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1.7 ELETROMAGNETISMO ( 25/10/2017 Máquinas Elétricas ): TRANSFORMADORES. (TEORIA). TRANSFORMADOR ELEMENTAR Um transformador é um equipamento usado para reduzir ou aumentar a tensão elétrica. É constituído de um enrolamento primário (onde se aplica a tensão de entrada), um enrolamento secundário (onde se obtém a tensão de saída desejada) e um caminho para o fluxo magnético, construído de material ferromagnético (Figura 1). Quando a tensão no lado primário é maior que a tensão no lado secundário, diz-se que o transformador é “abaixador”. Quando a tensão no primário é menor que no secundário, o transformador é chamado de “elevador”. FUNCIONAMENTO DO TRANSFORMADOR Seu funcionamento baseia-se nas leis de Faraday e de Lenz. Já se estudou que a movimentação de um campo magnético sobre um condutor faz surgir uma tensão induzida em seus terminais, isto é, um campo magnético variável produz fluxo magnético variável, o qual produz a tensão induzida. Na Figura 1, alimentando-se o primário com uma tensão variável (senoidal, por exemplo), fará surgir um fluxo magnético variável no núcleo ferromagnético. Este fluxo variável atingirá o enrolamento secundário, produzindo então em seus terminais uma tensão variável induzida. Se for utilizada uma tensão de qualquer tomada no Brasil, esta tomada terá uma tensão senoidal com freqüência de 60 Hz, isto fará surgir no secundário uma tensão também com freqüência de 60 Hz. Importante: um transformador não funciona com corrente contínua! Uma propriedade muito importante nos transformadores e que o torna tão útil é a relação entre o número de espiras nas bobinas dos enrolamentos primário e secundário e os valores das tensões e correntes obtidas. A expressão abaixo mostra esta relação. 2.7 Sendo: Vprim = tensão no aplicada no enrolamento secundário em volts. Vsec = tensão obtida no enrolamento secundário em volts. Nprim = número de espiras do enrolamento primário. Nsec = número de espiras do enrolamento secundário. a = relação de transformação. Da equação anterior se conclui que quanto maior o número de espiras do primário em relação ao número de espiras do secundário, maior será a relação de transformação “a” e, portanto, maior será a diferença de tensão entre o lado primário e o lado secundário. A seguinte fórmula empírica ajuda a determinar o número aproximado de espiras do enrolamento primário, quando este não é conhecido. Sendo: Vprim = tensão no aplicada no enrolamento secundário em volts. f = frequência em hertz. Sn = seção transversal do núcleo em cm². B = densidade magnética do núcleo em gauss. A densidade magnética varia conforme o material utilizado no núcleo e seus valores podem ser obtidos na curva de magnetização do material. Os valores mais comuns para núcleos construídos com aço ao silício são: 8000 gauss (2% de silício). 10000 gauss (3% de silício). 12000 gauss (4% de silício). Outra propriedade importante do transformador é que ele não aumenta nem diminui a potência de um sistema elétrico. Isto é, a potência que entra no lado primário, sairá no secundário. Lembrando a equação: Sendo: P = potência elétrica em watts. V = tensão elétrica em volts. I = corrente elétrica em ampères. E aplicando a propriedade, pode-se escrever: , isto é a potência do primário é igual à potência do secundário. Daí resulta: Isto que dizer que além da tensão ser diferente nos lados primário e secundário, também a corrente será diferente. No lado de maior tensão circulará a corrente de menor intensidade e no lado de menor tensão circulará a corrente de maior intensidade. 3.7 CORRENTES DE FOUCAULT (CORRENTES PARASITAS) As correntes induzidas são produzidas não somente nos fios condutores, mas em qualquer condutor maciço, em movimento, num campo magnético ou atravessado por um fluxo magnético variável. Dentro de um material condutor podemos encontrar vários percursos fechados para a circulação de uma corrente. Em cada percurso fechado o fluxo magnético varia com o tempo; portanto tensões induzidas fazem circular correntes induzidas no interior do material condutor maciço. Estas correntes induzidas são chamadas de Correntes de Foucault. As Correntes Parasitas ou Correntes de Foucault são correntes que circulam em núcleos metálicos sujeitos a um campo magnético variável. Observando-se de frente e em corte, pode-se perceber que as correntes parasitas são pequenos círculos concêntricos como mostra a Figura 2. Pode-se perceber também que em cada ponto no interior do núcleo a corrente é nula, pois o efeito de uma corrente é anulado por outra. No entanto, isso não acontece na periferia. Aí as correntes, todas com mesmo sentido, se somam e circulam pela periferia do núcleo. Isso faz com que o núcleo se aqueça por efeito Joule, exigindo uma energia adicional da fonte. Estas correntes podem atingir valores muito elevados, provocando aquecimento do material. Se este aquecimento for indesejado, ele constitui as chamadas Perdas Foucault. É por essa razão que essas correntes são chamadas de parasitas. Este aquecimento pode ser utilizado nos fornos de indução, usados para fundir metais. Para reduzir o efeito das correntes parasitas, principalmente em transformadores, deve-se laminar o núcleo na direção do campo, isolando-se as chapas entre si. Isso impede (ou pelo menos reduz) que as correntes se somem e as perdas por efeito Joule serão menores. Também se podem reduzir os efeitos das correntes de Foucault através da adição de elementos que aumentem a resistividade do núcleo (como o Carbono), sem, no entanto, comprometer as propriedades magnéticas do núcleo. Apesar de serem na maioria dos casos indesejáveis, as correntes de Foucault têm sua aplicação prática na confecção de medidores de energia a disco de indução, relés e freios eletromagnéticos. Com a aplicação da Lei de Lenz, essas correntes induzidas opõem-se ao movimento que as produz. Por exemplo: seja um disco de cobre colocado entre os pólos de um eletroímã, como mostra a Figura 3. Fazendo o disco girar, o movimento não oferece dificuldade enquanto o eletroímã não for ligado. 4.7 Quando o eletroímã for ligado, no disco surgem correntes induzidas que se opõem ao movimento, fazendo o disco parar. Este fenômeno mostra que no disco surgem correntes induzidas que se opõem ao movimento, gastando energia em forma de calor. Uma das aplicações desse fenômeno são os freios eletromagnéticos que existem nos trens de metrô, por exemplo. Se o fluxo magnético for variável, criado por uma corrente alternada, as correntes induzidas se opõem à variação do fluxo fazendo o disco girar. Este é o princípio de funcionamento dos medidores de energia. TRANSFORMADOR TRIFÁSICO Muito utilizado na distribuição de energia pública e por indústrias. Podem ser vistos como um conjunto de três transformadores monofásicos idênticos, isto é com as mesmas características construtivas, número de espiras, seção dos condutores, potência e principalmente impedância. Isto significa que haverá três primários e três secundários. Na Figura 4 há três enrolamentos primários e três secundários, cada qual em uma coluna do entreferro do transformador. Os terminais do primário foram identificados com a letra H e o secundário com a letra X. A potência total do transformador trifásico será a soma das potências de cada unidade monofásica. Na Figura 5 se vê como é construído um transformador trifásico.5.7 Grupos de transformadores trifásicos A defasagem angular do trafo determina a que grupo ele pertence. Os trafos do grupo A possuem defasagem angular de 0º e os do grupo B possuem 30º. A defasagem depende de como foi enrolado o transformador e do tipo de ligação do primário e do secundário. O fabricante determina as ligações para o trafo de acordo com o grupo. Não se pode ligar trafos de grupos diferentes em paralelo. Ligações em transformadores trifásicos O esquema de ligação fornecido pelo fabricante utiliza as letras H e X, mas, além disso, as bobinas componentes das fases são identificas com a numeração normalizada. Para a fase R: (1 e 4); fase S: (2 e 5) e fase T: (3 e 6). Para reequilibrar as correntes desequilibradas no secundário, os transformadores trifásicos de distribuição têm o primário ligado em triângulo. De acordo com a defasagem angular, o fabricante recomenda um grupo de ligações para o transformador. Ao lado, na Figura 6, se tem os esquemas de típicos de ligação triângulo/estrela para transformadores do grupo B. OUTROS TRANSFORMADORES Serão apresentados brevemente outros tipos de transformadores. Autotransformador Este transformador não difere muito de um transformador monofásico quanto ao núcleo ferromagnético. A diferença está nos enrolamentos das bobinas, pois no autotransformador não há bobina do primário e bobina do secundário, como enrolamentos distintos. O que há é um único enrolamento que servirá como primário e como secundário ao mesmo tempo. Vide Figura 7. 6.7 Um autotransformador proporciona economia, pois se tem apenas um enrolamento, porém a isolação elétrica entre a entrada e a saída é perdida, pois ambas utilizam o mesmo enrolamento. Outro ponto importante é quanto à potência que se pode ter neste tipo de transformador, uma vez que o mesmo fio usado para o primário será o usado para o secundário, o que acarreta limitações na corrente que poderá circular em um dos lados do transformador. Um exemplo de como circulam as corrente em um autotransformador pode ser vista na Figura 8. Transformador de potencial (TP) A Figura 9 apresenta dois modelos de transformador de potencial. Este transformador é utilizado na proteção e medição de sistemas elétricos de potência. Nestes sistemas as tensões utilizadas ultrapassam os 1000 V e é necessário instalar dispositivos para indicar o valor destas tensões, bem como relés que irão atuar em caso de alguma falha relacionada a estas tensões. Por exemplo, se um sistema trabalha em 13,8 KV é perigoso ligar um voltímetro diretamente nesta tensão. Aí entra o transformador de potencial, que irá reduzir esta tensão para um valor de 115 V, permitindo a utilização de instrumentos comuns. Claro que o voltímetro terá uma escala de 0 a 13,8 KV, mas a posição da sua agulha ou do visor, caso seja um instrumento digital, será proporcional a voltagem no secundário do transformador de potencial. 7.7 Transformador de corrente (TC) A Figura 10 ilustra um transformador de corrente comercial. O transformador de corrente também é utilizado em sistemas de elétricos de potência nas funções de proteção e medição. Quando se depara com valores altos para correntes, inviabiliza a aplicação direta de pequenos amperímetros para a medição da corrente. Vale lembrar que para se medir a corrente é necessário que se instale o amperímetro em série no circuito. Por exemplo, um circuito onde circula uma corrente de 1500 A e se instala um TC, no seu secundário se tem normalmente uma corrente padronizada de 5 A, então se diz que o TC tem uma relação de 1500 A para 5 A. Uma informação importante sobre a utilização de TC´s é que após a sua instalação em um circuito ele não poderá ficar com o seu secundário aberto, pois surgirá uma tensão induzida elevada, podendo causar algum acidente, além de poder danificar o próprio TC, devido a isso devem ser instalados circuitos que conectem em curto-circuito o secundário do TC quando este tiver que ser retirado do circuito.
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