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Revisão para PRI direito empresarial II

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PRI – Direito Empresarial II
Nota Promissória
- Identificação das figuras: Emitente e Aval
L.U.G - Art. 75. A nota promissória contém:
1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
3. a época do pagamento;
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento;
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;
7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).
Atenção: quem emite a nota promissória é o devedor!! João das Couves comprou uma cômoda na Móveis de Madeira LTDA. Quem emite a Nota Promissória? A loja ou o devedor (João)? João que emite a nota promissória. Ele promete pagar determinada quantia à loja no futuro.
- Data de Emissão e Prazo de Prescrição
A nota promissória é uma promessa de pagamento, ou seja, admite vencimento futuro. Assim, a contagem dos prazos para ingressar na justiça se dão a partir do vencimento do título.
O prazo de prescrição para a ação de execução da nota promissória é de 3 anos contado do vencimento, para cobrar do devedor principal, e de 1 ano, contato do protesto do título, para cobrar dos codevedores, como endossantes e seus respectivos avalistas.
L.U.G - Art. 70. Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 (três) anos a contar do seu vencimento.
As ações do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se trata de letra que contenha cláusula "sem despesas".
As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em 6 (seis) meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado.
Contudo, caso o credor perca tais prazos, ainda há outra possibilidade, assim como no caso do cheque. A cobrança poderá ser feita através de uma ação monitória. Esta tem prazo de 5 anos contados do dia seguinte ao do vencimento da nota promissória.
Portanto, resumidamente, se o devedor não cumpriu espontaneamente com a obrigação assumida através da nota promissória, o credor terá 5 anos contados do dia seguinte ao do vencimento do título para cobrar judicialmente.
- Súmula 387 STF
É jurisprudência do STJ que a nota promissória não pode ser emitida ao portador. Todavia, nada impede que seja emitida em branco. Desta forma, o credor deve completar o título de boa-fé antes da cobrança ou protesto, sob pena de não se conferir ao título natureza cambial. 
Súmula STF 387 A CAMBIAL EMITIDA OU ACEITA COM OMISSÕES, OU EM BRANCO, PODE SER COMPLETADA PELO CREDOR DE BOA-FÉ ANTES DA COBRANÇA OU DO PROTESTO.
- A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada
Sendo a nota promissória uma promessa de pagamento, deve essa promessa incondicionada figurar no contexto, juntamente com a importância a ser paga. Essa importância deve ser determinada, isto é, certa, exata e pode figurar no contexto quer por extenso, quer em algarismos, sendo de observar-se a regra do art. 6º da L.U.G.
L.U.G Art. 6º. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e houver divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso.
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior.
Nota Promissória
- Identificação das figuras: Emitente , Endossante e Avalista
Para que um documento possa ser considerado uma nota promissória, será preciso preencher alguns requisitos específicos, entre os quais elementos necessários (requisitos essenciais), quais sejam:
Identificação. O documento deverá trazer a denominação Nota Promissória inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação do título; a ausência da denominação no próprio texto descaracteriza o título, mesmo que esteja presente em outro lugar da cártula.
Declaração cambiária. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada, desmotivada e sem submissão a qualquer condição.
Quantia certa. O valor será certo, preciso e expresso em moeda corrente nacional, sendo permitido operações com moedas estrangeiras nas hipóteses contempladas pelo Decreto-lei 857/69. Havendo indicação da quantia por extenso e em algarismos, prevalece a feita por extenso, se houver divergência entre uma e outra. Se houver mais de uma quantia feita por extenso, com valores divergentes, prevalecerá a menor; essa é uma hipótese muito rara.
Nome do beneficiário. A nota deverá trazer o nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; não se permite a sua emissão ao portador. Se emitida sem a designação do beneficiário, o nome desse deverá ser preenchido antes da apresentação ou execução judicial.
Data de emissão. Como já visto, a data de emissão é requisito essencial de todos os títulos de crédito, perdendo sua executividade quando ausente.
Assinatura do subscritor. É a prova da autoria, devendo ser lançada de próprio punho pelo devedor principal ou por representante com poderes especiais para tanto. Atente-se, entretanto, para a Súmula 60 do Superior Tribunal de Justiça: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.”
Endosso: O endosso transmite a propriedade e a responsabilidade pelo pagamento. Para a validade de endosso, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do endossador ou do mandatário especial, no verso da letra. Se for no anverso (frente) deve indicar expressamente tratar-se de endosso.
 A nota promissória é endossável (em branco ou em preto), antes ou depois do vencimento, mesmo que dela não conste, expressamente, a cláusula à ordem; comporta, todavia, a cláusula não à ordem (por essa expressão ou similar), em cuja presença, o título só poderá ser transferido por meio de cessão ordinária de créditos. São, igualmente, permitidos o endosso-mandato e endosso-pignoratício, anteriormente estudados. Também aplicáveis a norma sobre cadeia de endossos, incluindo a responsabilidade solidária dos endossantes, salvo cláusula expressa em contrário, lançada no título.
Aval: ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições do devedor deste título (avalizado). Um aspecto importantíssimo é que o avalista responde solidariamente (ou seja, sem o benefício de ordem) com o devedor principal. Assim se o título não for paga no vencimento, o credor poderá cobrar diretamente do avalista, se quiser. 
Ao avalizar determinado título, o avalista passa a ser devedor solidário. O aval não é garantia acessória, posto que, como já propagado em diversos julgados do STJ, é autônomo e independente.
Estudo de caso
Cooperativa Central de Crédito de Goiás Ltda. × Geraldo e outros
A Cooperativa Central de Crédito de Goiás Ltda. executou uma nota promissória contra o Sr. Geraldo e outros diretores da Sociedade Cooperativa de Crédito Rural de Formosa; a nota promissória tinha sido emitida pela Cooperativa de Formosa e os diretores a avalizaram. Quando foram penhorados bens dos diretores, invocaram benefício de ordem para indicar bens da própria cooperativa devedora e, assim, liberar seus bens pessoais. A credora se opôs: o fato de serem os avalistas dirigentes da pessoa jurídica não desconstitui o vínculo obrigacional pessoal constituído com o aval, obrigação autônoma que permitia à credora ajuizar a ação contra os avalistas e pedir a penhora de bens de seu patrimônio. O caso foi examinado pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, julgando o Recurso Especial 153.687/GO a favor da credora: “O avalista é um obrigadoautônomo e não se equipara ao fiador, razão pela qual não pode exercer o benefício de ordem.” Em seu voto, o relator, Ministro Ruy Rosado de Aguiar, disse que, “sendo avalistas, que prometeram pagar a dívida em lugar da avalizada, assumindo obrigação autônoma, não há como excluir a sua responsabilidade para fazer incidir a penhora sobre bem de terceiro, ainda que este terceiro seja a devedora emitente do título. Essa não foi executada e está fora da relação.”
O aval, em regra, deve ser feito na frente do título (anverso). Se for feito no anverso, basta que o avalista assine. Se for feito no verso, contudo, deverá ser indicado expressamente que se trata de aval, junto da assinatura.
O aval pode ser dado na face (anverso) ou nas costas (verso) da cártula, usando expressões como avalizo, em aval, bom para aval ou qualquer que transmita a mesma ideia, e assinando. Mas a assinatura na face do título, sem o acompanhamento de qualquer cláusula, também caracteriza igualmente aval. Portanto, a assinatura isolada na face caracteriza aval e nas costas (no verso) caracteriza endosso; foi o que afirmou, aliás, o Ministro Eduardo Ribeiro, quando a Terceira Turma julgou o Recurso Especial 5.544/ GO: “considera-se aval a assinatura lançada no anverso [na frente] do cheque. Com tal valerá também a aposta no verso [nas costas], desde que acompanhada da expressão por aval ou equivalente. A firma constante do verso do cheque, sem outras explicações, corresponde a endosso.” Esse entendimento, todavia, não foi o vitorioso naquela Corte; há diversos julgados, como o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 468.946/ RJ, afirmando que “a só assinatura no verso da nota promissória caracteriza o aval”. Essa posição se fundamenta na concepção de que “nos títulos de crédito, não há assinaturas inúteis”. Dessa forma, se a assinatura que não acompanha cláusula explicando seu motivo é dada por quem não é beneficiário (e, assim, não seria endossante), seria de se presumir tratar-se de aval.
L.U.G 
Art. 31. O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador.
Art. 32. O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada.
A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja um vício de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra.
- Avalistas simultâneos e sucessivos
Cada um daqueles que assume obrigações no título – sacador, endossantes e aceitante – pode ter sua obrigação avalizada. Assim, uma mesma letra pode possuir muitos avais, o que, de certo, aumenta a garantia do pagamento, dando maior força ao título, pelo grande número de obrigados com que o mesmo conta.
Admite-se, também, que duas ou mais pessoas compareçam, na letra, como avalistas do mesmo obrigado. Esses avalistas podem ser simultâneos ou sucessivos. Entendem-se simultâneos quando todos os avalistas garantem diretamente o avalizado. Exemplo: Numa nota promissória, “A’ é emitente e “B” o beneficiário. No anverso há assinaturas de “C” e “D”, “E” e “F”. Não há restrição alguma, apenas assinaturas; portanto, avais em branco. Presume-se que todos avalizaram “A”.
Difere, todavia, do aval sucessivo que se dá quando o avalista posterior avaliza o anterior. Ex: B avaliza A, C avaliza B, D avaliza C, E avaliza D e F avaliza E.
- Direito de regresso de quem paga o título
Se o avalista paga o título, no todo ou em parte, tem (1) o direito de cobrar do avalizado a totalidade do que pagou; (2) o direito de cobrar de iguais coobrigados (existindo mais de um avalista para o mesmo devedor) parte proporcional do que pagou; (3) o direito de cobrar a totalidade do que pagou dos coobrigados anteriores. Na terceira hipótese, a existência de coobrigados anteriores está diretamente ligada à formação de uma cadeia de endossos, como estudado no capítulo anterior. Imagine-se uma nota promissória, título no qual o endossante está obrigado ao pagamento do título, caso o devedor principal não o faça (artigos 15 e 47 do Decreto 57.663/66).
Estudo de caso
Uma historinha de A a G
Alfredo, avalizado por Beatriz, emitiu uma nota promissória a favor de Carlos; Carlos a endossou para Débora; Débora, avalizada por Edson (aval do endossante), a endossou para Flávio, que a endossou para Gladston, ou seja, para mim. Vencido o título, apresentei-o a Alfredo, que se recusou a pagá-lo: “– Estou duro, cara.” Legítimo portador do título, eu posso cobrá-lo, inclusive judicialmente, de qualquer um dos participantes da cadeia: do emitente Alfredo, dos endossantes Carlos, Débora e Flávio, e dos avalistas Beatriz (avalista do emitente) e Edson (avalista da segunda endossante). Para mim, que sou o credor, todos são igualmente responsáveis; igualmente: eu posso escolher se processarei um (qualquer um), alguns (também quaisquer) ou todos.
Entre os coobrigados, todavia, há obrigações que são anteriores e outras que são posteriores; por isso se diz que o endossante ou avalista que saldou o título tem direito de cobrar o que pagou aos coobrigados anteriores. Antes de todos está o devedor principal, no caso, Alfredo, que emitiu a nota promissória. Depois de todos, está o último a se obrigar, no caso, Flávio, último endossante. Os avalistas estão logo depois de seus avalizados; na historinha, usei as letras A, B, C, D, E e F para marcar as posições na cadeia de anterioridade. Assim, se Flávio pagar, poderá voltar-se contra todos os anteriores; contudo, se Carlos pagar, somente poderá cobrar o pagamento de Alfredo e Beatriz, que lhe são anteriores; não há ação contra os que lhe são posteriores: Débora, Edson e Flávio.
L.U.G 
Art. 47. Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o portador.
O portador tem o direito de acionar todas estas pessoas individualmente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram.
O mesmo direito possui qualquer dos signatários de uma letra quando a tenha pago.
A ação intentada contra um dos coobrigados não impede acionar os outros, mesmo os posteriores àquele que foi acionado em primeiro lugar.
- Prescrição: data de emissão e a contagem do prazo
Como previsto pelo artigo 189 do Código Civil, violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição. Em se tratando de títulos de crédito, essa violação é o vencimento do título, sem o seu pronto pagamento. Sempre que não haja, em norma específica, a previsão de um prazo especial de prescrição, a regra geral é aquela anotada no artigo 206, § 3º, VIII, do Código Civil: três anos. O cheque, por exemplo, tem prazo próprio de prescrição; mas as cédulas de crédito rural não têm, aplicando-se tal regra geral de três anos. A prescrição, no entanto, é apenas do título de crédito, ou seja, da declaração unilateral. O negócio fundamental não é por ela alcançado, se o prazo de prescrição do respectivo direito é maior que o prazo de prescrição do título. Para tanto, pode o credor aforar ação de cobrança, ou manejar a ação monitória, utilizando-se do título prescrito como prova escrita sem valor de título executivo judicial. Mas não mais se terá uma relação de Direito Cambiário, servindo o título prescrito como mera prova documental do negócio do qual se originou; justamente por isso, não haverá falar em responsabilidade de avalistas ou endossatários, que se extinguem com a prescriçãodo título.
	
	Obrigação principal inicia vencimento
	Prescrição
	Regresso Pagamento
	Letra de Câmbio e Nota Promissória
	3 anos
	1 ano
	6 meses
	Duplicata
	3 anos
	1 ano
	1 mês
	Cheque
	30 ou 60 dias emissão
	6 meses
	
Com o Decreto no 57.663, de 24 de janeiro de 1966, que promulgou as convenções para a adoção de uma Lei Uniforme em matéria de letra de câmbio e nota promissória, duvida não pode existir quanto à vigência, entre nós, dos prazos prescricionais da Convenção de Genebra, que assim dispõe no seu art. 70: “Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em três anos”
 As ações do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem em um ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento se se trata de letra que contenha cláusula ‘sem despesas’ (Obs.: isto é, liberada de protesto). 
As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em seis meses, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado”. Observe-se que a Lei Uniforme é omissa quanto ao avalista, o que tem ensejado entendimento de que, para este, o prazo continua a ser de cinco anos, na forma do art. 52 do Decreto no 2.044/1908.
- Protesto
Se alguma obrigação anotada no título de crédito – o pagamento ou outra – não é devidamente cumprida, o portador da cártula poderá procurar o Tabelionato de Protestos e protestar o título. O protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação. Não é um requisito para a execução do devedor principal e seus avalistas, embora seja lícito ao credor, mesmo nessas hipóteses, protestar o título, o que é chamado de protesto facultativo. Mas é requisito para acionar outros coobrigados, como endossantes e seus avalistas, bem como para o pedido de falência. Nesses casos, fala-se em protesto necessário.
Cobrança contra o devedor principal e seu avalista: desnecessário o protesto. Diz-se que o protesto é facultativo.
Cobrança contra os demais coobrigados: necessário o protesto. Para execução dos coobrigados é necessário a realização do protesto.
O protesto pode ser tirado em três hipóteses diferentes: (1) protesto por falta de pagamento; (2) protesto por falta de aceite; e (3) protesto por falta de devolução. Esses dois últimos são próprios da letra de câmbio e duplicata, títulos que são apresentados ao sacado para que os aceite e, assim, vincule-se à obrigação; são temas a serem estudados nos próximos capítulos. O protesto por falta de aceite deve ser efetuado antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução; o protesto por falta de devolução, quando o sacado retiver o título que lhe foi enviado para aceite, utilizando-se o credor de segunda via da letra de câmbio ou, se duplicata, optando entre protesto por indicação da duplicata retida ou pela apresentação de triplicata.
Lei de Protestos 
art. 21 O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou de devolução
Uma vez registrado o protesto, seu cancelamento pode ser requerido ao cartório por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada, aceitando-se, se impossível apresentá-lo, a declaração de anuência, com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no registro de protesto como credor. Também é possível o cancelamento por determinação judicial.
Estudo de caso
Kimberly-Clark Kenko × Super Mini Preço
Kimberly-Clark Kenko Indústria e Comércio Ltda. levou a protesto uma duplicata emitida contra Super Mini Preço – Supermercado Ltda., que não fora saldada no vencimento. Passados 24 dias do protesto, o título foi pago diretamente ao recorrido. Nem a credora, nem a devedora, entretanto, procederam ao cancelamento do protesto e, aproximadamente três anos após o ocorrido, o supermercado ajuizou ação pedindo a condenação de Kimberly-Clark Kenko ao pagamento de indenização por danos morais derivados de sua negligência em não proceder ao cancelamento do protesto, imediatamente após a quitação do título. Com o oferecimento do Recurso Especial 442.641/PB, o caso foi decidido pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça: “Não pago o título de crédito no vencimento, age em regular exercício de direito o credor que o aponta para protesto. Se a relação jurídica existente entre as partes não é de consumo e o protesto foi realizado em exercício regular de direito (protesto devido), o posterior pagamento do título pelo devedor, diretamente ao credor, não retira o ônus daquele [o devedor] em proceder ao cancelamento do registro junto ao cartório competente.” Segundo a relatora, Ministra Nancy Andrighi, a Lei 9.492/97 não impõe ao credor o dever de proceder ao cancelamento do registro; seu artigo 26“apenas indica o rol de legitimados a requerer o cancelamento (qualquer interessado). Desta norma não se pode concluir, com evidência, que o credor esteja juridicamente obrigado a promover o cancelamento do protesto. E, se não há dever jurídico na espécie, não se pode inferir, por consequência, tenha o credor, ora recorrido, agido com culpa, o que afasta a procedência do pedido deduzido pela ora recorrente. Essa é, inclusive, a solução adotada pelo Novo Código Civil, ao estatuir em seu art. 325 que as despesas com o pagamento e a quitação do débito presumem-se a cargo do devedor.”
Cheque
- Identificação da data de emissão e figuras do endossante e avalista
O cheque é um título de crédito por meio do qual uma pessoa (chamada emitente ou sacador) dá uma ordem a uma instituição financeira (sacado), na qual mantém conta bancária, para que pague, a vista, certa quantia a alguém (beneficiário ou tomador). É um título abstrato que não tem causa obrigatória, abstraindo-se por completo do negócio de base, nos moldes já estudados. Embora se tenha uma relação jurídica triangular, o cheque não admite a figura do aceite: a ordem de pagar é incondicional, bastando a apresentação do título ao caixa ou à compensação para que, havendo fundos, a ordem seja cumprida.
A existência prévia de uma conta bancária é base necessária para o título, que se emite sobre cártula impressa, disponibilizada pela instituição financeira. Portanto, ao contrário da letra de câmbio e da nota promissória, o cheque tem uma base física juridicamente precisa, em tamanho, gramatura de papel, apresentação de elementos gráficos etc., atendendo às determinações do Banco Central do Brasil. A Lei 7.357/85, que regula o cheque no Direito Brasileiro, define um rol de requisitos caracterizadores do cheque, a partir dos quais o Banco Central traçou normas reguladoras complementares. Tais requisitos são os seguintes:
Identificação. O título trará a denominação cheque inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido.
Ordem incondicional. Por meio do título, o sacador ordena que a instituição financeira sacada efetue o pagamento, sem condicioná-lo a nada: a tempo futuro, à realização de um negócio etc. Simplesmente ordena o pagamento imediato: pague por este cheque a quantia de tantos reais. Se existem cláusulas condicionadoras de pagamento (p. ex.: Depositar apenas em 14.09.2020 ou Bom para... ou Apresentar apenas quando a mercadoria for entregue etc.) devem ser consideradas, pelo banco sacado, como não escritas, fugindo, assim, à relação cambial.
Quantia certa. O título especificará a quantia a ser paga ao beneficiário ou portador do título, em algarismos e por extenso. Se há divergência entre ambas, prevalece a quantia por extenso. Se indicada a quantia, por extenso ou por algarismos, mais de uma vez, prevalece a indicação da menor quantia, no caso de divergência.
Indicação do sacado. O cheque trará o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); as normas do Banco Central determinam que tal informação venha impressa no cheque, no canto inferior esquerdo do talonário. Assim, só se pode sacar um cheque contra oBanco Rural se o sacador ali tem conta, dispondo de um talão de cheque onde estará indicado que os saques se fazem contra aquela instituição financeira.
Local de pagamento. A folha de cheque indicará o lugar onde o tomador poderá apresentá-lo para receber a importância a vista, conforme a ordem do sacador. O Banco Central exige a indicação precisa da agência ou posto de atendimento responsável pelo pagamento, com o respectivo endereço. O tomador deverá se dirigir a tal agência ou posto, mesmo que localizado em outra localidade. A Lei do Cheque prevê a possibilidade de domiciliação do cheque, isto é, que o sacador indique uma localidade onde ele será pago, desde que ali haja uma agência ou posto bancário para o pagamento, em condições de aceitar o título e pagá-lo. O cheque também pode ser pagável no domicílio de terceiro, quer na localidade em que o sacado tenha domicílio, quer em outra, desde que o terceiro seja banco. Basta escrever no título: Deve ser apresentado para pagamento na agência de Flores da Cunha (RS) ou similar; trata-se de figura de pouco uso que, ademais, implica a anuência da instituição sacada, certo que, se o tomador se dirige ao local indicado e não consegue receber o pagamento, poderá protestar o título e levá-lo à execução, além de cobrar do sacador as despesas com a apresentação infrutífera.
Lugar de emissão. O título deve trazer o Município em que foi emitido, elemento que permite determinar o prazo de apresentação, como se verá. Não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. Não há vedação para utilização de abreviações, desde que permitam a compreensão do lugar: BHte para Belo Horizonte, Ctba para Curitiba etc.
Data de emissão. A data deverá ser escrita por inteiro, constando de dia, mês e ano. O dia e o ano são grafados em algarismos, ao passo que o mês é escrito por extenso. Rasuras que possam alterar os direitos decorrentes da cártula não podem ser aceitas; o grande exemplo é sobrescrever o último algarismo do ano: escreve-se erroneamente 2004, e sobrescreve-se 5 sobre o 4. Como se estudará a seguir, não é ilícito lançar data posterior àquela em que efetivamente se dá o preenchimento do cheque; isso, todavia, não obsta a apresentação imediata da cártula e, com ela, a exigência do pagamento; tem por efeito apenas ampliar o prazo de apresentação do cheque, que é contado da data escrita no espaço correspondente.
Assinatura do sacador. Por fim, o cheque trará a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais (autorizado ao saque junto ao banco). Tal assinatura pode ser constituída por chancela mecânica ou processo equivalente que atenda à legislação especial sobre o tema (Resolução 885/83 do Banco Central). É dever do banco sacado conferir a autenticidade das assinaturas lançadas nos cheques.
Endosso: O endosso pode designar, ou não, o endossatário. Consistindo apenas na assinatura do endossante (endosso em branco), só é válido quando lançado no verso do cheque ou na folha de alongamento. Vale como em branco o endosso ao portador. Quando um endosso em branco for seguido de outro, entende-se que o signatário deste adquiriu o cheque pelo endosso em branco. O endosso, viu-se, transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o endosso é em branco, o portador pode: (1) completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa, tornando o endosso em preto; (2) endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; ou (3) transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem endossar. Note-se, porém, que, diante da Lei 8.021/90, aquele que apresenta o cheque deverá ser identificado na cártula, o que implica a transformação do endosso em preto para o pagamento do título.
O título a que falte qualquer desses requisitos não vale como cheque. Ao lado desses requisitos legais, o Banco Central erigiu outros, regulamentares, instituindo um modelo--padrão de cheque, como o nome do correntista, a data de abertura da conta de depósitos (mês/ano), o respectivo CPF ou CNPJ, o número, o órgão expedidor e a sigla da unidade da federação referentes ao documento de identidade constante da ficha-proposta de pessoas físicas etc.
Lembre-se, como já estudado nos capítulos anteriores, de que, se o cheque é entregue com partes em branco, tem-se uma outorga de poderes para que o portador o preencha. Se é completado com inobservância do convencionado com o emitente, tal fato não pode ser oposto ao portador, a não ser que este tenha adquirido o cheque de má-fé.
- Prescrição da Execução. Contagem. Data do início. Mesma praça e de outra praça
A ação para executar o cheque prescreve em seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação. Se o cheque foi pago por um coobrigado, a ação de regresso contra um obrigado anterior prescreve em iguais seis meses, contados do dia em que pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. A interrupção da prescrição produz efeito somente contra o obrigado em relação ao qual foi promovido o ato interruptivo. Se transcorrido o prazo de prescrição, o título perderá sua validade, mas o seu legítimo portador ainda poderá ajuizar uma ação de cobrança (rito ordinário) ou ação monitória, fundada no enriquecimento indevido do devedor ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não pagamento do cheque. Atenção para a Súmula 504 do Superior Tribunal de Justiça: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.”
- Cheque cruzado pode ser sacado ou para depósito em conta?
O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos na face do título. Tem-se, assim, a figura do cheque cruzado. O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação banco, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. O cruzamento geral pode ser convertido em especial; o oposto não é possível: o cruzamento especial não pode converter-se em geral. Também não é possível inutilizar o cruzamento ou o nome do banco; a tentativa de inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não existente. O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. 
Lei do Cheque 
art. 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança.
§ 1º O banco só pode adquirir cheque cruzado de cliente seu ou de outro banco. Só pode cobrá-lo por conta de tais pessoas.
§ 2º O cheque com vários cruzamentos especiais só pode ser pago pelo sacado no caso de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara de compensação.
§ 3º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado ou o banco portador que não observar as disposições precedentes.
- Avalista de obrigação nula. Persiste a obrigação?
Também o pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro ou mesmo por signatário do título, como um endossante; só não se admite o aval dado pelo sacado. Frise-se que o cheque comporta o aval parcial, ou seja, garantia apenas de parte do valor do cheque; mas há submissão à regra geral no que diz respeito à necessidade de que o aval seja incondicional. Assim, se Veríssimo emite um cheque no valor de R$ 20.000,00 contra o Banco ABN-Amro Real, Robson pode garantir o pagamento de apenas R$ 10.000,00.
O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras por aval, ou fórmula equivalente (avalizo, garanto o pagamento etc.), com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante dasimples assinatura do avalista, aposta na face do cheque (seu anverso), salvo quando se tratar da assinatura do emitente. O aval deve indicar quem é a pessoa avalizada; na falta dessa indicação, considera-se avalizado o emitente. De qualquer sorte, o avalista se obriga da mesma maneira que o avalizado, havendo, portanto, solidariedade entre ambos no pagamento da obrigação. No entanto, a obrigação do avalista subsiste, ainda que nula seja a obrigação por ele garantida, salvo se a nulidade resultar de vício de forma.
O avalista que paga o cheque adquire todos os direitos dele resultantes contra o avalizado e contra os obrigados para com este em virtude do cheque.
- Prazo para apresentação conta a partir do vencimento ou do “Bom para”?
 O cheque deve ser apresentado para pagamento no prazo de 30 dias, a contar do dia da emissão, quando emitido no lugar onde houver de ser pago. É o que ocorrerá se alguém emitir um cheque em Parentins (AM) para ser apresentado a um banco da mesma cidade. Se o cheque for emitido em outro lugar do país ou no exterior, o prazo para apresentação é de 60 dias; exemplo: alguém emite um cheque em Dourados (MS) para pagamento em Campo Grande (MS) ou Brasília (DF). Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento; trata-se, porém, de hipótese rara, aplicável a emissão em país diferente. Não é preciso, porém, apresentá-lo ao caixa do banco sacado; a apresentação do cheque à câmara de compensação (por meio de depósito na conta do beneficiário) equivale à apresentação a pagamento.
O cheque, por definição legal, é pagável a vista, sendo que qualquer menção em contrário considera-se, para efeitos cambiários, não escrita; assim, se o cheque é apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão, é pagável no dia da apresentação. O chamado cheque pré-datado,2 portanto, pode ser apresentado antes da data indicada e o banco deverá pagá-lo, se houver fundos, ou recusar o pagamento por falta de fundos. A indicação de data futura e mesmo indicações como bom para ou depositar em não impedem o pronto depósito do título. Os tribunais entendem, todavia, que essa estipulação, embora não tenha validade como negócio cambiário (isto é, sob a perspectiva das normas que regulam os títulos de crédito), vale como negócio civil: as partes ajustaram uma apresentação posterior e o beneficiário deve respeitá-la. Se desrespeita, apresentando antes o cheque, o valor deverá ser pago ou o título será devolvido por falta de fundos; mas o apresentante responderá pelas perdas e danos que causar, fruto do ilícito civil (desrespeito ao ajuste de apresentação posterior).
Duplicata Virtual (Entendimento do STJ)
- Quais são os documentos para formação do título?
A inserção, no Direito Brasileiro, da duplicata escritural, também chamada de duplicata virtual ou de duplicata eletrônica, fez-se a partir de interpretações excessivamente extensivas da legislação. Para alguns, a licença estaria no artigo 899, § 3o, do Código Civil, que permite que o título possa ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente. Parecia-me, contudo, tratar-se de norma geral, ou seja, de uma autorização geral que deverá ser especificada na legislação de cada tipo cartular, a exemplo do que se passa com o certificado de depósito agropecuário e o warrant agrário, que se estudarão no Capítulo 14 deste livro. Daí não se poderia concluir, como decorrência imediata, que se poderia criar um cheque escritural ou cheque virtual, como exemplo.
Outros fundamentam a existência da duplicata escritural, eletrônica ou virtual a partir de uma interpretação excessivamente extensiva da Lei no 5.474/68 (Lei das Duplicatas), permitindo seu protesto por indicação. Por fim, há aqueles que entendem que, a partir da Medida Provisória no 2.200/01, seria possível firmar a duplicata por meio de assinatura digital ou similar. Mesmo a exigência, inscrita no artigo 6o da Lei no 5.474/68, determinando a remessa da duplicata ao devedor, foi adaptada para se aceitar a remessa de um boleto bancário. Por fim, a tese ainda invocava o artigo 8o, parágrafo único, da Lei no 9.492/97 (Lei de Protestos), admitindo fossem recepcionadas as indicações a protestos das duplicatas mercantis e de prestação de serviços, por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados fornecidos, ficando a cargo dos tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas.
Pior é a pretensão de aplicar outros institutos do Direito Cambiário, diretamente ligados aos princípios da cartularidade e literalidade, aos títulos eletrônicos ou virtuais ou escriturais. É o caso do endosso, entre outros atos, cuja existência se deva aferir da leitura do título que é apresentado ao devedor. Se não há emissão de uma cártula, de um papel, como se poderia exigir que o devedor tomasse conhecimento de um endosso ou sequência de endossos?
A contraposição das teses alcançou o Superior Tribunal de Justiça. Julgando o Recurso Especial 1.024.691/PR, a Terceira Turma decidiu: “1. As duplicatas virtuais – emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica – podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução judicial. Lei no 9.492/97. 2. Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual, devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços, suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.” 
Boleto bancário + prova da entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços + protesto
Cheque
- Súmula 600 STF
Caso “B” endosse um cheque recebido de “A” a “C”, será considerado codevedor perante “C”. Este, por sua vez, poderá descontar o cheque a qualquer momento, dentro do prazo de prescrição. Caso não observe o prazo de apresentação, e sendo devolvido o cheque por insuficiência de fundos, perderá “C” o direito de executar “B”, mas permanecerá o direito de executar o emitente, apenas. Havendo saldo, o cheque será descontado normalmente. Nesse sentido, dispõe o Enunciado 600 da Súmula de jurisprudência dominante do STF: “cabe ação executiva contra o emitente do cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”.
Há um caso excepcional, apenas, em que a perda do prazo de apresentação gera, inclusive, a perda do direito de executar o próprio emitente, e não apenas o codevedor. Trata-se da hipótese em que o emitente prova que tinha fundos suficientes durante o prazo de apresentação, mas deixou de tê-los por motivos alheios à sua vontade (art. 47, § 3.º, da Lei do Cheque).
Perceba-se que, nesse ponto, o prazo de apresentação se assemelha ao prazo de protesto nos demais títulos cambiais, uma vez que nestes, perdido o prazo de protesto, perderá o credor o direito de executar os codevedores. No cheque, isso ocorre com o decurso do prazo de apresentação.
O transcurso do prazo de apresentação, enfim, não impede que o cheque seja levado ao banco sacado para ser descontado, uma vez que somente depois de transcorrido o prazo prescricional é que a instituição financeira não poderá mais receber nem processar o título, conforme disposto no art. 35, parágrafo único, da Lei do Cheque.
- Protesto. Interrupção da prescrição. Prescrição
O cheque, como título de crédito que é, possui executividade, ou seja, é considerado pela legislação processual (art. 784, I, do CPC/2015) um título executivo extrajudicial. Não honrado seu pagamento pelo emitente, portanto, poderá o portador da cártula de cheque promover ação de execução contra ele e contra os eventuais codevedores (endossante, avalistas).
O prazo prescricional dessa ação de execuçãodo cheque é de 6 meses, contados após o término do prazo de apresentação (art. 59 da Lei do Cheque), o qual, como visto, é de 30 ou 60 dias, conforme a praça de emissão. Perceba-se que a lei é clara ao estabelecer que o início do prazo prescricional ocorre a partir do término do prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Portanto, independentemente de quando o cheque foi apresentado ao banco sacado – pouco importa se dentro ou fora do prazo de 30 ou 60 dias, conforme a praça – o prazo de prescrição da sua ação de execução só começará a fluir após o término do prazo de apresentação.
O cheque prescrito, é óbvio, não poderá mais ser executado. Não obstante, a Lei do Cheque ainda prevê, em seu art. 61, a possibilidade de propositura da chamada ação de enriquecimento ilícito(também chamada de ação de locupletamento) contra o emitente ou demais coobrigados.
Essa ação específica prevista na legislação checária prescreve em dois anos, contados a partir do término do prazo prescricional. Destaque-se que se trata de ação cambial, ou seja, nela o cheque conserva suas características intrínsecas de título de crédito, como a autonomia e a consequente inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Segue, todavia, o rito ordinário de uma ação de conhecimento, uma vez que com a prescrição o cheque perdeu, como dito, a sua executividade.
Ultrapassado o referido prazo de prescrição da ação de locupletamento, o cheque ainda pode ser cobrado, desde que comprovado o seu não pagamento, mediante ação de cobrança, na qual caberá ao portador, todavia, provar a relação causal que originou o título (art. 62 da Lei do Cheque). Veja-se, pois, que não se trata mais de uma ação cambial, ou seja, aqui o portador do cheque não se beneficia mais dos predicados decorrentes dos princípios que informam o regime jurídico cambial, como a autonomia da dívida checária em relação ao negócio que originou a sua emissão, da qual decorre, logicamente, a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Nessa ação, portanto, o devedor do cheque poderá discutir a causa que o originou e opor quaisquer exceções contra o autor da demanda.
- Prazo de apresentação
Trata-se, enfim, de prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira sacada (art. 33 da Lei do Cheque).
Lei do Cheque 
art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. 
O prazo de apresentação do cheque, ressalte-se, não se confunde com o seu prazo de prescrição. Na verdade, funciona, grosso modo, como o prazo de protesto nos demais títulos, uma vez que se destina, precipuamente, a assegurar o direito de execução contra os codevedores do título (art. 47, inciso II, da Lei do Cheque).
Se o cheque for “da mesma praça”, o prazo de apresentação é de 30 dias. Se, todavia, for “de praças diferentes”, o prazo de apresentação será de 60 dias. Em ambos os casos, o prazo é contado da data de emissão.
O prazo de apresentação, como dito, serve para marcar o período que se tem que observar para conservar o direito de executar os codevedores. Assim, se o portador do cheque perde o prazo de apresentação, consequentemente perde o direito de executar os codevedores.
- Carimbo da Câmara de compensação equivale ao protesto?Lei do Cheque 
art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque:
I - contra o emitente e seu avalista;
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
§ 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.
Conforme se depreende do inciso I, a apresentação do cheque no prazo legal não é obrigatória para a execução dos principais devedores (emitente e seu avalista), somente sendo obrigatória para a ação contra os coobrigados indiretos (endossantes e seus avalistas).
A prova da apresentação – e do não pagamento do cheque – poderia ser feita, pelo dispositivo legal, de três formas: pelo protesto, por carimbo aposto pelo banco sacado ou por câmara de compensação. É essa a exata dicção do § 1º, do artigo 47, da Lei do Cheque ao dispor que “Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.”
- O emitente e o banco sacado. Identificação das figuras do devedor principal e coobrigados
Pedido de Falência
- Sistema da impontualidade. Interpretação literal do art. 94, I.Lei n. 11.101/2005 
 Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
        I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
        II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
        III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
[...]
- Pedido de restituição. Art. 85, parágrafo único e art. 86, I
Lei n. 11.101/2005 
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.
 Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada.
 Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro:
        I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado;
Falência. Obrigações decorrentes da decretação 
- Artigos 75 a 81, parágrafos 1º e 2º; em atenção art. 78, parágrafo único.
Lei n. 11.101/2005 
 Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.
    Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual.
        Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
        Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.
        Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.
        Art. 78. Os pedidos de falência estão sujeitos a distribuição obrigatória, respeitada a ordem de apresentação.
        Parágrafo único. As ações que devam ser propostas no juízo da falência estão sujeitas a distribuição por dependência.
        Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer instância.
        Art. 80. Considerar-se-ão habilitados os créditos remanescentes da recuperação judicial, quando definitivamente incluídos no quadro-geralde credores, tendo prosseguimento as habilitações que estejam em curso.
        Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.
        § 1o O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência.
        § 2o As sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido.
Verificação. Habilitação. Impugnação de CréditoLei n. 11.101/2005 
 Da Verificação e da Habilitação de Créditos
        Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
        § 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
        § 2o O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8o desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.
        Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
        Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15 desta Lei.
        Art. 9o A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7o, § 1o, desta Lei deverá conter:
        I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo;
        II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação;
        III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas;
        IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento;
        V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor.
        Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.
        Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
        § 1o Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores.
        § 2o Aplica-se o disposto no § 1o deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data da realização da assembléia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário.
        § 3o Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação.
        § 4o Na hipótese prevista no § 3o deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito.
        § 5o As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.
        § 6o Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito.
        Art. 11. Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias.
- OBS: se os credores já integram o processo falimentar, serão citados ou intimados?
O que não é exigível na falência?
Lei n. 11.101/2005 
  Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
        I – as obrigações a título gratuito;
        II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
Recuperação judicial. Qual o órgão que aprova o plano de recuperação. Assembleia geral de credores. Comitê de credores.Lei n. 11.101/2005 
    Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
        § 1o A data designada para a realização da assembléia-geral não excederá 150 (cento e cinqüenta) dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial.
        § 2o A assembléia-geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá indicar os membros do Comitê de Credores, na forma do art. 26 desta Lei, se já não estiver constituído.
        § 3o O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia-geral, desde que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes.
        § 4o Rejeitado o plano de recuperação pela assembléia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor.

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