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TRABALHO GENERO feminino

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ESCOLA DE ENSINO SUPERIOR MADRE CELESTE - ESMAC
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Cindy Almeida
Daniele Mascarenhas
Giovanna Fontel
Lucyanne Fontenele
Olivia Lohane Anjos
INTOLERÂNCIA E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NA ERA VIRTUAL- A MISOGINIA PRESENTE NAS REDES SOCIAIS: UM ESTUDO DE CASO
Trabalho apresentado à disciplina Sociologia Jurídica, para a obtenção de nota referente à atividade avaliativa no curso de Direto da ESMAC. Orientador: Profº Rui Jorge.
 
 
Ananindeua/PA
2017
INTRODUÇÃO
A importância do presente trabalho desenvolvido, bem como o método netnográfico utilizado se dá principalmente no que diz respeito à aproximação do Direito com a realidade em que nos encontramos sendo esta aproximação de suma importância para a análise de questões concretas que se mostram cada vez mais frequentes dentro do âmbito jurídico. O método netnográfico é de grande contribuição já que os temas sociológicos se tornam cada vez mais presentes dentro do Direito, e o caso da violência de gênero no âmbito virtual é um assunto cada vez mais recorrente dentro das mídias sociais, daí a necessidade de se conhecer a aproximação existente entre o Direito e o gênero. 
O presente trabalho teve o intuito de apresentar um recorte acerca das análises feitas dentro das redes sociais, desde as interações construídas entre homens e mulheres a partir de discussões relacionadas ao preconceito, violências de gênero e discriminações. Por meio dos prints obtidos busca-se compreender e analisar as relações de poder existentes.
O gênero, portanto passa a ser compreendido dentro de uma problemática complexa em razão da sua totalidade conceitual e histórica, levando em consideração processos de ordem social, politica, cultural e econômica em um determinado ambiente. Assim, a questão do gênero feminino vem à tona enquanto elemento fundamental para o entendimento e construção das relações sociais relativas ao gênero existentes na atualidade (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014).
Desta maneira, o trabalho veio mostrar a dinâmica estabelecida nas relações entre homens e mulheres em especifico no âmbito das redes sociais, relações estas por vezes baseadas em aversão ao gênero feminino, com caráter misógino e discriminatório, subjugando a condição do ser feminino pautada nos discursos patriarcais presentes e transmitidos em nossa sociedade.
O estudo mostrou-se de grande relevância científica, no sentido de contribuir para o meio acadêmico, e aprofundar discussões acerca de temas que são considerados base para o desenvolvimento ao longo da graduação.
NETNOGRAFIA
Netnografia é uma maneira específica dentro da etnografia que lança mão de comunicações mediadas pelo computador para extrair dados de maneira que se chegue a compreensão e consequentemente representação etnográfica de determinado fenômeno cultural dentro do ambiente virtual da internet. Possui uma abordagem que é adaptada justamente para esses fins, podendo adentrar no âmbito dos fóruns, blogs, redes sociais, dentre outros (SILVA, 2015).
Assim, é importante ressaltar a questão do “entrée cultural” como sendo de fundamental importância na estruturação do contato com a comunidade online, pois essa entrada cultural permite realizar decisões sobre determinadas questões e sobre temas, sobre a formulação da pergunta de pesquisa com o intuito de que desta maneira haja uma preparação para o trabalho de campo, como por exemplo, a identificação da comunidade online ou do grupo-pesquisa (SILVA, 2015).
No primeiro momento as formas de interação social e a maneira de “ser” de cada comunidade devem ser previamente investigadas, utilizando mecanismos de busca e outras formas de obtenção de dados, para que se tenha a compreensão e reconhecimento do campo e a forma a qual o pesquisador se apresentará ao grupo pesquisado em questão, todos esses cuidados constituem-se enquanto decisões fundamentais (SILVA, 2015).
Assim, torna-se importante apontar algumas características da netnografia que são derivadas da etnografia, tais como: é baseada na pesquisa de campo, já que é manejada no local em que os sujeitos a serem estudados estão ou vivem; é personalizada, pois é feita por pesquisadores que estão no campo juntamente com os sujeitos de pesquisa; é multifatorial ou multidisciplinar- onde pode-se aplicar inúmeras técnicas referentes a coleta de dados e por fim, tem um caráter holístico pois é conduzida de modo a trazer a tona o retrato fiel e mais completo o quanto for possível acerca do objeto de estudo (Ibid)
Com a netnografia pode-se obter a vantagem de encurtar as distancias relativas a tempo e espaço, devido a praticidade trazida pela internet, em que os agrupamentos sociais encontram-se na própria rede. Tais grupos podem funcionar tanto somente no ambiente online como pode existir simultaneamente no ambiente fora, ou seja, no espaço off-line. O que chama a atenção reside no fato de perceber que através de uma apropriação dos pressupostos postulados pela técnica da etnografia pode-se obter uma caráter investigativo, de observação sobre a realidade do outro, estando presente na netnografia (Ibid).
É desta maneira que adentraremos ao tema de nosso trabalho abordando um inicialmente a questão do gênero.
UMA QUESTÃO DE GÊNERO: O QUE É GÊNERO?
O gênero caracteriza-se enquanto instancia performática e múltipla, relativo à ação e não meramente relacionado à identidade ou totalidade do ser. Está desta forma, associado a outras questões relativas a distinção tais como: classe, etnia e geração. No que tange as diversidades pode-se citar as intracategorias existentes que se desdobram em diversas outras categorias e que levam a coalizações que dizem respeito a uma questão de afinidade e não identidade como muito se confunde. Desta maneira, é possível sanar as matrizes identitárias totalizadoras (HARAWAY, 2000; BUTLER, 1990 apud TONELI, 2012).
Confirmando o explanado anteriormente, aponta Butler (1990, p. 7 apud TONELI, 2012, p. 6):
O gênero pode também ser designado como o verdadeiro aparato de produção através do qual os sexos são estabelecidos. Assim, o gênero não está para a cultura como o sexo para a natureza; o gênero é também o significado discursivo/cultural pelo qual a ‘natureza sexuada’ ou o ‘sexo natural’ é produzido e estabelecido como uma forma ‘pré-discursiva’ anterior à cultura, uma superfície politicamente neutra sobre a qual a cultura age.
 Michel Foucault (1997), em sua obra aponta uma questão de gênero enquanto uma instancia de poder, a qual a forma de dominação estaria ligada à identidade sexual e que são características das sociedades ocidentais, encontrando-se por tanto enraizadas em nossa cultura e difíceis de serem identificadas pelos sujeitos. Assim, prefere-se acreditar que os movimentos que trazem à tona as questões de autoexpressão sexual são formas de resistência ao poder imposto, que está presente em nossa sociedade.
Ainda para Foucault (1997) é através do sexo que efetivamente por meio de um ponto imaginário fixo - que corresponde ao dispositivo da sexualidade-todos devem experimentar o processo por meio do qual terão acesso a sua inteligibilidade, a totalidade de seu corpo resultando por fim, em sua identidade.
 Butler (1990 apud TONELI, 2012) aponta que não existe identidade de gênero por trás da expressão “gênero” já que a identidade relativa ao gênero é uma construção performática contida nessa expressão que nada mais é do que seu resultado ou produto. Desta maneira, o gênero vem a criar o sexo de modo que não põe em evidencia o que corresponde ao seu contrário. É assim, que pode-se desconstruir a perspectiva ilusória relacionada ao sexo biológico enquanto sendo limitante da identidade de modo a demarca-la.
Este conceito de gênero foi criado com o intuito de fazer oposição a questão relativa ao determinismo biológico nas relações ligadas aos sexos, o que lhes atribuiu uma estruturação fundamentalmente social. De modo que a questão dogênero recaia igualmente sobre o aspecto relacional das definições que estavam ligados à normatização da feminilidade (SCOTT, 2002).
Parte da preocupação de alguns estudos sobre o feminino estava ligado a este aspecto relacional, pois traziam a tona questões sobre as mulheres de uma forma restrita de maneira que a noção de gênero teria uma conotação de que as mulheres e os homens eram definidos de modo reciproco e mutuo e não através de uma compreensão de cada ser de modo separado (SCOTT, 2002).
Partindo da concepção de que o gênero é construído sabe-se que nada tem a ver com o sexo biológico, sendo, portanto, uma consciência e um senso de si mesmo enquanto homem ou mulher. É um conceito que se enquadra na esfera da sociologia e da psicologia e não é biologicamente objetivo. Nenhuma pessoa nasce com a consciência de ser homem ou mulher, esse senso é desenvolvido com o tempo, sendo socialmente um conceito construído (SCOTT, 2002).
 É falando dessa questão do gênero enquanto multiplicidade que podemos citar alguns termos de gênero que foram citados pela rede social Facebook como forma de possibilitar a liberdade da escolha de gênero na hora de se cadastrar na rede: agênero, andrógeno, bigênero, pangênero, transgênero, gênero em duvida, gênero não variante, gênero conformista, gênero fluido, outro, etc.
 Fonte: Facebook, 28 de setembro de 2017, 14:49.
Segundo a imagem acima da rede social Facebook, podemos perceber o caráter múltiplo da questão de gênero, porém no presente trabalho abordaremos especificamente questões relacionadas ao gênero feminino, como a intolerância e violência presente nas redes sociais.
INTOLERÂNCIA E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NA ERA VIRTUAL- A MISOGINIA PRESENTE NAS REDES SOCIAIS: UM ESTUDO DE CASO
As questões relativas aos discursos veiculados através das mídias sociais trazem consigo efeitos de grande impacto que contribuem sobremaneira para a constituição das subjetividades das pessoas inseridas nesse meio. No momento em que fomenta a produção e veiculação de saberes diversos que dizem respeito ao mundo, as pessoas e a sociedade, ditando gostos, preferencias, desejos, etc. Tais questões encontram-se ligadas ao gênero e a sexualidade. Assim, percebe-se que as mídias cada vez mais ocupam um espaço importante na vida dos sujeitos, que por vezes proliferam discursos de ódio e aversão sobre as questões referentes à mulher, impondo-lhe por vezes certos tipos de comportamento que culturalmente foram cunhados para as mesmas como algo natural (FELIPE, 2006). Como pode-se constatar no print que segue abaixo:
Fonte: Facebook, 28 de setembro de 2017, 15:09.
Este print aponta a ideia comum que se tem sobre o fato de que as mulheres devem se comportar “apropriadamente”, ou seja, de maneira adequada, de modo a evitar comportamentos violentos. Nos casos em que ocorre a violência isso se dá porque o comportamento da mulher mostrou-se inadequado, como por exemplo, em situações em que usa roupas que mostram “demais” o corpo, frequentando sozinha, lugares noturnos de divertimento, cumprimentando de uma forma cordial (comportamento este que faz com que muitos homens enxerguem isso como um “sinal” de permissão), ou consumindo bebida alcoólica, enfim. Existe uma teoria acerca da ideia de os homens não poderem lidar e conter seu apetite sexual e por isso as mulheres deveriam saber portar-se para não provocar uma situação em que ela seja violada nos seus direitos (FELIPE, 2006).
O fato é que existem muitos motivos que apontam para uma culpabilização da mulher por meio da violência que é sofrida, dando a falsa ideia de que ela merecia ser tratada de determinada maneira para aprender a se comportar de forma apropriada, ou que se não se comportar como “rege a norma” deve ser desvalorizada (PICHONELLI, 2014 apud CASTRO, 2015). 
Apesar de não retratar especificamente um tipo de agressão física em relação à mulher, percebe-se a agressão psicológica e social existente, pois ainda que não esteja citando expressamente no print detalhes relacionados a indumentária dessa mulher, são apontados comportamentos de caráter misógino em que o sujeito acha pertinente existir em uma mulher determinado tipo de comportamento em uma dada situação, especialmente em relação aos homens, segundo sua próprias convicções sociohistoricamente construídas. 
Fonte: Facebook, 28 de setembro de 2017, 15:09
O print acima mostra que a mesma cultura que se impõe sobre as mulheres, vulnerabilizando-as, é também aquela que subjulga os homens que fogem à regra do estereótipo viril, forte, agressivo, impositivo de masculinidade. Os modos pelos quais os meninos e homens são educados naturalizam a agressividade, a impulsividade e a competitividade, ao passo que às meninas e mulheres reserva-se uma educação para a aceitação, submissão e passividade (CASTRO, 2015). E desta forma cria-se a falsa ideia que muitos homens tem de que “lugar de mulher é na cozinha” ou que ter uma esposa é sinônimo de que a ela cabe todas as exigências que uma mulher “deve” socialmente fazer dentro do lar e como portar-se fora dele.
Assim, percebe-se que o sentido unívoco relativo ao apelo de uma ideia que se tem sobre a mulher homogeneíza as experiências vividas pelos sujeitos que se constituem nessa categoria. Dai a necessidade de se problematizar a compreensão do que é “ser mulher” de uma maneira que a coloque numa categoria de sentido mais amplo, apontando características que seriam referentes a ‘todas’ as mulheres (CASTRO, 2015).
Observa-se principalmente uma tendência de associar características e processos biológicos particulares de cada mulher como sendo comuns, por exemplo: o fato de se ter vagina, útero, poder engravidar, ter seios, menstruação, dentre outros, além de características que estão quase que intrinsicamente ligadas ao gênero feminino tornando aquilo que essencializa essa mulher, tais como: emotividade, calma, delicadeza, vaidade, aptidão para o serviço doméstico, etc (CASTRO, 2015).
Desta maneira, pode-se perceber que o significado que advem do “ser mulher” tem uma tendência a se pluralizar nos dias atuais, de maneira a se levar em conta variáveis históricas, culturais, étnicas, raciais, regionais e de caráter ligado a condição social. Através da pluralização do que significa ser mulher entendendo gênero enquanto relacional pode-se também pluralizar o que é “ser homem” (CASTRO, 2015).
Fonte: Twitter, 28 de setembro de 2017, 15:17
De acordo com o print acima percebe-se a importância de pensar que problematizar essa questão culturalmente construída sobre os modos de subjetivação é uma tarefa árdua, onde se deve refletir sobre práticas e processos educativos historicamente construídos, por meio das pedagogias de gêneros existentes no que se refere as questões relativas a sexualidade, para que se possa experimentar uma vivencia que proporcione uma formação que traga consigo repertórios de luta, problematizadores. De modos de pensar e agir das pessoas sobre si mesmas, sobre os outros, e sobre as práticas pedagógicas disseminadas ao longo do tempo, o que deve ser constante, incessante e permanente (CASTRO, 2015).
No exemplo abaixo se pode observar claramente um exemplo de misoginia que se tornou um caso judicial acarretando inclusive multa para quem o praticou.
 
 Fonte: G1, 7 de novembro de 2017, 17:48.
O ocorrido se enquadra nos casos chamados de Cyberbullying que se configura enquanto agressão de cunho psicológico no meio virtual que acaba por prejudicar a vítima devido à exposição. O Cyberbullying em si não é suficiente para se considerar crime, mas diversas práticas associadas a ele se constituem enquanto criminosas tais como injúria, difamação, constrangimento ilegal e extorsão.
 Devido o Cyberbullyng em si não se caracterizar enquanto crime na legislação o agressor acaba recebendo apenas a pena mínima, então é importante sair da esfera criminal e ir em busca de uma reparação ingressando com o processo para pagamento de indenização (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014).
Apesar de a misoginiaem si não se configurar em quanto delito, existem leis que tramitam visando tutelar o direito da mulher quando esta sofre algum ato praticado em razão da sua condição do sexo feminino. Desta maneira, percebe-se que incluir a misoginia na tabela dos crimes de ódio reconhece a importância de se combater o preconceito contra as mulheres em razão de seu gênero (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014).
É pensando nessas situações que passaremos agora às questões relativas ao Direito e ao gênero.
DIREITO E GÊNERO
Na teoria, no que se refere às questões jurídicas, a estrutura social do patriarcado já teria sido superada tendo a igualdade de direitos entre homens e mulheres (em todos os âmbitos) sido garantida. Portanto, homem e mulher são em sua dignidade capazes de direitos de maneira plena e inerente tal qual aborda o art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. E no Art. 226. § 5º – Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. (…) (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014)
Desta maneira faz-se importante compreender que o direito tem gênero já que faz parte da sociedade patriarcal a qual encontra-se inserido. Assim acredita-se que a igualdade existida na constituição federal consubstancia e reconhece de maneira suficiente à inexistência de discriminações relativas ao gênero, porém sabe-se que na prática de forma concreta e material isto não ocorre, e então há uma estagnação do debate e se instala o conformismo (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014)
O código civil apesar de ter sofrido uma reformulação ainda trás o cunho de dependência da mulher com relação ao homem:
(...) o código civil legalizou plenamente a mudança de uma instituição do casamento que era principalmente uma relação de propriedade entre iguais, para uma instituição do casamento baseado no relacionamento pessoal entre os cônjuges, no qual as esposas eram em geral economicamente dependentes de seus maridos. (NAZZARI, 2001, 270-271 apud MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014, p. 18).
Mesmo trazendo algumas conquistas para as mulheres, o século passado não foi capaz de trazer benefícios que atingissem um patamar ideal no que se refere a participação social, já que a mulher ainda ocupa um lugar secundário seja no trabalho, na ciência e na sociedade de um modo geral, onde a esta mulher são ditadas formas de “ser uma mulher ideal” nos moldes da sociedade. Assim, deve-se chamar atenção para a importância do movimento feminista para a valorização da mulher na sociedade de forma que possamos entender as desigualdades de gênero de modo que estas sejam questionadas, discutidas e então transformadas na sociedade, e para tanto o movimento feminista trás uma enorme contribuição (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014)
Assim, aprofundar-se definitivamente no recorte de gênero dentro da analise jurídica faz-se essencial, pois só desta forma haverá uma aproximação entre teoria e prática, já que se observa que somente a teoria é insuficiente para garantir a igualdade de maneira justa, e desta maneira possa se perceber que muitos direitos essenciais ainda são negados as mulheres pela lei e pelo direito (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014).
 Bourdieu (2003) aponta para as questões relativas a uma lógica da economia entre trocas simbólicas que balizam para as mulheres sua posição social de objeto de troca. Ainda que tenha conquistado importantes direitos relativos à sua liberdade, se encontra aprisionada a um código simbólico que a restringe num ambiente familiar que é dependente dela e que de tudo esta incumbida.
Deste modo, apesar de toda a estrutura patriarcal existente é importante se pensar acerca dos direitos dessa mulher, das medidas protetivas existentes, o auxilio e a assistência jurídica que pode e deve ser prestada em casos misóginos que ocorrem tanto dentro do ambiente virtual como fora dele. Apesar de termos ainda uma justiça aos moldes patriarcal e machista que tem se mostrado retrógrada em alguns quesitos as delegacias de crimes virtuais tem crescido e se consolidado, as delegacias da mulher tem acatado como provas acusatórias de violências dados coletados nas redes sociais e tem sido analisadas as criações de jurisprudências que consigam suprir as lacunas que a lei ainda possui a respeito desta temática (MIRANDA; SCHIMANSKI, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS. 
Neste trabalho tivemos a oportunidade de constatar a importância da discussão acerca da temática sobre Gênero, que abrange toda a coletividade nos aspectos bio-psicossocial e a qual a maior parte da sociedade está aquém e distante, perdendo a chance de se aprofundar no ‘’conhecer a si e ao outro’’ num sentido holístico da nossa vivência. E mais a fundo, tivemos contato intenso com a questão da misoginia- ódio direcionado às mulheres que vem sendo disseminado ao longo de anos e ensinado como natural – o qual é imposto pelo sistema patriarcal e machista em que nascemos, crescemos e morremos, e que oprime violentamente.
Analisamos que esta misoginia vem tomando força através de espectros de longo e rápido alcance como as redes sociais, onde textos, imagens, os conhecidos ‘’memes’’ e vídeos contendo mensagens de ódio às mulheres são postados e viralizados em proporções continentais, contendo as reações mais diversas e trazendo a preocupação de que a violência contra a mulher mais do que nunca é vista como comum e tem virado objeto de piada, naturalizando e consolidando as relações violentas (e cotidianas) que envolvem o gênero feminino.
Com nossas pesquisas e estudos pudemos também tomar conhecimento maior sobre a postura que o Direito vem adotando em conformidade com esse avanço da violência e intolerância de gênero na internet. O trabalho se propôs a compreender as questões relativas à intolerância e violência de gênero na era virtual, aproximando essa temática do âmbito jurídico. Desta maneira o estudo realizado nos proporcionou compreender melhor acerca dessa seara, trazendo discussões pertinentes ao assunto em voga.
REFERENCIAS
BOURDIEU, P; A dominação masculina. 3. ed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2003.
CASTRO, R. P. O HOMEM PODE TUDO”... “A MULHER É UM SEXO INFERIOR!”...: DISCUTINDO SEXISMO, MACHISMO E VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA FORMAÇÃO EM PEDAGOGIA. In: Simpósio Internacional de Educação Sexual: feminismo, identidade de gênero e politicas públicas, 4, 2015, Maringá.
FELIPE, J. Representações de gênero, sexualidade e corpo na mídia. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, n. 3, p. 251-263, 2006. Disponível em:<http://revistas.utfpr.edu.br/ct/tecnologiaesociedade/index.php/000/article/view/47/51>. Acesso: 31 Out. 2017.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade A Vontade de Saber (Vol. 1). Rio de Janeiro: Graal, 1997.
MIRANDA, TL; SCHIMANSKI, E. Relações de gênero: algumas considerações conceituais. In: FERREIRA, AJ., org. Relações étnico-raciais, de gênero e sexualidade: perspectivas contemporâneas [online]. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2014, pp. 66-91. ISBN 978-85-7798-210-3. Available from SciELO Books .
SCOTT, J. Fantasy Echo: história e a construção da identidade. Labryz, estudos feministas, 1–2, julho/dezembro 2002. Disponível em: http://www.unb.br/ih/ihs/gefem/labrys_2/scott1.html Acesso em 31 de outubro de 2017.
SILVA, S de A. Desvelando a Netnografia: um guia teórico e prático. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun.,  São Paulo ,  v. 38, n. 2, p. 339-342,  Dec.  2015 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-58442015000200339&lng=en&nrm=iso>. access on  01  Nov.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/1809-5844201521.
TONELI, M.J.F. Sexualidade, gênero e gerações: continuando o debate. In JACÓ-VILELA, A.M; SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein dePesquisas Sociais, 2012. p. 147-167. ISBN: 978-85-7982-060-1. Available from SciELO Books .

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