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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Contrato administrativo: é o ajuste (= acordo de vontades) que a Administração Pública, agindo com supremacia, celebra com o particular para a realização dos objetivos de interesse público, nas condições fixadas pela própria Administração. Nem todos os contratos da AP são contratos administrativos (verticalidade, supremacia = regidos pelo Direito Público). A AP também realiza contratos regidos pelo direito privado (relação horizontal). Características dos Contratos Administrativos 1) Presença da Administração Pública com prerrogativas públicas – verticalidade da relação: AP contratante x contratado. 2) Finalidade pública – busca-se sempre o fim público. 3) Obediência à forma prescrita em lei – a forma é essencial nos contratos administrativos. Há inúmeras formalidades previstas na lei (Arts. 60 a 64 da Lei n. 8.666/93). O contrato é escrito. Exceção – contrato verbal: pequenas compras de pronto pagamento até 5% do limite do convite (R$ 4.000) 4) Procedimento legal: licitação prévia (há exceção), autorização legislativa para alienação de bens imóveis, indicação de recursos orçamentários, etc. 5) Natureza de contrato de adesão – todas as cláusulas são estabelecidas prévia e unilateralmente pela AP. O contratado só adere às suas cláusulas. 6) Natureza intuitu personae – é celebrado em razão das condições pessoais do contratado, apuradas na licitação. Há exceção: ver arts. 72 e 78, VI. 7) Presença de cláusulas exorbitantes (derrogatórias do direito privado). 8) Mutabilidade CLÁUSULAS EXORBITANTES Conceito: são cláusulas que conferem à AP significativos poderes, colocando-a numa posição de supremacia sobre o contratado (verticalidade). São elas: 1. Exigência de garantia 2. Alteração unilateral 3. Rescisão unilateral 4. Fiscalização 5. Aplicação de penalidade 6. Anulação 7. Retomada do objeto 8. Restrição ao emprego da exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contratus) : são cláusulas que conferem à AP significativos poderes, colocando a AP em uma posição de supremacia sobre o contratado. Nem todos os contratos da AP são contratos administrativos (verticalidade, supremacia). A AP também realiza contratos regidos pelo direito privado (relação horizontal). CLÁUSULAS EXORBITANTES EXIGÊNCIA DE GARANTIA: a Administração Pública tem a prerrogativa de exigir do contratado a prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. Cuidado – para exigir garantia - deve haver essa previsão no instrumento convocatório da licitação. Modalidades de garantia: caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; seguro-garantia e fiança bancária. Valor da garantia: Até 5% do valor do contrato (regra geral) Até 10 % do valor do contrato – para contratos de grande vulto e envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros. Se houver entrega de bens pela AP – ao valor da garantia deve ser acrescido o valor desses bens. CLÁUSULAS EXORBITANTES ALTERAÇÃO UNILATERAL: a AP tem a prerrogativa de alterar, unilateralmente, as cláusulas do contrato para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados, contudo, os direitos do contratado (Art. 65, I, e parágrafos 1º a 4º). Deverá ser justificada a alteração (sem justificativa não pode alterar). Se necessário, deverá ser restabelecido (por aditamento) o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. O contratado tem esse direito. Cuidado – cláusula econômico-financeira não poderá ser alterada unilateralmente pela AP. Só com prévia concordância do contratado. A alteração unilateral será cabível quando: (a) houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos e (b) for necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto. O contratado é obrigado aceitar, nas mesmas condições iniciais, as seguintes alterações: Acréscimos/reduções – de até 25% do valor inicial do contrato. Reforma de edifício ou de equipamento – o limite acima para acréscimo pode chegar até 50% (cuidado). CLÁUSULAS EXORBITANTES RESCISÃO UNILATERAL(arts. 79, e 78, I a XI e XVII): Em caso de inexecução total ou parcial do contrato por parte do contratado, pode a AP rescindi-lo unilateralmente. Há ainda a possibilidade de alteração contratual nas seguintes hipóteses: decretação de falência ou instauração de insolvência civil do contratado. dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado. alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato. razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato; ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato. A rescisão unilateral não depende de autorização prévia do Poder Judiciário. Trata-se de auto-executoriedade. CLÁUSULAS EXORBITANTES FISCALIZAÇÃO (Art. 67): a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da AP especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. APLICAÇÃO DE PENALIDADES (Art. 87): A AP tem a prerrogativa de aplicar sanções ao contratado motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste. Deve ser respeitado o direito de prévia defesa. Sanções previstas no art. 87 da Lei 8.666/93: advertência. multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato. suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos e declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade. Essa pena só pode ser aplicada por Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal (ou do DF). CLÁUSULAS EXORBITANTES APLICAÇÃO DE PENALIDADES: para a cobrança da multa aplicada, poderá a AP reter a garantia exigida do contratado. Se o valor da multa ultrapassar o valor da garantia, a diferença será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração (autoexecutoriedade = não depende de autorização judicial). Se houve diferença a ser cobrada, deve-se fazer a execução judicial. ANULAÇÃO DO CONTRATO: A Administração Pública, no exercício da autotutela, deve declarar a nulidade de seus contratos quando eivados de vícios de ilegalidade. Efeitos da declaração de nulidade: retroativos (ex tunc). Dever de indenizar – a nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa. CLÁUSULAS EXORBITANTES RETOMADA DO OBJETO (Art. 80): para assegurar a continuidade da execução do contrato (princípio da continuidade do serviço público), sempre que a sua interrupção possa ocasionar prejuízo ao interesse público, a Administração, ao rescindir unilateralmente o contrato, poderá adotar as seguintes medidas, sem prejuízo de outras sanções: assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que seencontrar, por ato próprio da Administração; ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade. execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos; retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração. CLÁUSULAS EXORBITANTES RESTRIÇÃO AO USO DA CLÁUSULA DA EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO: O administrado não pode fazer uso contra a Administração Pública da cláusula da exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). O que diz esta cláusula oriunda do Direito Civil? Com base nela, uma parte pode invocar o descumprimento do contrato pela outra, para deixar de cumprir as suas obrigações contratuais. (Exceção = defesa) Nos contratos administrativos, essa cláusula não pode ser usada pelo contratado. Assim, se a AP não cumpre a sua parte (ex: atrasa o pagamento), o contratado não pode interromper a execução do contrato. Exceção – quando o atraso ultrapassar a 90 dias (salvo no caso de calamidade pública, guerra ou grave perturbação da ordem interna), o contrato poderá suspender a execução do contrato ou solicitar a sua rescisão. MUTABILIDADE DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS MUTABILIDADE: Os contratos administrativos podem sofrer mudanças ou alterações, seja em razão do poder que tem a Administração de alterar unilateralmente o contrato, seja em decorrência do fato do príncipe, do fato da administração e da teoria da imprevisão. Em todas estas situações, o contratado tem assegurado o seu direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro. Álea = refere-se aos riscos que envolvem os contratos administrativos. Dividindo-se em álea ordinária e álea extraordinária. Álea ordinária - corresponde aos riscos normais de qualquer empreendimento e que devem ser suportados pelo contratado. Álea extraordinária - corresponde aos riscos extraordinários, que fogem ao padrão normal. Poderá decorrer de álea administrativa (alteração unilateral do contrato pela AP, fato do príncipe, fato da administração) ou de álea econômica (teoria da imprevisão). MUTABILIDADE DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS FATO DO PRÍNCIPE: é todo aquele que a Administração pratica, positiva ou negativamente, não como parte do contrato, mas como autoridade pública, que reflexamente repercute no contrato. Caracteriza-se por ser um ato geral do poder público, tal como a proibição de importar determinado produto ou aumento de tributos. FATO DA ADMINISTRAÇÃO: é toda ação ou omissão da Administração que se relaciona diretamente com o contrato, retardando ou impedindo sua execução, produzindo desequilíbrio econômico. Ex: quando a Administração deixa de entregar o local da obra ou serviço, ou não providencia as desapropriações necessárias. TEORIA DA IMPREVISÃO: é todo acontecimento externo ao contrato, estranho à vontade das partes, imprevisível e inevitável, que causa um excessivo desequilíbrio, tomando a execução do contrato demasiadamente onerosa para o contratados. Pode se referir a fato imprevisível (ex: um terremoto, uma crise econômica) ou a fato previsível, mas de consequências incalculáveis (ex: dissídio coletivo de uma categoria de trabalhadores). DURAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO PRAZO DO CONTRATO: é vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado (art. 57, § 3º, da Lei 8.666/93). Ademais, a duração dos contratos administrativos, salvo disposição legal em contrário, ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários. EXCEÇÕES: contrato relativo aos projetos contidos no plano plurianual - poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório. contratos de prestação de serviços de execução contínua (ex.: serviços de limpeza, vigilância etc) - poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos, com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a 60 meses. Ainda poderá ser prorrogado por até 12 meses, em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior. contratos de aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. RESCISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO Rescisão unilateral - decorre de iniciativa da Administração Pública É feita por ato unilateral e escrito da Administração. Rescisão amigável - decorre de um acordo entre as partes, reduzido a termo no processo da licitação, desde que haja conveniência para a Administração. Essa rescisão deverá ser precedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente. Rescisão judicial - é determinada judicialmente, em face de uma ação proposta por um dos contratantes. Em regra, é a rescisão requerida pelo contratado, quando ocorre descumprimento do contrato pela Administração. CONVÊNIO E CONSÓRCIO ADMINISTRATIVO CONVÊNIO: Trata-se de uma avença ou ajuste entre o Poder Público e entidades públicas ou privadas para a realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua colaboração. Não constitui modalidade de contrato. Exemplo: convênio entre a União e o Município na área de moradia ou educação. CONSÓRCIO ADMINISTRATIVO: É o acordo de vontades entre duas ou mais entidades públicas da mesma natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da Administração Indireta para a consecução de objetivos comuns. QUESTÕES 15. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área Administrativa) Com referência a contratos administrativos e licitações, julgue o seguinte item: As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos podem ser alteradas de forma unilateral pela administração. ( ) Certo ( ) Errado 16. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios – Arquiteto) Julgue o item abaixo, de acordo com o que dispõe a Lei n.º 8.666/1993 sobre contratos e sanções administrativas: Celebrado o contrato com a administração pública, a execução desse contrato deve ser acompanhada e fiscalizada por um representante da administração especialmente designado para tal fim, admitida a contratação de terceiros para assistir ou subsidiar o trabalho. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÕES 17. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios – Administrador) Em relação aos contratos administrativos, julgue os próximos item: No caso particular de reforma de edifício público, não constitui motivo para rescisão de contrato administrativo a supressão de até 50% do valor atualizado do contrato. ( ) Certo ( ) Errado 11. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Administração – Específicos) Julgue os itens a seguir, relativos à dinâmica das organizações: O contrato administrativo sempre terá tempo determinado e sua vigência deverá sujeitar-se aos créditos orçamentários, tanto no que tange ao tempo quanto aos seus valores. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÕES 02. (CESPE - 2010 - OAB-SP - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase) - A declaração da inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública federal é da competência do: a) ministro de Estado. b) presidente da República. c) órgão gestor do cadastro informativo de créditos (CADIN). d) presidente de comissão de licitação. 14. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área Administrativa) Com referência a contratos administrativose licitações, julgue o seguinte item: A regra segundo a qual os contratos administrativos são realizados intuitu personae é absoluta. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÕES 30. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Área Administrativa – Específicos) Julgue os seguintes itens, acerca de contratos administrativos: Todos os contratos celebrados pela administração pública são regidos por normas de direito público. ( ) Certo ( ) Errado 34. (CESPE - 2011 - MMA - Analista Ambiental – I) Acerca de sanções administrativas, consórcios e convênios administrativos, rescisão de contrato administrativo e dispensa de licitação, julgue o seguinte item: Se a parte contratada atrasa injustificadamente o início do serviço, mesmo assim a administração pública precisará de autorização judicial para rescindir unilateralmente o contrato administrativo. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÕES 03. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios – Advogado) No que se refere aos contratos celebrados pela administração pública, julgue o seguinte item: A possibilidade de alteração unilateral do contrato administrativo pela administração pública, independentemente de motivação, constitui uma de suas cláusulas exorbitantes. ( ) Certo ( ) Errado 10. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Administração – Específicos) Julgue os itens a seguir, relativos à dinâmica das organizações: Ao contratar com a administração pública o empresário corre um risco, denominado álea contratual, que pode ser classificada em ordinária ou extraordinária. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÕES 24. (CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Com relação aos contratos administrativos e à Lei de Licitações, julgue os próximos item: É nulo e não produz efeito o contrato verbal com a administração em qualquer hipótese, haja vista a necessidade do rígido formalismo exigido pela Lei n. º 8.666/1993. ( ) Certo ( ) Errado
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