Buscar

Demência: Causas, Diagnóstico e Manifestações

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Demência
Demência ou declínio cognitivo não normativo pode ser causada por qualquer distúrbio que danifique permanentemente grandes áreas de associação dos hemisférios cerebrais ou de áreas subcorticais subservientes à memória e ao aprendizado.
A característica essencial da demência é comprometimento da memória de curto e de longo prazo, associado a déficit no raciocínio abstrato, comprometimento do julgamento e de outras funções corticais superiores ou alteração da personalidade. 
As causas mais comuns: doença de Alzheimer (DA), demência vascular (DV), demência frontotemporal, doença de Creutzfeldt-Jakob, síndrome de Wernicke-Korsakoff e coreia ou doença de Huntington. 
O diagnóstico tem por base:
- Avaliação do problema à apresentação
- História do indivíduo proporcionada por um informante (membro da família, geralmente)
- Exames físico e neurológico completos
- Avaliação dos estados cognitivo, comportamental e funcional
- Exames laboratoriais e de imagem (TC ou RM)
- Triagem para depressão, deficiência de vitamina B12 e hipotireoidismo 
Caso: Sr. Olegário está ficando muito esquecido, cada vez mais, e D. Nitinha (como é conhecida a D. Gersonita) não o deixa sair sozinho, com medo de que ele se perca e não se lembre do endereço onde mora. O paciente tem uma perda progressiva de memória. Demência subcortical: deterioração intelectual, prejuízo cognitivo, apatia e alterações motoras. 
Demência cortical: maior frequência de amnésia, acalculia, afasia, apraxia e agnosia. 
Doença de Alzheimer (DA): demência cortical
Principal causa da demência; apresenta curso clínico com início insidioso e deterioração progressiva.
Ocorre no meio ou no final da vida. 
Fisiopatologia: 
- Alterações neuropatológicas e em neurotransmissores. 
- Atrofia cortical aumento ventricular (hidrocefalia), devido a perda do tecido cerebral. 
- Perda de neurônios lobos parietal e temporal. 
- Microscopia: 
> Placas neuríticas (senis): manchas ou áreas planas compostas por emaranhados de terminais nervosos em degeneração organizados ao redor de um núcleo amiloide central.
> Emaranhados neurofibrilares: encontrados no citoplasma de neurônios anormais, consistem em proteínas fibrosas enroladas ao redor uma das outras em uma maneira helicoidal. São resistentes à degradação química ou enzimática e persistem no tecido cerebral bem depois que o neurônio que deu origem morreu e desapareceu. 
> Angiopatia amiloide
- Número de placas e emaranhados podem contribuir para a deterioração intelectual que ocorre na DA; nos pacientes com DA, as placas e emaranhados, a perda neuronal e a reação glial associadas são evidentes mais precocemente no córtex entorrinal, e se disseminam pela formação do hipocampo e isocórtex e se estendem para o neocórtex. 
- Quimicamente, a DA tem sido associada a diminuição da atividade da colina acetiltransferase (enzima) no córtex e hipocampo; essa enzima participa da síntese da acetilcolina, que é um neurotransmissor associado a memória. A enzima está associada a quantidade de placas neuríticas e a gravidade da demência.
- Fatores intensificadores dos riscos para o desenvolvimento de DA: traumatismos na cabeça, fatores inflamatórios e estresse oxidativo. 
Manifestações:
- Evolução insidiosa e progressiva; sobrevida média de 8 a 10 anos pós-diagnóstico. 
- Sintomas: perda de memória de curto prazo e negação da perda, com consequente desorientação, comprometimento do raciocínio abstrato, apraxias e alterações na personalidade e no afeto. 
- Foram identificados 7 estágios da doença, que se caracterizam por alterações degenerativas progressivas. 
> Estágio 1: sem comprometimento (função normal)
> Estágio 2: declínio cognitivo muito leve (podem ser alterações normais relacionadas com o envelhecimento ou evidência precoce de DA). 
 - O indivíduo pode apresentar lapsos de memória, esquecendo objetos de uso diário, porém esses problemas não são evidentes no exame clínico. 
> Estágio 3: declínio cognitivo leve (estágio inicial da DA)
 - O diagnóstico inicial vem quando pessoas próximas ao paciente começam a observar problemas: não achar a palavra adequada ou o nome, desempenho inadequado em ambientes sociais ou profissionais, perder ou guardar inadequadamente um objeto de valor e declínio da habilidade de planejamento e organização. 
> Estágio 4: declínio cognitivo moderado (DA branda ou em estágio inicial)
 - Deficiências claras no conhecimento de ocasiões recentes e eventos correntes, comprometimento da habilidade de realizar operações matemáticas, diminuição da capacidade de realizar tarefas complexas (pagar contas e administrar finanças, planejar um jantar), redução da memória da história pessoal, indivíduo parece retraído 
> Estágio 5: declínio cognitivo moderadamente grave (DA em estágio moderado ou mediano)
 - Lapsos importantes na memória e déficits na função cognitiva
> Estágio 6: declínio cognitivo grave (DA moderadamente grave ou em estágio mediano)
 - Dificuldades na memória se agravam e podem surgir alterações na personalidade.
> Estágio 7: declínio cognitivo muito grave (DA grave ou em estágio avançado)
 - Estágio terminal da doença: os indivíduos perdem a habilidade de responder ao meio, de falar e de controlar movimentos. A alteração inicial é sutil, com perda da memória de curto prazo, sendo difícil de diferenciar do esquecimento normal, que ocorre no idoso. Indivíduos com DA esquecem aleatoriamente detalhes importantes e não importantes. Esquecem onde as coisas são colocadas, perdem-se com facilidade e tem problemas em lembrar de compromissos e realizar novas tarefas. Pode ocorrer alterações leves de personalidade (perda da espontaneidade, retraimento social e perda do senso de humor pregresso). 
No estágio moderado, que pode durar anos, há comprometimento mais global da função cognitiva. Ocorrem alterações em funções corticais mais elevadas necessárias para a linguagem, relações espaciais e resolução de problemas. Pode ocorrer depressão. Há extrema confusão e desorientação, perda do discernimento e incapacidade de realizar as atividades da vida diária. Higiene pessoal é negligenciada, a linguagem é comprometida (dificuldade de relembrar e encontrar as palavras. Alterações comportamentais: agitação, problemas de sono, inquietação e perambulação, agressão e suspeita. Podem se tornar hostis e agressivas com membros da família. 
Doença Vascular (DV): demência cortical 
Segunda maior causa de demência. É causada por lesão cerebral decorrente de agressão isquêmica ou hemorrágica. A incidência está intimamente associada a hipertensão, arritmias, infarto do miocárdio, vasculopatia periférica, dislipidemias, diabetes mellitus, vasculite autoimune e infecciosa e tabagismo. O início do quadro é abrupto usual ocorre entre as idades de 55 e 70 anos e os homens são os mais afetados do que as mulheres. 
Os pacientes com DV tipicamente apresentam-se com síndrome demencial do tipo córticosubcortical, na qual os sintomas primários são de déficits nas funções executivas ou focais múltiplos. A apresentação clínica da DV depende da causa e localização do infarto cerebral.
Doença de grandes vasos leva comumente a múltiplos infartos corticais (com síndrome demencial cortical multifocal), enquanto uma doença de pequenos vasos, geralmente resultado de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito, causa isquemia da substância branca periventricular e infartos lacunares (com demência subcortical, alterações frontais, disfunção executiva, comprometimento de memória, prejuízo atencional, alterações depressivas, lentificação motora, sintomas parkinsonianos, distúrbios urinários e paralisia pseudobulbar).
Duas classificações têm sido usadas para o diagnóstico de DV, através de três elementos que são fundamentais: síndrome demencial, doença cerebrovascular e relação temporal razoável entre ambas. Os eventos mais frequentemente encontrados em DV são os seguintes: deterioração em “degraus”, ou seja, há períodos de piora progressiva a cada novacrise de insuficiência vascular cerebral, seguidos por estabilização das alterações cognitivas, curso flutuante, história prévia de HAS ou acidente vascular cerebral (AVC), além da presença de déficits neurológicos focais.

Outros materiais