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A solidariedade no Direito Civil

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Artigos 
Link: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1175/A-solidariedade-no-Direito-
Civil 
A solidariedade no Direito Civil 
É corriqueiro o uso das obrigações solidárias. Logo, faz-se mister dominar tal assunto. 
Pensando nisto abordo os principais pontos sobre o tema, esclarecendo assim muitas 
dúvidas acerca desta modalidade de obrigação. 
Por Raphael Passos Direito Civil | 07/jul/2003 
INTRODUÇÃO 
 
Sendo o Direito Civil um ramo jurídico em que predomina a autonomia da vontade, é 
enorme a liberdade negocial dada aos sujeitos de uma relação obrigacional. Usufruindo 
de tal liberdade, podem credores e devedores, sem nenhum óbice, estabelecerem a 
solidariedade em seus atos negociais. 
 
É certo que tal dispositivo tem origem no Direito Romano, no entanto, ”a fixação 
precisa de suas fontes históricas é tarefa por demais tormentosa” [1] 
 
 
AS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
De grande importância para o Direito Obrigacional, concorre nessa modalidade uma 
pluralidade de devedores e/ou credores, cada um obrigado a dívida toda ou com direito 
de exigi-la totalmente. Segundo ROBERTO DE RUGGIERO ela ocorre quando 
"verifica-se uma verdadeira e própria unidade da obrigação, não obstante a pluralidade 
dos sujeitos, quando a relação se constitua de modo que um dos vários credores tenha a 
faculdade de receber tudo, tal como se fosse o único credor, ou quando um dos vários 
devedores deva pagar tudo, como se fosse o único devedor" [2] 
 
Observa-se entre os sujeitos de um mesmo pólo dessas obrigações um intenso vinculo 
jurídico, originando algumas regras básicas: o devedor que cumprir a obrigação por 
inteiro tem o direito de exigir as cotas dos coobrigados; o credor adimplido deve 
repassar a cota correspondente aos demais; o pagamento de parte da dívida a reduz, 
favorecendo quem o efetuou e aproveitando aos demais até a concorrência da 
importância paga; o pagamento feito ou recebido, por um dos sujeitos, extingue a 
obrigação. 
 
Não se deve confundi-las com as obrigações in solidum. Estas são originadas de uma 
mesma causa, porém com prestações distintas. "Posto concorram vários devedores, os 
liames que os unem ao credor são totalmente distintos, embora decorram de único fato. 
Assim, se o proprietário de um veículo empresta-o a um amigo bêbado, e este vem a 
causar um acidente, surgirão obrigações distintas para ambos os agentes(o proprietário 
do bem e o condutor), sem que haja solidariedade entre eles" [3] Tratando-se de tal 
situação no pólo ativo, cada credor tem direito de exigir prestações diversas. Ocorrendo 
no pólo passivo, cada devedor é adstrito ao cumprimento de uma prestação. 
 
Vale pena ressaltar a impossibilidade de presunção da solidariedade no ordenamento 
jurídico brasileiro 
 
 
2. NATUREZA JURÍDICA DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
É grande a controvérsia sobre a natureza jurídica das obrigações solidárias. Destacam-se 
sobre o tema a Teoria da Unidade e a Teoria da Pluralidade. Esta sustenta a existência 
de tantos vínculos quantos fossem os credores ou devedores, unidos pela identidade da 
causa e do objeto. Para a primeira haveria no entanto um só vínculo. 
 
Mundialmente predomina a Teoria da Pluralidade. Todavia, no Brasil é notória a 
direção doutrinária à maior aceitação da Teoria da Unidade, direcionamento este de 
grande relevância nas relações jurídicas. 
 
 
3. SOLIDARIEDADE ATIVA 
 
Há a solidariedade no pólo ativo da obrigação, ou seja, entre os credores. Sendo 
adimplido um dos credores, este, devido ao vínculo interno existente, deverá repassar a 
cota correspondente aos demais. Estabelecendo-se a solidariedade ativa, o que na 
prática acontece é a transformação dos outros credores em possíveis devedores. Afinal, 
todos eles têm o direito de cobrar toda a prestação, logo, tendo algum deles recebido a 
prestação por inteiro, pode ele não querer ou não poder fazer a divisão entre os demais. 
 
Pontos cruciais do tema são: a morte de credor deixando herdeiros e a remissão de 
dívida por um dos credores. 
 
De acordo com o art. 270 CC-02, havendo a morte de um dos credores deixando 
herdeiros, cada um deles só poderá exigir o cumprimento da parte da dívida 
correspondente ao seu quinhão hereditário. Obviamente que tratando-se de uma 
obrigação indivisível poderá demandar toda a obrigação e repassar a parte dos demais. 
 
Sobre a outra situação supra citada, de acordo com o art. 272 do CC-02, se um dos 
credores perdoar a dívida, deverá ele responder perante os outros credores pagando-lhes 
as partes que os caiba. 
 
No estudo comparado ao código anterior, afirma PABLO STOLZE: "inovou o Novo 
Código Civil ao prever regras inéditas(sem correspondência com o Código de 16) 
atinentes à defesa do devedor e ao julgamento da lide assentada em solidariedade ativa." 
[4] As regras por ele referidas são as presentes nos arts. 273 e 274 do CC-02. O 
primeiro diz respeito à proibição do uso contra todos de defesa pessoal oponível a 
apenas um dos credores. Já o segundo dispositivo estabelece o não alcance aos demais 
de julgamento contrário a um dos credores e o aproveitamento do julgamento favorável 
a menos que se fundamente em defesa pessoal ao credor que o obteve. 
 
 
2 SOLIDARIEDADE PASSIVA 
 
Como a própria nomenclatura sugere, ocorre na solidariedade passiva justamente o 
oposto da solidariedade ativa: o vínculo jurídico entre os devedores. Por conseguinte, 
cada devedor fica adstrito a execução de toda obrigação e ao credor é dada a 
possibilidade de demandar a dívida por inteiro de qualquer dos devedores. A escolha 
fica a cargo do credor, podendo o mesmo demandá-los individual ou conjuntamente. 
Devido a essas peculiares características, as obrigações pactuadas com tal dispositivo 
proporcionam um alto grau de segurança para o credor, favorecendo então a sua 
disseminação e importância para o Direito das Obrigações. 
 
Assim como na solidariedade ativa, há também aqui alguns pontos crucias: morte de 
devedor deixando herdeiros, a remissão de dívida por um dos credores e a 
responsabilidade civil de cada devedor. 
 
Segundo o art. 276 do CC-02, ocorrendo o falecimento de um dos devedores solidários 
deixando herdeiros, cada qual responderá com a quota proporcional ao seu quinhão 
hereditário e todos serão considerados como um só devedor solidário. Obviamente que, 
tratando-se de uma obrigação indivisível, fica obrigado o herdeiro a cumprir com toda a 
obrigação se só for a ele possível. Vale a pena ressaltar que o valor da dívida 
correspondente a cada herdeiro não pode ultrapassar o já citado quinhão hereditário, 
haja vista que não é justo que alguém responda, com patrimônio pessoal, por obrigação 
que não contraiu. 
 
Acerca do segundo ponto de relevância, cabe advertir que se o credor perdoar a dívida a 
um dos devedores, o exonerado ainda continuará obrigado pela parte dos demais e estes, 
consequentemente, serão exonerados do pagamento da parte do devedor que obtivera o 
perdão. 
 
Não se pode deixar de tratar a responsabilidade civil de cada devedor perante à 
obrigação. Consoante o art. 279 do CC-02, tornando-se impossível a obrigação por 
culpa ou dolo de um dos devedores solidários, respondem todos com o equivalente a sua 
parte, todavia, pelas perdas e danos, somente responde o culpado. Não havendo culpa, 
segunda regra geral, resolve-se a obrigação. 
 
 
 
[1] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – Teoria Geral das Obrigações e dos 
Contratos. São Paulo: Atlas 2002, p. 130 
 
[2] DE RUGGIERO, Roberto, Instituições de Direito Civil, Campinas: Bookseller, 
1999, v. 3, p. 115. 
 
[3] GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Obrigações. SãoPaulo: Editora Saraiva, 2002, v. II, p. 77 
 
[4] GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Obrigações. São 
Paulo: Editora Saraiva, 2002, v. II, p. 80

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