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Artigo de Revisão 
HIPOGLlCEMIANTES ORAIS 
Maria Angela Zacarelli • 
Os hipoglicemiantes orais são representados pelas sul-
foniluréias e as biguanidas: As sulfoniluréias agem estimu-
lando as células beta das ilhotas de Langerhans para a secre-
cão de insulina e as biguanidas diminuindo a absorção de 
glicose ao n(vel do trato gastrointestinal. 
Dentre as su/folliluréias temos as de primeira geração 
com ação mais prolongada e as de segunda geração, 10 a 20 
vezes mais potentes, mas com meia vida plasmática mais 
curta. Todas, com exceção da gliquidona, são eliminadas 
por via renal, e assim contraindicadas em pacientes urêmicos. 
O uso das biguanidas está proibido nos E.U.A. e In-
glaterra, mas no Brasil ainda estão sendo comercializadas, 
mas devem ser usadas com cautela, pois existe o risco de 
acidose lática em pacientes predispostos a estadosdeanóxia. 
Os hipoglicemiantes orais estão indicados nos pacien-
tes portadores de diabetes me/litus tipo li, insulino inde-
pendentes, que ainda têm capacidade pancreática para se-
cretar insulina. 
Unitermos: Sulfoniluréias. Biguanidas. 
Diabetes Mellitus. 
Trabalho realizado no Serviço de Endocrinologia do Hos-
pital da Beneficência Portuguesa de São Paulo. 
* Médica do Serviço de Cardiologia do Hospital da Be-
neficência Portuguesa de São Paulo . 
CIR . VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987 
INTRODUÇÃO 
Existem dois grupos de drogas hipoglicemiantes orais: 
as sulfoniluréias e as biguanidas. 
Em 1930, Ruiz e cols. (lO), mostraram a atividade 
hipoglicemiante de compostos sulfamídicos, mas seu uso 
somente se postulou em 1942, quando Janbon e cols. (7) 
verificaram a ocorrência de hipoglicemia em casos de febre 
tifóide tratados com o bacteriostático sulfatiazol (p-amino-
benzeno-sulfanilisoprapril-tiodiazil). 
Somente há cerca de 20 anos as sulfoniluréias foram 
comercializadas, e desde então têm sido de grande utili-
dade no tratamento do diabetes mellitus tipo 11, insulino 
independente. 
SULFONlLURÉIAS 
Distinguem-se dois grupos principais, as sulfoniluréias 
de primeira geração, como a tolbutamida, a clorpropamida, 
a acetohexamida e a tolazamida, drogas de menor potência 
e administradis em doses maiores, e as sulfoniluréias cha-
madas de segunda geração, como a glibenclamida ou glibu-
rida, a glipizida, a glibonurida, a gliquidona e mais recente-
mente a glicazida. (Tabela I). 
Tolbutamida p-metilbenzeno - sulfonil - butiluréia 
Tolazamida (1- (hexahydro - I-azepenyl) -3-p-tolylsul-
foniluréia 
Oorpropamida p-clorobenzeno - sulfonil - propiluréia. 
Acetohexamida p-acetilbenzeno - sulfonil - ciclo hexilu-
réia. 
Gli benclamida N-4,2 (5-clOlO - 2-metoxibenzamido) -
etilbenzeno - sulfonil-N-ciclo-hexiluréia. 
Glipizida N - [4 - (B - (5 metil-pirazin - 2-carboxia-
mido) - etil) - benzeno-sulfonil - N-ciclo-
hexiluréia. 
Glibonurida 1 [(IR) - 2-endo-hidroxi - 3-endobomil -
3- (p-tolilsulf onil)-uréia. 
Gliquidona l-ciclo-hexil - 3-(p-2- (3,4 diidro - 7-me-
toxi - 4,4-dimetil - 1,3-dioci (l H)-isoqui-
nilil-etilfenil) - sulfoniluréia. 
Glicazida [metil - 4-fenilsulfonil - 1 (perhidrociclo-
penta pirrolil-2) - 3 urea] 
Quadro I: Estrutura Química das Sulfoniluréias 
Mecanismo de ação das sulfoniluréias 
Em geral, o mecanismo de ação das sulfoniluréias é 
similar, mas a potência e a duração de ação diferem ·con-
sideravelmente. 
É necessária a existência de certa capacidade secretora 
de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans para 
que estes agentes sejam eficazes, já que o principal mecanis-
9 
Maria AngelaZacarelli 
mo de ação é o estímulo destas células. Também as sulfo-
niluréias facilitam a liberação de insulina dos grânulos arma-
zenados nas células beta do pâncreas. Acredita-se que sua 
ação inicial é a de aumentar o influxo de cálcio para o cito-
sol da célula beta, facilitando a passagem desse cátion atra-
vés da membrana. 
O tratamento agudo resulta em secreção aumentada 
de insulina, mas a terapia crônica produz uma secreção mais 
rápida, pois aumenta a sensibilidade das células beta de tal 
forma que se obtem níveís normais ou quase normais de 
resposta insulínica com níveis glicêrnicos mais baixos. 
Efeitos extra pancreáticos das ' sulfoniluréias, em dife-
rentes estudos, mostram outras ações que poderiam melho-
rar a tolerância aos carboidratos: desaceleração da destrui-
ção de insulina pela insulinase hepática, redução da glico-
neogênese hepática, aumento do número ou da sensibilida-
de dos receptores da insulina na periferia, liberação de hor-
mônios insulinotrópicos do tubo digestivo que estimulam as 
células beta. 
As sulfoniluréias, especificamente a cloroproparnida, 
além dos efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos, 
apresentam atividade antidiurética, que depende da poten-
cialização da ação tubular da vasopressina, pois induz no 
túbulo distal, a liberação de AMP cíclico. 
Outras sulfoniluréias, como a tolbutamida, a acetohe-
xarnida e a glibenclarnida apresentam efeito oposto, promo-
vendo aumento da excreção de água livre. 
Algumas experiências sugerem que a tolbutarnida pos-
sa potencializar os efeitos arritmogênicos das catecolarninas. 
e apesar dessa ação não ter sido comprovada clinicamente, 
deve entretanto ser lembrada quando utilizada em diabéti-
cos com insuficiência cardíaca congestiva ou comprometi- -
mento miocárdico. 
MetaboHsmo e excreção das sulfoniluréias 
Os compostos de curta ação são usualmentemetabo-
lizado pelo fígado para formas inativas, as quais são excre-
tadas pela urina, e os de ação mais longa são metabolizados 
escassamente pelo fígado e também excretados pela urina. 
A tolbutarnida é carboxilada no fígado em composto 
inativ'2 a carboxitolbutamida, que é, excretada pela urina. 
b administrada por via oral, e sua meia vida biológica 
é de cerca de 3 a 5 horas. 
A duração de ação é curta e não é dependente da fun-
ção renal. 
A acetohexarnida é também rapiClamente metaboliza-
da pelo fígado a uma forma reduzida, a hidroxihexamida, 
que é duas vezes mais potente que o produto original, pro-
duzindo freqüentes hipoglicemias. Aproximadamente 75% 
ia acetohexarnida é excretada nesta forma ativa. 
Atolazarnida é também rapidamente metabolizada 
em seis produtos metabólicos, e muitos deles induzem hi-
poglicemia. 
A clorproparnida\ um grupo de ação mais prolongada, 
praticamente não é .metabolizada e encontra-se fortemente 
ligada a proteína. E dependente da função renal e contra-
indicada em pacientes urêrnicos. 
Sua vida média é de cerca de 36 hs, e seus nív:eis plas-
máticos aumentam gradualmente nos primeiros dias de 
administração, atingindo picos em sete a dez dias. Assim, as 
doses iniciais não devem ser aumentadas senão após. a pri-
meira semana, pois o seu uso se associa a tendência a hipo-
glicemias prolongadas. 
As sulfoniluréias de segunda geração, como a gliben-
clamida, a glipizida, a gliquidona e a glicazida são aproxima-
damente 10 a 20 vezes mais potentes que as ' drogas já cita-
das. Entretanto, produzem queda da glicemia comparável 
10 
Hipoglicemiantes orais 
com as outras drogas e são rapidamente metabolizadas, ten-
do vida média curta com rápida excrecão renal, com exce-
ção da gliquidona que é eliminada preferentemente por via 
bílio-intestinal o que toma seu uso possível em pacientes 
com redução da função renal. Os metabolitos dessas sul" 
foniluréias são inativos ou pouco ativos e esta característica 
faz cOm. que a atividade hipoglicerniante seja de curta dura-
ção. São administradas em doses fracionadas, a cada 8 ou 
12 horas. 
O rubor cutâneo observado em pacientes que ingerem 
álcool inadvertidamente e a hiponatremia observada após o 
uso . de clorproparnida não têm sido documentada com o 
uso destas drogas. 
A absorção dos hipoglicemiantes orais é rápida, apre-
sentando níveis plasmáticos apreciáveisuma hora após a 
ingestão. 
As sulfoniluréias são transportadas no plasma sob a 
forma de complexos proteicos. 
Interação com outras drogas 
A potência de algumas sulfoniluréias pode ser alterada 
por outras drogas. 
Todos os compostos que diminuem a tolerância aos 
carboidratos e que desta forma antagonizam a ação da insu-
lina, o fazem também em relação às sulfoniluréias. Estão in-
cluídos os corticosteróides, os diuréticos tiazídicos, os hor-
mônios' tireoidianos, os contraceptivos orais e os beta blo-
queadores. 
Há também uma série de compostos aue potenciali-
zam a ação das SUltoniluréias, como os salicitados, a fenil-
butazona, os inibidores da monoaxidade, o álcool, o meto-
trexate, o clofibrate, ahidroxicumarina, e tem sido impli-
cados em graves hipoglicemias quando em uso associado 
com os hipoglicemiantes orais. 
É provável que estes agentes diminuam a excreção da 
sulfoniluréia ou reduzam a ligação da proteína plasmática, 
aumentando a concentração da forma livre e prolongando a 
meia vida biológica por inibição de sua oxidação. 
Isto nos obriga, quando do uso conjunto, ajustamen-
tos necessários em cada caso individual. 
Efeitos tóxicos. 
As sulfoniluréias, particularmente a tolbutarnida, 
diminui a captação de 131 I pela glândula tireóide. 
Alguns pacientes tratados com clorproparnida podem 
desenvolver hiponatremia e intoxicação aquosa. Sintomas 
gastrointestinais podem ser observados, como anorexia, náu-
seas, vômitos, diarréia , e dor abdorninal. 
A clorproparnida pode produzir reações'de tipo Sulfi-
ram (Síndrome Antabuse) quando o paciente faz uso de 
álcool. Observa-se um rubor de face, pescoço, cefaléia, ta-
quicardia e hiperemia das conjuntivas. I~to tem sido a.tribuí-
do a aumento da produção de acetaldeldo e serotonma de· 
terminado por bloqueio de etanol sobre a aldeiodo·desidro-
genase, enzima chave no metabolismo dessas substâncias. 
Este fato ocorre também em indivíduos geneticamen· 
te predispostos ao diabetes, sobretudo no MODY (Diabetes 
tipo I tipo maturidade). Seria assim~ ~m marcador genétic? 
desse tipo de diabetes, sendo transnutldo por herança donu-
nante. Toxidade hematológica tem sido observada raramen-
te, e inclui agranulocitose e pancitopenia. 
Quanto ao sistema cardiovascular, não há nenhuma 
evidência que estes compostos possam impedir as anormali-
CIR. VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987 
Maria Angela Zacarelli 
dades vasculares do diabetes com leve hiperglicemia. 
A toxicidade das sulfoniluréias atualmente usadas é 
baixa, sendo que o número de pacientes nas quais os efeitos 
tóxicos obrigam a suspensão da medicação, não ultrapassa 
os 3%. 
Na insuficiência cardíaca congestiva e em outros esta-
dos de retenção de líquidos, a clorpropamida pode exercer 
efeitos deletérios por potencializar a vasopressina e aumen-
tar o acúmulo de água. 
As hipoglicemias não podem ser consideradas como 
efeitos colaterais; entretanto deve-se levar em conta o risco 
de coma hipoglicêmico com drogas de ação mais longa, 
principalmente a clorpropamida, que apresenta excreção 
renal lenta e não metabolização. 
Indicações -
Nos pacientes diabéticos tipo li, insulino independen-
tes, cujo aparecimento ocorreu após os 40 anos, de início 
recente, em que a terapêutica dietética isolada não é sufi-
ciente, devemos optar pelo uso dos hipoglicemiantes orais. 
Também devemos considerar a ausência de complica-
ções cardio vasculares, de insuficiência coronariana, de arrit-
mias e necessidades de insulinas inferiores a 30 U diárias, 
para a indicação destes agentes. 
São totalmente contraindicados no diabetes tipo I, 
in sulino dependente , sem capacidade pancreática para secre-
tar insulina, bem como nas descompensações, na gravidez, 
nas hepatopatias e nefropatias. 
O tratamento é iniciado com doses baixas, e de acor-
do com as glicemias e glicosúrias de 24 horas estas doses são 
ajustadas para cada caso dentro dos limites estabelecidos. 
A dieta é ' fator importante no sucesso terapêutico, 
que visa a normalização da glicemia e discreta glicosúria em 
urina de 24 horas. 
Na eventualidade de fracasso terapêutico com uma 
droga, pode-se substituí-la por outra, freqüentemente com 
boa resposta, pois não- há sulfoniluréias mais eficientes. 
Em doses corretas, todos se equivalem quanto aos resulta-
dos terapêuticos. 
Nas intercorrências, como infecções, cirurgias, e nas 
complicações, como cetoacidose e coma hiperosmolar, de-
ve-se suspender o uso do medicamento oral e introduzir 
insulina para controle do paciente. 
As sulfoniluréias, de curta dura~devem ser admi-
nistrados em doses divididas, 2 a 3 tomadas por dia, e as de 
longa duração podem ser usadas em uma única tomada pela 
manhã com o paciente em jejum, sempre obedecendo o cri-
tério da dose máxima exigida (Tabela I). 
BIGUANIDAS 
Este grupo de compostos hipoglicemiantes orais, foi 
desenvolvido independentemente das sulfoniluréias. 
Em 1918, Watanabe descobriu em coelhos, que a 
guanidina apresentava ação hipoglicemiante. 
As biguanidas são compostos com duas moléculas de 
guanidina ligadas por cadeias de radicais metI1icos, e são 
diferentes das biguanidinas pois enquanto aquelas contém 
dois grupos com tres átomos de Ncada, estas encerram um 
grupamento de cinco átomos de N. 
Em 1957, Ungar e cols. introduziram a fenetilbiguani-
da (fenformin), de toxidade clínica aceitável. Além do fen-
formin são também utilizadas clinicamente, a dimetilbigua-
nida (Metformin) e a butilbiguanida (buformin) . As biguani-
das não são permitidas nos Estados Unidos . Na Inglaterra o 
CIR. VASC o ANG. 3 (2) : 9,14,1987 
Hipoglicemiantes orais 
fenformin está proibido e apenas o metformin é usado. 
No Brasil, ambas são comercializadas. 
NH 
II 
NH2 - C - NH2 
NH NH 
II II 
NH2 - C - NH - C - NH2 
Quadro 11: Estrutura Química das Biguanidas 
Mecanismo de ação 
guanidina 
biguanida 
Alguns estudos mostram que o fenformin possui efei-
to celular direto , aumentando a captação de glicose. 
Nas mitoc:ôndrias isoladas, verifica-se interferência na 
transferência de ligações de alta energia para o ADP, suge-
rindo que o composto inibe a fosforilação oxidativa. 
Extensas evidências indicam que a principal ação das 
biguanidas se situa ao nível do trato gastrointestinal, retar-
dando a absorção dos carboidratos, provocando melhora na 
tolerância à glicose oral. O aumento da utilização anaeróbi-
ca leba à super-produção de lactato , que é rapidamente me-
tabolizado ou reciclado. Quando existem anormalidades 
predisponentes ou doses excessivas, pode ocorrer acidose lá-
tica. 
Ao contrário de que acontece com as sulfoniluréias, 
a atividade hipoglicemiante das biguanidas não depende da 
presença do pâncreas, sendo ativas em pancreatectomizados. 
Metabolismo e excreção dos biguanidas 
A absorção é incompleta. Apenas 50% é absorvida ; 
um terço é metabolizado no fígado e dois terços são excre-
tados pela urina. Como os metabólitos são inativos e a ex-
creção renal é rápida, a ação hipoglicemiante é de curta du-
ração e não se intensifica na presença de doença renal ou 
hepática. 
A atividade hipoglicemiante das biguanidas é bem 
menos intensa de que a das sulfoniluréias. 
O metformin não é metabolizado, sendo excretado 
inalterado, e são necessários doses de cerca de 10 vezes 
maiores que o fenformin para se obter idêntico efeito hipo-
glicemiante. 
Efeitos tóxicos 
A ocorrência de acidose lática em casos tratados com 
fenformin, fez com que esta droga fosse proibida nos EUA 
desde 1977, pois dentre os efeitos das biguanidas destaca-se 
o aumento da produção de ácido lático e seu acumulo na 
circulação. A produção está aumentada nos tecidos em 
face do aumento da utilização anaeróbica da glicose es-
timulada pelas biguanidas . Assim, os pacientes que rece-
bem biguanidas estão permanentementecom o ácido lá-
tico e pirúvico e corpos cetônicos aumentados. 
Nas anóxias tissulares , como na insuficiência cardíaca, 
choque ou septicemia pode-se precipitar um quadro grave 
de acidose lática. 
11 
Maria Angela Zacarelli 
Indicações 
As biguanidas, usadas com cautela, podem melhorar 
o diabetes tipo 11, associado com obesidade e hiperglicemia 
sem cetose, e, em doses bem ajustadas não predispõem ao 
risco de hipoglicemia. 
Pode-se associar o uso com as sulfoniluréias, nos ca-
sos de fracasso secundário destas (Tabela 1Il). São contra-
indi,cadas em pacientes com insuficiência renal, hepática, 
pulmonar, e principalmente doenças cardíacas que predis-
põem à hipotensão arterial e choque. 
Deve-se iniciar o esquema terapêutico com biguani-
das em pequenas doses, e de acordo com as glicemias e gli-
cosurias de 24 horas estas doses devem ser ajustadas dentro 
de limites estabelecidos (Tabela 11) . 
o PROGRAMA DE DIABETES DO GRUPO 
UNIVERSITÁRIO: U.G.D.P.: 
o objetivo deste programa era uma tentativa de apli-
car as mais modernas técnicas estatísticas para se determi-
nar a possível influência do controle da hiperglicemia em 
várias modalidades de tratamento, na prevenção da progres-
são das complicações vasculares nos adultos diabéticos. 
Os medicamentos em uso foram: 
1. Tolbutamida, na dose de 1,5gr/dia. 
2. Placebo. 
3. Insulina simples em dose padrão de 10-16U/dia. 
4. Insulina simples em dose variável numa tentativa 
de conservar a glicemia tão normal quanto possí-
vel. 
GRUPO . PACIENTES 
TERAPÊUTICO REGISTRADOS 
Dieta e lactose placebo 205 
Dieta e tolbutamida 204 
Dieta e insulina fixa. JO-16U/lenta/ 
dia/peso corporal 210 
Dieta e insulina variável (80 U lenta 
suficiente para controlar a glicemia 204 
Dieta e fenformin (lOOmg TD/dia 
em doses divididas. 204 
Hipoglicemiantes orais 
Após oito anos, (janeiro de 1961 a outubro de 1969), 
dentre os 823 pacientes classificados, 89 morreram, 61 de 
causa cardiovascular. 
As mortes de causa cardiovascular ocorreram em 
12,7% do grupo da tolbutamida, 6,2% do grupo de doses 
fixas de ' insulina, 5,9% nos que recebiam doses variáveis 
de insulina e 4,9% no grupo placebo, com tratamento 
apenas dietético (Quadro I). 
Um ano mais tarde, foi estabelecido um quinto grupo 
que recebeu dose fixa de fenformin, 100mg/dia. 
A mortalidade por doença cardiovascular deste grupo 
foi de 13,2%. Este grupo exibiu, em relação aos outros, ele-
vação da pressão arterial e da freqüência cardíaca, maior ne-
cessidade de hipotensores e de uso de digital e crises fre-
qüentes de angina pectoris. 
A conclusão geral foi de que tanto a tolbutamida 
quanto a fenetilbiguanida produziam mortalidade mais ele-
vada do que os grupos controlados apenas com dieta ou 
com doses fixas ou variáveis de insulina, sendo a mortalida-
de devida a causas cardiovasculares. Estes estudos foram cri-
ticados por vários autores, e assim é que o seguimento du-
rante oito anos se associa a fatores incontroláveis que vi-
ciam os resultados, como por exemplo, a simples manuten-
ção de regimes alimentares idênticos em todos os grupos. 
Outros fatores, como fumo, peso corporal, tipo de vida, 
exercício físico não foram incluídos na seleção inicial dos 
pacientes. 
Também a dose fixa do medicamento, durante oito 
anos não é prática recomendável no tratamento do diabetes. 
Portanto, em 1979, a "American Diabetes Association" 
adotou uma atitude diante dos fatos e declarou "discutíveis 
e inconclusivas" os resultados da U.G.D.P. 
Finalizando, no estado atual, é de nossa responsabili-
dade determinar qual o melhor agente terapêutico para cada 
paciente, já que as drogas hipoglicemiantes orais têm impor-
tante papel no tratamento do diabetes mellitus tipo 11 
MORTES MORTES 
TOTAIS % CARDlO % 
VASCULARES 
21 10,2 10 4 ,9 
30 14,7 26 12,7 
20 9,5 13 6,2 
18 8,8 12 5,9 
31 15,2 26 12,7 
Quadro 111: Dados Estatísticos da Mortalidade do Grupo de Estudo da U.G,D,P, 
12 CIR . VASC.ANG.3(2) :9,14,1987 
Maria Angela Zacarel/i 
FORMA 
COMPOSTO DISPONIVEL 
1 ~ Geração 
Tolbutamida comprimidos 
(Orinase ~ 500 mg 
Rastinon *) 1.000 mg 
Acetohexamida comprimidos 
(Dimelor ~ Dia- 500 mg 
boral *) 
Tolazamida comprimidos, 
(Tonalise *) 100 ing 
250 mg 
500mg 
Clorpropamida comprimidos 
(Diabinese* *) 250 mg 
2\'-Geração 
Gliburida ou comprimidos 
Glibenclamida· 5 mg-
(Daonil * '; Lisa-
glicon *, Aglucil *) 
Glipizida (Mini- comprimidos 
diab *Glucatrol *) 5 mg 
Glibornurida comprimidos 
(Glutrim *) 5 mg' 
Gliquidona comprimidos 
(Glurenor *) 5 mg 
Glicazida comprimidos 
(Diamicron **) 80 mg 
* Apresentação Comercial. 
* * Disponíveis no Brasil 
DOSE DIÁRIA 
COMUM 
(mg/dia) 
500-2500 
(dividida) 
500-1.500 
(única ou 
dividida) 
100-1.000 
(única) 
125-500 
(única) 
2,5-25 
(dividida) 
2,5-25 
(dividida) 
12,5-75 
(dividida) 
2,5-20 
40-240 
~ 
Tabela I: Hipoglicemiantes Orais: Sulfonilureias 
FORMA 
COMPOSTO DISPONÍVEL 
Fenetil-biguamida comprimidos 
ou fenformin 25 mg 
DBI *~ Diabe- 50 mg 
tal *) 
Fenformin TD cápsulas 
(DBI-TD *) 50mg 
150 mg 
Dimetilbiguamida comprimidos 
ou Metformin 500 mg 
(metrol *) 850 mg 
* Apresentação Comercial 
* * Disponíveis no Brasil 
DOSE DIÁRIA 
COMUM 
mg/dia 
50-150 
50-150 
500-2500 
Tabela 11: Drogas Hipoglicemiantes Orais Biguamidas : 
CIR. VASCo ANG . 3 (2) : 9,14,1987 
Hipoglicemiantes orais 
DU~ÇÃODA VIDA MÉDIA EXC~ÇÃO 
METABOLIZAÇÃO AÇAO PLASMÁTICA URINARIA 
(horas) (horas) EM 24 hs 
6-12 4-5 85-90% Excreção renal rápi-
da. Carboxilada no 
fígado. A metabóli-
to inativo. 
12-24 6-8 60% Excreção urinária + 
lenta. Metabólito 
hepático possui ação 
hipoglicemiante + 
ativa que o compos-
to original. 
14-24 7 85% Metabolitos hepáti-
cos possuem fraca 
ação hipoglicemian-
te. 
40-60 35-40 50% Excreção renal len-
ta. Ligada a proteí-
nas plasmáticas, 1 % 
metabolizado. 
12-24 4-8 85-90% Excreção renal rápi-
da. Metabólitos ina-
tivos 
12,24 3-5 85-90% Excreção renal rápi-
da. Metabólitos ina-
tivos 
12-24 4-8 85-90% Exame renal rápida. 
Metabólitos inativos. 
12-24 4-5 5% Excreção de 95% 
pela via bílio-intesti-
na!. Metabolitos ina-
tivos. 
12-24 4-5 85-90% Excreção renal rápi-
da. Metabólitos ina-
tivos. 
DURAÇÃO VIDA MÉDIA EXCRI;:ÇÃO 
DA AÇAO PLASMÁTICA URINARIA METABOLIZAÇÃO (horas ' (horas) EM 24 hs. 
metabolização rápi-
6-12 3-5 + 90% da. Metabólitos ina-
tivos. 
6-12 4-10 + 90% metabolização rápi-
da. Metabólitos ina-
tivos. Absorção len-
ta. 
6-12 4-10 + 90% Não metabolizado. 
Excreção urinária rá-
pida. 
13 
Maria Angela Zacarelli 
COMPOSTO DOSE EMmg 
APRESENTAÇÃO 
COMERCIAL 
Glibenclamida 2mg 
+ + Gliformin 
Fenformin 30 mg 
Clorpropamida 125 mg 
+ + Bidiabe 
Fenformin 30 mg 
Clorpropamida 125 mg 
+ + Combinacin 
Fenformin 25 mg 
Clorpropamida 125 mg 
+ + Obinese H 
Metformin 500 mg 
* Disponíveis no Brasil 
Tabela 111: Associação dos Hipoglicemiantes Orais 
Summary 
ORAL HIPOGL YCEMIC A GEN TS 
Oral hipoglycemic agents are represented by the 
sulfonylureas and biguanides. 
The sulfonylureas stimulate the beta·cells of the 
Langerhans islets of the pancreas to secrete more insulin. 
The biguanides diminish glucose absorption by the gastro-
intestinal tract. 
The first generation of sulfonylureas are longer active 
while those of the second generation are ten to twenty 
times more potent but do have a shorter half - life plasmatic 
activity. Ali, with exception of the gliquidone are urinary 
excretion and should therefore be avoided in patients with 
renal insufficiency. 
The use of biguanide is not allowed in the USA and 
UK but in Brazil they are still commercialized. Their use 
needs careful/ attention becauseof the risks of lactic acido-
sis in patient with hypoxia. 
Oral hypoglycemic agents are used for treatment of 
type 11 diabets mellitus not insulin-dependents, with islet 
capability to secrete insulin. 
Uniterms: Sulfunylurea, Biguanides 
Diabetes mellitus 
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