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Bases Históricas do Capitalismo

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Bases Históricas do Capitalismo 
 
Alguns acontecimentos históricos coincidem com eventos que marcaram a economia; o início 
do capitalismo industrial acompanhou a mudança da Idade Moderna para a Idade 
Contemporânea e modificou todas as relações sociais nos últimos dois séculos e meio. O 
evento econômico que marcou a história e o início do estudo da economia como ciência foi a 
Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra em meados do Século XVIII. 
 
A relação capital X trabalho tal como é concebida hoje, passa a existir a partir de então. A 
produção industrial em larga escala, com o respectivo pagamento de salário é o fato novo que 
surge na sociedade, antes marcada pela total intervenção do Estado, trazendo consigo 
modificações, visto que isto implica em mais dois grupos sociais: o operariado assalariado e os 
capitalistas. Contudo, era preciso flexibilizar a relação entre o Estado e o capital para poder 
iniciar o novo modelo. 
 
O Liberalismo Econômico foi a forma encontrada para impulsionar o capitalismo industrial, com 
o Estado diminuindo seu poder, em função do crescimento do capitalismo, obtendo maior 
recolhimento de impostos. Desta forma, ganha o Estado e ganha a iniciativa privada. 
 
Quem perde? O trabalhador é claro! Que antes era livre do vínculo com o capitalista e agora 
depende de jornada de trabalho, produção, eficiência e obediência, deixando de ser o detentor 
de todas as etapas do processo produtivo, para ser apenas integrante de parte deste processo, 
vendendo sua força de trabalho em função de um sustento. Expropriado do seu meio de 
produção. No início, sem sindicatos, centrais sindicais e representações partidárias, a situação 
do trabalhador era infinitamente pior que a de hoje. É notório que o assalariamento sucedeu a 
escravidão, pois é muito mais produtivo pagar em função do que foi produzido, que “sustentar” 
mão-de-obra trabalhadora. 
 
Do livro “A História da Riqueza do Homem”, um diálogo para ilustrar a situação da nova classe 
operária: “Pergunta: Tem filhos. Resposta: Não. Tinha dois, mas estão mortos, graças a Deus! 
Pergunta: Expressa satisfação pela morte de seus filhos? Resposta: Sim. Agradeço a Deus 
por isso. Estou livre do peso de sustentá-los, e eles, pobres criaturas, estão livres dos 
problemas desta vida mortal". Da mesma obra ainda se extrai o texto:“Casas superlotadas, 
sujas e em mau estado, roupas esfarrapadas, e reclamações frequentes sobre a comida 
insatisfatória, tanto na quantidade como na qualidade, caracterizam os lares pesquisados. 
Crianças de menos de 16 anos trabalhavam em 96 das 129 famílias estudadas. Metade delas 
tinha menos de 12 anos. Trinta e quatro tinham oito anos e menos, e doze tinham menos de 
cinco anos. Distribuição das crianças empregadas, segundo a idade.” 
 
O direito do trabalhador é algo recente, em especial no Brasil; antes o poder do capital se 
sobrepunha muito mais ao do trabalhador. Do blog “Gerindo Pensamentos” é extraído o texto: 
 
“A divisão do trabalho é levada ao extremo, acelerada pela automatização das máquinas e por 
novas fontes de energia. A relação trabalho – capital torna-se impessoal e o operário vê-se 
distante da direção da empresa e dos destinos da mercadoria. Os donos das indústrias ficavam 
cada vez mais ricos. A mecanização do trabalho humano propiciou uma otimização do trabalho 
produtivo (melhoria e aumento da produção, lucro...). A industrialização trouxe progresso, 
benefícios, mecanizou o processo de produção, a acumulação. Mas havia a face cruel: 
problemas sociais, exploração, acidentes de trabalho, aumento da criminalidade, indigência. 
Não havia proteção à saúde e à segurança do trabalhador. O operário prestava serviços em 
condições insalubres, sujeito a incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações e 
desmoronamentos. Ocorriam muitos acidentes de trabalho, além de várias doenças 
decorrentes dos gases, da poeira, do trabalho em local encharcado, principalmente a 
tuberculose, a asma e a pneumonia.” 
 
As relações de trabalho e emprego, assim como o processo de urbanização, o aquecimento do 
planeta ou a ampliação das desigualdades tiveram início com a Revolução Industrial da 
Inglaterra e hoje, os seres viventes do Século XXI são herdeiros do capitalismo industrial. 
 
A economia como ciência evolui a partir daí. Contudo, não foi um processo simples. O estado, 
ávido pela arrecadação de impostos, despertou seu apetite voraz com a nova situação, na 
verdade, isto impedia o crescimento do capitalismo, pois a livre iniciativa se via frustrada em 
seu objetivo – o lucro. 
 
É aí que entra em cena o estudo da economia como ciência. Centenas de pensadores 
econômicos colaboraram e continuam colaborando para a manutenção desta ciência. Tais 
como: 
 Adam Smith: Considerado o precursor da economia como ciência, elabora a teoria do 
Liberalismo Econômico, onde o estado abriria mão de receita em função do lucro que 
teria com a arrecadação de impostos provenientes das fábricas e do novo contexto, 
pois os trabalhadores, agora assalariados teriam de comprar algo em algum lugar, o 
que faria com que a economia ficasse cada vez mais dinâmica. 
 
 Thomas Robert Malthus: Observando o crescimento populacional no meio urbano e a 
evasão do meio rural, Malthus afirma: “Enquanto a população cresce em progressão 
geométrica, a produção dos meios de sobrevivência cresce em progressão aritmética”. 
 
 John Maynard Keynes: Suas ideias serviram para influenciar a macroeconomia 
moderna; com as crises do capitalismo, após a década de 1930, Keynes idealizou que 
o estado poderia intervir na economia desta vez como investidor para que não 
houvesse uma estagnação total. Suas ideias sempre são utilizadas nas soluções das 
crises. 
 
 Karl Marx: Atuante em várias ciências sociais e seguido por uma grande massa de 
pensadores; para a economia, Marx elabora a ideia de que se o estado for proprietário 
de todos os meios de produção, a sociedade pode ser mais justa, livre das 
explorações do capital. Elaborou a Teoria da Mais Valia, para explicar a diferença entre 
o valor da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor 
do trabalho, que implica no lucro do capitalista. 
 
Impactos urbanos e sociais da Revolução Industrial 
 
A Revolução Industrial alterou gravemente as condições de existência da população, impondo-
lhe um crescimento geométrico acelerado, e isso superou os ritmos populacionais 
antecedentes de toda a história. 
 
Com o êxodo rural, houve um aumento no número de pessoas que moravam nas cidades, e 
por isso, o número de trabalhadores cresceu enquanto as vagas de emprego diminuíram. 
 
Não só o ritmo do crescimento demográfico foi alterado, mas também a densidade demográfica, 
ocasionando uma alteração na paisagem urbana, com fortes deslocamentos populacionais. 
 
Por sua vez, a cidade industrial surge como um lugar não civilizado. Os operários viviam em 
bairros sujos, não havia conforto. 
 
Todas as atividades domésticas eram realizadas no mesmo cômodo da casa: lavar a roupa, 
comer, dormir, cozinhar. Os banheiros se encontravam do lado de fora, constituídos de uma 
“casinha” com um buraco no chão, e eram compartilhados. 
 
O transporte público era caro demais para a renda dos operários, então todos eram obrigados 
a viver próximos à fábrica. Não havia saneamento, nem água tratada, e o esgoto corria a céu 
aberto, várias doenças como cólera, tinham vantagem na proliferação. Incidências de doenças 
como tuberculose também estavam aumentando consideravelmente. 
 
Outro ponto negativo na Revolução Industrial foi o baixo salário. Como boa parte do dinheiro 
recebido era usada para o pagamento dos altíssimos aluguéis de suas medíocres moradias, 
não sobrava o suficiente para a alimentação. Um dos únicos alimentos que nutria a população 
pobre era a batata. 
 
Diante do aborrecimento dos trabalhadores,a ausência de melhorias de condições de trabalho 
auxiliou no aumento da marginalidade, prostituição e alcoolismo. 
 
O infanticídio, a violência, a demência e o suicídio são outros tópicos que se relacionam com 
essa catástrofe social e econômica que os trabalhadores não conseguiam compreender. 
 
Foi a partir dessa época que um dos problemas mais frequentes dos dias de hoje aconteceu, a 
poluição. Com a industrialização, sua escala deixou de ser local para se tornar planetária. A 
Revolução Industrial ajudou na consolidação do capitalismo e com isso vieram as atitudes da 
indústria, que é a principal responsável pela emissão de poluentes.

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