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Processos Proliferativos Não Neoplásicos

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PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 
 
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PROCESSOS PROLIFERATIVOS NÃO NEOPLÁSICOS: 
 
Hiperplasia Fibrosa 
A hiperplasia fibrosa (HF) é uma resposta proliferativa da mucosa bucal a trauma, com formação 
excessiva de epitélio e conjuntivo fibroso, que se projeta de forma pediculada ou séssil para a 
cavidade bucal. Ulcerações são comuns nas hiperplasias, visto que são causadas por traumas. São as 
lesões mais freqüentes da mucosa bucal, felizmente não evoluindo para neoplasias. Dependendo das 
características microscópicas pode ser classificada microscopicamente em inflamatória e/ou ulcerada. 
 
HF provocada por prótese: 
A causa mais comum de HF é o trauma por prótese, principalmente dentaduras mal adaptadas. 
Ocorre geralmente nos rebordos alveolares, tanto na maxila quanto na mandíbula, na forma de 
projeções ou pregas fibrosas lineares, formando às vezes várias camadas adjacentes. A 
sintomatologia depende da intensidade do trauma e presença de ulcerações. 
 Microscopicamente correspondem a extensas áreas de mucosa formada de epitélio 
estratificado, com áreas de acantose, atrofia e ulceração. O conjuntivo é fibroso e na região 
subepitelial pode haver acúmulo de células inflamatórias, geralmente linfócitos e plasmócitos. 
 O tratamento é a remoção cirúrgica, eliminando-se também o trauma com confecção ou não 
de nova prótese, para evitar-se recidivas. 
 
HF por câmara de sucção (Hiperplasia Papilar): 
Antigamente eram comum confeccionar uma câmara de sucção circular ou em forma de coração no 
centro da superfície da prótese superior em contato com o palato, para aumentar a fixação da 
dentadura. A câmara estimula a proliferação da mucosa para preencher o espaço entre o palato e a 
prótese, tendo portanto a forma e o volume da câmara. 
Geralmente não causa sintomatologia, não necessitando tratamento. Entretanto pode ser removida 
cirurgicamente ou com o preenchimento gradativo da câmara com pasta zinco-enólica, resina ou 
godiva de baixa fusão. 
 
HF focal ( pólipo fibro epitelial, HF não provocada por prótese): 
A HF focal é menos extensa e mais localizada, com cerca de 1-2 cm de diâmetro. É comum na 
mucosa jugal, língua e lábio inferior, podendo ser pediculada ou séssil. É causada por trauma, mas 
nem sempre a irritação é determinada, mas podendo ser devida a hábitos de sucção da mucosa ou 
presença de dentes fraturados. 
Alguns autores ainda usam o termo fibroma quando a lesão é nodular, entretanto verdadeiros 
fibromas são raros na mucosa bucal, ocorrendo mais freqüentemente na pele. Alguns tumores 
odontogênicos são chamados de fibromas (fibroma cementificante). 
Obs.: Hiperplasias gengivais inflamatórias, medicamentosas, hereditárias e tumorais serão estudadas 
na Disciplina de Patologia Periodontal. 
 
Granuloma Piogênico 
O granuloma piogênico é um tecido de granulação hiperplásico, correspondendo a reação excessiva a 
trauma ou irritação crônica. Pode ser encontrado em qualquer área da mucosa bucal passível de 
trauma, como língua, lábio inferior e mucosa jugal. A gengiva interdental vestibular é o local mais 
freqüente, devido a presença de placa e espaço que permite o crescimento do tecido de granulação. 
Não causa reabsorção óssea. 
 O aspecto clínico típico é a formação de massa exofítica, nodular, mole, superfície irregular, 
avermelhada, que sangra facilmente, e geralmente ulcerada por trauma secundário. A superfície 
ulcerada é recoberta por membrana fibrino-purulenta. As lesões podem ser pediculadas ou sésseis, 
com 0,5-1cm de diâmetro. Podem ser encontradas em qualquer idade, em ambos os sexos, com 
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 
 
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ligeira predileção pelas mulheres. Durante a gravidez há aumento na incidência dos granulomas 
piogênicos, provavelmente devido a má higiene bucal e aos efeitos dos estrógenos. São chamados de 
granulomas gravídicos. 
 Microscopicamente são formados por numerosos vasos de paredes delgadas, com variada 
quantidade de células inflamatórias, principalmente neutrófilos, e a densidade do estroma fibroso é 
maior nas áreas mais profundas. A superfície freqüentemente está ulcerada, e nestes casos a 
inflamação é mais intensa. O termo piogênico é usado provavelmente pela presença de neutrófilos, 
não havendo entretanto a formação de pus. Se não houver ulceração, a quantidade de células 
inflamatórias é pequena ou mesmo ausente, predominando vasos e fibras. 
 O tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de eliminar o fator 
irritante, para evitar-se recidivas. O granuloma gravídico pode regredir após o parto, principalmente 
com boa higienização. 
Granuloma pós-extração: após a extração dental pode-se formar no alvéolo um granuloma piogênico, 
devido a presença de corpo estranho ou seqüestro ósseo. 
Granuloma de fístula: formação de tecido de granulação (granuloma piogênico) na saída de trajeto 
fistuloso. 
 
Lesões de Células Gigantes 
Caracteriza-se pela presença de grande quantidade de células gigantes, geralmente associadas a vasos 
sangüíneos. Na boca, exceto em raríssimas exceções é sempre de natureza benigna. Em ossos longos 
pode ser maligna, sendo chamado de Tumor de Células Gigantes. Corresponde provavelmente a 
processo reativo. Na boca é classificado em periférico e central. 
 
Lesão Periférica de Células Gigantes (LPCG): 
 Clinicamente apresenta-se como nódulo séssil ou pediculado, avermelhado, às vezes com 
ulceração, com cerca de 1cm de diâmetro, exclusivamente na gengiva e rebordo alveolar de incisivos 
e pre-molares, ou seja áreas de dentes decíduos. Pode causar erosão da superfície óssea, em forma de 
“taça”. A presença na gengiva e rebordo alveolar, sugere a origem de osteoclastos do ligamento 
periodontal ou periósteo. 
 Microscopicamente destacam-se as células multinucleadas, com 10-20 núcleos,. Há também 
grande número de vasos, muitos com células multinucleadas associadas ao endotélio. O estroma tem 
células fusiformes (fibroblastos?), fibrilas, áreas hemorrágicas recentes e antigas, com evidente 
presença de hemossiderina. Não há cápsula, e eventualmente encontram-se trabéculas ósseas. Se não 
houver ulceração, a lesão está separada do epitélio por zona normal. 
 O tratamento é cirúrgico, podendo ocorrer recidiva. Deve-se sempre descartar a possibilidade 
de ser uma lesão central. 
 
Lesão Central de Células Gigantes (LCCG): 
 Microscopicamente é semelhante a LPCG, apenas intra-óssea. Pode mostrar áreas de 
calcificação distrófica ou metaplásica. Ocorre nas áreas de suporte dos dentes, mais freqüentemente 
na mandíbula, em crianças e adultos jovens (10-25 anos), do sexo feminino. Geralmente é achado 
radiográfico casual, mas em casos de crescimento rápido provoca dor, parestesia, mobilidade 
dentária, assimetria facial e eventualmente exteriorização, como se fosse uma LPCG. 
 Radiograficamente mostra áreas radiolúcidas, com limites mal definidos. É comum o 
deslocamento dos dentes envolvidos e reabsorção das raízes. Radiograficamente pode ser confundido 
com várias lesões. 
 O tratamento é cirúrgico, por vigorosa curetagem. Recorrência é comum. É importante 
considerar a possibilidade de hiperparatireoidismo, principalmente em pacientes adultos. 
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Mucocele 
 Mucocele é uma denominação clínica dada a duas lesões com patogenia e características 
histológicas distintas que podem ocorrer em glândulas salivares menores: (1) fenômeno de 
extravasamento de muco e (2) cisto de retenção de muco. 
 
Fenômeno de extravasamento de muco: 
 Etiologia: O fenômeno de extravasamento de muco é causado pela ruptura do ducto de glândula 
salivar menor, geralmente provocada por trauma mecânico, como mordidas e quedas. Com a ruptura do 
ducto, a secreção salivar passa a ser despejada diretamente no tecido conjuntivo,induzindo uma resposta 
inflamatória aguda e difusa com neutrófilos, linfócitos e, principalmente, macrófagos (mucífagos). 
Posteriormente o muco extravasado fica envolvido por tecido de granulação e cápsula fibrosa, 
conferindo-lhe as características de pseudocisto. 
 Aspectos clínicos: O lábio inferior é o sítio mais freqüente de ocorrência do fenômeno de 
extravasamento de muco, seguido do ventre da língua, entretanto pode ser encontrado em qualquer outra 
região da cavidade bucal que contenha glândula salivar menor. As lesões são indolores, com superfície 
regular podendo apresentar coloração azulada se forem superficiais ou coloração normal se forem 
profundas. Provocam aumento de volume na mucosa de consistência flácida que pode atingir até vários 
centímetros de diâmetro. Acometem principalmente crianças e adolescentes. 
 Aspectos microscópicos: Histologicamente nota-se um epitélio de revestimento delgado e o 
conjuntivo apresentando cavidade contendo material mucóide circundado por tecido fibroso comprimido 
e tecido de granulação. O processo inicialmente é mais difuso, com infiltrado inflamatório composto por 
neutrófilos, macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Em processos mais crônicos, os macrófagos que 
recobrem a luz podem ser confundidos com células epiteliais. 
 Tratamento: O tratamento é a remoção cirúrgica, incluindo a glândula salivar menor envolvida. 
Se no material removido não observar-se microscopicamente a glândula envolvida no processo, pode 
haver recidiva. 
 
Cisto de retenção de muco: 
 Etiologia: Apesar de clinicamente também ser denominado mucocele, o cisto de retenção de 
muco é considerado um cisto por apresentar cavidade revestida por epitélio, diferente do fenômeno de 
extravasamento de muco. Ocorre em glândulas salivares menores, sendo provocado por obstrução do 
ducto impedindo a passagem do fluxo salivar. 
 Aspectos clínicos: É bem menos comum que a mucocele do tipo extravasamento de muco. 
Acomete principalmente pessoas acima dos 50 anos. Raramente ocorre no lábio inferior, sendo mais 
comum em lábio superior, palato, bochecha e assoalho bucal. Apresenta-se como uma tumefação que 
varia de 3 a l0 mm, indolor, recoberta por mucosa de coloração normal e sem história de traumatismo 
prévio. 
 Aspectos microscópicos: Histologicamente há uma cavidade contendo quantidade variada de 
material mucóide revestido por epitélio ductal que pode se apresentar como pseudoestratificado ou 
formado por camada dupla de células colunares ou cubóides. Não apresentam inflamação. Tampões de 
muco ou sialolitos podem ser encontrados no interior do sistema ductal. 
 Tratamento: O tratamento consiste na remoção cirúrgica da cavidade cística e da glândula 
salivar menor. 
 
Rânula (“frog′s belly”) 
 Etiologia: É uma denominação clínica usada para designar uma mucocele do tipo 
extravasamento de muco que ocorre exclusivamente em assoalho bucal. Está associada à ruptura de 
ductos, geralmente provocado por trauma, das glândulas sublinguais e, menos freqüentemente, 
submandibulares. Se for de glândula menor do assoalho, pode ser chamado de mucocele, por ser mais 
localizado e menor.

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