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Tópicos em 
Ciências Sociais
Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Sivio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
5
Leia, atentamente, o conteúdo desta Unidade, que lhe possibilitará conhecer a importância 
do trabalho como centro de discussões em ciências sociais.
Você também encontrará, nesta Unidade, uma atividade composta por questões de múltipla 
escolha, relacionada com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar 
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em 
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
 · Conhecer os reflexos do capitalismo no mundo do trabalho por meio de 
uma análise histórica e perspectiva crítica.
Capitalismo e o Mundo do Trabalho
 · O Trabalho e a Vida Econômica
 · A Consolidação do Capital e o Impacto no Mundo do Trabalho
 · O que é trabalho?
 · A Divisão do Trabalho
 · O Taylorismo e o Fordismo
 · As Mulheres e o Trabalho
 · O Desemprego
 · O Declínio da Importância do Trabalho
6
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, vamos partir da música do grupo Legião Urbana: “Música de 
trabalho”. Para tanto, compartilharemos abaixo a letra dessa canção para que você reflita sobre 
a questão do trabalho, e, consequentemente, a importância que ele tem na vida das pessoas. 
Música de Trabalho
Legião Urbana
Sem trabalho eu não sou nada
Não tenho dignidade
Não sinto o meu valor
Não tenho identidade
Mas o que eu tenho
É só um emprego
E um salário miserável
Eu tenho o meu ofício
Que me cansa de verdade
Tem gente que não tem nada
E outros que tem mais do que precisam
Tem gente que não quer saber de trabalhar
Mas quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar pra casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
De todo o meu cansaço
Nossa vida não é boa
E nem podemos reclamar
Sei que existe injustiça
Eu sei o que acontece
Tenho medo da polícia
Eu sei o que acontece
Se você não segue as ordens
Se você não obedece
E não suporta o sofrimento
Está destinado a miséria
Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
Quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar pra casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
Do pouco que não temos
Quem sabe esquecer um pouco
De tudo que não sabemos
Disponível em: http://letras.mus.br/legiao-urbana/46956/. Acesso em 02/12/2014
Pergunte-se: 
Por que o trabalho é importante para a dignidade do cidadão?
O trabalho reflete a desigualdade social? Como?
Quais as principais queixas do trabalhador brasileiro?
http://letras.mus.br/legiao-urbana/46956/
7
O Trabalho e a Vida Econômica
Assim como em diversos aspectos da sociedade, o trabalho e a vida econômica conheceram 
diversas transformações aceleradas pelo capitalismo. Abordaremos adiante alguns tópicos 
principais como: a divisão do trabalho, a transformação do trabalho, as mulheres e o trabalho, o 
desemprego, a precarização do trabalho e o declínio da importância do trabalho, cujas análises 
são baseadas em estudos realizados por especialistas sobre esses temas.
A Consolidação do Capital e o Impacto no Mundo do Trabalho
Desde o século XVI, com a expansão das navegações e a reconfiguração geopolítica dada pelas 
colônias europeias na américa, Ásia e África, que o trabalho vem se adaptando à hegemonia do 
sistema econômico capitalista.
Na fase pré-colonial,o trabalho coletivo já era o pilar da produção de sociedades tribais. 
Com a expansão comercial e o surgimento de umaambiciosa burguesia, o trabalho, durante a 
colonização, se dará por meio da mão de obra escrava.
Na América Latina, por exemplo, as principais formas de trabalho existentes durante o período 
colonial desenvolveram-se entre os séculos XVI e XIX. De início, o índio concedia sua força de 
trabalho em troca de subsistência garantida pelos colonos ibéricos, num sistema chamado de 
encomiendas. O trabalho escravo voltava-se para a extração de metais preciosos como o ouro e 
a prata. Logo, não só metais preciosos, especiarias e produtos agrícolas eram controlados pelo 
comércio burguês europeu, como o tráfico humano passou a ser também um grande negócio.
Segundo Ricardo Antunes,
“Foi desse intercâmbio mercantil que surgiu o escravismo colonial, modalidade de 
trabalho que se desenvolveu tanto nos territórios dominados pelos colonizadores 
portugueses quanto nas áreas controladas pelos espanhóis – como o Caribe -, 
voltadas prioritariamente para a produção agrícola (a plantation) e o engenho 
produtor de açúcar, comercializado no mercado europeu.” (2011, p. 18).
Desta forma, foi a diversificação das atividades produtivas e a constituição de um mercado 
interno das promissoras colônias, que criaram as condições para, mais tarde, quando se 
tornassem independentes, fosse implantado o trabalho assalariado.
No final do século XVIII, na Europa, e início do século XIX, com a Revolução industrial, o 
mundo do trabalho passaria por profundas transformações. Desde então, as relações sociais, 
políticas e o sistema econômico se remodelaram à luz da sociedade capitalista, liberal e 
industrializada que influenciaria o mundo todo.
Com a proibição do tráfico de escravos no século XIX, a mão de obra passa a ser assalariada. 
Inicia-se um processo migratório de trabalhadores europeus que sonhavam com a possibilidade 
de possuírem propriedade privada e condições melhores de sobrevivência nos países que surgiam 
independentes de seus colonizadores.
8
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Pequena moenda portátil. Johann Rugendas, Século XIX.
Fonte: Johann Rugendas, Século XIX
As ex-colônias, desde então, passam a buscar meios de produção para alavancar suas economias, 
passando da monocultura de produtos como o café, no exemplo brasileiro, para o processo de 
industrialização que se tornará urgente, principalmente, nas primeiras décadas do século XX.
O século XX inicia-se tumultuado. Então,em 1914, explode a Primeira Guerra Mundial 
motivada pela competitividade de emergentes potências capitalistas europeias e os EUA. A 
Rússia, em 1917, realiza a revolução socialista, transformando-se na URSS. 
A primeira grande guerra terminará somente em 1918, deixando um rastro de milhares 
de mortos. Logo, os países caminham para uma reestruturação, produz-se em grande escala, 
estimula-se o consumo no mercado interno e agrava-se a competitividade no mercado de 
exportação. A alta e acelerada produção e o descompassado ritmo de consumo culminarão na 
mais grave e longa crise da história: a crise da bolsa de Nova Iorque de 1929. 
Desde então, com o trabalho assalariado, as relações sociais se darão dicotomicamente entre 
burgueses e proletários no território dos grandes centros urbanos que começam a proliferar em 
torno das fabricas.
Antes de discutirmos aqui tais transformações no mundo do trabalho acarretadas pela 
industrialização, vamos analisar a natureza do trabalho.
O que é trabalho?
Em todas as culturas, o trabalho é a base da economia. Além disso, é também a atividade que 
ocupa a maior parte da vida da maioria dos indivíduos.
Na maioria das vezes, associamos a palavra ‘trabalho’ à escravidão, ou seja, um conjunto 
de tarefas que pretendemos minimizar e escapar. No entanto, aquelas pessoas que não 
conseguem trabalho se veem completamente desorientadas e perdidas; portanto, trabalho 
é mais do que escravidão. 
9
Nas sociedades modernas, o trabalho, remunerado ou não, é o elemento estruturante na 
constituição psicológica e emocional das pessoas e no ciclo de seus relacionamentos sociais. 
Estar ou não trabalhando é elemento definidor de valor social nos dias de hoje.
Podemos definir trabalho como a realização das tarefas que dispendem esforço mental e 
físico, cujo objetivo é produzir bens e serviços para satisfazeras necessidades humanas. O 
trabalho deve ser recompensado, ora pela satisfação de produzir algo para si ou alguém, ora 
pela remuneração ou salário regular.
Os sistemas de produção pré-modernos, baseados sobretudo na agricultura, dependiam 
do trabalho da maioria das pessoas que habitavam o campo. No entanto, com a indústria 
moderna, só uma pequena parcela permaneceu no campo e o próprio cultivo da terra se 
tornou industrializado.
A indústria moderna se alimenta de uma constante transformação caracterizada pelo 
desenvolvimento tecnológico. Por tecnologia, entende-se o uso da ciência na invenção e 
desenvolvimento de máquinas para atingir maior produtividade (GIDDENS, 2004, pg. 378).
O avanço da ciência para o desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento 
alavancou a economia de empresas multinacionais e de países centrais como EUA, Inglaterra, 
França, Alemanha e Japão. Enquanto as grandes empresas cresciam como nunca, o trabalho foi 
sendo automatizado, ou seja, as máquinas foram, aos poucos, substituindo a mão de obra humana, 
acarretando desigualdades sociais, desemprego, enfraquecimento das organizações sindicais, greves 
e lutas trabalhistas que perduraram por todo o século XX, arrastando-se para o século XXI.
A Divisão do Trabalho
As sociedades tradicionais se organizavam para trabalhar em detrimento de suas necessidades 
de sobrevivência. Os ofícios eram herdados pelas gerações seguintes e não ultrapassavam mais de 
20 tipos de ocupação. Desde o oficio de ferreiro até os trabalhos domésticos, imaginemos que a 
forma singela de sustento de muitas famílias era proveniente de ocupações, em que as pessoas se 
especializavam durante muito tempo até adquirirem o domínio perfeito da técnica do ‘saber fazer’. 
Normalmente, o trabalhador executava todas as fases do processo de produção, do princípio 
ao fim. Com a produção industrial moderna, muitos dos ofícios tradicionais desapareceram, 
sendo substituídos por especialistas que operam parcialmente, dependendo do trabalho de 
outras pessoas para se chegar ao resultado final.
O que se quer chamar a atenção aqui é que o trabalho, antes realizado por um profundo 
conhecedor do assunto, quando substituído pelos modernos meios de produção, perde-se tal 
conhecimento que passa a ser dominado de forma fragmentada por um grupo de pessoas que 
formam uma equipe de trabalho.
10
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
É também importante ressaltar que o local de produção também inspirou mudanças. Se antes 
se trabalhava no núcleo de uma família, envolvendo praticamente a todos os membros no recinto 
de um lar, aos poucos, o trabalhador foi distanciando-se de casa para trabalhar para as indústrias, 
ou seja, as novas formas de produção alavancaram profundas mudanças estruturais na própria 
organização social, desde o núcleo familiar, contribuindo para a separação entre o trabalho e a casa.
As pessoas que foram procurar emprego nas fábricas seriam treinadas para executar uma tarefa 
específica em troca de um salário. O desempenho do trabalhador passa a ser, então, controlado 
pelos dirigentes das fábricas a fim de melhorar a produtividade e disciplinar o trabalhador.
No sistema moderno de trabalho, segundo recenseamento britânico, registrou-se mais de 
20.000 tipos de ocupações distintas. O contraste entre a divisão do trabalho nas sociedades 
tradicionais e nas sociedades modernas é verdadeiramente extraordinário.
Se as sociedades tradicionais eram autossuficientes, as sociedades modernas são caraterizadas 
pela interdependência econômica.
Isso quer dizer que as sociedades tradicionais eram capacitadas para produzir seus próprios 
alimentos, vestuário e demais bens essenciais, enquanto que a maioria das pessoas nas 
sociedades modernas não produz os alimentos de que precisa, nem as habitações, em que vive 
ou os bens materiais que consome.
Marx previa que o trabalho remunerado iria desembocar na alienação do trabalhador. Uma 
vez empregado, o trabalhador perderia o controle sobre seu trabalho desempenhando tarefas 
rotineiras, repetitivas e monótonas movidas pelo fetichismo da mercadoria, ou seja, pelo desejo 
do consumo, despojando o trabalhador de seu valor criativo.
Em Síntese
Sociedades tradicionais: são caracterizadas pelo envolvimento do grupo no objetivo de 
satisfazer as necessidades de todos. O trabalho é realizado para satisfazer as necessidades 
básicas de sobrevivência. O trabalhador é profundo conhecedor de suas técnicas e domina 
o seu trabalho.
Sociedades modernas: são caracterizadas pela fragmentação do grupo, em que 
o objetivo do trabalho está no recebimento de um salário. O trabalho é realizado 
para produzir e gerar lucro para as empresas sem, nem mesmo uma remuneração 
justa. O trabalhador é especialista em um tipo de trabalho e desconhece o todo, pois 
depende do trabalho dos demais para se chegar a um resultado final.
11
O Taylorismo e o Fordismo
Adam Smith em sua obra, A riqueza das nações, apresenta uma descrição da divisão do 
trabalho numa fábrica de alfinetes. O autor, um dos fundadores da economia moderna, analisa 
o cotidiano dos trabalhadores e compara: o trabalhador que produz alfinetes sozinho chegaria a 
produzir no máximo 20 alfinetes por dia, já o trabalhador que tem suas tarefas divididas 
com outros dez, efetuando trabalhos especializados, poderiam produzir juntos até 
48.000 alfinetes ao dia. Dessa forma, comprova-se que a divisão do trabalho aumentou a 
produção 240 vezes mais com o trabalho em conjunto em detrimento do trabalho solitário.
Mais tarde, Frederick W. Taylor aplicou a matemática de Smith aliada ao controle do tempo 
de produção. Assim, a divisão do trabalho + o tempo cronometrado, aumentaria em larga 
escala a produção e o lucro das empresas. Já o salário do trabalhador não modifica, quando 
muito fica defasado. Ainda que passasse a maior parte do tempo dentro de uma fábrica, o soldo 
de um operário mal dava para alimentar a família que, quase sempre, era bastante numerosa.
Já Henry Ford percebeu que a larga produção em série necessitava de mercados de massa.
Ford projetou, em 1908, sua primeira fábrica para produzir apenas um produto, o automóvel 
Ford modelo T. O que mais tarde ficou conhecido como fordismo, diz respeito à construção de uma 
linha de montagem móvel. Cada trabalhador tinha uma tarefa específica. Por exemplo, encaixar 
maçanetas das portas do lado esquerdo, enquanto o carro passava ao longo da linha de produção. 
O Ford T foi produzido até 1929 e chegou a ser fabricado mais de quinze milhões de carros.
Vejamos, no quadro abaixo, as principais características dos métodos de organização do trabalho:
Taylorismo Fordismo
 · Criado pelo americano Frederick 
Winslow Taylor.
 · Objetivo: atingir a máxima 
eficiência no processo produtivo com 
maior economia de tempo.
 · Consistia na sistematização e 
padronização do trabalho, definindo 
precisamente cada uma das etapas 
da produção a ser realizada no 
tempo cronometrado para elas.
 · Criado pelo americano Henry 
Ford.
 · Objetivo: fabricação na linha de 
montagem por meio do trabalho 
especializado.
 · Produção em larga escala para 
atender um mercado de consumo 
de massa.
O fordismo e o taylorismo adaptaram o trabalho humano ao da máquina, transformando o 
homem em uma engrenagem a mais que completa a linha de montagem. 
A permanência do operário na fábrica foi substituída pela rotatividade frequente. O modelo 
de Henry Ford foi fundamental à instalação de unidades de produção em diversas partes do 
mundo, onde a fabricação de mercadorias baseada na linha de montagem em etapas não 
exigia, em princípio, qualificação de boa parte da mão de obra.
12
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
O advento da produtividade, com a racionalização do trabalho proveniente do fordismo e do 
taylorismo, revelou-se surpreendente, satisfazendo os anseios e as necessidades das empresas 
capitalistas de aumentarem também os lucros.
As Mulheres e o Trabalho
As mulheres, durante muito tempo, ficavamencarregadas de administrar o lar. 
Com o desenvolvimento industrial e a modernização econômica, houve uma separação da 
vida no lar e no trabalho. Isso se deu pelo fato de que as empresas contratavam, preferencialmente, 
trabalhadores individuais e não famílias.
Mulheres trabalhando numa fábrica de armamentos durante a Primeira Guerra Mundial
Fonte: Horace Nicholls/Wikimedia Commons
Enquanto a grande maioria dos trabalhadores no 
início da revolução industrial era do sexo masculino, a 
participação das mulheres aumentou de forma contínua. 
De início, executando nas fábricas de tecelagem trabalhos 
especializados que exigiam habilidades femininas, as 
mulheres, com a delicadeza das mãos, dedos finos, 
podiam manusear melhor do que os homens as 
maquinarias da indústria têxtil, assim como também 
eram admitidas as crianças para trabalhar, muitas vezes, 
até 14 horas por dia a um salário muito inferior do que 
recebiam os homens.
Uma das maiores causas da entrada da mulher 
no mercado de trabalho foi a falta de mão de obra 
durante a Primeira Guerra Mundial. Enquanto os seus 
maridos e filhos iam à guerra, as mulheres substituíram 
o trabalhador masculino nas fábricas de praticamente 
todos os setores.
Com o fim da guerra, os homens ocuparam de novo 
esses empregos, mas já havia se quebrado o padrão estabelecido de trabalho masculino e a 
mulher, gradativamente, foi sendo absorvida como mão de obra pela indústria.
Nos anos que ocorreram a Segunda Guerra mundial, o quadro havia mudado drasticamente, 
as mulheres já eram 29% da força de trabalho na Grã-Bretanha.
Muitas foram as razões para o enfraquecimento da desigualdade entre os gêneros na atividade 
econômica. Além da necessidade da mão de obra feminina em momentos de guerra como citamos 
acima, houve também mudanças na natureza das tarefas tradicionalmente associadas às mulheres.
A mecanização de muitas tarefas domesticas ajudou a reduzir o volume de tempo necessário 
13
à manutenção do lar. Uma série de eletrodomésticos cada vez mais acessíveis ao consumidor de 
massa, tornaram menos pesada a carga de trabalho doméstico.
Outro fator que influenciou a consolidação do trabalho feminino na economia produtiva foi o 
fato de, cada vez mais, as mulheres terem menos filhos e mais tarde. A redução da família teve 
como consequência a diminuição do tempo que a mulher dedicava à família e os filhos.
O aumento do desemprego masculino e o custo de vida crescente durante todo o século XX, 
também, levaram a mulher ao trabalho para agregar renda à família. Muitas vezes, a mulher 
sustentava a casa, enquanto o marido desempregado ia em busca de trabalho.
Há uma série de fatores que, aos poucos, foram incorporando a mulher ao mercado de 
trabalho, como o desejo da mulher em realizar uma satisfação pessoal e concretização de sua 
vontade como ocorreu em peso a partir dos anos 60 e 70.
A vida independente da mulher não é hoje tabu, ainda que haja desigualdades em alguns 
setores quanto a salário e ocupação, essas barreiras foram decrescendo. Vale ressaltar que a 
consolidação da mulher no mercado de trabalho se deu gradativamente e de acordo com as 
circunstâncias históricas e, muitas vezes, por lutas sociais e a permanente busca de garantias 
legais para diminuir ainda mais as disparidades de salários e ocupações em algumas esferas.
O Desemprego
Até os anos trinta do século XX, o pleno emprego era parte do cenário das sociedades 
industrializadas ou em vias de industrialização. Aos poucos, as inovações tecnológicas foram 
substituindo o trabalhador pela máquina, ou seja, a automação do trabalho retirou do mercado 
e ainda o faz, milhares de postos de trabalho.
Fonte: iStock/Getty Images
Um outro fator que contribui para o aumento 
do desemprego é o alto custo do trabalhador, 
respaldado por legislações trabalhistas que, 
aos olhos dos capitalistas, oneram o custo de 
produção. As indústrias preferem investir em 
tecnologia para aumentar a produção e reduzir 
o custo. O trabalhador está ficando caro para 
as empresas e, quando podem, estas inovam 
seus meios de produção que, paulatinamente, 
substituem o trabalho humano.
Desde a crise de 1929, o desemprego tem 
sido um dos grandes fantasmas da estrutura de vida social e das economias.
Para John Maynard Keynes, o desemprego seria resultado da falta de poder de compra de 
bens de consumo, reduzindo a produção e, consequentemente, a procura de mão de obra. Para 
14
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Keynes, o estado deveria intervir na criação de novos postos de trabalho.
Segundo Giddens,
“O compromisso com o pleno emprego tornou-se parte da política governamental 
praticamente em todas as sociedades ocidentais. Até os anos 70, estas políticas 
pareciam ter sucesso, e o crescimento econômico foi mais ou menos continuo. 
Durante os anos 70 e 80, os índices de desemprego dispararam em muitos 
países, e o Keynesianismo foi abandonado, em grande parte, como meio de 
regulação econômica” (2004, pg. 410).
O neoliberalismo, implementado pelos governos Reagan nos EUA e Margaret Thatcher na 
Grã-Bretanha, dimensionou a economia à luz do livre mercado e das diretrizes dadas pelas 
grandes empresas aos rumos da economia. Do final dos anos 80 e durante os anos 90, o 
neoliberalismo trouxe uma política de privatização de empresas, redução de direitos trabalhistas, 
drástica redução de postos de trabalho e defasagem salarial.
Há uma série de estudos sobre os efeitos emocionais ocasionados pelo desemprego. Os 
indivíduos vivem um sentimento de choque, baixa estima, depressão e desvalorização social. 
O desempregado se sente humilhado nessa condição; portanto, sociedades que apresentam 
índices elevados de desemprego alavancam uma desestruturação social.
A Precarização do Trabalho 
A precarização do trabalho, a que nos referimos aqui, diz respeitoàs condições de 
trabalho decorrentes da economia de transição baseada na indústria para uma economia 
fundamentada nos serviços.
A tecnologia da informação foi fator também decorrente das mudanças no trabalho, ora 
reduzindo empregos, ora criando novas atividades de trabalho.
Segundo Anthony Giddens, os trabalhadores, em diversos tipos de ocupações, vivem hoje 
a precarização do trabalho, um sentimento de receio e incerteza a respeito da estabilidade no 
emprego e do futuro da sua posição e do seu papel no local de trabalho (2004, pg. 413).
A informatização fez com que muitos funcionários públicos, por exemplo, perdessem postos 
de trabalho. As crises econômicas, privatizações, fusões de empresas, alta competitividade, etc., 
agravaram o quadro.
São características da precarização do trabalho:
 · substituição de empregos por novas tecnologias;
 · mudanças constantes e fim da rotina no trabalho;
 · instabilidade no emprego;
 · insegurança no futuro profissional;
 · fusões de empresas e redução de postos de trabalho;
 · empregos precários para quem não tem qualificação; e
 · fim da ideia ‘de emprego para toda a vida’.
15
Fonte: iStock/Getty Images
A precarização do trabalho não é um fenômeno 
novo; no entanto, vem acontecendo em maior 
velocidade, principalmente, a partir dos anos 
80, e atingindo, também, um número maior de 
trabalhadores à medida que as empresas foram 
se reestruturando e se organizando de acordo 
com as demandas do mercado.
O Declínio da Importância do Trabalho
Há especialistas que afirmam que, no futuro, o trabalho assalariado terá um papel cada vez 
menos importante na vida das pessoas.
Ao contrário do que Marx observou a respeito de que no futuro cada vez mais pessoas 
pertenceriam à classe trabalhadora, conduzindo a sociedade a uma revolução que originaria 
uma sociedade mais humana, o que vem ocorrendo é redução de postos de trabalho na indústria, 
terceirização do trabalho e crescente desemprego. Em vez da classe trabalhadora tornar-se o 
maior grupo da sociedade, hoje, os trabalhadores manuais são minoria. As indústrias têm, cada 
vez mais, substituído postos de trabalho pela automação.
A expansão tecnológicatende a diminuir, ainda mais, os postos de emprego nos próximos 
anos agravando o quadro. 
Ainda que novas atividades profissionais surjam com as novas tecnologias, não alcançam o 
número de postos de trabalho daqueles que são substituídos pela máquina.
Para as empresas, é mais lucrativo investir em novas tecnologias e aprimorar a produção, 
ofertando produtos e serviços de qualidade, do que manter postos de trabalho, render-se à 
pressão do trabalhador por aumentos de salários, melhores condições de trabalho, jornada 
justa, etc., além de encargos trabalhistas e a submissão à legislação protecionista que as grandes 
empresas entendem estar sujeitas.
O desafio dos estados vem sendo minimizar os impactos da nova estrutura organizacional do 
trabalho, que, como vimos, vem reduzindo o número de empregos, porém a economia precisa 
ser estimulada pelo consumo. 
Como consumir sem renda? Essa é a grande questão e o grande desafio das economias e 
políticas governamentais quanto ao impacto neoliberal na sociedade globalizada.
16
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Considerações Finais
O trabalho é um dos temas centrais dos estudos em ciências sociais. Esta unidade apresentou 
o percurso do trabalho desde a escravidão durante o período de colonização até a automação 
e inovações tecnológicas dos dias atuais. 
Verificamos que o trabalho assalariado teve impulso no início do século XX com a 
industrialização e, aos poucos, incorporou a mulher ao mercado de trabalho, principalmente, 
pelas necessidades de mão de obra durante as Guerras. 
Além disso, a industrialização, modernização e a economia liberal capitalista exigiu a produção 
para o mercado de massa com os métodos taylorista e fordista. Logo, o trabalhador assalariado 
seria substituído pela automação. 
Assim, o neoliberalismo, com a privatização das empresas, estimulo à competitividade, 
terceirização do trabalho e enfraquecimento dos sindicatos, reestruturaria o sistema organizacional 
das corporações e o desemprego se agiganta como um fantasma que assombra os países do 
mundo todo no presente século.
17
Material Complementar
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, segue sugestão de leituras:
 
 Explore
 · Paul Singer – Globalização e desemprego 
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572440936. 
Acesso em 02/12/14.
 · Introdução à sociologia
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788508114740. 
Acesso em 02/12/14.
 · Até quando? Ensaios sobre dilemas da atualidade
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520426524. 
Acesso em 02/12/14.
 · Adam Smith – A mão invisível
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788563560698.
Acesso em 02/12/14.
Vale salientar que todas as sugestões propostas enriquecerão sua compreensão sobre o 
trabalho como tema de estudo em ciências sociais. Por isso, não deixe de acessá-las.
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572440936
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788508114740
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520426524
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788563560698
18
Unidade: Capitalismo e o Mundo do Trabalho
Referências
ANTUNES, Ricardo. O continente do labor. São Paulo: Boitempo, 2011.
CANCLINI, Nestor. A globalização imaginada. São Paulo: ILUMINURAS, 2003.
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2004.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Lisboa: Editorial da Fundação Caulouste Gulbenkian, 2004.
HARVEY, David. A Justiça social e a cidade. São Paulo: HUCITEC, 1980.
19
Anotações

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