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Psicologia, Organizações e trabalho no Brasil

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Psicologia, Organizações e trabalho no Brasil
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
O segundo capítulo do livro Psicologia, Organizações e trabalho no Brasil de uma forma geral analisa o termo organização através de diferentes conceitos. E dessa forma o capitulo se estrutura em três segmentos. O primeiro inclui os significados associados ao termo na linguagem cotidiana, onde apresenta um amplo, porém incompleto, painel de tentativas de conceituar organizações por diversos teóricos organizacionais. O segundo em mais detalhes, explana dois eixos sobre o debate da natureza da organização: a polaridade entidade versus processo e a polaridade cooperação versus conflito. O terceiro seleciona três importantes e atuais perspectivas teóricas no campo organizacional – cognitivista, culturalista e institucionalista.
Diante dessas questões, o primeiro passo do texto de forma sucinta é salientar a organização como um fenômeno presente no cotidiano e como a vida é afetada pelos processos que configuram e determinam a qualidade dos resultados organizacionais.
No que configura a parte sobre Organizações: Explorando definições no senso comum e no campo científico o autor, primeiramente, apresenta o conceito de organização encontrado no dicionário, na qual mostra diferentes significados. Dessa forma na ideia do autor “usamos o termo “organização” tanto para designar as ações de construir algo como para descrever as características ou qualidades desse algo construído”. (ZANELLI et al, 2004, p.75).
No que cabe o termo organização a partir de um olhar científico o autor mostra as definições a partir de autores clássicos e manuais. E dentro dessas definições há a pontuação da organização como um sistema racional e nesse sistema é apresentado quatro teorias, sendo elas: A Teoria da Administração Científica, de F.W. Taylor (tarefas e condições adequadas para os trabalhadores); A Teoria Administrativa, de H. Fayol (noção de organização como um sistema fechado e racionalmente estruturado); A Teoria da Burocracia, de M. Weber: (elementos que operam em conjunto e geram uma administração mais eficiente e efetiva); A Teoria do Comportamento Administrativo, de H. Simon: (esclarece como a e a formalização contribuem para o comportamento racional nas organizações). Diante dessas ideias “a atenção volta-se para os elementos internos da organização”. (ZANELLI et al, 2004, p.77).
Em outra perspectiva científica as organizações são agregadas as coletividades sociais, visto que não podem ser isoladas do contexto social a que pertencem. A diferença dessa perspectiva para a perspectiva da organização como sistema racional é apresentada a partir de dois pontos: Complexidade dos objetivos organizacionais e a Existência de uma “estrutura informal”.
Dessa forma para o autor a diferenciação está interligada aos pressupostos da natureza dos sistemas sociais, e para confirmar essa ideia faz a seguinte citação: “Enquanto a primeira é mais mecânica, a segunda é mais orgânica (ZANELLI, 2004 apud Scott; Davis, 2007).
A parte dedicada para Organização: Entidade (estrutura) versus Processo (ação) parte do princípio das correntes dos estudos organizacionais, pois existem duas correntes, sendo a primeira tem uma visão do homem que se associa a respostas mecanicistas, onde o homem e suas experiências são condicionadas pelo ambiente externo, e essas teorias são consideradas deterministas. Em contrapartida a visão do homem em um papel mais criativo, mais autônomo, enxergando-o como o criador de seu próprio ambiente. Nesse caso, são as teorias voluntaristas. E diante desses dois pontos de vista que se reflete sobre as visões de organização como entidades ou como processo.
Zanelli et al (2004) acrescenta que a tensão entre as noções de organização versus processo decorre outra: a prioridade que cada autor atribui aos indivíduos – sujeitos ou agentes – e à organização na qualidade de algo emergente de uma coletividade de pessoas, na determinação dos fenômenos organizacionais.
E nessa parte do texto é de suma importância a compreensão de três conceitos colocados, pois ao ser diferenciados nós podemos tomar como base o entendimento dos fenômenos organizacionais, sendo os conceitos colocados são os seguintes: organizar – organização – organizações.
Para explicar esses conceitos Zanelli et al (2004) coloca que o ponto de partida são as ações (processos) de organizar o trabalho, que é coletivo; logo, dividido e dependente de alguma coordenação ou integração. Dessas ações organizativas que ganham permanência no tempo surge a noção de organização (também uma ação que pode ser definida como atos de administrar, gerenciar). Por fim, coletivos organizados, com modos próprios de “organização” dos processos coletivos de trabalho, são nomeados de “organizações” e, portanto, substantivados, transformados em coisas, em entidades.
No item que avalia Organização: Cooperação (ordem, consenso, estabilidade versus Conflito (coerção, mudança) para os autores existe uma divergência, pois costuma-se enxergar as organizações mais como sistemas como sistemas de cooperação e consenso ou como sistemas competitivos, de conflitos e tensões.
E para confirmar essa colocação o autor traz um exemplo clássico que enfatiza a cooperação e o consenso, e nas palavras de Chester Barnard (1971):
São sempre as ações de pessoas, por palavras, olhares, gestos, movimentos, nunca objetos físicos, embora coisas possam ser usadas convenientemente como evidência da ação, como no caso da escrita [...]; coisas físicas são sempre uma parte do ambiente, uma parte do sistema cooperativo, mas nunca uma parte da organização. (ZANELLI, 2004, p.86 apud BARNARD, 1971, p. 96).
O sistema, pois, a que damos o nome de organização, é um sistema composto das atividades dos seres humanos. O que faz dessas atividades um sistema é o fato de os esforços de diferentes pessoas serem coordenados [...] (ZANELLI, 2004, p.86 apud BARNARD, 1971, p. 96).
Dessa forma para o autor é necessário considerar três características que distinguem uma organização: a cooperação, a adesão de seus membros com base em um propósito comum e a aptidão desses mesmos membros para a comunicação.
O último ponto de análise são as Perspectivas teóricas de análise conceitual das organizações, na qual o autor considera que existe múltiplos conceitos de organização, porém, seleciona três abordagens: cognitivista, culturalista e institucionalista.
Na visão cognitivista podemos usar a ideia de Simon, uma vez que “[...] cada indivíduo deve saber quais são as reações dos demais, a fim de determinar de maneira adequada as consequências de suas próprias ações [...]” (ZANELLI, 2004, p.90 apud SIMON, 1970, p. 73). Dessa forma para o autor, decisões são desencadeadas por estímulos, sendo o comportamento decorrente do hábito que poderá ocasionar um certo automatismo de respostas. O hábito irá desempenhar uma função ao comportamento planejado, e representa ajustamento, a uma adaptação previamente condicionada. E em uma perspectiva construcionista a investigação de um fenômeno prioriza a explicação dos processos por meio dos quais as pessoas descrevem, explicam e dão sentido ao mundo em que vivem.
A visão culturalista tem forte influência da antropologia, sendo que o conceito de cultura assume um papel central para o entendimento dessa visão nos processos organizacionais.
 Para Zanelli (2004) em uma perspectiva culturalista, as organizações são minis sociedades que têm seus próprios padrões distintos de cultura e subcultura. Esses padrões – de crenças ou significados compartilhados, fragmentados ou integrados –, apoiados em várias normas operacionais e rituais, podem exercer influências decisivas na habilidade total da organização de lidar com os desafios que enfrenta.
Na visão institucionalista a sociedade é uma rede, um tecido de instituições, organizações, estabelecimentos, agentes e práticas. O texto apresenta três pilares da estrutura das instituições que são: regulatório (responsável por regras formais e informais, de vigilância e sançãoque desperta comportamentos de medo/culpa ou de inocência/incorruptível), normativo (inclui tanto valores quanto normas que impõem restrições aos comportamentos sociais) e cultural-cognitivo (ênfase nas concepções compartilhadas constitutivas da natureza da realidade social e nos frames por meio dos quais significados são atribuídos). Para o autor a relevância dessa abordagem institucionalista das organizações é respaldada por sua crescente difusão nos mais diversos campos de estudo.
Logo, o capítulo Conceito e Perspectivas de Estudo das Organizações, podemos ter uma noção mais detalhada sobre as definições de organização que foi explanada desde o senso comum até o campo científico, na qual explorou conceitos nas visões propostas: cognitivista, culturalista, institucionalista e neo-institucionalista (abordagens francesa e anglo-saxônica), além dos autores apresentarem uma síntese das organizações como produto do trabalho humano.
Resenha: Psicologia, organizações e trabalho no Brasil
Universidade de Brasília
O livro Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil (Zanelli, Borges-Andrade & Bastos, 2004) é o produto da colaboração entre a experiência e o conhecimento de vários autores que pesquisam as organizações e o trabalho, nacional e internacionalmente. Desde a sua publicação, revela-se como um handbook essencial para a compreensão da história, do contexto, dos temas atuais e perspectivas da Psicologia Organizacional e do Trabalho em território nacional.
É importante ressaltar que as pesquisas acerca da categoria trabalho são fundamentais para o conhecimento e a transformação da realidade brasileira, na qual demandas sociais requerem a produção de conhecimentos científicos aplicáveis às organizações. Nesse sentido, a contribuição de profissionais com práticas e saberes nativos, que respondam às peculiaridades brasileiras, pode ser entendida como um compromisso ético.
Vale lembrar que a Psicologia Transcultural critica a Psicologia Organizacional e do Trabalho em razão da sua tendência a assumir o viés ocidental do corpus teórico e da metodologia das metrópoles econômicas (Bhagat, Kedia, Harveston & Triandis, 2002; Schaubroeck & Lam, 2002; Torres & Ferdman, no prelo; Van der Vijver & Leung, 2000), em especial estadunidenses, o que prejudica a fidedignidade das pesquisas, além de menosprezar a consistente base empírico-conceitual nacional caracterizada, como indicam Faria e Alencar (1996), por elevado grau de criatividade, apesar da exigüidade de recursos tecnológicos avançados e de suporte estrutural.
Foi meta dos autores de Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil reunir profissionais acadêmicos em torno do objetivo comum de viabilizar ações significativas, relevantes e auto-realizadoras. Desse modo, os capítulos foram articulados segundo temas cruciais relativos ao trabalho nas organizações. Uma breve descrição de alguns deles pretende demonstrar a importância do conjunto, constituindo-se em um incentivo à leitura e ao estudo da obra completa.
Em O Mundo do Trabalho, Borges e Yamamoto delineiam uma mito-história do trabalho, entendido pelos antigos romanos como tripalium, trabicula - um tipo de tortura - passando por Marx, que concebeu o valor intrínseco da intencionalidade no produto do trabalho humano. O modelo taylorista-fordista é criticado em função de seu esgotamento frente aos novos paradigmas laborais. Este capítulo configura-se como uma instigante introdução ao livro; ao movimentar-se habilmente através de referências literárias, históricas e filosóficas, analisando as dimensões do trabalho com profundo conhecimento e reflexão.
Conceito e Perspectivas de Estudo das Organizações, de Bastos e cols., separa as definições de organizações do senso comum das do campo científico, explorando a importância do conceito nas visões propostas: cognitivista, culturalista, institucionalista e neo-institucionalista (abordagens francesa e anglo-saxônica). As principais dimensões do conceito de organização são sintetizadas. Neste capítulo, os autores realizam uma elaborada síntese do que são as organizações como produtos do trabalho humano, o que deve ser levado em conta como um importante suporte teórico para a formulação de estratégias para as organizações contemporâneas, caracterizadas pela progressiva complexidade de sua dinâmica.
Com Aprendizagem Humana em Organizações de Trabalho, Abbad e Borges-Andrade definem aprendizagem e competências, aprofundando-se, a partir das teorias de aprendizagem, no detalhamento dos sistemas de classificação e hierarquização de resultados de aprendizagem, abordando, ainda, os domínios de aprendizagem de Bloom (cognitivo, afetivo e psicomotor) e as categorias de capacidades humanas treináveis de Gagné (habilidades intelectuais, informação verbal, estratégias cognitivas, habilidades motoras e atitudes). O capítulo reproduz, na sua própria estrutura, o tema que aborda, voltando-se para a modificação do comportamento do leitor e assinalando a importância da compreensão do fenômeno da aprendizagem para as organizações e as condições para a sua efetividade.
Em Saúde Mental e Trabalho, Codo e cols. apontam a indispensabilidade da Psicologia na explicação e intervenção sobre os fatores de saúde do trabalhador "invisíveis" à fisiologia e à bioquímica médicas. Esses fatores são ressaltados pelas particularidades dos casos, que se desdobram no contexto das teorias de estresse, psicodinâmica do trabalho e abordagem epidemiológica e/ou diagnóstica.
Socialização Organizacional, de Borges-Andrade e Albuquerque, disserta acerca do processo organizacional de aprendizagem da cultura, dos valores, dos objetivos, das estratégias de contato interpessoal – processo entendido de modo sistêmico. Tem-se a compreensão de que os resultados da socialização organizacional são paulatinamente construídos na co-responsabilidade entre os agentes envolvidos.
Poder nas Organizações, de Paz e cols., aborda o fenômeno do poder organizacional a partir das percepções preponderantes, das dimensões positivas e negativas de poder e dos marcos teóricos, enfocando os componentes das teorias contemporâneas (poder organizacional, poder grupal, poder individual, jogos políticos) e compreendendo o poder como componente da cultura organizacional. Como bem atestam os autores, o fenômeno do poder, por ser multifacetado, apresenta ambigüidades e contradições que problematizam sua definição e investigação e acabam por estimular a produção de várias teorias que constroem um panorama da questão.
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional, de Torres e Pérez-Nebra, propicia a discussão sistematizada do tema da diversidade cultural. Um modelo de compreensão e uma proposta de avaliação da diversidade organizacional são apresentados e analisados à luz de teorias transculturais de contato intergrupal. São igualmente exploradas as perspectivas do gerenciamento e das pesquisas em diversidade no Brasil. Uma das maiores contribuições do capítulo se deve a um fator externo, mas não alheio ao livro: a psicologia brasileira tem um potencial extraordinário, ainda não reconhecido, de produção de conhecimentos e técnicas sobre a diversidade cultural, porque se estabelece no bojo dos cinco séculos do melting pot brasileiro, cuja diversidade tem sido tão mal administrada ao longo de gerações de cidadãos condenados a estereótipos, discriminações e opressões. No Brasil, gerenciar adequadamente a diversidade cultural, mais do que uma questão de justiça, de aprendizagem ou de lucro, é uma questão de sobrevivência.
Inserção Profissional do Psicólogo em Organizações e no Trabalho, de Zanelli e Bastos contribui para o conhecimento dos focos de trabalho dos psicólogos organizacionais, na perspectiva histórica da construção de campos e sub-campos de atuação relevantes. O capítulo apresenta uma conclusão apropriada para se ter um enfoque contextualizado não apenas das demandas apresentadas ao psicólogo organizacional, mas igualmente do aproveitamento de suas práticas, que têm sido modificadas com o tempo, através da incorporaçãode novas intervenções e ampliação dos objetivos de determinados trabalhos.
Borges-Andrade e Zanelli, em Psicologia e Produção de Conhecimento em Organizações e Trabalho, identificam a conjuntura teórico-prática referente à produção científica de psicólogos. Tópicos de pesquisa são descritos e analisados por região geográfica e universidade. Descrevem-se, igualmente, os periódicos científicos brasileiros que publicam artigos em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Ao concluir o livro, os autores esboçam o futuro da ciência psicológica na conjuntura organizacional, evidenciando a importância da difusão dos conhecimentos gerados pelos resultados da pesquisa em Psicologia para a formação de profissionais capazes de desenvolver medidas e estratégias apropriadas para a solução dos problemas que surgem continuamente nas organizações de trabalho.
Em suma, ao buscar relevância social para o contexto brasileiro, a obra alcança uma adequação maior, em relação à conjuntura latino-americana, do que outras produções redigidas e voltadas para as nações em pleno desenvolvimento econômico. O surgimento desta coletânea vem suprir a carência de divulgação do conhecimento acumulado durante décadas pela Psicologia Organizacional no Brasil, que, ao reverberar na formação de futuros profissionais, promoverá avanços na práxis organizacional e contribuirá para uma sociedade mais justa.

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