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Súmula 600 STJ

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Súmula 600-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Súmula 600-STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
LEI MARIA DA PENHA 
Dispensabilidade de coabitação entre autor e vítima 
 
Súmula 600-STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da 
Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017. 
 
Requisitos para que se configure a violência doméstica e familiar prevista na Lei Maria da Penha: 
a) sujeito passivo (vítima) deve ser pessoa do sexo feminino (não importa se criança, adulta ou idosa, 
desde que seja do sexo feminino); 
b) sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino; 
c) ocorrência de violência baseada em relação íntima de afeto, motivação de gênero ou situação de 
vulnerabilidade, nos termos do art. 5º da Lei. 
 
Veja o que diz o art. 5º da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer 
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
Coabitação significa morar sob o mesmo teto. É possível a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 
11.340/2006) mesmo que não haja coabitação entre autor e vítima? 
SIM. É possível que haja violência doméstica mesmo que agressor e vítima não convivam sob o mesmo 
teto (não morem juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em qualquer 
relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
 
Exemplos: 
Ex1: violência praticada por irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto (STJ. 
5ª Turma. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/02/2012); 
Ex2: é possível que a agressão cometida por ex-namorado configure violência doméstica contra a mulher 
ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (STJ. 5ª Turma. HC 182.411/RS, Rel. Min. Adilson Vieira 
Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ), julgado em 14/08/2012). 
 
 
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Alguns precedentes do STJ sobre o tema: 
A Lei nº 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também aquela que, 
no passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre a agressão e a relação 
íntima de afeto que já existiu entre os dois. 
STJ. 3ª Seção. CC 102.832/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 22/04/2009. 
 
A intenção do legislador, ao editar a Lei Maria da Penha, foi de dar proteção à mulher que tenha sofrido 
agressão decorrente de relacionamento amoroso, e não de relações transitórias, passageiras, sendo 
desnecessária, para a comprovação do aludido vínculo, a coabitação entre o agente e a vítima ao tempo 
do crime. 
STJ. 6ª Turma. HC 181.246/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 06/09/2013. 
 
A caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher não depende do fato de agente e vítima 
conviverem sob o mesmo teto. 
Assim, embora a agressão tenha ocorrido em local público, ela foi nitidamente motivada pela relação 
familiar que o agente mantém com a vítima, sua irmã, circunstância que dá ensejo à incidência da Lei 
Maria da Penha. 
STJ. 5ª Turma. HC 280.082/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/02/2015.

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