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Artigo de Revisão HIPOGLlCEMIANTES ORAIS Maria Angela Zacarelli • Os hipoglicemiantes orais são representados pelas sul- foniluréias e as biguanidas: As sulfoniluréias agem estimu- lando as células beta das ilhotas de Langerhans para a secre- cão de insulina e as biguanidas diminuindo a absorção de glicose ao n(vel do trato gastrointestinal. Dentre as su/folliluréias temos as de primeira geração com ação mais prolongada e as de segunda geração, 10 a 20 vezes mais potentes, mas com meia vida plasmática mais curta. Todas, com exceção da gliquidona, são eliminadas por via renal, e assim contraindicadas em pacientes urêmicos. O uso das biguanidas está proibido nos E.U.A. e In- glaterra, mas no Brasil ainda estão sendo comercializadas, mas devem ser usadas com cautela, pois existe o risco de acidose lática em pacientes predispostos a estadosdeanóxia. Os hipoglicemiantes orais estão indicados nos pacien- tes portadores de diabetes me/litus tipo li, insulino inde- pendentes, que ainda têm capacidade pancreática para se- cretar insulina. Unitermos: Sulfoniluréias. Biguanidas. Diabetes Mellitus. Trabalho realizado no Serviço de Endocrinologia do Hos- pital da Beneficência Portuguesa de São Paulo. * Médica do Serviço de Cardiologia do Hospital da Be- neficência Portuguesa de São Paulo . CIR . VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987 INTRODUÇÃO Existem dois grupos de drogas hipoglicemiantes orais: as sulfoniluréias e as biguanidas. Em 1930, Ruiz e cols. (lO), mostraram a atividade hipoglicemiante de compostos sulfamídicos, mas seu uso somente se postulou em 1942, quando Janbon e cols. (7) verificaram a ocorrência de hipoglicemia em casos de febre tifóide tratados com o bacteriostático sulfatiazol (p-amino- benzeno-sulfanilisoprapril-tiodiazil). Somente há cerca de 20 anos as sulfoniluréias foram comercializadas, e desde então têm sido de grande utili- dade no tratamento do diabetes mellitus tipo 11, insulino independente. SULFONlLURÉIAS Distinguem-se dois grupos principais, as sulfoniluréias de primeira geração, como a tolbutamida, a clorpropamida, a acetohexamida e a tolazamida, drogas de menor potência e administradis em doses maiores, e as sulfoniluréias cha- madas de segunda geração, como a glibenclamida ou glibu- rida, a glipizida, a glibonurida, a gliquidona e mais recente- mente a glicazida. (Tabela I). Tolbutamida p-metilbenzeno - sulfonil - butiluréia Tolazamida (1- (hexahydro - I-azepenyl) -3-p-tolylsul- foniluréia Oorpropamida p-clorobenzeno - sulfonil - propiluréia. Acetohexamida p-acetilbenzeno - sulfonil - ciclo hexilu- réia. Gli benclamida N-4,2 (5-clOlO - 2-metoxibenzamido) - etilbenzeno - sulfonil-N-ciclo-hexiluréia. Glipizida N - [4 - (B - (5 metil-pirazin - 2-carboxia- mido) - etil) - benzeno-sulfonil - N-ciclo- hexiluréia. Glibonurida 1 [(IR) - 2-endo-hidroxi - 3-endobomil - 3- (p-tolilsulf onil)-uréia. Gliquidona l-ciclo-hexil - 3-(p-2- (3,4 diidro - 7-me- toxi - 4,4-dimetil - 1,3-dioci (l H)-isoqui- nilil-etilfenil) - sulfoniluréia. Glicazida [metil - 4-fenilsulfonil - 1 (perhidrociclo- penta pirrolil-2) - 3 urea] Quadro I: Estrutura Química das Sulfoniluréias Mecanismo de ação das sulfoniluréias Em geral, o mecanismo de ação das sulfoniluréias é similar, mas a potência e a duração de ação diferem ·con- sideravelmente. É necessária a existência de certa capacidade secretora de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans para que estes agentes sejam eficazes, já que o principal mecanis- 9 Maria AngelaZacarelli mo de ação é o estímulo destas células. Também as sulfo- niluréias facilitam a liberação de insulina dos grânulos arma- zenados nas células beta do pâncreas. Acredita-se que sua ação inicial é a de aumentar o influxo de cálcio para o cito- sol da célula beta, facilitando a passagem desse cátion atra- vés da membrana. O tratamento agudo resulta em secreção aumentada de insulina, mas a terapia crônica produz uma secreção mais rápida, pois aumenta a sensibilidade das células beta de tal forma que se obtem níveís normais ou quase normais de resposta insulínica com níveis glicêrnicos mais baixos. Efeitos extra pancreáticos das ' sulfoniluréias, em dife- rentes estudos, mostram outras ações que poderiam melho- rar a tolerância aos carboidratos: desaceleração da destrui- ção de insulina pela insulinase hepática, redução da glico- neogênese hepática, aumento do número ou da sensibilida- de dos receptores da insulina na periferia, liberação de hor- mônios insulinotrópicos do tubo digestivo que estimulam as células beta. As sulfoniluréias, especificamente a cloroproparnida, além dos efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos, apresentam atividade antidiurética, que depende da poten- cialização da ação tubular da vasopressina, pois induz no túbulo distal, a liberação de AMP cíclico. Outras sulfoniluréias, como a tolbutamida, a acetohe- xarnida e a glibenclarnida apresentam efeito oposto, promo- vendo aumento da excreção de água livre. Algumas experiências sugerem que a tolbutarnida pos- sa potencializar os efeitos arritmogênicos das catecolarninas. e apesar dessa ação não ter sido comprovada clinicamente, deve entretanto ser lembrada quando utilizada em diabéti- cos com insuficiência cardíaca congestiva ou comprometi- - mento miocárdico. MetaboHsmo e excreção das sulfoniluréias Os compostos de curta ação são usualmentemetabo- lizado pelo fígado para formas inativas, as quais são excre- tadas pela urina, e os de ação mais longa são metabolizados escassamente pelo fígado e também excretados pela urina. A tolbutarnida é carboxilada no fígado em composto inativ'2 a carboxitolbutamida, que é, excretada pela urina. b administrada por via oral, e sua meia vida biológica é de cerca de 3 a 5 horas. A duração de ação é curta e não é dependente da fun- ção renal. A acetohexarnida é também rapiClamente metaboliza- da pelo fígado a uma forma reduzida, a hidroxihexamida, que é duas vezes mais potente que o produto original, pro- duzindo freqüentes hipoglicemias. Aproximadamente 75% ia acetohexarnida é excretada nesta forma ativa. Atolazarnida é também rapidamente metabolizada em seis produtos metabólicos, e muitos deles induzem hi- poglicemia. A clorproparnida\ um grupo de ação mais prolongada, praticamente não é .metabolizada e encontra-se fortemente ligada a proteína. E dependente da função renal e contra- indicada em pacientes urêrnicos. Sua vida média é de cerca de 36 hs, e seus nív:eis plas- máticos aumentam gradualmente nos primeiros dias de administração, atingindo picos em sete a dez dias. Assim, as doses iniciais não devem ser aumentadas senão após. a pri- meira semana, pois o seu uso se associa a tendência a hipo- glicemias prolongadas. As sulfoniluréias de segunda geração, como a gliben- clamida, a glipizida, a gliquidona e a glicazida são aproxima- damente 10 a 20 vezes mais potentes que as ' drogas já cita- das. Entretanto, produzem queda da glicemia comparável 10 Hipoglicemiantes orais com as outras drogas e são rapidamente metabolizadas, ten- do vida média curta com rápida excrecão renal, com exce- ção da gliquidona que é eliminada preferentemente por via bílio-intestinal o que toma seu uso possível em pacientes com redução da função renal. Os metabolitos dessas sul" foniluréias são inativos ou pouco ativos e esta característica faz cOm. que a atividade hipoglicerniante seja de curta dura- ção. São administradas em doses fracionadas, a cada 8 ou 12 horas. O rubor cutâneo observado em pacientes que ingerem álcool inadvertidamente e a hiponatremia observada após o uso . de clorproparnida não têm sido documentada com o uso destas drogas. A absorção dos hipoglicemiantes orais é rápida, apre- sentando níveis plasmáticos apreciáveisuma hora após a ingestão. As sulfoniluréias são transportadas no plasma sob a forma de complexos proteicos. Interação com outras drogas A potência de algumas sulfoniluréias pode ser alterada por outras drogas. Todos os compostos que diminuem a tolerância aos carboidratos e que desta forma antagonizam a ação da insu- lina, o fazem também em relação às sulfoniluréias. Estão in- cluídos os corticosteróides, os diuréticos tiazídicos, os hor- mônios' tireoidianos, os contraceptivos orais e os beta blo- queadores. Há também uma série de compostos aue potenciali- zam a ação das SUltoniluréias, como os salicitados, a fenil- butazona, os inibidores da monoaxidade, o álcool, o meto- trexate, o clofibrate, ahidroxicumarina, e tem sido impli- cados em graves hipoglicemias quando em uso associado com os hipoglicemiantes orais. É provável que estes agentes diminuam a excreção da sulfoniluréia ou reduzam a ligação da proteína plasmática, aumentando a concentração da forma livre e prolongando a meia vida biológica por inibição de sua oxidação. Isto nos obriga, quando do uso conjunto, ajustamen- tos necessários em cada caso individual. Efeitos tóxicos. As sulfoniluréias, particularmente a tolbutarnida, diminui a captação de 131 I pela glândula tireóide. Alguns pacientes tratados com clorproparnida podem desenvolver hiponatremia e intoxicação aquosa. Sintomas gastrointestinais podem ser observados, como anorexia, náu- seas, vômitos, diarréia , e dor abdorninal. A clorproparnida pode produzir reações'de tipo Sulfi- ram (Síndrome Antabuse) quando o paciente faz uso de álcool. Observa-se um rubor de face, pescoço, cefaléia, ta- quicardia e hiperemia das conjuntivas. I~to tem sido a.tribuí- do a aumento da produção de acetaldeldo e serotonma de· terminado por bloqueio de etanol sobre a aldeiodo·desidro- genase, enzima chave no metabolismo dessas substâncias. Este fato ocorre também em indivíduos geneticamen· te predispostos ao diabetes, sobretudo no MODY (Diabetes tipo I tipo maturidade). Seria assim~ ~m marcador genétic? desse tipo de diabetes, sendo transnutldo por herança donu- nante. Toxidade hematológica tem sido observada raramen- te, e inclui agranulocitose e pancitopenia. Quanto ao sistema cardiovascular, não há nenhuma evidência que estes compostos possam impedir as anormali- CIR. VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987 Maria Angela Zacarelli dades vasculares do diabetes com leve hiperglicemia. A toxicidade das sulfoniluréias atualmente usadas é baixa, sendo que o número de pacientes nas quais os efeitos tóxicos obrigam a suspensão da medicação, não ultrapassa os 3%. Na insuficiência cardíaca congestiva e em outros esta- dos de retenção de líquidos, a clorpropamida pode exercer efeitos deletérios por potencializar a vasopressina e aumen- tar o acúmulo de água. As hipoglicemias não podem ser consideradas como efeitos colaterais; entretanto deve-se levar em conta o risco de coma hipoglicêmico com drogas de ação mais longa, principalmente a clorpropamida, que apresenta excreção renal lenta e não metabolização. Indicações - Nos pacientes diabéticos tipo li, insulino independen- tes, cujo aparecimento ocorreu após os 40 anos, de início recente, em que a terapêutica dietética isolada não é sufi- ciente, devemos optar pelo uso dos hipoglicemiantes orais. Também devemos considerar a ausência de complica- ções cardio vasculares, de insuficiência coronariana, de arrit- mias e necessidades de insulinas inferiores a 30 U diárias, para a indicação destes agentes. São totalmente contraindicados no diabetes tipo I, in sulino dependente , sem capacidade pancreática para secre- tar insulina, bem como nas descompensações, na gravidez, nas hepatopatias e nefropatias. O tratamento é iniciado com doses baixas, e de acor- do com as glicemias e glicosúrias de 24 horas estas doses são ajustadas para cada caso dentro dos limites estabelecidos. A dieta é ' fator importante no sucesso terapêutico, que visa a normalização da glicemia e discreta glicosúria em urina de 24 horas. Na eventualidade de fracasso terapêutico com uma droga, pode-se substituí-la por outra, freqüentemente com boa resposta, pois não- há sulfoniluréias mais eficientes. Em doses corretas, todos se equivalem quanto aos resulta- dos terapêuticos. Nas intercorrências, como infecções, cirurgias, e nas complicações, como cetoacidose e coma hiperosmolar, de- ve-se suspender o uso do medicamento oral e introduzir insulina para controle do paciente. As sulfoniluréias, de curta dura~devem ser admi- nistrados em doses divididas, 2 a 3 tomadas por dia, e as de longa duração podem ser usadas em uma única tomada pela manhã com o paciente em jejum, sempre obedecendo o cri- tério da dose máxima exigida (Tabela I). BIGUANIDAS Este grupo de compostos hipoglicemiantes orais, foi desenvolvido independentemente das sulfoniluréias. Em 1918, Watanabe descobriu em coelhos, que a guanidina apresentava ação hipoglicemiante. As biguanidas são compostos com duas moléculas de guanidina ligadas por cadeias de radicais metI1icos, e são diferentes das biguanidinas pois enquanto aquelas contém dois grupos com tres átomos de Ncada, estas encerram um grupamento de cinco átomos de N. Em 1957, Ungar e cols. introduziram a fenetilbiguani- da (fenformin), de toxidade clínica aceitável. Além do fen- formin são também utilizadas clinicamente, a dimetilbigua- nida (Metformin) e a butilbiguanida (buformin) . As biguani- das não são permitidas nos Estados Unidos . Na Inglaterra o CIR. VASC o ANG. 3 (2) : 9,14,1987 Hipoglicemiantes orais fenformin está proibido e apenas o metformin é usado. No Brasil, ambas são comercializadas. NH II NH2 - C - NH2 NH NH II II NH2 - C - NH - C - NH2 Quadro 11: Estrutura Química das Biguanidas Mecanismo de ação guanidina biguanida Alguns estudos mostram que o fenformin possui efei- to celular direto , aumentando a captação de glicose. Nas mitoc:ôndrias isoladas, verifica-se interferência na transferência de ligações de alta energia para o ADP, suge- rindo que o composto inibe a fosforilação oxidativa. Extensas evidências indicam que a principal ação das biguanidas se situa ao nível do trato gastrointestinal, retar- dando a absorção dos carboidratos, provocando melhora na tolerância à glicose oral. O aumento da utilização anaeróbi- ca leba à super-produção de lactato , que é rapidamente me- tabolizado ou reciclado. Quando existem anormalidades predisponentes ou doses excessivas, pode ocorrer acidose lá- tica. Ao contrário de que acontece com as sulfoniluréias, a atividade hipoglicemiante das biguanidas não depende da presença do pâncreas, sendo ativas em pancreatectomizados. Metabolismo e excreção dos biguanidas A absorção é incompleta. Apenas 50% é absorvida ; um terço é metabolizado no fígado e dois terços são excre- tados pela urina. Como os metabólitos são inativos e a ex- creção renal é rápida, a ação hipoglicemiante é de curta du- ração e não se intensifica na presença de doença renal ou hepática. A atividade hipoglicemiante das biguanidas é bem menos intensa de que a das sulfoniluréias. O metformin não é metabolizado, sendo excretado inalterado, e são necessários doses de cerca de 10 vezes maiores que o fenformin para se obter idêntico efeito hipo- glicemiante. Efeitos tóxicos A ocorrência de acidose lática em casos tratados com fenformin, fez com que esta droga fosse proibida nos EUA desde 1977, pois dentre os efeitos das biguanidas destaca-se o aumento da produção de ácido lático e seu acumulo na circulação. A produção está aumentada nos tecidos em face do aumento da utilização anaeróbica da glicose es- timulada pelas biguanidas . Assim, os pacientes que rece- bem biguanidas estão permanentementecom o ácido lá- tico e pirúvico e corpos cetônicos aumentados. Nas anóxias tissulares , como na insuficiência cardíaca, choque ou septicemia pode-se precipitar um quadro grave de acidose lática. 11 Maria Angela Zacarelli Indicações As biguanidas, usadas com cautela, podem melhorar o diabetes tipo 11, associado com obesidade e hiperglicemia sem cetose, e, em doses bem ajustadas não predispõem ao risco de hipoglicemia. Pode-se associar o uso com as sulfoniluréias, nos ca- sos de fracasso secundário destas (Tabela 1Il). São contra- indi,cadas em pacientes com insuficiência renal, hepática, pulmonar, e principalmente doenças cardíacas que predis- põem à hipotensão arterial e choque. Deve-se iniciar o esquema terapêutico com biguani- das em pequenas doses, e de acordo com as glicemias e gli- cosurias de 24 horas estas doses devem ser ajustadas dentro de limites estabelecidos (Tabela 11) . o PROGRAMA DE DIABETES DO GRUPO UNIVERSITÁRIO: U.G.D.P.: o objetivo deste programa era uma tentativa de apli- car as mais modernas técnicas estatísticas para se determi- nar a possível influência do controle da hiperglicemia em várias modalidades de tratamento, na prevenção da progres- são das complicações vasculares nos adultos diabéticos. Os medicamentos em uso foram: 1. Tolbutamida, na dose de 1,5gr/dia. 2. Placebo. 3. Insulina simples em dose padrão de 10-16U/dia. 4. Insulina simples em dose variável numa tentativa de conservar a glicemia tão normal quanto possí- vel. GRUPO . PACIENTES TERAPÊUTICO REGISTRADOS Dieta e lactose placebo 205 Dieta e tolbutamida 204 Dieta e insulina fixa. JO-16U/lenta/ dia/peso corporal 210 Dieta e insulina variável (80 U lenta suficiente para controlar a glicemia 204 Dieta e fenformin (lOOmg TD/dia em doses divididas. 204 Hipoglicemiantes orais Após oito anos, (janeiro de 1961 a outubro de 1969), dentre os 823 pacientes classificados, 89 morreram, 61 de causa cardiovascular. As mortes de causa cardiovascular ocorreram em 12,7% do grupo da tolbutamida, 6,2% do grupo de doses fixas de ' insulina, 5,9% nos que recebiam doses variáveis de insulina e 4,9% no grupo placebo, com tratamento apenas dietético (Quadro I). Um ano mais tarde, foi estabelecido um quinto grupo que recebeu dose fixa de fenformin, 100mg/dia. A mortalidade por doença cardiovascular deste grupo foi de 13,2%. Este grupo exibiu, em relação aos outros, ele- vação da pressão arterial e da freqüência cardíaca, maior ne- cessidade de hipotensores e de uso de digital e crises fre- qüentes de angina pectoris. A conclusão geral foi de que tanto a tolbutamida quanto a fenetilbiguanida produziam mortalidade mais ele- vada do que os grupos controlados apenas com dieta ou com doses fixas ou variáveis de insulina, sendo a mortalida- de devida a causas cardiovasculares. Estes estudos foram cri- ticados por vários autores, e assim é que o seguimento du- rante oito anos se associa a fatores incontroláveis que vi- ciam os resultados, como por exemplo, a simples manuten- ção de regimes alimentares idênticos em todos os grupos. Outros fatores, como fumo, peso corporal, tipo de vida, exercício físico não foram incluídos na seleção inicial dos pacientes. Também a dose fixa do medicamento, durante oito anos não é prática recomendável no tratamento do diabetes. Portanto, em 1979, a "American Diabetes Association" adotou uma atitude diante dos fatos e declarou "discutíveis e inconclusivas" os resultados da U.G.D.P. Finalizando, no estado atual, é de nossa responsabili- dade determinar qual o melhor agente terapêutico para cada paciente, já que as drogas hipoglicemiantes orais têm impor- tante papel no tratamento do diabetes mellitus tipo 11 MORTES MORTES TOTAIS % CARDlO % VASCULARES 21 10,2 10 4 ,9 30 14,7 26 12,7 20 9,5 13 6,2 18 8,8 12 5,9 31 15,2 26 12,7 Quadro 111: Dados Estatísticos da Mortalidade do Grupo de Estudo da U.G,D,P, 12 CIR . VASC.ANG.3(2) :9,14,1987 Maria Angela Zacarel/i FORMA COMPOSTO DISPONIVEL 1 ~ Geração Tolbutamida comprimidos (Orinase ~ 500 mg Rastinon *) 1.000 mg Acetohexamida comprimidos (Dimelor ~ Dia- 500 mg boral *) Tolazamida comprimidos, (Tonalise *) 100 ing 250 mg 500mg Clorpropamida comprimidos (Diabinese* *) 250 mg 2\'-Geração Gliburida ou comprimidos Glibenclamida· 5 mg- (Daonil * '; Lisa- glicon *, Aglucil *) Glipizida (Mini- comprimidos diab *Glucatrol *) 5 mg Glibornurida comprimidos (Glutrim *) 5 mg' Gliquidona comprimidos (Glurenor *) 5 mg Glicazida comprimidos (Diamicron **) 80 mg * Apresentação Comercial. * * Disponíveis no Brasil DOSE DIÁRIA COMUM (mg/dia) 500-2500 (dividida) 500-1.500 (única ou dividida) 100-1.000 (única) 125-500 (única) 2,5-25 (dividida) 2,5-25 (dividida) 12,5-75 (dividida) 2,5-20 40-240 ~ Tabela I: Hipoglicemiantes Orais: Sulfonilureias FORMA COMPOSTO DISPONÍVEL Fenetil-biguamida comprimidos ou fenformin 25 mg DBI *~ Diabe- 50 mg tal *) Fenformin TD cápsulas (DBI-TD *) 50mg 150 mg Dimetilbiguamida comprimidos ou Metformin 500 mg (metrol *) 850 mg * Apresentação Comercial * * Disponíveis no Brasil DOSE DIÁRIA COMUM mg/dia 50-150 50-150 500-2500 Tabela 11: Drogas Hipoglicemiantes Orais Biguamidas : CIR. VASCo ANG . 3 (2) : 9,14,1987 Hipoglicemiantes orais DU~ÇÃODA VIDA MÉDIA EXC~ÇÃO METABOLIZAÇÃO AÇAO PLASMÁTICA URINARIA (horas) (horas) EM 24 hs 6-12 4-5 85-90% Excreção renal rápi- da. Carboxilada no fígado. A metabóli- to inativo. 12-24 6-8 60% Excreção urinária + lenta. Metabólito hepático possui ação hipoglicemiante + ativa que o compos- to original. 14-24 7 85% Metabolitos hepáti- cos possuem fraca ação hipoglicemian- te. 40-60 35-40 50% Excreção renal len- ta. Ligada a proteí- nas plasmáticas, 1 % metabolizado. 12-24 4-8 85-90% Excreção renal rápi- da. Metabólitos ina- tivos 12,24 3-5 85-90% Excreção renal rápi- da. Metabólitos ina- tivos 12-24 4-8 85-90% Exame renal rápida. Metabólitos inativos. 12-24 4-5 5% Excreção de 95% pela via bílio-intesti- na!. Metabolitos ina- tivos. 12-24 4-5 85-90% Excreção renal rápi- da. Metabólitos ina- tivos. DURAÇÃO VIDA MÉDIA EXCRI;:ÇÃO DA AÇAO PLASMÁTICA URINARIA METABOLIZAÇÃO (horas ' (horas) EM 24 hs. metabolização rápi- 6-12 3-5 + 90% da. Metabólitos ina- tivos. 6-12 4-10 + 90% metabolização rápi- da. Metabólitos ina- tivos. Absorção len- ta. 6-12 4-10 + 90% Não metabolizado. Excreção urinária rá- pida. 13 Maria Angela Zacarelli COMPOSTO DOSE EMmg APRESENTAÇÃO COMERCIAL Glibenclamida 2mg + + Gliformin Fenformin 30 mg Clorpropamida 125 mg + + Bidiabe Fenformin 30 mg Clorpropamida 125 mg + + Combinacin Fenformin 25 mg Clorpropamida 125 mg + + Obinese H Metformin 500 mg * Disponíveis no Brasil Tabela 111: Associação dos Hipoglicemiantes Orais Summary ORAL HIPOGL YCEMIC A GEN TS Oral hipoglycemic agents are represented by the sulfonylureas and biguanides. The sulfonylureas stimulate the beta·cells of the Langerhans islets of the pancreas to secrete more insulin. The biguanides diminish glucose absorption by the gastro- intestinal tract. The first generation of sulfonylureas are longer active while those of the second generation are ten to twenty times more potent but do have a shorter half - life plasmatic activity. Ali, with exception of the gliquidone are urinary excretion and should therefore be avoided in patients with renal insufficiency. The use of biguanide is not allowed in the USA and UK but in Brazil they are still commercialized. Their use needs careful/ attention becauseof the risks of lactic acido- sis in patient with hypoxia. Oral hypoglycemic agents are used for treatment of type 11 diabets mellitus not insulin-dependents, with islet capability to secrete insulin. Uniterms: Sulfunylurea, Biguanides Diabetes mellitus REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 01. ARDUINO F, FERRAZ FPJ, RODRIGUES J - Anti- diuretic action of chlorpropamida in idiopathic diabe- tes insipidus. J Clin Endocr Metab, 26:1. 325,1966. 14 Hipoglicemiantes orais 02. BALODIMOS MC, CAMENINI RA, & MARBH A: Nine years experience with tolbutamidein in lhe treatment of diabetes. Metabolism 15: 957, 1966. 03. 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