Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Memória Disciplina: Processos Psicológicos I Psicologia Docente: Ruth Cabral 23/05/2017 Objetivos Conceituar Operacionalmente a Memória; Compreender os Três Níveis de Processamento da Memória; Compreender a Teoria Estrutural da memória; Entender a Correlação da Memória com outros Processos Psicológicos Básicos Aspectos Conceituais “Podemos afirmar que somos aquilo que recordamos, literalmente (...). O acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é, com que sejamos, cada um, um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico. Alguém poderia acrescentar àquela frase: “... e também somos o que resolvemos esquecer. Sem dúvida; mas não há como negar que isso já constitui um processo ativo, uma prática da memória: nosso cérebro ‘lembra’ quais são as memórias que não queremos ‘lembrar’, e esforça-se muitas vezes inconscientemente para fazê-lo.” (Izquierdo, 2002 p. 9) Da dificuldade de uma única definição Uma definição geral de memória é difícil, já que o processamento de informação não pode ser visto como um ato isolado, mas como dependente da percepção, influenciado pelas emoções e pela imaginação e situado em toda a sua sequência entre percepção e ação. Das tentativas de definição... Existem diversas conceituações de memória; com este termo nos referimos ao processo de armazenamento de informações adquiridas ontogeneticamente, que podem ser evocadas em qualquer momento, isto é, podem estar disponíveis para um comportamento relacionado ao contexto. Spear & Mueller (1984) apresentaram de forma condensada uma definição de memória: " É uma representação multi-dimensional de um episódio em um organismo (e não um processo)" (p.111). Memória “Memória é a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informações” • Aquisição equivale à aprendizagem; evocação à recordação, lembrança, recuperação • O termo é um rótulo para uma grande variedade de fenômenos! • As variedades do recordar são marcadas por diferenças gramaticais, fenomenológicas, psicológicas, e neurais. • Foster e Jelicic (1999): Discordâncias importantes sobre o que se quer dizer com “sistema de memória” e sobre a utilidade de taxonomias desses sistemas Para se chegar à memória é preciso aprendizagem, e para que haja aprendizagem é necessário o envolvimento da capacidade de perceber. A percepção, por sua vez, não requer apenas mecanismos de coerência, mas também mecanismos de memória, memória aqui também definida como um saber prévio consciente do objeto, que provoca uma modificação duradoura no aparelho neural. Pode ser demonstrada pelo reconhecimento de eventos ou fatos prévios e pela sua recordação (evocação). As lembranças podem ser permanentes ou não; no entanto, não estamos sempre conscientes delas. Funções da memória ou perspectiva procedimental (processamento da memória em três níveis) Memória- PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO Podemos identificar pelo menos três diferentes processos na memória humana: Codificação Armazenamento Recuperação Processos de Memória – As três operações A codificação refere-se ao modo como uma pessoa transforma a entrada de uma informação física e sensorial em uma espécie de representação que pode ser colocada na memória. O armazenamento refere-se à maneira como a pessoa mantém a informação codificada na memória. A recuperação refere-se ao modo como a pessoa obtém acesso à informação armazenada na memória. Estes processos interagem reciprocamente e são interdependentes. Codificação A codificação implica o processamento de estímulos complexos (tamanho, cor, textura, nomes, etc.) de forma a que a informação seja armazenada e, posteriormente, recuperada (output) e trabalhada.(Sprintahll & Sprinthall, 1993). A codificação deve reduzir e transformar a informação, retendo o material importante (por exemplo, as ideias principais de um texto) e eliminar o trivial (as palavras concretas das frases), para ser posteriormente utilizada (Potter, 1991, p. 4). Assim, a capacidade de recuperar uma informação depende do modo como ela foi codificada, i.e., a maneira como codificamos tem implicações na forma como nos lembramos. CODIFICAÇÃO A codificação é a primeira fase da memória que prepara as informações sensoriais para serem posteriormente armazenadas no cérebro. Baseia-se na tradução de dados num código, que pode ser acústico, visual ou semântico. Por exemplo: A afirmação «O mar é azul.», Pode-se codificar o seu conteúdo como: Uma imagem de sinais que são letras (código visual); Uma sequência de sons (código acústico); Tomar consciência do significado da afirmação e o que ela representa (código semântico) A codificação reporta-se à aprendizagem deliberada, ou seja, a aprendizagem que exige esforço e no qual o objetivo é memorizar a informação. Neste caso, temos de dedicar mais atenção às informações que desejamos memorizar o que leva a uma codificação mais profunda. Codificação O processamento superficial codifica sobretudo informação referente às características físicas dos estímulos como, por exemplo, ao tamanho das letras numa lista de palavras e produz, geralmente, uma aprendizagem mais lábil e sujeita ao esquecimento. O processamento profundo codifica a informação sobretudo através do significado dos estímulos como, por exemplo, numa lista de palavras estas serem analisadas em termos do seu significado, produzindo uma aprendizagem mais consistente e menos sujeita ao esquecimento. Depois de codificada a informação, a mesma vai ser armazenada. ARMAZENAMENTO O armazenamento de informação consiste no registro de informação sobre algo como por exemplo a última passagem de ano que celebramos. Como se dá o processo de armazenamento da memória? MEMÓRIA SENSORIAL MEMÓRIA A CURTO PRAZO MEMÓRIA A LONGO PRAZO Informação Memórias Sensoriais Vista (visual) Som (auditiva) Outras Memórias Sensitivas Perda de informação normalmente em 1 segundo - RECAPITULAÇÃO - RECAPITULAÇÃO ELABORADA (retém informação (transfere informação para a na memória a curto prazo) memória a longo prazo) Memória a curto Prazo Perda de informação Dentro de 15 a 25 segundos Memória a Longo Prazo MEMÓRIA SENSORIAL Retenção de sensações que impressionaram o organismo. A informação desaparece fácil e rapidamente neste tipo de memória. Impressões sensoriais: som, sensação ou imagem que duram apenas uma fracção de segundo. (Atua como uma fotografia instantânea que armazena informação.) Memória Sensorial-Motora É o tipo de memória responsável pelo processamento inicial da informação sensorial (feita pelos sentidos) e sua codificação. Duração de 0,1 a 0,5 segundos; A célula receptora recebe o estímulo que faz sinapse com a célula pós-sináptica continuamente, até chegar no córtex. cerebral onde o estímulo é codificado e armazenado nos buffers sensoriais; Informação armazenada neste tipo de memória é crua, sensorial e não tem sido analisada para algum significado; Se não for transferida para o próximo depósito de memória para ser analisada, será esquecida 23 Memória Sensorial-Motora Estímulos sensoriais Sinapses Córtex Cerebral Estímulo Codificado Armazenamento 0,1 a 0,5 segundos As células sensoriais ou sensitivas (presentes no nosso corpo e principalmente nos órgãos dos sentidos) recebem o estímulo e a partir daí fazem as sinapses. No momento em que o estímulo chega ao córtex cerebral, é codificado pela memória sensorial motora e armazenado nos buffers sensoriais. Esse processo leva de 0,1 segundo a 0,5 segundos, ou seja, é algo extremamente rápido e certamente é feito por axônios mielinizados, pra que o impulso chegue mais rápido. 24 MEMÓRIA A CURTO PRAZO Sistema de duração mediano entre a memória sensorial e a memória a longo prazo. Para que as informações passem da memória sensorial para a memória a curto prazo é preciso reter a atenção sobre elas momentaneamente e/ou interpretá-las. Não retém muita informação; Retenção temporária; Tem por função a transferência de experiências para a memória a longo prazo Memória de Curto Prazo É a memória responsável pelo segundo processo: retenção. Limitada Dura de 15 a 30 segundos A memória de curto prazo seria o segundo processo de memória. E está respectivamente associada a anterior. Se a informação sensorial codificada for relevante para a memória de curto prazo, ou seja, prestamos atenção a essa informação, ela passa para o processo de retenção da informação, processo esse que dura em cerca de 15 a 30 segundos. O armazenamento da memória de curto prazo é limitado, só conseguimos manter poucas informações nesse tipo de memória. 27 Gráfico de duração média da Memória de Curto Prazo MEMÓRIA LONGO PRAZO Retém muita informação durante muito tempo. Para transferir informação para a memória a longo prazo pode ser suficiente a repetição em alguns casos, mas normalmente é necessário um processamento profundo. Engloba diferentes módulos (ex. memória procedimental, declarativa, semântica, episódica). 29 Memória de Longo Prazo O terceiro processo ocorre nesse tipo de memória. Possui capacidade ilimitada de armazenamento. Formação de arquivo e consolidação. 5 a 10 minutos (consolidação mínima) e cerca de uma hora (consolidação forte). O processo de recuperação da memória ocorre na MLP, essa cuja capacidade de armazenamento é ilimitada e é a memória formadora de arquivos e a que os consolida. A consolidação e o tempo necessário para ela ocorrer podem ser provavelmente explicado pela repetição da memória de curto prazo que foi falada anteriormente, o que provoca mudanças físicas, químicas e anatômicas nas sinapses que responsáveis pela MLP. 30 Memória a Longo Prazo Memória EXPLÍCITA (DECLARATIVA) e Memória (IMPLICITA) não-declarativa Memória declarativa também pode ser designada por explícita ou memoria com registo, (implica a consciência do passado, levando a reportarmo-nos a acontecimentos, fatos e pessoas que conhecemos/ aconteceram no passado). Este tipo de memória reúne tudo o que podemos evocar/declarar por meio de palavras (daí o termo declarativa). Distinguem-se, neste tipo de memória, dois subsistemas: a memória episódica e a memória semântica; Recuperação A Recuperação refere-se ao ato pelo qual a informação armazenada é pesquisada e restituída. A informação deve então estar não apenas disponível mas também acessível, o que em sempre acontece. É o caso de termos o nome de alguém “na ponta da língua” (a informação existe e está disponível na memória mas nós não lhe temos acesso no momento em que precisamos). PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO O que é a RECUPERAÇÃO? Mecanismo pelo qual as recordações disponíveis se tornam acessíveis. (imediatamente recuperáveis) (potencialmente recuperáveis) PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO Segundo Peter Lindsay e Donald Norman: 1. Vemos se a informação existe; 2. Procuramos saber se é possível que tenhamos retido essa informação; 3. Procuramos saber qual vai ser a dificuldade do processo de Recuperação. PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO Para recuperar as informação recorre-se à Memória de Reconstrução: Decomposição de perguntas: Fragmentação; Conjecturas Lógicas. PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO No processo de recuperação devemos ter presente que: 1. Não é uma questão de “tudo ou nada”. 2. Um fenómeno esquecido pode ser recuperado se forem fornecidos indícios. (Eg. Freud – “Associação Livre”) PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO Esquecimento Motivado: pode resultar de uma retenção deficiente (e.g. recordações desagradáveis). Freud usou o termo RECALCAMENTO: tendência para evitar a lembrança de alguma coisa associada ao medo (ou ao desprezo). RECUPERAÇÃO DA MEMÓRIA DE LONGO PRAZO Pistas de Recuperação Memória Fotográfica Processos Construtivos da Memória Memória Autobiográfica O ESQUECIMENTO NA MEMÓRIA A LONGO PRAZO Deve-se a: 1. Falhas durante a Codificação (e.g.falta de atenção, inexactidão) 2. Falhas de Retenção (e.g. passar do tempo; informação semelhante) 3. Falhas de Recuperação . Informação posterior não permite recuperar a anterior, . Esquecimento motivado; MEDIDAS CORRENTES DA MEMÓRIA RECORDAÇÃO – recuperação de um fragmento da informação. RECONHECIMENTO – confronto perante um estímulo. É mais fácil reconhecer do que recordar. 42 MEDIDAS CORRENTES DA MEMÓRIA REAPRENDIZAGEM : utilizada quando não somos capazes de recordar algo que, no entanto, não está completamente esquecido. Aprendizagem e Memória estão muito interligadas já que, geralmente, um alto nível de aprendizagem favorece a retenção na memória. Todavia: . Aprendemos bem e retemos de modo deficiente; . Aprendemos mal e retemos eficazmente.
Compartilhar