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APS 2016 DANOS MORAIS TRABALHISTA

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UNIVERSIDADE PAULISTA – I.C.J. 
Campus Paraíso 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades Práticas Supervisionadas 
 
 
Trabalho de Atividades Práticas Supervisionadas, 
Sobre rescisão indireta e assédio moral, 
apresentado à Universidade  Paulista. 
 
 
 
Maria das Graças Freitas   
R.A. C18JCJ9            6P68 
UNIP/SP 
2016
Sumário: 
Intodução...........................................................................................................3
Rescisão Indireta...............................................................................................4
Parecer jurídico fundamentado.........................................................................5 
Os Princípios que regem o Direito do Trabalho.................................................8 
Assédio Moral..................................................................................................11
A Responsabilidade por Dano Moral...............................................................12 
Parecer jurídico Fundamentado......................................................................13 
Conclusão........................................................................................................15
Bibliografia.......................................................................................................16
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO:
Paulo Cleops tem 65 (sessenta e cinco) anos e é funcionário da expedição de mercadorias de uma empresa de transportes. Sua função principal é conferir as cargas que serão embarcadas nos caminhões e autorizar o carregamento e a saída do veículo. 
Recentemente a empresa passou por uma grande mudança organizacional, com implantação de sofisticado sistema de informática para controle de entrada e saída de cargas, entre outras possibilidades. Paulo passou a exercer suas tarefas com uso de palm top, equipamento eletrônico com o qual ele não se adaptou. A empresa então determinou que Paulo passasse a ocupar uma sala nos fundos da transportadora, sem ventilação e sem ar condicionado, tendo apenas uma pequena mesa, uma cadeira e sem nenhuma função destinada a ele. A orientação que recebeu é que deveria ficar na sala o dia inteiro, à disposição de quem o chamasse. Paulo trabalhou assim durante 6 (seis) meses, sem nunca ter sido chamado para realizar qualquer tarefa. 
Em um final de semana, conversando com seu sobrinho que é gerente de Recursos Humanos de uma empresa de vendas no varejo, Paulo ficou sabendo que poderia requerer a demissão indireta e ainda acrescer o pedido com indenização por danos decorrentes de assédio moral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rescisão Indireta: 
O autor Pantaleão ensina que: “A despedida indireta (rescisão indireta) se origina da falta grave praticada pelo empregador na relação de trabalho, prevista na legislação trabalhista como justo motivo para rompimento do vínculo empregatício por parte do empregado. 
 Estes motivos estão previstos no artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, os quais preveem esta possibilidade em razão do empregador não cumprir com as obrigações legais ou contratuais ajustadas entre as partes. 
 Os motivos que ensejam a justa causa do empregador prevista no artigo supracitado são os seguintes: 
Exigir do empregado serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; 
Tratar o empregado com rigor excessivo; 
Submeter o empregado a perigo manifesto de mal considerável; 
Deixar de cumprir as obrigações do contrato de trabalho; 
Praticar contra o empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; 
Ofender fisicamente o empregado ou pessoas de sua família, salvo em caso de legítima defesa própria ou de outrem; 
Reduzir unilateralmente o trabalho do empregado, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a sua remuneração. 
É importante lembrar que o empregador, na maioria das vezes, é representado por seus prepostos (Gerentes, Supervisores, Diretores, Presidentes e etc.) e que o ato praticado por estes frente aos empregados na relação do trabalho, uma vez enquadrado em um dos motivos previstos no artigo 483 da CLT, pode acarretar a despedida indireta. 
Portanto, cabe ao empregador orientar e fiscalizar a ação de seus prepostos de modo a evitar que estes possam cometer algum ato que configure a despedida indireta, sob pena de arcar com a esta responsabilidade”. Advogado Sérgio Ferreira Pantaleão. 
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/despedida_indireta.htm/ 2014. 
Entretanto, os termos dispostos na lei, “serviços superiores às suas forças”, devem ser interpretados de forma ampla, alcançando não somente a exigência física, mas também a intelectual. 
A interpretação ampla da lei é muito pertinente nos dias atuais, em que empresas, na busca violenta por resultados, acabam exigindo trabalhos superiores à capacidade mental do empregado, podendo gerar problemas relacionados à saúde, principalmente ligados à saúde mental, tais como: depressão, ansiedade, etc. 
Com relação à possibilidade de rescisão contratual na hipótese de serem exigidos trabalhos alheios ao contrato, é fácil constatarmos que essa é uma hipótese pouco conhecida, mas de grande importância, pois a situação é extremamente corriqueira. 
Para melhor compreensão, no caso de Paulo houve desvio de função. Fato de serviços alheios ao contrato, e o trabalhador pode pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho. 
Parecer jurídico fundamentado: 
 Quando o empregador não cumprir as obrigações do contrato. 
Como fundamentado neste artigo a Lei aponta claramente que a rescisão indireta pode ser decretada quando o empregador não cumprir as obrigações do contrato de trabalho, a lei fornece ampla possibilidade ao trabalhador, pois não determina especificamente quais as obrigações seriam passíveis de rescisão indireta; conforme impõe a “letra d do artigo 483 da Consolidação das Leis Trabalhistas C.L.T.diz, que o empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: alínea d, não cumprir o empregador as obrigações do contrato”.  
É certo que não podem se determinar todas as possibilidades, já que a relação de emprego pressupõe um contrato formal com muitas obrigações ao empregado, sendo que as passíveis de rescisão indireta são determinadas pela doutrina e, principalmente, pela jurisprudência. 
O que podemos verificar é que a intenção da lei é uma notória proteção ao trabalhador, pois possibilita ao empregado, no momento em que o empregador não cumpre com as obrigações pactuadas ou a que está obrigada em virtude de lei ou documento coletivo da categoria profissional respectiva, pleitear uma rescisão contratual com os pagamentos de todas as verbas rescisórias. 
Obviamente que outras situações específicas de descumprimento contratual podem gerar o direito à rescisão indireta do contrato de trabalho, devendo a Justiça analisar a situação caso a caso. 
Ao pretender a rescisão indireta, Paulo Cleops, está amparado na Decreto Lei 5452/43 da Consolidação das Leis do Trabalho no artigo 483, alínea d; e; § 1º; § 3º; podendo fazer uso de direito ao se afastar do trabalho. 
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: 
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;  
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;  
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço.  
§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)  
Por uma questão de lógica, é necessário deixar absolutamenteclaro que o trabalhador pode aplicar uma justa causa no empregador e resguardar seus direitos. Isso está na lei, apesar de, ainda, ser pouco conhecido entre os trabalhadores. 
Infelizmente é bastante comum ouvir lamento de empregados que eventualmente desejam rescindir o seu contrato de emprego devido a constantes descumprimentos de obrigações ou abusos do seu empregador. Entretanto, acabam pedindo demissão, abrindo mão desnecessariamente dos seus direitos, como, por exemplo, a possibilidade de sacar o saldo de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, existente. 
O fato é que o desconhecimento dos trabalhadores acaba beneficiando empregadores que estão descumprindo as normas relativas ao direito do trabalho, pois grande parte dos trabalhadores acaba, de certa forma, renunciando direitos pelo receio de acionar a Justiça e aplicar uma justa causa no seu empregador.  
No artigo 483 da CLT, existe um instituto denominado rescisão indireta, que deve ser utilizado pelo empregado quando da existência de descumprimento das obrigações básicas do empregador na constância do vínculo empregatício. 
A rescisão indireta do contrato de trabalho é um mecanismo manifestamente importante em nosso ordenamento jurídico, pois é considerado um trunfo dos trabalhadores contra empregadores que cometem ilegalidades. 
Apesar de ainda pouco acionada, muitas vezes por desconhecimento, cada vez mais a rescisão indireta é utilizada pelos trabalhadores quando os empregadores descumprem o contrato de trabalho, sendo essa modalidade de rescisão do contrato de trabalho. 
Vale ressaltar que, embora o instituto seja um mecanismo contra eventuais abusos do poder do empregador, a rescisão indireta deve ser utilizada de forma honesta pelos trabalhadores. 
A rescisão indireta não deve ser utilizada para gerar situações de conflitos na relação de emprego, e também não deve ser utilizada como forma de pressionar empresas a romper contratos de trabalho apenas por mera vontade do empregado. 
A lógica da rescisão indireta é criar uma igualdade entre as partes constantes do contrato de trabalho, atribuindo a justa causa como possibilidade punitiva contra empregados e a rescisão indireta contra empregadores. 
Esse instituto é popularmente conhecido como a justa causa aplicada ao empregador por descumprir a legislação trabalhista. Existe uma diferença fundamental entre a rescisão indireta (justa causa contra o empregador) e a típica justa causa (aplicada pelo empregador contra o trabalhador). A rescisão indireta deve ser declarada perante a Justiça, ou seja, deve ser aplicada por meio de pedido formulado ao Judiciário Trabalhista. 
A rescisão indireta permite ao trabalhador extinguir o contrato de trabalho com direito a verbas rescisórias semelhantes àquelas a que tem direito quando demitido sem justa causa. 
Mais especificamente, uma vez declarada a rescisão indireta (justa causa do empregador), o trabalhador terá direito a ter seu contrato rescindido e receberá as seguintes verbas: 
● saldo de salário; 
● aviso prévio; 
● 13º salário proporcional ao período trabalhado no ano; 
● férias simples e vencidas, acrescidas de 1/3, se for o caso; férias proporcionais acrescidas de 1/3; 
● levantamento do FGTS; 
● multa de 40% sobre o FGTS; 
● recebimento de guias para recebimento do seguro-desemprego. 
Podemos afirmar que, quando o empregado pleiteia seus direitos rescisórios na Justiça do Trabalho e estes são acatados, isto é, comprovados os fatos que determinam a rescisão indireta, ele terá direito ao recebimento do saldo existente no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ao eventual seguro-desemprego e às demais verbas correlatas à demissão sem justa causa. 
O instituto se apresenta para os trabalhadores como um importante mecanismo de defesa contra o abuso de empregadores que insistem em descumprir a legislação trabalhista vigente. 
O autor Pantaleão, diz: “Que o empregado que pleitear a despedida indireta, necessariamente terá que provar o ato grave e faltoso do empregador, seja por meio de provas documentais ou testemunhais. Uma vez comprovado, terá o direito a todas as verbas rescisórias como se fosse demitido sem justa causa”. Pantaleão, Sérgio Ferreira / 2014.  http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/despedida_indireta.htm 
Por isso, importante detalharmos as hipóteses previstas em lei que autorizam a declaração da rescisão contratual por rescisão indireta, conforme o artigo 483 da Consolidação das Leis Trabalhistas. 
  
 Os Princípios que regem o Direito do Trabalho:  
Autor(a) Cruz, Soraia S..Advogada,relata. ”O Direito do Trabalho é regido por vários princípios que garantem e amparam o hipossuficiente. Dentre eles merece destaque o princípio da proteção, cuja tutela influi em todos os segmentos do Direito Individual do Trabalho, e também, na própria perspectiva desse ramo ao construir-se e desenvolver-se como direito. "[...] Na verdade, pode-se afirmar que, sem a idéia protetivo-retificadora, o Direito Individual do Trabalho não se justificaria histórica e cientificamente". 
O princípio da proteção é consubstanciado na norma e na condição mais favorável, cujo fundamento se subsume a essência do Direito do Trabalho. Seu propósito consiste em tentar corrigir desigualdades, criando uma superioridade jurídica em favor do empregado, diante da sua condição de hipossuficiente. 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada. O princípio da norma mais favorável impõe ao operador do Direito do Trabalho optar pela regra mais favorável ao obreiro em três situações distintas: 
No instante de elaboração da regra (princípio orientador da ação legislativa, portanto) ou no contexto de confronto entre regras concorrentes (princípio orientador do processo de hierarquização de normas trabalhistas) ou, por fim, no contexto de interpretação das regras jurídicas (princípio orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista).  
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada: diz que o princípio da razoabilidade, como um dos princípios gerais do Direito, também pode ser aplicado no Direito do Trabalho, servindo para orientar o operador do direito, pois:  O juiz que há de decidir sobre todos os problemas que se lhe apresentam tem de criar ou descobrir as normas pertinentes para a solução dos novos casos surgidos para preencher as lacunas ou os vazios que inevitavelmente há nas regras legisladas. As regras legisladas nem mesmo quando aparecem como máximo grau de qualidade e predição, expressam a autêntica totalidade do Direito quanto às condutas que regulam; pelo contrário, a realidade da vida humana e, portanto, da existência social, é sempre concreta e particular. 
Ainda a autor(a) Cruz, Soraia S. Advogada. No caso de existência de confronto entre princípios, para conciliá-los, sugere-se a invocação do princípio da proporcionalidade deduzida do artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal, que tem sua base na justiça visando a conciliação de bens jurídicos protegidos pela Constituição. Este princípio está estritamente ligado à proteção dos direitos das pessoas e das liberdades individuais e coletivas. 
Por fim, vige em todo o ordenamento jurídico, inclusive no Direito do Trabalho, o princípio da dignidade da pessoa humana, que conforme afirma Bornholdt tem sido consagrado em diversas Constituições, e na quase totalidade daquelas concebidas após a 2ª Guerra Mundial. Evidencia o autor que dispõe esse princípio a propósito da consideração da pessoa humana enquanto valor supremo de qualquer ordem filosófica ou jurídica. E afirma que, na esteira do pensamento Kantiano, "impõe dever do homem ser considerado não como um meio para a realização de fins – por mais elevados que estes sejam -, mas sim com um fim em si mesmo". 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada “A cerca da dignidade da pessoa humana, Sarlet discorre que na qualidade de valor e princípio normativo constitucional que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais, exige e pressupõe o reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais de todas as dimensões ougerações. Se não reconhecem a pessoa humana os direitos fundamentais que lhe são inerentes, estarão, conseqüentemente negando-lhes a própria dignidade”. 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada; “Corroborando com a tese sobre a dignidade da pessoa humana, Barroso ensina que esta proclama um conjunto de valores civilizatórios incorporados ao patrimônio da humanidade. O conteúdo jurídico desse princípio está associado aos direitos fundamentais, envolvendo aspectos dos direitos individuais, políticos e sociais. E, que o "[...] núcleo material elementar é composto do mínimo existencial, linguagem que identifica o conjunto de bens e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da própria liberdade. [...]". Ainda, informa o autor, que aquém desse patamar, mesmo quando haja sobrevivência, não há dignidade”. 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada diz que; “A eficácia dos princípios mencionados está estribada na Constituição Federal, no Direito do trabalho e em todas as relações do plano externo do universo jurídico. Os princípios laborativos unem-se, como verificado, ao princípio esculpido na Carta Magna, qual seja: o princípio da dignidade da pessoa humana. Considerando-se este maior e mais abarcante que o trabalho, além de importante meio de realização e afirmação do ser humano”. 
Assim, do mesmo modo que o empregado pode ser despedido por justa causa por não cumprir as obrigações inerentes à prestação de serviço, pode o empregador ser responsável pela rescisão indireta do contrato de trabalho se não cumpre as obrigações originárias da retribuição devida e seus complementos. 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada ;”Justifica-se o entendimento visto que, se tratando de rescisão indireta, os requisitos da imediatidade da insurgência do trabalhador e do perdão tácito merecem substantivas adequações, pois: 
[...] é muito distinta a posição sociológica do obreiro no contrato, em contraponto aquela inerente ao empregador: afinal, este tem os decisivos poderes de direção, fiscalização e disciplinar, por meio dos quais subordina, licitamente, o empregado. Por isso, a imediaticidade na rescisão indireta tem de ser claramente atenuada, uma vez que a reação obreira tende a ser muito contingenciada por seu estado de subordinação e pela própria necessidade de preservar o vínculo, que lhe garante o sustento e de sua família”. 
Desse modo, decidiu recentemente o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região: 
 RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO - CRITÉRIO DA IMEDIATIDADE. No caso de ser o empregado a parte lesada, em virtude de infrações cometidas pelo empregador, o requisito da imediatidade deve ser analisado considerando-se a hipossuficiência do trabalhador que, não raras vezes, tem de se submeter a irregularidades perpetradas por não possuir outros meios de subsistência. Assim, é comum que apenas o transcurso do tempo imprima à falta patronal uma dimensão insuportável, inviabilizando a manutenção do vínculo empregatício pelo obreiro. Não se há falar, portanto, na imprescindibilidade do referido critério para o reconhecimento da justa causa patronal quando o ato resolutório do empregado é perpetrado nessas condições. “ 
Ainda autor (a) Cruz, Soraia S..Advogada diz que “o empregado é a parte lesada e, não raras vezes, tem de se submeter às irregularidades perpetradas pelo empregador, em face de não possuir outros meios de subsistência. Então o requisito da imediatidade deve ser analisado sob a ótica da hipossuficiência do trabalhador, ou seja, nada mais correto que a situação deva ser tratada como determina a máxima jurídica contida no princípio de que aos desiguais deve-se dar tratamento desigual”. 
Cruz, Soraia S..Advogada em Florianópolis (S.C.) Especialista em Direito do Trabalho e Preparação para a Magistratura do Trabalho pela Associação dos Magistrados do Trabalho da 12ª Região (AMATRA 12)./2008. 
https://jus.com.br/artigos/11628/a-possibilidade-de-rescisao-indireta-do-contrato-de-trabalho/ 2008. 
 
Assédio Moral Trabalhista: 
 Segundo o professor e autor Melo, o assédio moral, também chamado de terrorismo psicológico é um problema social relevante que tem merecido a preocupação dos médicos e psicólogos do trabalho e que, mais recentemente, ingressou no mundo jurídico brasileiro. Estudiosos do tema a partir da década de 70, sendo os primeiros estudos realizados por psicólogos ligados à área de trabalho. Importante pesquisa realizada pela médica do trabalho Margarida Barreto, em estudo realizado para sua tese de doutorado na PUC/SP, destacou vários aspectos relevantes quanto ao assédio moral, a renomada médica informa que o assédio moral provoca danos à identidade e à dignidade do trabalhador, aumenta a ocorrência de distúrbios mentais e psíquicos que se manifestam sob a forma de stress, hipertensão arterial, perda de memória, ganho de peso, dentre outros.   
Ainda o autor Melo, o assédio moral pode ser definido como sendo a situação imposta pelo empregador que visa ridicularizar o trabalhador, expondo-o de forma repetitiva e prolongada a situações humilhantes, constrangedoras durante a jornada de trabalho e nos exercícios de suas funções, praticadas com a finalidade de lhe subtrair a auto-estima e diminuir seu prestígio profissional, na tentativa de leva-lo a desistir do emprego. 
Ainda o autor Melo, o assédio moral, diferentemente do assédio sexual, tem motivação de caráter econômica, pois o empregador, não querendo mais o empregado em seus quadros, promove ações que se equiparam a torturas psicológicas, visando forçar sua demissão ou apressar o seu pedido de afastamento. 
 
A Responsabilidade por Dano Moral no Direito do Trabalho: 
O autor Menezes nos relata que "a moral individual é representada pela honra da pessoa, seu nome, boa fama, a sua auto-estima e o apreço de que goza perante terceiros. O dano moral atinge tanto a pessoa física como a jurídica . 
Discute-se em doutrina e jurisprudência, a tese sobre ser indenizável como dano moral aquele que tivesse reflexos patrimoniais. A constituição de 1988 encerrou a polêmica na esfera do Direito Civil, no seu artigo 5º, incisos V e X, a reparação por danos morais. 
Vários parâmetros são ministrados à aferição dos danos morais. Por exemplo, nos casos de ofensa à honra, o ofensor pagará o dobro da multa no grau máximo da pena criminal. A compensação do dano, não se pode perder de vista, fundamenta-se em uma idéia de punição civil ao infrator e em uma reparação pela afronta recebida. De maneira que a reparação será apurada levando-se em conta as condições econômicas, sociais e culturais de quem cometeu a falta.  
Ainda o autor,. A intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade da repercussão da ofensa e a posição do ofendido, a intensidade do dolo ou o grau de culpa do responsável, são elementos dignos de nota para o estabelecimento do quantum da compensação.  
É da competência da justiça do Trabalho para apreciação da demanda entre empregado e empregador. 
"A reparação pelo ato ilícito deve ser a mais completa possível, não representando óbice algum à pretensão laboral a tipificação de algumas indenizações na C.L.T. para específicas situações." ( Proc. TRT 4ª Região, Rel. Juiz Cláudio Armando Couce de Menezes, Revista LTr n. 04, vol. 58, 1994, págs. 391 e 466). Autor Menezes, p.159,160,164,165. 
Parecer jurídico fundamentado: 
Empregado que é confinado em uma sala, sem ser-lhe atribuída qualquer tarefa, por longo período, existindo grande repercussão em sua saúde, tendo em vistas os danos psíquicos por que passou (T.R.T. 17ª R. – RO 1142.2001.006.17.00.9 – Rel. Juiz José Carlos Rizk – DOES 15.09.2002). e) autor Melo, p. 93, ed. 2007 
Ainda o autor Melo, ao empregador é permitido de forma lícita, utilizar-se da prerrogativa legal de dispensar o empregado sem justa causa ou por justa causa, quando deseja interromper o contrato de trabalho, não lhe sendo permitido, contudo, pressionar, humilhar e repreender demasiado empregado, forçando-o ou constrangendo-o a tomar a iniciativa para o desfazimentodo vínculo. A adjetivação insultuosa e constante sofrida pelo empregado por parte de seu superior hierárquico ou permitida por ele (Súmula nº 341 do C. STF), consubstancia-se em assédio moral, ensejando a reparação do dano ante a humilhação sofrida (TRT 9ª R. – Proc. 07607-2003-011-09-00-6 – (18732-2005) – Rel. Juiz Ubirajara Carlos Mendes – DJPR 26.07.2005). p. 96; Melo; ed. 2007 
Quando o empregador praticar contra o empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama. Artigo 483, alínea e, Consolidação das Leis Trabalhistas e artigo 1º, inc. III, da Constituição Federal e também artigo 927 Código Civil. “Aquele que, por ato ilícito, (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.  Reparação a danos morais. 
Danos morais. O dano moral exige prova cabal e convincente da violação à imagem, a honra, a liberdade, ao nome etc., ou seja, ao patrimônio ideal do trabalhador. Prova que cabe à Paulo Cleops se incumbir. (CLT, art. 818 ). 
Considera-se também como motivo ensejador do rompimento do contrato de trabalho por parte do empregado quando o seu empregador, seus superiores hierárquicos ou seus prepostos praticarem atos lesivos à honra ou à boa fama do empregado ou seus familiares. 
Como bem sabemos, a pessoa deve ser considerada individualmente como sujeito de direitos e créditos, como também deve ser considerada no meio social, uma vez que o homem só se completa se estiverem presentes todas as dimensões, sendo elas: a ética, a política, a religião, a ciência, a economia e a arte, de maneira harmônica, interativa e interdisciplinar. Por sua vez, a autorização dada pela lei para a decretação da rescisão indireta nasce do princípio da dignidade humana que tem valor único e individual e jamais poderá ser sacrificada, inclusive e principalmente no contrato de trabalho. 
Nessa discussão, necessário descrevermos o artigo 1o, Inciso III da Constituição Federal: 
Artigo. 1º da Constituição Federal: A República Federativa do Brasil, formada pela União Indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III- A dignidade da pessoa humana.  
Nota-se que a inclusão da dignidade humana no texto constitucional comprova a importância concedida ao homem na sociedade moderna, e a Justiça do Trabalho tem o dever de aplicar à sua especialidade tal princípio como norteador de todas as decisões judiciais. 
A relação de poder de direção do empregador jamais pode ser confundida com excessos que violem a dignidade humana do trabalhador, ressaltando que a lei coloca a possibilidade clara de rescindir o contrato de trabalho em situações de excessos ou arbitrariedades. 
Por isso, quaisquer atos lesivos à honra ou à boa fama, os atos de calúnia, injúria ou difamação do empregador contra o empregado não merecem ser tolerados, pois vivemos em um Estado democrático que protege a dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
 
Conclusões: 
"Em atenção à Constituição Federal e às regras e princípios do Direito do Trabalho, responde por dano moral, aquele que viola o patrimônio corpóreo e incorpóreo de outrem e compete à Justiça do Trabalho, julgar as pretensões relativas à reparação patrimonial e as indenizações não tipificadas na C.L.T., E Por danos morais em relação de emprego e aos dissídios dela consequentes". Autor Menezes. P. 167. 
A empresa colocou Paulo trabalhando em uma sala sem ventilação e sem  ar condicionado, à disposição da empresa, mas durante 6 meses, nunca foi chamado para qualquer tarefa, colocando em uma situação extremamente humilhante, como se fosse um objeto qualquer, que não tem nenhuma utilidade, um João ninguém, ferindo sua honra, a sua dignidade como pessoa humana, sua capacidade intelectual, pois Paulo não se adaptou àquele trabalho informatizado, mas com treinamento fornecido pela empresa, Paulo poderia aprender este trabalho ou outro trabalho, desde que  não fere a sua honra e dignidade, com os mesmos salários logicamente ou até mesmo dispensá-lo sem justa causa se for o caso e ou até mesmo Paulo entrar com pedido de aposentadoria, observando que já tem 65 anos de idade se ele quiser é claro, mas ao invés de dar o treinamento, a empresa preferiu deixar Paulo isolado e constrangendo a humilhação perante seus colegas de trabalho, fere a sua honra, assédio moral, a sua dignidade como pessoa humana, sua capacidade intelectual, e porque não, até atingindo sua saúde mental,  levando-o à depressão. Com certeza com essa atitude da empresa deixando Paulo isolado, como se fosse uma punição, injusta e degradante, para que ele pedisse sua demissão ou adiantasse a sua aposentadoria, forçosamente, já que Paulo tem 65 anos. 
No caso de Paulo, a Lei o ampara nos termos dos artigos 483 e 477 Consolidação das Leis Trabalhistas; e quanto a indenização de assédio moral, nos artigos 1º, III da Constituição federal e artigo 927 do Código Civil; de acordo com o artigo 818 da Consolidação das Leis Trabalhistas.   
 
Bibliografia: 
Autor: Gilberto Figueiredo Vassole 
Fonte: www.saberalei.com.br 
http://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/125348209/recurso-ordinario-ro-664420115020056-sp-000006644201150200 
http://ramosprev.jusbrasil.com.br/artigos/221837844/hipoteses-de-rescisao-indireta-do-contrato-de-tr 
 Pantaleão, Sérgio Ferreira. Advogado. Fonte atualizado em 2014. 
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/despedida_indireta.htm /2014. 
VADE MECUM 2016 
MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Trabalhista; Doutrina e Jurisprudência.- São Paulo: Ed. Atlas S.A., 2007.  
Cruz, Soraia S..Advogada em Florianópolis (S.C.) Especialista em Direito do Trabalho e Preparação para a Magistratura do Trabalho pela Associação dos Magistrados do Trabalho da 12ª Região (AMATRA 12)./2008. 
https://jus.com.br/artigos/11628/a-possibilidade-de-rescisao-indireta-do-contrato-de-trabalho/2008. 
Menezes, Cláudio Armando Couce. Juiz do Trabalho da 17ª Região; Direito Processual do Trabalho .Editora LTr.LTDA. SP/ 1996.

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