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Trabalho biodisponibilidade de vitamina b1 e b2

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VITAMINA B1
A vitamina B1, conhecida como tiamina, fator anti-beribéri, aneurina e fator anti-neurítico, é formada por uma pirimidina substituída que está unida a um anel tiazol combinado através de uma ponte metilênica. Apresenta ampla distribuição nos alimentos, mas na maioria em quantidades relativamente baixas. A doença do sistema nervoso periférico (beribéri) devido à deficiência em tiamina é relatada há cerca de 1.300 anos. Tornou-se um problema de saúde pública no século XIX com a introdução do arroz polido. A tiamina foi descoberta como fator de descarte da cutícula do arroz durante o seu polimento, vindo-se a descobrir que esta possuía grande concentração da vitamina e que protegia contra a polineurite. Embora, atualmente, essa doença esteja praticamente erradicada, em algumas regiões do mundo esse problema persiste, em especial, entre povos cujas dietas são ricas em carboidratos. Uma condição diferente, que afeta preferencialmente o sistema nervoso central, a síndrome de Wernick-Korsakoff, também por causa da deficiência em tiamina, ocorre nos países desenvolvidos, especialmente em indivíduos alcoolistas. A tiamina foi a primeira vitamina a ter uma função metabólica claramente definida como coenzima. Apesar disso, o mecanismo pelo qual a deficiência em tiamina resulta em lesões do sistema nervoso central ou periférico ainda permanece obscuro. Além de seu papel já estabelecido como coenzima, a tiamina parece também atuar na transmissão nervosa.
 	 Absorção e metabolismo da tiamina
O fosfato de tiamina é hidrolisado por fosfatases intestinais. A tiamina livre é absorvida por um processo ativo independente de sódio, no duodeno e jejuno, com pequena absorção no restante do intestino delgado. O sistema de transporte é saturável com concentrações relativamente baixas de tiamina (cerca de 2 micromol/L), limitando, portanto, a quantidade de tiamina que pode ser absorvida. Em altas concentrações, há alguma absorção passiva da vitamina, que representa menor contribuição. Em indivíduos adequadamente alimentados, o aumento de uma dose-teste de tiamina de 2,5 para 20 mg teve um efeito negligível na concentração plasmática de B1 ou na excreção urinária. Contrariamente, a absorção passiva das alitiaminas solúveis em lipídios não é limitada.
   	A absorção da tiamina é prejudicada no alcoolismo. A ATPase dependente de Na e K na membrana basolateral, que se acredita ser responsável pelo efluxo ativo da vitamina para o fluido serosal, é inibida pelo etanol. Tanto a tiamina livre quanto o monofosfato de tiamina circulam no plasma; cerca de 60% do total são como monofosfato. Embora quantidade significativa de tiamina recentemente absorvida seja fosforilada no fígado, todos os tecidos podem captar ambas as formas, tiamina e monofosfato de tiamina, e são capazes de fosforilar essas tiaminas para di e trifosfato. A tiamina que não está ligada à proteína plasmática (sobretudo albumina) é rapidamente filtrada nos glomérulos e aparentemente não ocorre reabsorção tubular de tiamina ou de pequenas quantidades de fosfato. A diurese aumenta a excreção da vitamina e o suor pode conter 30-56 nmol de tiamina/L em condições climáticas muito quentes, o que pode representar perda significativas da vitamina. Uma pequena quantidade da vitamina é excretada na urina sem modificações, representando cerca de 3% de uma dose teste, junto com pequenas quantidades de tiamina monofosfato e difosfato. Um dos maiores produtos de excreção é o tiocromo; a ciclização para o tiocromo é a base do método normal de determinação de B1, portanto, a maioria das publicações de excreção é, de fato, de tiamina dissulfito, formada pela oxidação da tiamina tiol, bem como cerca de vinte metabólitos resultantes da oxidação da cadeia lateral e da quebra de pontes metileno, com oxidação de cadeias laterais, resultantes de produtos de pirimidina e tiazol.
Funções metabólicas da tiamina
Os estudos de Peters, nas décadas de 1920 e 1930, estabeleceram o papel de coenzima da tiamina difosfato na descarboxilação oxidativa de 2-oxo-ácidos e na transcetolase. A tiamina, em combinação com o fósforo, forma a coenzima tiamina pirofosfato (TTP), que atua como uma co-carboxilase. Essa forma é necessária para a descarboxilação oxidativa do piruvato, formando acetato e acetil coenzima A, componente principal da via de Krebs. De modo geral, a TPP é necessária para a descarboxilação de outros alfa-cetoácidos (ácido alfa-cetoglutárico e cetocarboxilatos) sendo necessária no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas; entretanto, os efeitos da deficiência em tiamina estão mais ligados ao metabolismo cerebral dos carboidratos. Por suas funções essenciais no sistema nervoso, a tiamina é conhecida como vitamina antineurítica. Tem-se, também, utilizado a tiamina no tratamento da acidose metabólica, que pode ocorrer em pacientes submetidos à nutrição parenteral. O difosfato de tiamina é a coenzima para três complexos multienzimáticos mitocondriais envolvidos na descarboxilação oxidativa de 2-oxo-ácidos, piruvato desidrogenase (EC 1.2.4.1) e 2-oxoglutarato desidrogenase (EC 1.2.4.2); na via metabólica central de geração de energia e na cadeia ramificada oxoácido desidrogenase (EC 1.2.4.4) e no catabolismo de leucina, isoleucina e valina. A transcetolase é a enzima-chave na via da pentose fosfato do metabolismo de carboidratos. Catalisa a transferência de duas unidades de carbonos de um doador cetose para um aceptor aldose açúcar. O doador de cetose forma um intermediário de transição com a tiamina difosfato, que sofre clivagem para liberar uma aldose de dois carbonos menores que o substrato cetose, deixando o difosfato de tiamina ligado à enzima diidroxietil. Esta reage com um aceptor aldose para formar uma cetose maior de dois carbonos. A via da pentose fosfato é o principal caminho do metabolismo de carboidratos em alguns tecidos e uma alternativa significativa para a glicólise em todos os tecidos. A importância principal dessa via é a produção de NADPH para uso nas reações biossintéticas (em especial da lipogênese) e na ressíntese de ribose para a síntese de nucleotídeos. Cerca de 2 a 3% da tiamina no tecido nervoso estão presentes como trifosfato, que não é um intermediário na formação ou no catabolismo de tiamina difosfato. A tiamina trifosfato também ocorre em quantidades significativas no músculo esquelético, especialmente em fibras musculares de contração rápida. Diferentemente do sistema nervoso, no qual o trifosfato é encontrado exclusivamente na fração da membrana, uma proporção significativa da tiamina trifosfato muscular se encontra no citosol. O total de tiamina nas diferentes regiões do sistema nervoso central é variável: o cerebelo tem a maior quantidade de tiamina, ainda que com menor razão de glicose e utilização de oxigênio. O desenvolvimento de anormalidades neurológicas na deficiência experimental de tiamina não ocorre ao mesmo tempo que o prejuízo da atividade da piruvato e do 2-oxoglutarato desidrogenase ou da atividade da transcetolase, e as regiões nas quais os distúrbios metabólicos são mais marcantes não são as mais vulneráveis a lesões anatômicas na deficiência. O trifosfato de tiamina no tecido nervoso está protegido na deficiência em tiamina. Ao passo que o conteúdo de tiamina no cérebro de animais deficientes diminui para cerca de 20% em relação aos níveis de grupos-controles dentro de 4 semanas, com queda similar da tiamina livre, mono e difosfato, ocorre pouca perda de tiamina trifosfato. Sugere-se que o trifosfato de tiamina tem ação no sistema nervoso separada de sua função como coenzima de tiamina difosfato. Embora esse mecanismo não seja claro, ele aparentemente age na bomba iônica da membrana do nervo, possivelmente como doador de fosfato para a fosforilação de uma das proteínas do canal de sódio.
Deficiência em tiamina
A deficiência em tiamina pode resultar em três síndromes distintas: a) neurite crônica periférica, beribéri que pode ou não estar associado a insuficiência cardíaca e edema;b) beribéri agudo pernicioso (fulminante), no qual a insuficiência cardíaca e as anormalidades metabólicas predominam, com pouca evidência de neurite periférica; e c) encefalopatia de Wernicke com psicose de Korsakoff, condição que responde à tiamina, associada especialmente ao alcoolismo ou ao abuso de narcóticos. Em geral, uma deficiência aguda está envolvida com as lesões do sistema nervoso central da síndrome de Wernicke-Korsakoff. O beribéri seco está ligado a uma deficiência mais prolongada e presumivelmente mens grave, em geral associada a uma baixa ingestão alimentar, ao passo que a alta ingestão de carboidratos e a atividade física predispõem ao beribéri úmido. Entre as alterações metabólicas que ocorrem na deficiência em tiamina, pode-se enumerar: primeiramente a ação da tiamina difosfato na piruvato desidrogenase resulta em prejuízo na conversão do piruvato para acetil-CoA, portanto há diminuição na entrada de piruvato no ciclo do ácido cítrico. Assim, a deficiência em tiamina em indivíduos com dieta rica em carboidratos leva ao aumento das concentrações plasmáticas de lactato e piruvato, o que pode levar à acidose lática com ameaça à vida. Portanto, o aumento de lactato e piruvato no plasma, depois de uma dose-teste de glicose, é utilizado como meio de avaliar estado nutricional dos indivíduos em relação à tiamina. Um defeito genético da piruvato desidrogenase é encontrado em crianças que apresentaram ataques intermitentes de ataxia cerebelar e elevação de lactato, piruvato e alanina na urina e no plasma. Ambos, sinais clínicos e danos neurológicos dessa doença são diferentes daqueles observados na deficiência em tiamina, fornecendo evidências de que, enquanto a descarboxilação do piruvato está alterada na deficiência, não é este o fator prioritário para a lesão metabólica.
A transcetolase é mais afetada pela deficiência que a piruvato desidrogenase, e a redução da atividade da transcetolase está correlacionada com a vulnerabilidade às lesões. Entretanto, a apo-trascetolase é suscetível à proteólise, e o conteúdo dos tecidos da apoenzima cai na deficiência. A administração de tiamina em animais deficientes corrige os sinais clínicos, sem, entretanto, restaurar a atividade da transcetolase. 
Tiaminases e antagonistas da tiamina também podem diminuir a biodisponibilidade da vitamina. Enzimas tiaminolíticas são encontradas em uma variedade de microrganismos e alimentos. Compostos termoestáveis presentes nos alimentos (especialmente polifenóis) também causam quebra oxidativa da tiamina, assim como o sulfito, que é largamente utilizado no processamento dos alimentos. Em populações cuja ingestão de tiamina é baixa ou limítrofe, a colonização do trato gastrintestinal com microrganismos tiaminolíticos pode ser um fator para o desenvolvimento do beribéri. As tiaminases presentes em peixes crus também podem resultar em paralisia por causa da destruição da tiamina e podem ser importantes em regiões onde a principal fonte de tiamina das dietas seja proveniente de peixes crus ou fermentados. Polifenóis e tiaminases também podem provocar a deficiência, entre os quais podem-se citar o ácido tânico do chá e a noz-de-areca, que são associados à deficiência humana em tiamina.
Avaliação do estado nutricional dos indivíduos em relação à tiamina
Conforme descrito, a diminuição da atividade da piruvato desidrogenase na deficiência em tiamina resulta em aumento considerável da concentração plasmática de lactato e piruvato; portanto, as mudanças nas concentrações de lactato, piruvato e glicose depois de uma dose oral de glicose e exercício moderado podem ser uma forma de avaliação do estado nutricional. O teste não é específico para a deficiência em tiamina, uma vez que uma série de outras condições também podem resultar em acidose metabólica, além disso, é pouco utilizado para verificar o estado nutricional. Embora haja vários metabólitos urinários de tiamina, uma quantidade significativa pode ser excretada inalterada, especialmente se a ingestão for adequada. A excreção de uma dose teste de tiamina é utilizada como índice para avaliar o estado nutricional do indivíduo em relação à vitamina; assim, uma dose parenteral de 5mg de tiamina (19micromol), em indivíduos bem nutridos, levará a uma excreção superior a 300nmol da vitamina em 4 horas; já em indivíduos deficientes, a excreção será menor que 75nmol. A tiamina no sangue total não é um indicador sensível do estado nutricional. A ativação da apo-transcetolase nos eritrócitos, lisados pela tiamina difosfato adicionada in vitro, tem-se tornado o índice mais aceito do estado nutricional em relação à tiamina e, portanto, é mais amplamente utilizado. A apo-transcetolase é instável tanto in vivo quanto in vitro, portanto podem haver problemas na interpretação dos resultados, especialmente se as amostras forem armazenadas por tempo apreciável. Coeficiente de ativação maior que 1,25 é indicativo de deficiência, e menor que 1,15 é considerado adequado em relação ao estado nutricional.
Perspectivas em saúde
Há uma síndrome anêmica, caracterizada por alguns aspectos clínicos, como anemia megaloblásica, diabetes mellitus e doença sensorial e neural progressiva, que responde a doses de tiamina. As células de pacientes com essa síndrome são sensíveis à deficiência em tiamina em nível nanomolar e vários trabalhos mostram que doses farmacológicas da vitamina podem melhorar a anemia e o diabetes nesses casos. Uma proteína de membrana com afinidade submicromolar para tiamina está, possivelmente, envolvida na patogênese. Doses suplementares de tiamina podem ser utilizadas em casos de vômitos persistentes e náuseas graves em gestantes ou que possam provocar desidratação, cetose e perda de peso, entre outros distúrbios. Os mecanismos fisiopatológicos ainda não estão esclarecidos, mas são listados fatores hormonais, mecânicos e psicológicos. A suplementação de tiamina é utilizada nos casos de internação hospitalar combinada a reposição hidroelétrica, antieméticos convencionais e apoio psicológico. Deficiências em tiamina que causem processos neurodegenerativos podem também provocar estresse oxidativo. A reversão dos efeitos da deficiência nessa vitamina por antioxidantes e a melhora de algumas formas de estresse oxidativo com doses suplementares de tiamina sugerem que essa vitamina pode ser um antioxidante de atuação específica e que a interação de processos dependentes de tiamina com estresse oxidativo pode ser crítica em processos neudegenerativos.
A relação de tiamina com câncer tem-se mostrado controversa e necessita de esclarecimentos futuros. Por promover a síntese do ácido nucléico ribose e a proliferação neoplásica por meio da via não-oxidativa da transcetolase, questiona-se se a suplementação usual de tiamina em casos de câncer não poderia ser fator interferente na terapia anticâncer. Compostos antitiamina inibem significativamente a síntese de ribose e a proliferação celular in vitro e in vivo em vários tipos de neoplasias.
Toxidade
Não há evidências de qualquer efeito tóxico da tiamina, embora altas doses por via parenteral são associadas com depressão respiratória em animais e choque anafilático em seres humanos. Hipersensibilidade e dermatite de contato são documentadas em trabalhadores da área farmacêutica que manuseiam a tiamina. A absorção de tiamina é limitada, não podendo ser absorvido mais que 10 micromol (2,5mg) em uma única dose; a tiamina livre é rapidamente filtrada pelos rins e excretada. Segundo Hathcock, o NOAEL ainda não foi estabelecido.
Dados de trabalhos com dietas brasileiras não apontam para deficiência nessa vitamina, entretanto, considerando a importância da tiamina no metabolismo energético, deve-se estar atento também para o suprimento das necessidades da população para essa vitamina
Fontes
Carne de porco, cereais integrais e legumes são fontes mais ricas de tiamina. Nozes, lentilha, soja, gema de ovo, fígado, coração, presunto, levedo de cerveja. As camadas externas dos grãos são particularmente ricas em tiamina. Assim,a farinha de trigo integral é uma boa fonte da vitamina, enquanto o pão branco, preparando a partir do grão moído é pobre em tiamina. Leite, verduras, rabanete, batata-doce, espinafre, maçã, damasco, ameixa, banana. Cozimento álcool, cafeína e antiácidos destroem a vitamina B1.
VITAMINA B2
A riboflavina tem papel central como co-fator redox no metabolismo gerador de energia. A deficiência alimentar é relativamente comum, ainda que aparentemente nunca fatal. Essa vitamina pode ser sintetizada no intestino. Na carência há conservação muito eficiente e reutilização da vitamina nos tecidos. As coenzimas de riboflavina estão firmemente ligadas a enzimas, em alguns casos covalentemente, e o controle das flavinas nos tecidos ocorre em nível da síntese e do catabolismo de enzimas dependentes de flavina.
Metabolismo da riboflavina, funções e biodisponibilidade
Com exceção do leite e dos ovos, que contêm grandes quantidades de riboflavina livre relacionada a ligadores protéicos específicos, a maioria da vitamina nos alimentos está como coenzima de flavina ligada a enzimas, cerca de 60 a 90% como FAD (flavina adenina dinucleotídio). A FAD e a riboflavina fosfato dos alimentos são hidrolisadas no lúmen intestinal por uma variedade de fosfatases para gerar a riboflavina livre, que é absorvida no intestino delgado superior por um mecanismo dependente de sódio saturável. Não há absorção de riboflavina contra gradiente de concentração, e o pico de concentração plasmática está relacionado apenas com doses acima de 40-50 micromol (15-20 mg); além disso, a absorção de uma dose alta única de riboflavina é inexpressiva. Embora as bactérias intestinais possam sintetizar a riboflavina, e a excreção fecal da vitamina possa ser 5 ou 6 vezes maior que a ingestão, acreditava-se que essa riboflavina sintetizada no intestino praticamente não seria absorvida. Entretanto, a identificação mais recente de carreadores específicos que possibilitam a absorção intestinal de riboflavina produzida por bactérias, pode indicar um papel diferente para esta fonte de vitamina, e uma de regulação mais fina da homeostase corporal de riboflavina e de outras vitaminas, além dos estoques nos próprios colonócitos. Grande parte da riboflavina absorvida é fosforilada na mucosa intestinal pela flavoquinose e entra na circulação sanguínea como riboflavina fosfato, embora isso não pareça ser essencial para a absorção da vitamina. A riboflavina livre administrada por via parenteral também é fosforilada na mucosa intestinal. Não está claro se esse é um resultado da reciclagem enterro-hepática da vitamina ou simplesmente a tomada da riboflavina livre da circulação para dentro da mucosa intestinal. Cerca de 7% da riboflavina da dieta estão covalentemente ligados a proteínas (sobretudo como riboflavina 8 alfa-histidina ou riboflavina 8 alfa-cisteína). Nem a riboflavina nem o aminoácido no complexo liberado por proteólise são biologicamente disponíveis, e embora sejam absorvidos do trato gastrintestinal, posteriormente serão excretados na urina.
Entre outras múltiplas funções, a riboflavina é essencial para a formação de células vermelhas do sangue, para a neoglicogênese e a regulação das enzimas tireoideanas. Combina-se ao ácido fosfórico nos tecidos, fazendo parte de duas processos de oxirredução nas células, sobretudo como transportadoras de hidrogênio no sistema mitocondrial de transporte de elétrons. Atuam também como coenzimas das desidrogenases, que catalisam o primeiro passo na oxidação de alguns intermediários do metabolismo da glicose e dos ácidos graxos. Também está envolvida na ativação da vitamina B6. Não há evidências de que haja reservas significativas de riboflavina; além da limitação na absorção, qualquer ingestão maior de riboflavina é excretada rapidamente. Portanto, assim que as necessidades metabólicas são atingidas, a excreção urinária da riboflavina e de seus metabólitos refletirá a ingestão até que a absorção intestinal seja saturada. A conservação da riboflavina nos tecidos é muito eficiente em situações de deficiência. Quase todas as vitaminas nos tecidos estão ligadas a enzimas, e a riboflavina livre fosfato e a FAD são rapidamente hidrolisadas em riboflavina. Se não é refosforilada, rapidamente é difundida para fora dos tecidos e é excretada. Na deficiência, a única perda de riboflavina dos tecidos se dá por meio da riboflavina ligada covalentemente à enzima, e mesmo assim em pequena quantidade.
Recomendações de riboflavina, fontes alimentares e ingestão
Com base em estudos de depleção-repleção, a quantidade mínima necessária de riboflavina tem variado de 0,5-0,8 mg/dia. Em estudos populacionais foram observados valores normais de atividade da glutationa redutase eritrocitária com ingestão habitual de 1,2-1,5 mg/dia. Com ingestão entre 1,1-1,6 mg/dia, a excreção urinária aumentou nitidamente, sugerindo que as reservas teciduais estavam saturadas. Devido ao papel central das coenzimas de flavina no metabolismo gerador de energia, as referências de ingestão eram calculadas com base no gasto energético, entre 0,14-0,19 mg/MJ (0,6-0,8 mg/1000 kcal). Entretanto, tendo em vista o grande número de reações dependentes de riboflavina, além daquelas do metabolismo de geração de energia, tornou-se difícil justificar essa base para o cálculo das recomendações. As RDAs calculadas para a riboflavina, dentro das atuais DRIs, estão dispostas no quadro abaixo, segundo estágio de vida e sexo. As gestantes necessitam de 1,4 mg de riboflavina por dia e as lactantes, 1,6 mg/dia. Exercícios físicos podem aumentar as necessidades de riboflavina, assim como de piridoxina.
A riboflavina é distribuída amplamente nos alimentos, mas em pequenas quantidades. Entre os alimentos-fonte pode-se destacar o leite e seus derivados, e as vísceras, como fígado e rins, também com quantidades apreciáveis.
A fotólise da riboflavina leva à formação de lumiflavina (em solução alcalina) e lumicromo (em solução ácida ou neutra). Como a lumiflavina pode ser extraída por clorofórmio, a fotólise em solução alcalina, seguida pela extração com clorofórmio, e pela determinação fluorimétrica, constitui a base dos métodos comuns de determinação da riboflavina. Só recentemente foi demonstrado que apenas cerca de 25% da riboflavina urinária aparente são realmente riboflavina, o restante é uma variedade de derivados lumicromo.
Antigamente, a exposição do leite armazenado em garrafas de vidro claras à luz solar ou fluorescente provoca perdas de quantidades significativas de riboflavina como resultado da fotólise. Tal fato era de grande importância nutricional, já que mais de um quarto das recomendações de ingestão é proveniente do leite e derivados. A lumiflavina e o lumicromo resultantes também catalisam a oxidação da vitamina C, portanto mesmo uma breve exposição do alimento à luz, que possibilita pequena perda de riboflavina, pode causar perdas consideráveis de vitamina C, entretanto, isso não é de grande importância, uma vez que o leite não é fonte desta vitamina. Lumiflavina e lumicromo também catalisam a oxidação de lipídios (para peróxidos lipídicos) e metionina (para metional), resultando no desenvolvimento de um sabor desagradável. A luz a 400-550 nm pode penetrar também em algumas embalagens não apropriadas; portanto estas devem incluir uma camada de proteção opaca para este comprimento de onda, que atualmente já está em uso.
Deficiência em riboflavina
A deficiência em riboflavina é relativamente comum, embora não haja uma doença específica que possa ser atribuída a ela. A deficiência é caracterizada por lesões nos cantos da boca e nos lábios, descamação dolorosa na língua deixando-a vermelha, seca e atrófica, e dermatite seborreica, afetando especialmente as partes nasolabiais, com anormalidades na pele ao redor da vulva e do ânus. As lesões na boca podem responder tanto à riboflavina quanto à vitamina B6 em indivíduos aparentemente deficientes em B2. Pode também aparecer conjuntivite com vascularização da córnea e opacidade do cristalino. Este últimosinal é a única lesão da ariboflavinose em que as bases bioquímicas são conhecidas. A glutationa é importante para a manutenção da claridade normal do cristalino nas lentes e a glutationa redutase é uma flavoproteína particularmente sensível à depleção de riboflavina. O principal efeito da deficiência em riboflavina é no metabolismo lipídico. Animais deficientes em riboflavina têm razão metabólica baixa comparada com os controles e necessitam de ingestão alimentar de 15 a 20% maior para manter o peso corporal. Uma alimentação rica em gordura provoca redução marcante no crescimento e maior necessidade de riboflavina para restaurá-lo. Algumas vezes, a deficiência em riboflavina pode estar associada à anemia hipocrômica microcítica, como resultado da absorção diminuída de ferro (Fe) nestas condições. A explicação para este mecanismo de ação está pautada no fato de que o Fe, para ser transportado pela transferrina, necessita estar na forma de Fe3+, portanto deveria, para ser liberado da ferritina (forma de reserva de Fe), ser oxidado da forma Fe2+para Fe3+, sendo essa reação catalisada por uma enzima dependente de flavina. Portanto, na deficiência em riboflavina, grande proporção de uma dose-teste de Fe fica retida nas células da mucosa intestinal ligada à ferritina, sendo posteriormente perdida nas fezes. A depleção de riboflavina também diminui a oxidação de vitamina B6 alimentar para piridoxal; a piridoxina oxidase é uma flavoproteína muito sensível à depleção de riboflavina. Não é claro em que extensão há uma deficiência funcional em B6 na deficiência em riboflavina. Greb et al. mostraram que a deficiência em B2 prejudica o metabolismo hepático da vitamina B6. Portanto, na deficiência em riboflavina pode haver também alterações no metabolismo do triptofano. 
O distúrbio no metabolismo deste em tal deficiência, devido a redução da quinurenina hidroxilase, pode também resultar na síntese reduzida de NAD do triptofano e também ser um fator na etiologia da pelagra.
Considerando ainda interações medicamentos/nutrientes, alguns compostos como as fenotiazinas e como a clorpromazina, utilizadas no tratamento de esquizofrenia, e medicamentos antidepressivos, como o imipramine, são análogos estruturais da riboflavina e inibem a flavoquinase. Embora não haja evidências de que pacientes tratados com esses medicamentos por períodos prolongados desenvolvam sinais clínicos de deficiência em B2, o uso por longos períodos de clorpromazina está associado a uma redução na razão metabólica de B2.
Determinação do estado nutricional dos indivíduos em relação à B2
A excreção urinária de riboflavina e seus metabólitos pode ser utilizada como um índice de estado nutricional do indivíduo. Tanto a excreção basal quanto a excreção após uma dose teste de riboflavina refletem o estado nutricional do indivíduo em relação a esta vitamina. A principal base experimental para se estimar as necessidades de B2 é o rápido aumento na excreção quando os tecidos estão saturados. 
Entretanto, a excreção de riboflavina é correlacionada com a ingestão desta apenas quando os indivíduos são mantidos em balanço nitrogenado. Em pessoas com balanço nitrogenado negativo pode haver maior excreção urinária que a esperada, como resultado do catabolismo das flavoproteínas dos tecidos e perda de seus grupos prostéticos. Uma ingestão proteica necessária para a manutenção do balanço nitrogenado não afeta as recomendações de riboflavina ou os índices de estado nutricional, embora, como deveria ser esperado, mais B2 seja retida em indivíduos com balanço nitrogenado positivo, como resultado do aumento na síntese líquida de flavoproteínas. A concentração plasmática não varia de forma segura com o estado nutricional.
Bates sugeriu que a riboflavina eritrocitária reflete mais a saturação dos tecidos, mas há poucos estudos para estabelecer valores de depleção e de deficiência. A glutationa redutase é especialmente sensível à depleção de B2. A atividade da enzima nos eritrócitos pode também ser utilizada como um índice de estado nutricional. A interpretação dos resultados pode ser complicada pela anemia e é mais comum se utilizar a ativação da glutationa redutase do eritrócito pela FAD adicionada in vitro. Um coeficiente de ativação de 1,0-1,4 reflete estado nutricional adequado, e maior que 1,7 indica deficiência. 
A piridoxina oxidase também é sensível à depleção de B2. Em indivíduos normais e em animais experimentais, a glutationa redutase eritrocitária e o coeficiente de ativação da piridoxina oxidase estão correlacionados, e ambos refletem o estado nutricional do indivíduo em relação à riboflavina. Em indivíduos com deficiência em glicose-6-fosfato deidrogenase (favismo), há aparente proteção da glutationa redutase eritrocitária, portanto mesmo na deficiência em B2 não há perda do cofator, e o coeficiente de ativação da glutationa redutase eritrocitária permanece dentro da variação normal. O mecanismo dessa proteção é desconhecido.
Perspectivas em saúde
Em um estudo que avalia as relações entre estado nutricional e malária, a desnutrição proteico-calórica foi associada com maior morbidade e mortalidade pela doença. Quanto aos micronutrientes, alguns dados sobre Fe mostram um tipo de agravamento nos índices malariométricos, mas melhoram significativamente o estado hematológico. O papel da riboflavina na malária ainda não está definido e mostra-se tanto protetor quanto exacerbador, mas certamente deve fazer parte de intervenções nutricionais de baixo custo como adjuvantes na prevenção e no tratamento da malária.
Alguns poucos trabalhos em humanos mostram atividade de doses suplementares de riboflavina na prevenção de enxaqueca. Doses de 400 mg/dia, 3 ou 4 meses antes das crises mostraram redução do número de dias com dores de cabeça, mas evidências como esta ainda são insuficientes.
Em estudos experimentais, a riboflavina mostra atividades de prevenção ao estresse oxidativo e à toxidade mitocondrial. A combinação da riboflavina com outras vitaminas envolvidas na regulação do metabolismo energético deu certa estabilidade à respiração mitocondrial e melhorou o efeito do quimioterápico tamoxifeno no tratamento de câncer de mama em ratos. Em humanos, alguns poucos trabalhos mostraram efeitos benéficos na deficiência de acetil-Co-A desidrogenase, melhorando as atividades enzimáticas dos complexos I e II da cadeia transportadora de elétrons na mitocôndria.
A riboflavina, assim como o ácido fólico, vitamina B12 e B6, também mostra efeitos redutores nas concentrações de homocisteína plasmática, um aminoácido não essencial que em excesso pode aumentar o risco cardiovascular. Mas parece que seus efeitos somente aparecem em casos de hiperhomocisteinemia mais graves, nos casos de mutação em homozigose para o polimorfismo C677T do gene da metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR).
Toxidade
Devido à sua baixa solubilidade e à limitada absorção do trato gastrintestinal, a B2 não tem toxidade por via oral significativa ou mensurável. Em doses parenterais extremamente altas (300-400 mg/kg peso corporal) pode haver cristalização da riboflavina nos rins devido à sua baixa solubilidade.
Segundo Hathcock, o NOAEL (no observed adverse effect level) é de 200 mg/dia, ao passo que o LOAEL (lowest observed adverse effect level) ainda não foi estabelecido. O UL (tolerable upper intake level) para a riboflavina não foi determinado por falta de dados sobre efeitos adversos.
Fontes
 	Leite, ovos, fígado, coração, músculo de boi e aves, e vegetais de folhas verdes, rim, levedura de cerveja, espinafre, berinjela, mandioca, cará, feijões, ervilhas, soja, lentilha, amendoim, grão-de-bico, cereais (trigo, arroz). Pêssego, pêra, ameixa, damasco, amêndoa. É facilmente destruída pelo componente ultravioleta da luz solar.

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