob a água e podia operar o ROV internamente, direcionando garras e ventosas do ROV para recolher amostras, assim como foi encarregado da filmagem da região mais funda do oceano. James Cameron é considerado como o primeiro homem a “pisar” na região mais funda do oceano. (THAN,2012). Os veículos subaquáticos não tripulados (UUV) às vezes conhecidos como drones subaquáticos, são veículos capazes de operar sob a água sem um ocupante humano. Eles são divididos em duas classes, os ROVs que são controlados por um operador humano diretamente e os AUVs que são autônomos e operam independentemente de comandos humanos. 2 ROVs 2.1 DEFINIÇÃO Os ROVs (Remotely Operated Vehicle) são veículos subaquáticos não tripulados, controlados remotamente por um piloto. Um ROV subaquático permite a observação remota do fundo do mar e de estruturas submarinas. O ROV tem a capacidade de operar em águas profundas, contaminadas por um tempo prolongado, algo intangível a um mergulhador humano (INSTITUTO HIDROGRÁFICO,2012). Desta forma já há algumas décadas ele é amplamente empregado pela indústria petrolífera para exercer atividades de apoio em operações de poço de petróleo assim como em instituições de pesquisa marinha em atividades científicas exploratórias da fauna e flora submarina e pesquisas subaquáticas em geral. Muitas vezes este robô é empregado também na busca de destroços localizados no fundo do oceano e em operações de resgate. 2.2 HISTÓRIA Em 1953 foi construído o primeiro ROV, denominado POODLE, cujo o objetivo deste robô era apenas investigar as regiões mais profundas do mediterrâneo (MARINE TECHNOLOGY SOCIETY,2014). Durante a década de 1950 e 1960 foram elaborados ROVs similares para a exploração da fauna e da flora de ambientes subaquáticos. Em 1966 a marinha americana produziu o primeiro CURV ( cable controlled underwater remoted vehicle) para resgate de corpos hídricos e estruturas submersas, mais especificamente para recuperação de um torpedo que havia falhado e afundou, denominado H-Bomb. Este robô era dotado de garras ou braços que permitiam-no coletar objetos (MARINE TECHNOLOGY SOCIETY,2014). Apenas a partir da década de 1970, as indústrias de óleo e gás desenvolveram os primeiros ROVs para auxiliar na exploração e produção de petróleo. 2.3 ESTRUTURA Um ROV é composto de diversos componentes, sendo alguns deles triviais e obrigatórios para ser considerado um ROV. Segue abaixo uma foto de um ROV elaborado pela Universidade Florida em conjunto com o instituto de oceanográfica norte americano. Este ROV possui uma espécie de mangueira de sucção que funciona como um coletor. Tal aparato é utilizado para capturaramostras de algas, corais, entre outras espécies marinhas. Figura 1: O ROV Mohawk Fonte: (NOAA,2015) Nota: NOAA: National Oceanic And Atmospherical Administration é um departamento de comércio norte americano Conforme foi visualizado na imagem acima, um ROV pode sofrer pequenas variações, e conter alguns equipamentos peculiares que outro não possuem. Isto irá depender da finalidade a que ele é destinado. No entanto grande parte dos ROVs são constituídos basicamente dos seguintes equipamentos: a) Componente Estrutural e de vaso de pressão: Consiste na armação ou gaiola estrutural onde serão acoplados todos os dispositivos que compõem o ROV (SANTOS et al, 2010). b) Componente de Vetorização de empuxo e direcionamento São os propulsores localizados nas extremidades do robô que servem para garantir o deslocamento e as manobras do ROV sob a água. A propulsão pode ser elétrica ou eletro-hidráulica. A configuração deste componente irá depender da aplicação do ROV. As “peças” principais de um propulsor são os hélices, de acordo com o tipo construtivo destas peças (disposição de suas pás, aletas...), o comportamento do fluido de propulsão será modificado, alterando os parâmetros de empuxo (SANTOS et al, 2010). c) Componente de emersão e submersão São os equipamentos que permitem o controle e o posicionamento do ROV em determinadas profundidades. A flutuabilidade de um ROV está relacionada ao ajuste deste componente e das condições de empuxo oferecidas pela interação entre a interface deste componente com o ambiente subaquático. Esta interação irá gerar uma flutuabilidade positiva, neutra ou negativa (SANTOS et al, 2010). d) Visão subaquática O sistema de visão é normalmente composto por câmeras coloridas ou em preto e branco, hermeticamente lacradas, interligadas via cabo a um microcomputador encarregado de enviar à central de controle as imagens coletadas ao longo da jornada de trabalho do ROV (SANTOS et al, 2010). e) Cabo umbilical O cabo umbilical é composto por fibra óptica e cabo de potência. Ele transmite as informações captadas pelos sensores do ROV aos operadores localizados na Sonda ou no navio, levam as imagens de vídeo captadas pelo ROV, as informações de potência aplicada aos atuadores entre outros dados, assim como retornam ao ROV os comandos enviados por seus operadores. Além de permitir a comunicação bidirecional entre o ROV e seus operadores, o cabo umbilical tem a função de transferência de energia ao ROV e pode ser utilizado ainda como acessório de resgate do robô, em situações de falhas durante sua operação. Estes cabos devem ser longos e possuir propriedades mecânicas e elétricas bem definidas e confiáveis (SANTOS et al, 2010). f) Componente de Carga extra Segundo o National Research Council (1996), o sistema de carga extra é constituído de: Sistema de trabalho: Manipuladores, ferramentas, etc. Os manipuladores podem ser trocados por modelos com diversos graus de liberdade. Desta forma é possível realizar diversas atividades distintas como rodar, puxar, empurrar, soldar, parafusar, cortar entre outras. Outras ferramentas comuns também em ROVs que trabalham em estruturas offshore, são os dispositivos de limpeza, tais como fio rotativo, escovas de nylon e jato da água; Sistema de sensores: Sensor acústico, sensor de rastreamento, sensor de teste não destrutível, sensor óptico, sensor de gravidade, sensor de profundidade, sensor magnético ou sensor de temperatura, entre outros; Sistema de potência. A dimensão do componente de carga extra irá alterar o peso e, portanto, a potência necessária para a propulsão do ROV. (SANTOS et al, 2010). g) Componente de potência/energia O sistema fornecedor de potência ao ROV é externo, e transmitido por meio do cabo umbilical. Ele geralmente é provido por uma fonte de alta tensão que será convertida nas tensões desejadas quando chegar ao ROV. Poucos ROV utilizam um sistema de tensão embarcados, pelo fato de este ser um limitador de carga extra e portanto da autonomia do veículo (SANTOS et al, 2010). Geralmente os ROVs possuem uma bateria, que serve como fonte de potência secundária, para que ele possa operar com maior facilidade em condições adversas que exigem maior consumo de energia. h) Console de operação com controle remoto e monitor de vídeo Para ROVs pequenos o operador utiliza apenas um console com controle remoto e monitor de vídeo. Para operar ROVs de maior estrutura, os operadores utilizam um painel de controle mais complexo, localizado em uma sala, contendo diversas telas que exibem as imagens das câmeras acopladas no robô e joysticks para controle dos movimentos do robô. Figura 2: Operador de ROV executando o fechamento de uma válvula submersa. Fonte: Adaptado de (ROWER,2013) Alguns modelos de robôs subaquáticos possuem piloto automático, os quais atuam no controle de direção e profundidade. Desse modo, é possível descer vários metros, sem a necessidade de ficar segurando o controlador manualmente. Com a tecnologia da plataforma inercial, pode-se corrigir a navegação, tanto na vertical como na horizontal, nos momentos em que as correntes forçam o desvio de sua trajetória, a exemplo do que acontece nos modernos aviões. Alguns sistemas ROVs ainda contam com o recurso USBL (Ultra Short Baseline), que consiste em um sistema de posicionamento acústico subaquático. Tal tecnologia permite, por meio de ondas sonoras, identificar a posição atual do ROV. O monitor da unidade de comando apresenta informações das condições do robô submerso. Pelo sistema conhecido como “overlay”, junto à imagem da câmera, são sobrepostas as informações dos diversos sensores (bússola, temperatura, valor de ph, potência utilizada pelos propulsores, status de funcionamento e avarias por setor, etc.). Essas imagens são gravadas para a realização de análise técnica posterior. Figura 3: Esquema de um ROV funcionando com a tecnologia USBL Fonte: Adaptado de ROCHA, 2012. 2.4 CLASSES DE ROV Os ROVs são classificados geralmente de acordo com sua capacidade de submersão (profundidade), potência embarcada entre outras características. Segue abaixo uma classificação dada pela companhia ucraniana Lerus Ltda, uma empresa de treinamento offshore muito bem-conceituada na Europa: • Classe 1: ROVs de observação São veículos pequenos, equipados com uma câmera, um sonar e luzes apenas. São modelados apenas para pura observação, embora eles estejam aptos a receber sensores adicionais, assim como uma videocâmera (LERUS,2015). São robôs considerados leves (abaixo de 15 kg), com capacidade de submersão inferior a 1000 metros e potência máxima de 7,5 Kw. Não possuem manipulador. Dentro desta série, estariam enquadrados os micro, mini e general ROVs, segundo a classificação do MTS (MARINE TECHNOLOGY SOCIETY). Figura 4: ROV classe 1 Fonte: (LERUS, 2015) • Classe 2: ROVs de observação com opção de carga útil. Estes robôs são equipados com um conjunto duplo de câmeras e sonares e tem capacidade de receber diversos sensores. Eles têm uma capacidade básica de manipulação. São desenvolvidos para poder carregar um par de sensores e de manipuladores, sem perdas das funções originais (LERUS,2015). Trabalham a uma profundidade até 3000 metros e chegam a potência máxima de 40 Kw. Se enquadraria nesta classificação, os robôs nomeados de “lightwork-class” pelo MTS. Figura 5 : Light Work-Class ROV Fonte: (LERUS, 2015) Classe 3: Veículos de trabalho São robôs largos o suficiente para carregar diversos sensores e manipuladores adicionais. ROVs da classe 3 usualmente tem a capacidade de transmissão simultânea de dados, permitindo que sensores e câmeras adicionais operem sem causar sobrecarga ao cabo umbilical. Estes veículos são geralmente maiores e mais potentes que os das classes anteriores. Possui ampla capacidade, atinge maiores profundidades e consegue realizar maiores variações (executa diversas funções através da mudança de seus manipuladores) (LERUS,2015). Atingem profundidades superiores a 3000 metros e trabalham em potências abaixo de 225 Kw. Nesta classe se enquadraria a classe “Heavy Workclass” do MTS. Figura 6: Heavy Workclass ROV Fonte: (LERUS, 2015) Classe 4: Veículos de rastreamento e reboque Os ROVs de reboque são veículos guiados para água e da água através de um guincho pois são muito pesados. Os veículos de reboque tem potência de propulsão e manobrabilidade limitada. ROVs de rastreamento utilizam pneus ou sistema de trilhas para se locomover sobre o solo debaixo da água. São veículos tipicamente largos e pesados e projetados para tarefas específicas, tais como aterramento de cabos no fundo do mar para o setor de comunicações (LERUS,2015). Estes veículos atingem profundidades de até 6000 metros, e possuem propulsão de até 370 Kw. O MTS classifica estes robôs como “Trenching/Bureal”. Figura 7: Trenching ROV Fonte: (LERUS, 2015) 2.5 EMBARCAÇÃO DE APOIO O sistema de lançamento e de recuperação de um ROV é realizado através de um guincho conforme mostra a figura abaixo: Figura 8 : Recuperação de um ROV Fonte: (PADILHA, 2016) O cabo do guindaste deve possuir extensão suficiente para atingir a profundidade de trabalho com uma certa folga, para compensar as condições marinhas. É necessário também que o guincho possua uma estrutura articulada que projete o ROV para fora da embarcação, para que o acesso ao mar seja possível (PADILHA,2016). Durante o resgate de um ROV da água, o operador oficial do ROV deve guiar este robô até uma profundidade até 50 metros distante da superfície. Após isto, entra em cena a figura do operador externo. Este é encarregado de assumir o controle com um console portátil, guiando o mesmo até a lateral do navio. Instantaneamente, o guindaste arria o gancho que se conecta automaticamente ao ROV, trazendo-o a borda em poucos minutos (PADILHA,2016). 2.6 APLICAÇÕES Os sistemas de ROV podem ser utilizados em diversa situações, provendo vantagens como garantia de segurança das pessoas em atividades subaquáticas e a redução dos custos normalmente praticados nessas operações. Segue abaixo algumas das aplicações desta tecnologia: Apoio a mergulhadores A utilização dos ROVs reduz os riscos enfrentados pelos mergulhadores, fato que aumenta a segurança e a eficiência dos trabalhos subaquáticos, uma vez que é possível lidar com um objeto submerso, sem restrição de tempo e com um número menor de integrantes de equipe. Figura 9: ROV de apoio a mergulho Fonte: (NUTECMAR,2015). • Inspeção de Casco e Hélices de Embarcação Pode-se realizar a observação estrutural e de avarias de cascos e hélices de navios, além do controle e monitoramento, em tempo real, dos reparos que são realizados sob a água. Para isto o ROV utilizado é o HAUV que é composto de sensores de ensaio não destrutivo (NUTECMAR,2015). Figura 10: Imagem gerada por um HAUV Fonte: (NUTECMAR,2015). • Plataformas de Exploração de Petróleo e Gás Nesta aplicação, a tecnologia ROV é largamente utilizada para a realização de inspeções e trabalhos junto a dutos submarinos (risers), “árvores de natal” e outras estruturas aplicadas nesse segmento. O ROV atua na conexão ou desconexão de curvas de elevação, abertura ou fechamento de válvulas de operação, substituição de anéis de vedação, conexão/desconexão de linhas hidráulicas e elétricas e intervenções físicas no geral (BRASILENGENHARIA,2013). Figura 11: ROV trabalhando em uma árvore de natal Fonte: (BRASILENGENHARIA,2013) Segurança Portuária e Policiamento Utiliza-se os sistemas ROVs para observação de cenários de crimes localizados sob a água, resgate de corpos e ações antiterrorismo, como a busca de minas ou outros artefatos explosivos instalados em cascos de navios, cais, pontes, entre outros (NUTECMAR,2015). Figura 12: HAUV Fonte: (MARINE ROBOTIC GROUP,2015) • Inspeções de Estruturas de Engenharia Os sistemas ROVs podem ser utilizados para realização de inspeções em reservatórios, galerias de águas pluviais e demais estruturas submersas aplicadas nos diversos setores do segmento industrial. Pelo seu tamanho reduzido, os ROVs podem penetrar com facilidade em tubulações com baixa carga de fluxo de água (ou outros líquidos) caracterizando quaisquer não-conformidades internas. Em pipelines submersos e aflorados do substrato também é possível obter imagens de nãoconformidades ou conformidades externas à tubulação, tais como níveis de incrustação, rupturas, fissuras, corrosão, proteção catódica etc. Os ROVs podem ser equipados para efetuar a retirada de detritos e para efetuar a limpeza destes ambientes (NUTECMAR,2015). Figura 13 Inspeção de uma galeria pluvial Fonte: (NUTECMAR,2015) • Aqüicultura e inspeções de Fazendas Marinhas Os ROVs possibilitam a inspeção visual sem a presença de mergulhadores em tanques e tanques-rede, a fim de monitorar o estado de redes, poitas (fundeio) e outras estruturas, assim como a presença de organismos incrustantes e invasores, mortandade, deposição de matéria orgânica no fundo e obtenção de parâmetros ambientais através de sensores (turbidez, oxigênio dissolvido, temperatura, salinidade etc) (NUTECMAR,2015). Figura 14: ROVS na aquicultura Fonte: (NUTECMAR,2015) Pesquisas científicas O ROV atua na realização de perfis batimétricos de fauna e flora, caracterização de ecossistemas e identificação de espécies, estudos de comportamento animal, coleta de espécimes, amostragem de água e de substrato etc. Podendo carregar uma grande gama de instrumentos ao mesmo tempo em que se deslocam sobre o fundo gerando imagens em tempo real, os ROVs são as ferramentas ideais e mais flexíveis em pesquisas subaquáticas de caráter ambiental, biológico e oceanográfico (NUTECMAR,2015). Figura 15: Imagem de um polvo capturada por um ROV Fonte: (NUTECMAR, 2015) • Inspeção de Cabos de fibra óptica, enterro e escavação Os ROVs avaliam o estado de cabos de fibras óticas em águas rasas e de maior impacto das ondulações e demais movimentos das massas de água. Os ROVs classe 4 realizam também operações de enterramento e de trincheira para instalação de cabos para o setor de comunicações (NUTECMAR,2015). Figura 16: Inspeção de uma fibra óptica Fonte: (NUTECMAR,2015) • Arqueologia Subaquática O ROV atua na obtenção de imagens para identificação de sítios e de artefatos de relevância arqueológica. É uma atividade de método não destrutivo que preserva as características do local ao mesmo tempo emque permite seu estudo. O ROV consegue penetrar em navios naufragados, em áreas de acesso restrito ou em ângulos difíceis, especialmente em espaços e acessos reduzidos, garantindo segurança na exploração (sem a exposição de mergulhadores a situações de risco) ao mesmo tempo em que registra todas as estruturas e artefatos relevantes em tempo real. Seus manipuladores realizam a coleta de artefatos in loco com pouca ou nenhuma alteração do sítio arqueológico alvo do estudo (NUTECMAR,2015). Figura 17: Destroços de uma embarcação Fonte: (NUTECMAR,2015) Inspeção de estruturas Submersas Os ROVs podem realizar a inspeção visual das condições de estruturas de engenharia subaquáticas, tais como pilastras de pontes, barragens de represas, condutos, comportas, galerias e turbinas de usinas hidrelétricas, píeres, estruturas de cais, vistoria de estações de tratamento de água e esgoto e emissários submarinos etc (SUBSEA,2013) Figura 18: ROV de uma hidrelétrica Fonte: (SUBSEA,2013) 2.7 CAPACITAÇÃO Empresas e instituições em todo o mundo oferecem treinamento em robótica subaquática. No Brasil, o curso pode ser feito na Núcleo de Tecnologia Marinha e ambiental (NUCTEMAR), SENAI,GEP, TECROV entre outras empresas. Os treinamentos nestes sistemas são realizados inicialmente em simuladores e posteriormente em tanques ou piscinas com diferentes modelos e tamanhos de ROV. Durante o treinamento, aprendem-se técnicas básicas e avançadas de pilotagem, além das práticas de manutenção, as quais abrangem desde o princípio de funcionamento e testes de componentes, até a substituição destes por outros sobressalentes. No Brasil para ser operador de ROV é necessário possuir algum curso técnico e dominar o inglês no nível intermediário é quase um pré-requisito, uma vez que os manuais e informações de um ROV vem frequentemente neste idioma. Em outros países, como os EUA, por exemplo, não é necessário ter curso técnico para ser piloto de ROV, basta comprovar experiência na marinha. Desta forma um oceanógrafo, por exemplo pode assumir este posto. A exigência de um piloto de ROV ter o curso técnico faz com que falte profissionais nesta área. Desta forma é uma área a ser explorada, oferecendo salário de trainee na faixa de R$ 3.000,00 e, podendo chegar a R$ 10.000,00 para um piloto formado. As maiores vagas encontram-se no segmento offshore. Por estes fatores pode-se dizer que a profissão de operador de ROV é a profissão do futuro (NOGUEIRA,2017). 2.8 MARCOS HISTÓRICOS Os ROVs já desempenharam atividades que seriam praticamente impossíveis ao ser humano, por isso vala a pena citar aqui, alguns destes feitos incríveis: Exploração do navio naufragado Titanic a quase 4.000 metros abaixo do nível do mar; Reparação dos problemas relacionados ao vazamento de petróleo a 1500 metros de profundidade no Golfo do México em 2010. O acidente ocorreu devido a explosão de uma plataforma de exploração de petróleo; Resgate da caixa preta do voô 447 da Air France, avião que havia desaparecido em 2009. Foi possível também o resgate de alguns corpos que ainda estavam presos à fuselagem do avião sob as águas do Atlântico. ROV Deep Challenger leva o primeiro ser humano a maior profunidade oceânica à aproximadamente 11.000 metros de profundidade nas ilhas marianas. 2.9 ROV NO BRASIL No Brasil, além das aplicações nos poços de petróleo, os ROVs são largamente utilizados para: a exploração da fauna na região da Amazônia – ROV Luma; Inspeção de dutos na floresta amazônica – ROV Luma; Análise e vistoria de obras como pontes, barragens, cascos de embarcações e condições dos leitos dos rios – ROV Jaú; Levantamento de atividades geológicas – ROV Jaú; Recuperação de transponders em águas profundas- ROV Laurs. Além destas funções e respectivos robôs citados anteriormente, o Brasil foi o primeiro país a desenvolver um ROV que não mergulha, que apenas flutua e anda na lama da região do Amazonas. A criação deste ROV nomeado de Chico Mendes, nome em homenagem ao líder seringueiro e ambientalista do Acre morto em 1988, foi oriunda da necessidade de se projetar um robô que avaliasse os potenciais impactos e riscos ambientais da indústria do petróleo e gás no Amazonas, uma vez que a Petrobras desejava explorar a região sem danificá-la. Para tanto foi requerido um robô que superasse os obstáculos naturais desta região. A invenção rendeu 3 patentes. O ROV Chico Mendes foi projetado por uma equipe multidisciplinar de alunos desde graduação até doutores da UFRJ UFSC e UFA com apoio de técnicos de outros centros de pesquisa. Segue abaixo uma imagem deste robô: Figura 19: O ROV brasileiro (Chico Mendes) Fonte: (FAPESP,2007). 3 AUV 3.1 DEFINIÇÃO Os veículos Subaquáticos autônomos (AUVs) são robôs guiados através da água pelo seu próprio computador de bordo que controla sistemas de propulsão e sensores tornando-os capazes de completar missões com o mínimo ou até mesmo sem qualquer intervenção humana. São conhecidos também como veículos subaquáticos não pilotados. Estes dispositivos são alimentados por baterias ou por células de combustíveis e são capazes de atingir locais profundos e perigosos, que são inadequados à permanência humana. Os AUV usufruem de autonomia para a geração de sua própria trajetória e possui sensores acoplados aos seus corpos que coletam informações variadas, de alta qualidade, sobre o meio que se deslocam (MILITARY WIKI, 2015). Pelas características citadas anteriormente, é que os AUV são utilizados em operações de mapeamento e detecção de estruturas submersas, como rochas e obstruções que podem vir a causar avarias na navegação comercial e em submarinos. 3.2 HISTÓRIA A origem dos AUVs está provavelmente relacionada à criação do torpedo Whitehead Automobile “fish” por Robert Whitehead, em 1866. Este veículo era movido por meio de ar comprimido. Em seu teste, carregando explosivos, atingiu uma velocidade de 3 m/s, percorrendo 700 metros (BRAGA,2014). Figura 20: White head automobile “fish” Fonte: (WIKIPEDIA,2012) O primeiro AUV reconhecido pela marinha norte americana foi o veículo de pesquisa subaquática de propósito especial (SPURV). Ele foi desenvolvido em 1957 pelo Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Washington e financiado pelo Escritório de Pesquisa Naval (ONR). O AUV podia mergulhar até 10.000 pés com uma resistência de quatro horas. Sensores de medição de temperatura e condutividade foram utilizados para apoiar a pesquisa oceanográfica, foi realizado também estudos de difusão e transmissão acústica (BRAGA,2014). Após o SPURV, as primeiras gerações dos AUVs entraram em operação no início dos anos 1960 e mantiveram-se até meados da década de 1970. Eles pesavam aproximadamente 500 kg, operavam à 2,2 m/s por 5,5 horas à 3 km de profundidade. Estes veículos tinham poucas finalidades tais como medição de temperatura da água e determinação das forças das correntes marítimas. Desta forma até 1970, os AUVs foram de certa forma desprezados pelas academias e não eram vistos como atrativos rentáveis para empresas relacionadas a marinha (BRAGA,2014). Ao longo das outras décadas, os AUVs foram ganhando peso, tecnologia e novas funções. Passaram a ter também maior autonomia a atingir maiores profundidades. Na virada do século, por exemplo, a C&C Technologies de Lafayette produziu o Hugin 3000, que pesava 1400 kg, atingia 3000 metros de profundidade e tinha umaautonomia de 40 horas (BRAGA,2014). Atualmente os AUVs fazem parte da indústria naval, e são vistos como ferramentas quase indispensáveis, quando o assunto é mapeamento e coleta de dados marítimos (CONCEIÇÃO, 2016). 3.3 ESTRUTURA Os AUVs possuem estrutura modular, o que facilita o transporte deste dispositivo, uma vez que é possível reparti-lo em partes menores. O tempo de manutenção entre as missões é otimizado pela facilidade no acesso dos instrumentos em seu interior. A customização é mais uma vantagem positiva dessa estrutura por poder apresentar módulos reservados para as fontes de energia, ou por ser possível acoplar sensores diferentes sem a necessidade da substituição de um veículo por outro (BRAGA,2014). Figura 21: Estrutura modular de um AUV. Fonte: (BRAGA,2014) Um AUV é constituído basicamente dos seguintes equipamentos: Módulo de propulsão e servo motor; Sensores: De pressão, sensor de profundidade, sensor temperatura, sensor magnético, sensor de turbidez, sensor biológico (sensor de clorofila); Transdutor acústico; Módulo de controle e comunicação; Bateria; Sistema eletrônico; Fenda de elevação; Sistema de navegação inercial; Módulo de registro de velocidade por doppler (DVL): Consiste em um medidor de velocidade. Podem ser fixados sob e/ou sobre o AUV. Módulo ADCP: Perfilador de velocidade Doppler Programa de interface com o veículo (VIP); Bandeja auxiliar de bateria; Sonar de varredura lateral; Sonar frontal de evasão de obstáculos; Módulo CTD: Responsável pela produção de dados tais como cálculo de salinidade da água, temperatura e condutividade. Luzes de emergência; Câmera; Pseudotorre: Dentro deste local estão contidas 1 antena de Lan wireless, 1 antena de GPS e 1 antena de irídio; Flutuador de recuperação; Nariz; Módulo de Batimetria: Responsável pelo mensuramento da profundidade do AUV. Segue abaixo uma figura que melhor ilustra a disposição de alguns destes componentes: Figura 22: Componentes estruturais de um AUV. Fonte: (BRAGA,2014) 3.4 CLASSIFICAÇÃO Os AUVs são classificados pelo seu peso ou por quanta massa podem deslocar. O peso deste robô é uma grandeza diretamente proporcional a sua autonomia, uma vez que o robô será maior terá condições de comportar uma bateria maior em sua estrutura. • Portáteis São os AUVs que pesam até aproximadamente 100 kg. Considera-se que até este peso eles podem ser facilmente transportados sem a necessidade de máquinas especiais, além de serem facilmente lançados e recuperados a partir de qualquer plataforma. Possuem autonomia entre 10-20 horas. Este tipo de AUV é comumente empregado em trabalhos próximo da costa, como inspeções em áreas confinadas, monitoramento e proteção ambiental, localização de minas, segurança de portos e serviços de reconhecimento de área. Figura 23: Imagem do lançamento do Gavia Defense, a partir de uma embarcação de pequeno porte. Fonte: (BRAGA, 2014) • Médio Porte Possui a capacidade de deslocar até 225 kg. Apresentam autonomia entre 20horas. Figura 24: Girona 5000 Fonte: (UNIVERSITAT DE GIRONA, 2014). • Grande Porte Possuem a capacidade de deslocar até 1360 kg. Podem carregar inúmeros sensores de uma só vez, possuem autonomia mais longa por conta de levar consigo maior quantidade de células de energia e maior robustez para enfrentar maiores profundidades. A autonomia desta classe está localizada na faixa de 40 – 80 horas. Figura 25: Remus 6000 Fonte: (BRAGA,2014) • Elevado porte Nesta classe não existe um tamanho limite, podendo o AUV ser aproximadamente do tamanho de um submarino. A autonomia deste tipo de veículo não é aferida apenas pela capacidade de sua bateria, pois ele utiliza outras fontes de energia. Sua autonomia é de aproximadamente 160 Km de distância e cerca de 1 semana sem a necessidade de recarregar. Figura 26: Mobile Anti-Submarine Training Target (MASTT) Fonte: (AUVAC, 2016) O MASST exibido na ilustração anterior pesa 60 toneladas e possui 24 metros de comprimento e é utilizado como alvo em treinamentos de submarinos de guerra. 3.5 PROPULSÃO A propulsão dos AUVs é gerada basicamente por meio de hélices ou thrusters como são conhecidos. Estes sistemas são alimentados por motores elétricos e geralmente apresentam revestimentos selantes para proteger seus componentes internos de corrosão (BRAGA,2014). Figura 27: Thruster, principal sistema de propulsão utilizado nos AUVs. Fonte: (BRAGA,2014) Os AUVs de maior porte apresentam um sistema eletro-hidráulico, composta de motor elétrico + bomba hidráulica, uma vez que este sistema possibilita um maior torque para o deslocar esta classe que é mais pesada. 3.6 FONTES DE ENERGIA A energia de um AUV provém de sua bateria. Já foram testados diversos elementos químicos para fabricar a bateria “ideal” para um AUV, ou seja, aquela com melhor relação peso/energia e menor custo. Por enquanto o método mais econômico é a energia solar. No entanto, quando a bateria se esgota, é necessário que o AUV suba a superfície para recarregar, tarefa não muito bem vista pelos cientistas e empresas. Desta forma nos últimos anos há um crescente investimento em sistemas de docagem subaquáticos para que o AUV possa recarregar sua bateria sem a necessidade de subir à superfície. Figura 28: AUV recebendo energia do sol. Fonte: (MILITARY,2010) Figura 29: Estação de docagem de um REMUS Fonte: (RESEARCHGATE,2008) 3.7 TECNOLOGIAS DE NAVEGAÇÃO Um grande empecilho na navegação de um AUV é perfazer a trajetória ideal. Para resolver este problema, pesquisadores já desenvolveram diversos programas e tecnologias distintos. São alguns deles: • ACO O Algoritmo de colônias de formigas é um algoritmo que encontra o caminho mais rápido entre dois nós distintos, neste caso os nós já são previamente conhecidos, criando caminhos entre cada nó e também excluindo caminhos proibidos. Caminhos proibidos podem ser por exemplo tubulações bloqueadas. O ACO leva em consideração comportamentos reais de formigas, onde se busca escolher o menor caminho entre dois pontos. • Navegação estimada Consiste em integrar a velocidade do veículo no tempo para se obter uma nova posição estimada. As medições da velocidade são feitas utilizando uma bússola e um sensor que mede a velocidade de deslocamento da água. O grande problema enfrentado por esta tecnologia é que a velocidade do AUV sofre influência das correntes marítimas que não são detectadas pelos sensores de velocidade. Este fator gera estimativas de posicionamento extremamente distantes da realidade (BRAGA,2014). • Navegação Inercial e o Efeito Doppler Consiste basicamente de acelerômetros e agulhas giroscópicas que medem o veículo em três dimensões e três ângulos de rotação. As acelerações e variações angulares do veículo são integradas no tempo para estimar a posição atual do veículo. Para que o sistema trabalhe corretamente, é necessário que a posição inicial seja definida através da tecnologia USBL e um GPS. O perfilador de velocidade com efeito Doppler (ADCP) atua para indicar a velocidade e a altitude em que o AUV se encontra. Este dispositivo atua através de emissão deondas acústicas e recepção destes pulsos no fundo do mar. O problema da utilização desta tecnologia se refere ao custo operacional que é elevado (BRAGA,2014). • Navegação Acústica Consiste na utilização da tecnologia LBL ou USBL, ou seja, ondas acústicas são emitidas e recebidas pelos transponder acústicos. Tanto o LBL quanto o USBL utilizam transdutores para possibilitar a navegação. Em resumo, a posição do AUV é definida por pulsos acústicos. Foi visto que nos dois últimos sistemas de navegação, as tecnologias LBL e UBL são utilizadas.O LBL em transponders que estão posicionados no fundo do mar. O AUV emite um sinal acústico que chega aos transponders acústicos fixados no fundo do mar, chamados de Beacons, o tempo levado entre a emissão e recepção deste sinal acústico será utilizado para definir a posição do AUV. Já o USBL tem seus transpoderes localizados sob o casco do navio e o outro no AUV. O tempo de transmissão entre a emissão do pulso inicial até a detecção da resposta é medido pelo sistema de USBL e é convertido em uma distância, levando sempre em consideração o perfil da velocidade do som na água. Para enfim determinar a posição do AUV, o USBL calcula a distância e o ângulo entre o trasceiver e o beacon. OS ângulos são medidos pelo transceiver. Portanto através da posição do navio e da medição da distância e dos ângulos é possível localizar o ponto submerso com precisão (BRAGA,2014). Figura 30: Navegação de um AUV auxiliado pela tecnologia USBL Fonte: (ROCHA,2012) 3.8 COMUNICAÇÃO E TROCA DE DADOS A Comunicação dos AUVs envio dos dados provenientes de sua missão, assim como para receberem informações referentes a atualização de rotas, alteração de missão ou atualização de software ocorre principalmente pela comunicação via satélite. Para tanto o AUV deve emergir para que possa receber as ondas eletromagnéticas sem atenuação causada pela água. No que se refere a comunicação sob água, o principal problema está na maneira em como os transdutores convertem energia elétrica em ondas sonoras. O oceano enfraquece rapidamente a energia acústica de acordo com o aumento da frequência. Desta forma seria necessário reduzir a frequência para comunicações a longa distância, porém em baixas frequências deve-se aumentar muito o tamanho do transdutor, o que faz com que ele perca velocidade nas taxas de transmissão. Além disso não se é possível projetar um transdutor ideal para cada AUV, uma vez que a velocidade e direção dos sinais sonoros variam de acordo com as ondas de superfície, a temperatura, a maré e as correntes marítimas. Uma solução para este problema que vem sendo pensada e trabalhada é a criação de estações de docagem subaquáticas para comunicação e troca de dados dos AUVs, além de recarga de suas baterias. 3.9 APLICAÇÕES Devido a sua levada mobilidade sob o oceano o AUV possui diversas aplicações em diversos segmentos. São alguns deles: • Indústria do Petróleo A busca de hidrocarbonetos tem levado a indústria do petróleo a profundidades cada vez maiores. A gigante BP (British Petroleum) vem usando com frequência os AUVs para os seus levantamentos geofísicos. O AUV é utilizado para levantar mapas detalhados no fundo do mar antes de começar a construir a infra estrutura submarina. As tubulações e as finalizações submarinas podem começar a ser instaladas de maneira mais econômica com o mínimo de interrupção do meio ambiente. Além disso o AUV pode atuar inspecionando as estruturas de exploração de petróleo já construídas. Figura 31: Bluefin -21 em trabalho de inspeção Fonte: (THE AUTO CHANNEL,2016) • Indústria da Pesca Os métodos acústicos dos AUVs tem sido amplamente utilizados na indústria da pesca para a localização de cardumes, determinação do tamanho da população e estudos ambientais. Figura 32: Concentração de cardumes, geradas pelo Autosub-1 Fonte: (Braga,2014) • Monitoramento Ambiental O AUV vem sendo empregado para estudo de lagos e oceanos, principalmente no que se refere a coleta de imagens de novas espécimes. Segue abaixo a foto do Stingray que é um robô subaquático criado por estudantes de San Diego para explorar o fundo do oceano. Figura 33: Modelo sólido do Stingray e na água acompanhado de um mergulhador Fonte: (BRAGA, 2014) O Stingray é um AUV composto em sua maior parte de fibra de carbono. Ele utiliza um sistema de propulsão única que inclui duas hélices para controle e permitem manobrabilidade precisa em baixas velocidades e capacidade de planar. • Militar No segmento militar, o AUV é projetado para exercer diversas funções tais como: Inteligência, vigilância e reconhecimento; Figura 34: AUV militar Identificação e contramedidas de minas; Guerra anti-submarina; Comunicação; Inspeção/Identificação; Oceanografia; Entrega de carga útil; Operações de informação. Fonte: (WIKIPEDIA,2014) Detecção de Destroços Os AUVs tem sido a solução quando o assunto é identificação de destroços de navios e aviões sob o oceano. Navios como o Titanic e destroços do voô como o 447 da comphania Air France só puderam ser localizados graças ao exelente desempenho destes robôs sob elevadas profundidades de água. Segue abaixo a figura de um “localizador de aviões”. Figura 35: Towed pingle locator Fonte: (BRAGA,2014) O Towed Pingle Locator é um robô subaquático elaborado para receber o sinal de um transponder montado junto aos gravadores de voz localizados da cabine do piloto de aviões comerciais. Ele é capaz de localizar aviões até 6100 metros de profundidade. • Lazer Muitos estudantes constroem AUVs para competições para atingir algum objetivo ou mesmo por lazer. Geralmente estes AUVs são mais simples e são testados em piscinas. • Tráfico de Drogas Muitos traficantes tem usado os AUVs para transporte de drogas ilegalmente. O fato de eles viajarem de forma autônoma é uma vantagem vista pelos bandidos, já que para ele chegar ao seu destino final basta programar sua trajetória e controla-la por meio de um GPS. 4 ROV vs AUV Como foi visto no decorrer do trabalho os AUVs e os ROVs se diferem quanto a sua autonomia de operação e quanto a maior parte das funções em que eles são empregados. Na verdade, muitas vezes eles trabalham em conjunto, portanto são tecnologias que se complementam. A utilização destes UUVs (veículos submarinos não tripulados) tem gerado uma eficiência e segurança infinitamente superior comparada a utilização de mergulhadores humanos, uma vez que atividades de exploração do oceano, reparos em estruturas submersas, desativação de minas entre outras inúmeras tarefas podem ser realizados com muito maior velocidade e precisão por estas máquinas. Estes robôs tem gerado uma economia entre 40% e 60% no que se refere a operações de pesquisa em águas profundas e tem apresentado resultados surpreendentes, de ótima qualidade. Fica nítido também que algumas atividades seriam impossíveis sem a utilização destes robôs subaquáticos e que eles geram não somente novos campos a serem explorados, assim como novos empregos ( fabricantes de robôs, operadores de ROV, programadores de AUV, instaladores de USBL e LBL, entre outros). Figura 36: Funcionários de uma empresa fabricante de ROVs Fonte: (MATE,2012). REFERÊNCIASBRAGA,B. Autonomous Underwater Vehicles: Desenvolvimento e aplicações. Monografia – Universidade Federal Fluminense,2014. BRASILENGENHARIA. Óleo e gás na Bacia de Campos. 201- ?.<http://www.brasilengenharia.com> (Acesso em 28/10/2017) CONCEIÇÃO, R.; ALTHOF, R.; MARTINS, W. Remoted Operated Vehicles e Autonomous Underwater Vehicles. UFSC, 2016. INSTITUTO HIDROGRÁFICO. ROV (Remotely Operated Vehicle), 2017. http://www.hidrografico.pt/rov-remotely-operated-vehicle.php> (Acesso em 20/10/2017). LERUS. ROV: Classification – Tasks – Tools, 2015. <https://www.lerustraining.com/blog/offshore-operations/rov-classifications- %e2%97%8f-tasks%e2%97%8f-tools/> (Acesso em 26/10/2017). MARINE TECHNOLOGY SOCIETY. Remotely Operated Vehcile Comitte of the Marine Technology Society, 2014. < www.rov.org> (Acesso em:27/10/2017). MILITARYWIKI. 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Autonomous Underwater Vehicle, 2017.< https://en.wikipedia.org/wiki/Autonomous_underwater_vehicle> (Acesso em 27/10/2017). Links Composição ROV https://www.youtube.com/watch?v=dcT3LcMbX7s Resgate de um Marlin na Árvore de Natal https://www.youtube.com/watch?v=0vJqRdVouZc Passo a passo mergulho de um ROV a 3000 metros de profundidade https://www.youtube.com/watch?v=mw5gdq9HCwo