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Freud e a Religião A CASA DE VIDRO

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27/11/2017 :: Freud e a Religião :: | A CASA DE VIDRO.COM
https://acasadevidro.com/2010/03/24/freud-e-a-religiao/ 1/6
A CASA DE VIDRO.COM
Portal Cultural & Livraria Virtual. Plugando consciências no amplificador! Um
projeto de Eduardo Carli de Moraes.
24/03/2010 por ACASADEVIDRO.COM
:: Freud e a Religião ::
(h�ps://acasadevidro.files.wordpress.com/2010/03/sigmund-freud1.jpg)
Foram três as grandes “feridas narcísicas” sofridas pela humanidade, segundo Sigmund Freud. A primeira, a perda de nossa ilusão de estarmos no
centro do cosmos gerada pelas descobertas de Copérnico e o reconhecimento pleno do heliocentrismo; a segunda, a “degradante” descoberta
darwiniana da evolução das espécies, que deu a nosso narcisismo a “má notícia” de que não somos criaturas saídas das mãos de um deus, mas
meros descendentes dos primatas, macacos melhorados; e, em terceiro lugar, a própria psicanálise freudiana, que mostrou que “o ego não é rei em
sua própria casa” e escancarou o quanto o comportamento humano é guiado mais por impulsos inconscientes e pulsões biológicas do que por
princípios racionais.
(h�ps://acasadevidro.files.wordpress.com/2010/03/sigmund-freud2.jpg)Mas a ferida narcísica que Freud surgiu
para infligir talvez seja mais profunda do que ele mesmo previu: sua teoria a respeito da religião e das raízes da
necessidade psicológica da fé também representam ferimentos severos à auto-imagem de todos os Narcisos que
queriam continuar a crer que são os “favoritos da Criação” e que havia um “plano divino” dedicado a construir a
felicidade humana… Como diz Freud numa frase inesquecível, dum pessimismo à la Schopenhauer, “somos
tentados a pensar que não entrou no plano da ‘Criação’ a idéia de que o homem fosse feliz”…
A Natureza, para um ateu de lucidez tão implacável como era Freud, jamais foi vista através da névoa
distorcedora do idealismo ou do antropomorfismo. A Natureza, para o Pai da Psicanálise, evidentemente não é
criação de um Deus Onipotente, Bom e Sábio. Não é algo que esteja aí para nos “agradar”, nos deleitar, nos
receber calidamente em seu seio. Nem está “do nosso lado”, pronta a atender nossos desejos e preces. Seria uma
ilusão humanizá-la, sentimentalizá-la, “encantá-la” e supor nela intenções, desejos, desígnios e vontades. Para
Freud, a Natureza, na verdade, é um imenso aglomerado de Forças e Energias que, em sua totalidade, escapa
totalmente ao nosso controle. “Ela nos destrói, fria, cruel e incansavelmente”, aponta ele, antes de enveredar por
exemplos ilustrativos:
“os elementos, parecem escarnecer de qualquer controle humano; a terra, que treme, se escancara e sepulta toda a vida humana e suas obras; a água, que
inunda e afoga tudo num torvelinho; as tempestades, que arrastam tudo o que se lhes antepõe; as doenças, que só recentemente identificamos como sendo
ataques oriundos de outros organismos, e, finalmente, o penoso enigma da morte, contra o qual remédio algum foi encontrado e provavelmente nunca será. É
com essas forças que a natureza se ergue contra nós, majestosa, cruel e inexorável; uma vez mais nos traz à mente nossa fraqueza e desamparo, de que
pensávamos ter fugido através do trabalho de civilização.” (O Futuro de Uma Ilusão, pg. 96)
(h�ps://acasadevidro.files.wordpress.com/2010/03/lacan.gif)Jacques Lacan, em seu Discurso aos Católicos, sublinhou que o pensamento de Freud,
como já começamos a suspeitar, não concebe uma Natureza que possua “desvelos humanistas” ou que seja “sensível” aos sofrimentos e aos
prazeres humanos. Ela é indiferente.
“Não, a reflexão de Freud não é humanista. Nada permite aplicar-lhe esse termo” (pg. 34), afirma Lacan. “A realidade física é totalmente inumana. (…)
Sabemos o que cabe à terra e ao céu, ambos são vazios de Deus…” (pg. 40) Lacan sugere mesmo que à Freud “a própria dor parece-lhe inútil. Para ele, o mal-
estar da civilização resume-se nisto: tanto sofrimento para um resultado cujas estruturas terminais são antes agravantes…” (pg. 34) [LACAN, O Triunfo da
Religião, precedido de Discurso Aos Católicos. RJ: Jorge Zahar, 2005.]
27/11/2017 :: Freud e a Religião :: | A CASA DE VIDRO.COM
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Não importa o quanto a Civilização avance, pois, com seu séquito de novos conhecimentos científicos e novas
tecnologias; a Natureza “inumana” está sempre presente como um poder superior e ameaçador, desencadeando
tempestades, terremotos, tsunamis e chuvas de cometa capazes de, por vezes, reduzir à pó milênios de árduo
trabalho humano ou mesmo extinguindo espécies inteiras de animais. Descobrir-se em meio a um mundo natural tão
hostil certamente gera tormentos psíquicos e crises de valor, como Freud aponta: “A auto-estima do homem,
seriamente ameaçada, exige consolação; a vida e o universo devem ser despidos de seus terrores; ademais, sua
curiosidade pede uma resposta.” (O Futuro de Uma Ilusão, Os Pensadores, pg. 96)
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
TRÍPLICE MISSÃO
A religião teria sido inventada, pois, com uma tríplice missão: “exorcizar os terrores da natureza, reconciliar os
homens com a crueldade do Destino, particularmente a que é demonstrada na morte, e compensá-los pelos
sofrimentos e privações que uma vida civilizada em comum lhes impôs.” A psicanálise, portanto, reduz à religião a um mero “cabedal de idéias”,
“nascido da necessidade que tem o homem de tornar tolerável seu desamparo, e construído com o material das lembranças do desamparo de sua
própria infância e da infância da raça humana” (O Futuro de Uma Ilusão, pg. 98). Testemunho mais de nossa fraqueza que de nossa força, mais de
nossa fragilidade que de nossa indestrutibilidade, mais de nossa angústia que de nossa felicidade, a religião é, de fato, como Marx depois dirá, “o
suspiro da criatura oprimida” – e, como Freud sugere, a tentativa delirante de suplantar essa opressão das forças naturais, da morte e da repressão
cultural.
As idéias religiosas, pois, não descem do Céu para a Terra como um graça ou uma revelação, como um dom dos deuses para os pobres mortais,
mas são germinadas no vaso fértil e imaginativo do crânio humano: é aí, na cachola atormentada do homo sapiens, que nascem e morrem todos os
deuses.
“As idéias religiosas, proclamadas como ensinamentos, não constituem precipitados da experiência ou resultados finais de pensamentos: são ilusões, realizações
dos mais antigos, fortes e prementes desejos da humanidade. O segredo de sua força reside na força desses desejos” (O Futuro de Uma Ilusão, p. 107 – grifo
meu).
A psicanalista Julia Kristeva define a posição freudiana em relação à religião nos seguintes termos:
“É como uma ilusão que a religião aparece precisamente a Freud, ilusão gloriosa porém, já que ele a entendia no sentido do equívoco de Cristóvão Colombo ou
dos alquimistas. Como estas experiências pré-científicas, que vão dar, no entanto, origem à geografia moderna e à química, a religião seria uma construção de
pouca realidade do desejo de seus sujeitos. (…) Notando a dificuldade que têm os seres humanos de suportar o desmoronamento de seus fantasmas e o fracasso
de seu desejo, sem substitui-los por novas ilusões das quais não percebem nem a pouca realidade nem a desrazão, Freud tenta precisar o benefício secundário
que comporta precisamente esta ilusão.” (No Príncípio Era O Amor – Psicanálise E Fé, pgs. 21-22)
(h�ps://acasadevidro.files.wordpress.com/2010/03/kris.jpg)Kristeva, na esteira de Freud, destaca o fato que as
crenças servem justamente para “gratificar o indivíduo em seu cerne narcísico” (pg. 36), “reparar nossos
transtornos de Narcisos feridos” (pg. 37) e nos ofertar a “certeza da remuneração” (pg. 42). Além disso, um certo
anseio amoroso está na base do impulso para a fé: o desejo de ser amado por Deus é um dos motores que lança o
crente à sua crença. “Deus vos amou primeiro”, “Deus é amor”, são os postulados que asseguram ao crente a
permanência da generosidade e da graça. É-lhe feito o dom de um amor de que nãoterá sido merecedor de
antemão, mesmo que, certamente, a questão venha a se colocar ulteriormente, com uma exigência de ascese e de
aperfeiçoamento”. (op cit, pg. 37)
A religião, pois, é entendida no universo freudiano como uma invenção humana destinada a remediar um
desamparo existencial que perdura, após a infância, na vida madura. A religião procura “mitigar nosso temor dos
perigos da vida” com a imaginação do suposto “governo benevolente de uma Providência divina; e procura ainda
ser uma “resposta aos enigmas que tentam a curiosidade do homem” (resposta obviamente fictícia). Enfim,
representa um “alívio enorme para a psique humana” (O Futuro de Uma Ilusão, Os Pensadores, 107) e uma das
mais tenazes ilusões que manteve a humanidade cativa através dos milênios.
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
DESEJO E ILUSÃO
Em Moisés e O Monoteísmo, Freud já dizia:
“Não foi possível demonstrar (…) que o intelecto humano possua um faro particularmente bom para a verdade, ou que a mente humana demonstre qualquer
inclinação especial para reconhecê-la. Encontramos antes, pelo contrário, que nosso intelecto facilmente se extravia sem qualquer aviso, e que nada é mais
facilmente acreditado por nós do que aquilo que, sem referência à verdade, vem ao encontro de nossas ilusões carregadas de desejo.” (pg. 153 – edição Standard
das Obras Psicológicas Completas, volume 23 [1937-1939], trad. Jayme Salomão.)
Os crentes, pois, iludem-se acreditando no Paraíso, na alma imortal e no Bom Governo de um Papai dos Céus Benevolente pois estão
completamente cegados pelo desejo. Pois o procedimento do religioso consiste em, ao invés de fazer uma admissão sincera de um desejo (“seria
muito bom se Deus existisse, gostaria muito que ninguém morresse…”), saltar para uma abusiva anunciação sobre uma suposta realidade (“existe
um Deus, ninguém morre, iremos para o Paraíso se fizermos o Bem…”). O crente faz do que desejaríamos que fosse real a afirmação de que é real –
ou, para usar uma expressão de Sponville, o crente “toma seus desejos pela realidade”.
Em certos casos, a cegueira é tamanha que atinge o nível de um delírio – como Richard Dawkins quis sublinhar quando entitulou seu livro. Freud
também considera que as ilusões extremadas saltam para este outro nível de alienação da realidade: “algumas são tão improváveis, tão
incompatíveis com tudo que laboriosamente descobrimos sobre a realidade do mundo, que poderíamos compará-las à delírios” (O Futuro de Uma
Ilusão, p. 108).
Tudo o que a religião nos conta é uma cantilena de ninar, um conto-de-fadas kitsch, um conjunto de idéias feito sob medida para dar de mamar aos
desejos humanos mais profundos e infantis: o desejo de proteção, de amparo, de sentido, de êxtase, de paz, de imortalidade etc. A religião nos diz
justamente o que mais queremos ouvir, e por isso é de se suspeitar que a tenhamos inventado interesseiramente, com o único objetivo de nos
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convercermos, através de ficções e delírios, de que a vida é como desejaríamos que fosse. É o que Freud aponta no irônico trecho abaixo, onde narra as
consolações que nos tentam inculcar os monoteísmos ocidentais:
“Tudo o que acontece neste mundo constitui expressão das intenções de uma inteligência superior para conosco, inteligência que (…) ordena tudo para o
melhor. (…) Sobre cada um de nós vela uma Providência benevolente que só aparentemente é severa e que não permitirá que nos tornemos um joguete das
forças poderosas e impiedosas da natureza. A própria morte não é uma extinção, não constitui um retorno ao inanimado orgânico, mas o começo de um novo
tipo de existência que se acha no caminho da evolução para algo mais elevado. (…) Ao final, todo o bem é recompensado, e todo o mal, punido, se não na
realidade, sob esta forma de vida, pelo menos em existências posteriores que se iniciam após a morte. Assim, todos os terrores, sofrimentos e asperezas da vida
estão destinados a se desfazer…” (O Futuro de Uma Ilusão, p. 98)
Não se nega que as religiões possam ser, em certas sociedades, “prezadas como o mais precioso bem da civilização, como a coisa mais preciosa que
ela tem a oferecer a seus participantes” (99). Mas Freud coloca a questão de saber se religião é de fato bem sucedida em dissipar, como pretende, os
“terrores, sofrimentos e asperezas da vida” – algo que não só não está provado, como é questionável, duvidoso e em muitos casos absolutamente
implausível. Ainda assim, Freud não se engana: “As pessoas sentem que a vida não seria tolerável” sem a religião (99) – e é isso que explica sua
força.
A religião, este cabedal de idéias que é transmitido culturalmente, inculcada na nova geração pela educação, pelo sermão e pela catequisação, não
tem nada de “natural” ou de “fruto da graça ou da revelação”, é claro. É “a civilização que fornece ao indivíduo essas idéias”; “são-lhe
presenteadas já prontas, e ele não seria capaz de descobri-las por si mesmo. Aquilo em que ele está ingressando constitui a herança de muitas
gerações, e ele a assume tal como faz com a tabuada de multiplicar, a geometria e outras coisas semelhantes”. A religião, sublinha Freud, não é
verdade eterna, mas invenção humana, histórica, mutante, na estrada da civilização.
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
O COMPLEXO PATERNO E A CRENÇA EM DEUS-PAI
Além disso, a idéia de Deus tem, para a psicanálise freudiana, um protótipo infantil: a imagem do Pai. O paralelo entre o desamparo infantil frente
ao Pai e o desamparo do homem crescido frente à Natureza (hostil) é a base do raciocínio de Freud: “Já uma vez antes, nos encontramos em
semelhante estado de desamparo: como crianças de tenra idade, em relação a nossos pais. Tínhamos razão para temê-los, especialmente nosso pai;
contudo, estávamos certos de sua proteção contra os perigos que conhecíamos.” (97) Na vida adulta, re-experimentamos o desamparo e fragilidade
da primeira infância frente à colossal e esmagadora maquinaria dos cosmos, de modo que esperamos de um Deus-Pai proteção e consolo. Ao
mesmo tempo, “transformamos as forças da natureza” “lhes concedendo o caráter de um pai”, ou seja, “transformando-as em deuses” (97).
Isso porque, no fundo, uma certa dose de desamparo é incurável e inelutável. “Quando o indivíduo em crescimento descobre que está destinado a
permanecer uma criança para sempre, que nunca poderá passar sem proteção contra estranhos poderes superiores, empresta a esses poderes as
características pertencentes à figura do pai” (102).
Em suma, como ele aponta em Un souvenir d’enfance de Léonard de Vinci (Paris, Gallimard, 1987, p. 156):
“A psicanálise nos fez conhecer a relação íntima entre o complexo paterno e a crença em Deus, nos mostrou que o Deus pessoal, psicologicamente, não passa de
um pai levado às nuvens, e nos apresenta cotidianamente o espetáculo de jovens que perdem a fé a partir do momento em que sobre eles desaba a autoridade do
pai. É portanto no complexo parental que reconhecemos a raiz da necessidade religiosa.”
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
ILUSÃO BENIGNA?
(h�ps://acasadevidro.files.wordpress.com/2010/03/freud-3.jpg)Em “O Futuro De Uma Ilusão” é também posto em
xeque um dos argumentos que julga-se dos mais fortes na defesa da religião: já que as grandes questões metafísicas
são insolúveis para a razão humana, e já que a crença religiosa oferece tamanhas consolações e “cura” o homem de
tantas angústias, trazendo tanto “alívio” psíquico, por que não aceitá-la e acolhê-la como uma espécie de ilusão
benigna, de cegueira que faz bem?
Freud, é claro, não se deixa convencer por uma raciocínio desses, que denigre sem dó como “desculpa esfarrapada”:
a religião de modo algum pode ser vista como algo que traz saúde psíquica! “Os crentes devotos são em alto grau
salvaguardados de certas enfermidades neuróticas”, Freud o admite, mas é porque “sua aceitação da neurose
universal poupa-lhes o trabalho de elaborar uma neurose pessoal” (118)!Poucas vezes ele foi mais cáustico, mais
irônico e mais iconoclástico do que aqui: possuir uma religião é possuir uma neurose coletiva, uma cegueira
compartilhada por muitos, um delírio da imaginação profundamente alienante, e nada de benigno pode sair daí:
“Ignorância é ignorância; nenhum direito a acreditar em algo pode ser derivado dela. Em outros assuntos, nenhuma pessoa
sensata se comportaria tão irresponsavelmente ou se contentaria com fundamentos tão débeis para suas opiniões e para a
posição que assume. É apenas nas coisas mais elevadas e sagradas que se permite fazê-lo” (pg. 109). Além do mais, “as
verdades contidas nas doutrinas religiosas são, afinal de contas, tão deformadas e sistematicamente disfarçadas que a massa da humanidade não pode
identificá-las como verdade. O caso é semelhante ao que acontece quando dizemos a uma criança que os recém-nascidos são trazidos pela cegonha.” (118)
Freud, sem dúvida, espera que a humanidade seja capaz de um heroísmo de lucidez que ele próprio testemunhou com seu pensamento e que tanto
nos empolga e ilumina. E nos conclama a uma atitude de desdém e de abandono em relação aos “contos de fada da religião” (106):
“Os críticos insistem em descrever como ‘profundamente religioso’ qualquer um que admita uma sensação de insignificância ou impotência do homem diante
do universo, embora o que constitua a essência da atitude religiosa não seja essa sensação, mas o passo seguinte, a reação que busca um remédio para ela. O
homem que não vai além, mas humildemente concorda com o pequeno papel que os seres humanos desempenham no grande mundo, esse homem é, pelo
contrário, irreligioso no sentido mais verdadeiro da palavra.” (109)
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
MORALIDADE E IRRELIGIÃO
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Também a espinhosa questão moral Freud enfrenta de frente. Há por parte dos religiosos um intenso temor, quase um pavor, de que um caos
social e ético se instalaria caso caísse o império da religião. Freud se imagina um opositor que lhe confronta com este argumento: “Caso se ensine
às pessoas que não existe um Deus todo-poderoso e justo, nem ordem mundial divina, nem vida futura, os homens se sentirão isentos de toda e
qualquer obrigação de obedecer aos preceitos da civilização” (110). Ou seja: se as pessoas não tiverem fé, acharão que “tudo é permitido”, e nunca
mais agirão de modo ético e responsável, de modo que, “no interesse da preservação de todos nós”, ainda que essas idéias sejam reconhecidas
pelas lúcidos como ilusões e delírios, a religião deveria ser mantida, ainda que a título de “cimento social” e impulso para o agir moral.
Freud obviamente discorda. “A civilização corre um risco muito maior se mantivermos nossa atual atitude para com a religião do que se a
abandonarmos” (111), diz ele, como um profeta ateu que garante que viveríamos melhor abandonando de vez a quimera de Deus. A religião já
“dominou a sociedade humana por muitos milhares de anos e teve tempo para demonstrar o que pode alcançar”, ou seja, o planeta Terra já foi por
séculos demais o laboratório à céu aberto onde os padres e papas usaram os humanos como cobaias para suas ideologias religiosas. “Se houvesse
conseguido tornar feliz a maioria da humanidade, confortá-la, reconciliá-la com a vida, e transformá-la em veículo de civilização, ninguém
sonharia em alterar as condições existentes. Mas, em vez disso, o que vemos? Vemos que um número estarrecedoramente grande de pessoas se
mostram insatisfeitas e infelizes com a civilização, sentindo-a como um jugo do qual gostariam de se libertar” (113).
Portanto, é francamente falsa ou altamente implausível a tese de que a religião faria os homens mais felizes e mais bondosos – por que não, como a
História nos dá tamanhas provas, não os tornaria mais culpados, atormentados, angustiados, sectários, intolerantes e sanguinários? “É duvidoso
que os homens tenham sido em geral mais felizes na época em que as doutrinas religiosas dispunham de uma influência irrestrita; mais morais
certamente não foram”. Sem falar que, como comenta Freud com ironia, “o pecado é indispensável à fruição de todas as bênçãos da graça divina”.
Não se esqueçam, irmãos, que estas noções de “pecado”, “culpa” e “inferno” são criações de crentes e não de ateus!
Apesar de não conceber nenhum perigo de “queda moral” na passagem da fé para o ateísmo nas “pessoas instruídas”, Freud chega a dar um
pouco de razão àqueles que temem o caos social que se seguiria à derrocada da religião, especialmente se quem perdesse a fé fosse “a grande
massa dos não instruídos e oprimidos, que possuem todos os motivos para serem inimigos da civilização” (114). Os proprietários, os dominadores,
os poderosos, têm razão de tremerem pelo seu tão querido status quo se as massas despertarem de seu sono teológico e quebrarem as correntes!
Mas será que só um estado policial e repressor seria capaz de conter, pela força, as massas irreligiosas? É uma hipótese que Freud considera: “Se a
única razão pela qual não se deve matar o próximo é porque Deus proibiu e nos punirá severamente por isso nesta vida ou na vida futura, então,
quando descobrirmos que não existe Deus e que não precisamos temer Seu Castigo, certamente mataremos o próximo sem hesitação e só
poderemos ser impedidos de fazê-lo pela força terrena” (114). No caso desta proibição – de matar o próximo – nós “revestimos a proibição cultural
de uma solenidade muito especial, mas, ao mesmo tempo, nos arriscamos a tornar sua observância dependente da crença em Deus” (116).
Para Freud, as proibições culturais não precisam ficar nesta dependência em relação à religião.
“Constituiria vantagem indubitável que abandonássemos Deus inteiramente e admitíssemos com honestidade a origem puramente humana de todas as
regulamentações e preceitos da civilização. Junto com sua pretensa santidade, esses mandamentos e leis perderiam também sua rigidez e imutabilidade. As
pessoas compreenderiam que são elaborados, não tanto para dominá-las, mas, pelo contrário, para servir a seus interesses, e adotariam uma atitude mais
amistosa para com eles e, em vez de visarem à sua abolição, visariam unicamente à sua melhoria” (116).
Diríamos, por exemplo, que não se deve matar o próximo, não porque Deus assim o proibiu, mas porque se isto se tornasse “moda” os homens
acabariam se exterminando mutuamente. Um motivo racional no lugar de um motivo religioso.
Freud, como bom racionalista, afirma a “impossibilidade de provar a verdade das doutrinas religiosas”, o que ele mesmo reconhece ser uma idéia
que nada tem de novo: “Isso já foi sentido em todas as épocas e, indubitavelmente, também pelos ancestrais que nos transmitiram esse legado.
Muitos deles provavelmente nutriram as mesmas dúvidas que nós, mas a pressão a eles imposta foi forte demais para que se atrevessem a
expressá-las. E, visto que incontáveis pessoas foram atormentadas por dúvidas semelhantes e se esforçaram por reprimi-las, por acharem que era
seu dever acreditar, muitos intelectos brilhantes sucumbiram a esse conflito” (105 – grifo meu).
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
ASFIXIANDO O PENSAMENTO
A obrigação de crer, sustentada por séculos através das ameaças de fogueira e excomunhão, sufocou e asfixiou o vôo do pensamento e as vitórias
do saber. Quem há de contar os infinitos prejuízos e danos causados à progressão da sabedoria humana por esta cruel engrenagem de estraçalhar
intelectos brilhantes que foi a religião ortodoxa e fanática, que reprimia a dúvida e a investigação e fazia apologia do dogmatismo e da fé cega e
sem provas? E quem há de calcular o quanto se deforma e se impede o desenvolvimento intelectual de uma criança através de uma pedagogia
alicerçada na religião?
“Pode um antropólogo fornecer o índice craniano de um povo cujo costume é deformar a cabeça das crianças enrolando-as com ataduras desde os primeiros
anos? Pense no deprimente contraste entre a inteligênciaradiante de uma criança sadia e os débeis poderes intelectuais do adulto médio. Não podemos estar
inteiramente certos de que é exatamente a educação religiosa que tem grande parte da culpa por essa relativa atrofia? Penso que seria necessário muito tempo
para que uma criança, que não fosse influenciada, começasse a se preocupar com Deus e com as coisas do outro mundo. Talvez seus pensamentos sobre esses
assuntos tomassem então os mesmos caminhos que os de seus antepassados. Mas não esperamos por um desenvolvimento desse tipo; introduzimo-la às
doutrinas da religião numa idade em que nem está interessada nelas nem é capaz de apreender sua significação. Não é verdade que os dois principais pontos do
programa de educação infantil atualmente consistem no retardamento do desenvolvimento sexual e na influência religiosa prematura? Dessa maneira, à época
em que o intelecto da criança desperta, as doutrinas da religião já se tornaram inexpugnáveis. Mas acha você que é algo conducente ao fortalecimento da
função intelectual o fato de um campo tão importante lhe ser fechado pela ameaça do fogo do Inferno? Quando outrora um homem se permitia aceitar sem
crítica todos os absurdos que as doutrinas religiosas punham à sua frente, e até mesmo desprezar as contradições existentes entre elas, não precisamos ficar
muito surpresos com a debilidade de seu intelecto. Não dispomos, porém, de outros meios de controlar nossa natureza instintual, exceto nossa inteligência.
Como podemos esperar que pessoas que estão sob domínio de proibições de pensamento atinjam o ideal psicológico, o primado da inteligência?” (F.I, p. 121)
Freud, pois, manifesta-se claramente favorável a um pedagogia irreligiosa e conclama os homens a assumirem sem covardia a lucidez implacável
que ele, Freud, tão bem exercitou e exemplificou. Quanto mais cultos, inteligentes e lúcidos nos tornamos, quanto mais cresce em nós a capacidade
de pensar de modo preciso e coerente, mais nos afastamos das quimeras delirantes da religião, sugere: “Quanto maior é o número de homens a
quem os tesouros do conhecimento se tornam acessíveis, mais difundido é o afastamento da crença religiosa” (113).
♣ ♣ ♣ ♣ ♣
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♣ ♣ ♣ ♣ ♣
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REFERÊNCIAS 
============
FREUD, S. O Futuro de Uma Ilusão. In: Os Pensadores. Ed. Abril Cultural.
FREUD, S. Moisés e o Monoteísmo. In: Edição Standard das Obras Psicológicas Completas, volume 23 [1937-1939], trad. Jayme Salomão.
FREUD, S. Un souvenir d’enfance de Léonard de Vinci. Paris, Gallimard, 1987, p. 156.
KRISTEVA, Julia. No Princípio Era o Amor – Psicanálise e Fé. Ed. Brasiliense, 1987.
LACAN, Jacques. O Triunfo da Religião, precedido de Discurso Aos Católicos. RJ: Jorge Zahar, 2005.
Esta entrada foi publicada em Uncategorized and tagged antropologia, ateísmo, crítica à religião, Deus, educação, filosofia, freud, kristeva, lacan,
moisés e o monoteísmo, o futuro de uma ilusão, o mal estar na civilização, pedagogia, psicanálise, religião, sigmund freud, sociologia, teologia. 
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7 Comentários 
Sobre acasadevidro.com
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7 pensamentos sobre “:: Freud e a Religião ::”
:: Freud e a transitoriedade :: « A Casa de Vidro disse:
19/04/2011 às 6:37 pm
[…] freud e a religião […]
Responder
Domingos Vieira disse:
29/07/2012 às 10:27 am
Adentro me lancei no Oceano da Libertação… 
Krishnamurti. 
(A Busca)
Freud, em seus estudos,debruçou-se sobre essa questão crucial para o ser humano – a religião. O pai da psicanálise empenhava-se para que sua
teoria fosse aceita como científica, o que hoje é abertamente negado, pois a psicanálise não resiste aos critérios que definem a ciência. 
Uma vez que o mito da ciência como libertadora do homem de todos os seus males físicos e metafísicos soçobrou – embora alguns ainda se
agarrem desesperadamente às tábuas que restaram do seu progressivo naufrágio – essa própria derrocada do mito, paradoxalmente, veio dar
ainda algum fôlego à psicanálise – já não há grande valor e interesse em demonstrar-se “científica”. 
A crença e a esperança, que à época haviam, de que o aumento do conhecimento, com o consequente progresso, levaria à formação de uma
sociedade saudável mostraram-se totalmente falsas e irreais. Tratou-se, realmente, de uma crença ingênua e infantil, simplória, estimulada para
servir aos interesses de ordem comercial. Na modernidade tardia, na contemporaneidade, vê-se o resultado da concepção de vida proveniente
do renascimento, da modernidade, do iluminismo e do positivismo – crescente incerteza, espantosa banalidade, identidades fluidas,
estruturadas com base no consumo, que a cada momento necessitam ser reconfiguradas, consciência aguda da ausência de sentido disimulada
pelo consumismo desenfreado, aumento dos casos de depressão, de pânico e do sentimento de vazio. Essa situação que a humanidade
atravessa pode servir como impulso para um salto qualitativo. 
Nos seus estudos, Freud dá início ao texto “O Mal-Estar na Civilização” (Obras Completas, editora Imago) abordando o “sentimento oceânico”,
em razão da correspondência que mantinha com o escritor Romain Rolland, que ele chama de “um desses seres excepcionais”. O pai da
psicanálise reconhece que o fato de não ter a experiência pessoal desse sentimento não lhe dá o direito de negar que ele de fato ocorra em outras
pessoas, e passa a examiná-lo. Diz ele, ao longo do exame: “Nosso presente sentimento de ego não passa, portanto, de apenas um mirrado
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27/11/2017 :: Freud e a Religião :: | A CASA DE VIDRO.COM
https://acasadevidro.com/2010/03/24/freud-e-a-religiao/ 6/6
resíduo do sentimento muito mais inclusivo – na verdade, totalmente abrangente -, que corresponde a um vínculo mais íntimo entre o ego e o
mundo que o cerca. Supondo que há nuitas pessoas em cuja vida mental esse sentimento primário do ego persistiu em maior ou menor grau,
ele existiria nelas ao lado do sentimento do ego mais estrito e mais nitidamente demarcado da maturidade, como uma espécie de
correspondente seu. Nesse caso, o conteúdo ideacional a ele apropriado seria exatamente o da ilimitabilidade e de um vínculo com o universo –
as mesmas idéias com que meu amigo elucidou o sentimento “oceânico”. Contudo, teria eu o direito de presumir a sobrevivência de algo que já
se encontrava originalmente lá, lado a lado com o que posteriormente dele derivou? Sem dúvida, sim” 
Prossegue ele dizendo, mais adiante: “Permitam-me adimitir uma vez mais que para mim é muito difícil trabalhar com essa quantidades quase
intangíveis.” Afirma também que a religião do homem comum é a única que deveria levar o nome de “religião”, e que foi nesse tipo de religião
que estava mais interessado quando escreveu “O Futuro de Uma Ilusão”, “naquilo que o homem comum entende como sua religião – o sistema
de doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável, e que, por outro, lhe garantem que
uma Providência cuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustações que tenha experimentado
aqui”. 
Romain Rolland havia escrito “A Vida de Ramakrishna” e “A Vida de Vivekananda”. Provavelmente, Freud leu “A Vida de Ramakrishna”,
assim como o seu amigo leu “O Futuro de Uma Ilusão”, o que deu início à troca de idéias entre eles. Em um trecho posterior de “O Mal-Estar na
Civilização”, depois de citar um outro amigo que lhe assegurou ser possível, por meio de certas práticas, regredir a estados primordiais da
mente, que esse amigo via como a base de grande parte da sabedoria do misticismo, Freud afirmou que não seria difícil descobrir ali
“vinculações com um certo número de obscuras modificações da vida mental, tais como os transes e os êxtases”.Na vida de Ramakrishna, os
êxtases estavam relacionados à iluminação. 
Freud finaliza essa parte do seu texto dizendo: “Contudo, sou levado a exclamar, como nas palavras do mergulhador de Schiller: ‘Regozije-se
aquele que aqui em cima respira, na rósea luz’.” 
No campo que não é a religião do homem comum, o místico é aquele que resolve mergulhar nos abismos de sua natureza, enfrentando a morte
do ser finito, do pseudo “eu”, para que haja a ressurreição do glorioso si mesmo, como diz Ramana Maharshi. 
***
Desenvolvo o tema no blog cujo endereço é h�p://sat-chit.blogspot.com.br/2012/06/vedanta-e-psicanalise.html
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O Narcisismo dos Povos Patriotários (Clastres & Todorov contra o Etnocentrismo) « A Casa de Vidro disse:
25/09/2012 às 5:23 pm
[…] das 3 grandes feridas que, segundo Freud, foram infligidas à nosso Narcisismo de espécie (nosso “especismo”, diria Peter Singer), ainda
prosseguimos enganchados por ideários […]
Responder
Larissa disse:
09/07/2013 às 3:37 pm
Realmente não sabemos de onde viemos, mais as pessoas não acreditam em Deus mais acreditam no mal, se existe o mal também existe o bem. 
Quando procuramos a igreja é porque algo não esta bem, e queremos conforto, o milagre acontece com sua fé. 
Não acredito que viemos do macaco, porque se viemos do macaco, porque os macacos que existem hoje não viram pessoas? Era pra ocorrer a
evolução ate hoje se fosse assim.
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Carlos Alberto Potoko disse:
09/07/2013 às 9:03 pm
Realmente, se comparados a esse imenso universo, somos um instante biológico. Mas, e os sentimentos? Tanto os grandes, como o amor, ou os
pequenos, como o ódio?.. Quem criou os sentimentos? Se somos transcendentais, não importa. Para mim importa a fé que cada um de nós
carrega detro de si para com a humanidade. Alguém nos passou gens. Alguém nos passou amor. E alguém, certamente, quer isso bem
comportadinho.
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A incontornável evidência do sofrimento animal: Safran Foer, Jacques Derrida, Isaac Bashevis Singer, Peter Singer etc. | A CASA DE
VIDRO.COM disse:
17/02/2016 às 9:07 pm
[…] pertinaz e impertinente antropocentrismo parece ter sobrevivido às 3 feridas narcísicas que, segundo Freud, foram infligidas à
humanidade: não mais acreditamos que a Terra é o centro do Universo e o Sol gira a nosso redor, nem […]
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Ivani Medina disse:
13/10/2016 às 1:11 pm
Deus na história, sem o manto da filosofia, tem outra cara. Freud e muitos sabiam disso.
h�p://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-cren-a-em-deus
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