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DISCIPLINA: GESTÃO E MAPEAMENTO DE PROCESSOS AULA 6 Prof. Roberto Candido Pansonato 2 CONVERSA INICIAL Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à última aula da disciplina Gestão e Mapeamento de Processos, do curso de Administração de Empresas. Vamos começar? Introdução Já conhecemos a importância das análises dos indicadores como forma de gerar um projeto de melhoria contínua, lembra? Os indicadores são primordiais para a tomada de decisão. Vimos também as diferenças entre projetos de melhoria contínua e inovação (que não são poucas). Embora os indicadores sejam de grande importância para tomada de decisões, existem algumas soluções normalmente aplicadas a alguns tipos genéricos de processo. Estas possíveis soluções são ativadas pelos chamados gatilhos, que iremos ver logo em seguida. CONTEXTUALIZANDO A empresa RCP Automotive é uma indústria de médio porte (aproximadamente 350 funcionários) fabricante de peças automotivas e não está conseguindo atender a demanda dos clientes. Seu diretor industrial, Sr. Belmiro, solicitou a uma empresa de consultoria, que seria o caminho para atender as solicitações dos clientes. Entre as soluções propostas após o mapeamento estavam algumas relativas a automatização de processos, aumento da área de estoque, entre outras. No entanto, para se melhorar a produtividade de uma empresa, antes de qualquer ação, é necessária uma análise. Qual? Assinale a resposta certa! 3 a) Verificação do nível de automatização b) Do ponto de equilíbrio c) Da mão de obra direta e indireta d) Nos pontos de gargalo e) Estratégica por departamentos Análise Um dos erros que se comentem em análises quando se quer aumentar a produtividade é automatizar pontos de um sistema produtivo que não geram impactos diretos na produtividade final de uma organização. Como a automatização, muitas vezes, se mostra como um incremento em tecnologia, a mesma é aplicada sem um critério minimamente inteligente. Usando como base a Teoria das Restrições, introduzida por Eliyahu M. Goldratt em seu livro A Meta, de 1984, todo processo produtivo terá uma restrição a qual todos os outros processos estarão subordinados, portanto antes de qualquer ação referente a automatização, uma análise minuciosa deve ser feita para encontrar o(s) ponto(s) gargalo(s) das organizações. No caso da empresa que você acabou de ver, que tinha como foco (ou gatilho) o aumento de produtividade, antes mesmo de decidir por automatização de um processo qualquer ou aumento de área destinada a estoque, deveria ser feito uma análise das restrições dos processos. Como complemento ao que foi mencionado antes, a Teoria das Restrições é baseada na premissa de que a taxa de atingimento de metas num sistema é determinada pela vazão do mesmo e é limitado por pelo menos uma restrição. 4 APLICAÇÃO E ANÁLISE DE TÉCNICAS: ANÁLISE DE VALOR Como já vimos em outras aulas, o processo correto (ou o mais próximo disto) proporcionará um produto ou serviço correto. Na aula 5, foram apresentados alguns indicadores básicos para tomada de decisão quanto aos objetivos que se quer alcançar. Além dos indicadores básicos (tempo, custo, valor agregado e qualidade), também são utilizados alguns princípios que podem apresentar possíveis soluções para implantação de projetos que agreguem valor. As informações a seguir, tem como fonte o livro “Mapeamento e Gestão por Processos – BPM”, de Orlando Pavani Junior e Rafael Scucuglia, e foram adaptadas para esta aula. Confira, a seguir, alguns dados que demonstram boa parte da realidade das empresas em que o professor atuou. Gatilho da Análise Possível solução (estado futuro) Resultado alvo de indicadores Pensamento Lean Assegurar qualidade no início Variabilidade dos indicadores Padronização de processos Automatização Gargalo (restrição) Melhorar a produtividade nos pontos de gargalo (restrição) Interações humanas Minimizar handoffs Minimizar envolvimento de pessoas Interações externas Foco nas interações com clientes Ponto único de contato Processos separados Regas de negócio Criação de regras de negócio Terceirizações Gaps Variadas Fonte: baseado em Pavani Junior e Scucuglia (2011). A tabela que você acabou de ver é um resumo da análise realizada. Se a análise demonstrar variabilidade nos indicadores (alterna-se bons e maus resultados), a possível solução pode ser a padronização dos processos ou automatização. 5 Lembre-se! Dependendo da análise realizada, é possível ter uma ou mais soluções para o estado futuro. A seguir, você irá conhecer as definições de como funcionam cada tipo de possíveis soluções do estado futuro apontados na tabela. Pensamento lean Como já foi comentado na aula 3, o pensamento lean, ou pensamento baseado na produção enxuta, é parte do pressuposto de que um processo produtivo. A sequência principal das atividades que agregam valor à transformação da matéria-prima em produto acabado não deve ser interrompida (fluxo contínuo). Quando o cliente paga pelo processo de criação de valor, este deve ser o mais livre possível, reduzindo-se o tempo de processamento e do lead time (vide exemplo de agregação de valor na aula 3). Deve-se, portanto, assegurar um fluxo contínuo. Outro fator importante, diz respeito a um outro princípio básico do pensamento lean... você se lembra disso? O princípio básico do pensamento lean é o foco nas atividades que agregam valor e a eliminação das atividades que não agregam valor. Se o gatilho é o resultado-alvo de indicadores, para a obtenção de um bom resultado, as atividades que não agregam valor devem, na medida do possível, ser eliminadas. Recorde que, muitas vezes, principalmente nos processos administrativos, incorpora-se atividades sem agregação de valor e criam-se profissionais que as executam por um longo período. 6 Assegurar qualidade no início Os possíveis problemas de qualidade devem ser detectados no início do processo, não delegando esta atividade para ser efetuada após todo o processamento de um produto ou serviço. A recomendação é investir recursos para que o processo seja robusto o suficiente para assegurar a qualidade do produto ou serviço, evitando um dos grandes problemas relacionados aos oitos desperdícios que vimos nas aulas passadas, que é o de retrabalho. Padronização dos processos A falta de padronização dos processos pode invariavelmente gerar problemas de variabilidade de indicadores (alternância entre bons e maus resultados). Se profissionais diferentes executam as mesmas tarefas de um modo diferente, então a soma de diferentes níveis de habilidade resultará em instabilidade. Estabelecer processos padronizados baseados em métodos certificados é uma das principais tarefas após um mapeamento que certamente promoverá confiabilidade e estabilidade processual. Um caso emblemático de padronização que proporciona bons resultados é encontrado na rede de restaurantes de fast food McDonald’s: em qualquer lugar do mundo onde se tenha um McDonald’s, o modo de atendimento será muito similar, para não dizer igual. Que tal ver uma matéria sobre isso? Confira o vídeo a seguir! https://www.youtube.com/watch?v=TkUS5coRxB8 Esta padronização também é vista nas empresas automotivas de origem japonesa, especificamente a Toyota, que consegue alto níveis de qualidade ao adotar esta solução. Portanto, quando a variação é mínima,temos um controle da instabilidade. 7 Automatização Automatizar um processo significa substituir um trabalho manual por procedimentos automáticos, sejam eles obtidos através de máquinas e equipamentos ou softwares de computador. Via de regra, processos automáticos geram eficiência produtiva maior que um processo com atuação manual. Vale ressaltar, que decidir por um processo automatizado, nem sempre é sinal de garantia de bons resultados, pois automatizar um processo no estado atual, principalmente quando se utiliza tecnologia da informação, é como se fosse automatizar um erro. O procedimento correto seria analisar o estado atual através das várias técnicas apresentadas, propor um modelamento para o estado futuro, e a partir disso propor possíveis automatizações. No início de nossos estudos, foram citados os erros que se comentem ao adquirir softwares que de alguma forma iriam solucionar problemas de fluxo de informações, mas algumas vezes o que se vê é a adaptação daquilo que estava sendo realizado de forma manual e não estava funcionando a contento para um modo automático, portanto é automatizar o defeito. Embora pareça óbvio, é comum vermos muitos erros deste tipo durante a trajetória profissional. Antes de prosseguir, confira o vídeo a seguir que fala de automação de marketing, que é uma ação entre tantas que podem ser automatizadas! https://www.youtube.com/watch?v=0_svpFNdUuo Melhorar a produtividade nos pontos gargalos Gargalos, ou restrições, são os empecilhos que barram a fluidez dos processos e muitas vezes geram estagnação na produtividade. Conforme mencionado no início desta aula, Eliyahu M. Goldratt em seu livro A Meta, de 1984, diz que todo 8 processo produtivo sempre terá uma restrição. A modelagem do estado futuro (To Be) deve buscar sempre a otimização dos processos no sentido de aumentar a vazão nos pontos de gargalo. De acordo com a Teoria das Restrições, toda organização tem em um dado momento no tempo, pelo menos uma restrição que limita a performance do sistema (a organização em questão) em relação à sua meta. A ilustração na próxima tela mostra um processo fictício onde se tem um fluxo contínuo entre a matéria prima e o produto acabado e os tempos de ciclo de cada processo. Veja que por mais que o processo mais rápido deste fluxo (processo “D”) efetue seu trabalho, estará sempre subordinado a restrição do processo mais lento (neste caso o processo “B). Cabe ao analista fazer a análise e propor as melhorias necessárias. Minimizar handoffs O termo handoffs significa os pontos exatos onde um determinado processo troca de poder. Por exemplo, um formulário da área de suprimentos que após a solicitação do pedido passa por uma verificação e aprovação prévia (troca de poder 1) e em seguida passa para o supervisor de compras (troca de poder 2) que decidirá qual comprador deverá assumir este processo. De forma geral, quanto mais handoffs tiver um processo, mais moroso ele será e consequentemente com custo mais alto. 9 Em resumo, como visto no tópico referente a cadeia de valor de Michael Porter, uma forma eficiente de identificar handoffs é analisar, que quanto mais pessoas e áreas funcionais participarem de um processo, ou quanto mais níveis de aprovação existirem, maior a probabilidade deste processo conter alta proporção de trabalhos que não agregam valor. Minimizar envolvimento de pessoas Quando se fala em minimizar o envolvimento de pessoas, não se refere apenas a substituição de seres humanos por máquinas em um sistema de manufatura. O grande ganho que se consegue nos processos está no fluxo de informações. Tal qual a dinâmica do telefone sem fio, onde uma informação transmitida entre várias pessoas causa um erro enorme no final do processo, informações orientadas através de pessoas normalmente podem gerar problemas de qualidade. Isto leva a crer que, num processo de fluxo de informações, quanto menor a quantidade de pessoas envolvidas, melhor a qualidade na passagem das informações. Designação de atividades No início da aula dois, mais especificamente no item da problematização, você viu um exemplo de um problema que ocorreu em uma empresa que, em função da inexistência de um procedimento de designação de atividades, proporcionou uma falha no processo que acarretou uma reclamação do cliente. A designação de tarefas neste contexto significa a movimentação de trabalho de um departamento a outro, transferindo responsabilidades de forma clara (ligeiramente diferente de handoffs). 10 Foco nas interações com os clientes Por que focar nas interações com os clientes? O simples fato de se ter um processo interno robusto já não é o suficiente para garantir o sucesso de uma empresa? É ineficiente, por exemplo, otimizar um processo de preenchimento de pedidos sem considerar o processo de suporte ao cliente que facilite a resolução de problemas relativos ao processo em questão. Mesmo que o pedido tenha sido processado sem problemas (com eficiência), se o item for enviado ao cliente de maneira errada e este se frustrar ao tentar obter o item que ele de fato deseja, o resultado da experiência do cliente não é positivo e a repetição de novos negócios com o mesmo se torna menos provável. Isso remete à definição de conceitos de eficiência e eficácia. Portanto, é necessário ser eficiente nos processos internos de uma organização, porém está eficiência não irá gerar resultados se não tivermos um processo de suporte ao cliente que o satisfaça plenamente (eficácia). Ponto único de contato Normalmente este tipo de demanda ocorre em processos de atendimento ao cliente. Um sintoma tradicional deste tipo de problema são as transferências múltiplas de chamada quando um cliente entra em contato com uma empresa qualquer para resolver um problema. Quem já não se viu numa situação destas, em que um atendente transfere para outro, que por sua vez transfere para um terceiro e assim por diante. Invariavelmente, você como cliente irá contar sempre a mesma história para cada atendente. O cliente deseja ser atendido de forma única, com o menor grau de transferências possível. 11 Estabelecer ponto único de contato, sempre que possível e principalmente para clientes especiais, é uma forma de melhorar a relação com o cliente e gerar fidelidade com o mesmo. Processos separados (criar processo para cada grupo) Demandas diferentes podem solicitar processos diferentes. Normalmente, um único processo tenta absorver todas as variações possíveis, no entanto entradas e saídas podem variar em complexidade, tipo, tamanho, etc. Para algumas variações o processo pode funcionar bem, porém para outras pode ficar confuso e lento. Por exemplo, ao fazer compras em um supermercado, um cliente seleciona o item e decide ir direto ao caixa rápido. O supermercado tem dois processos de verificação de saída: um para muitos itens, e outro para poucos. A verificação para muitos itens tem um empacotador, mas a rápida não tem. Se entradas naturalmente se agrupam devido a diferenças significativas, então um símbolo de decisão deve ser colocado no início do processo perguntando qual subprocesso é mais apropriado para este grupo. Nesse caso pode haver recursos e custos adicionais, mas devem haver maior eficiência e satisfação do cliente. O grupo de entrada é devidamente direcionado para o processo apropriado (ABPMP, 2009). Terceirizações Uma das possíveis soluções para o estado futuro de um modelamento de processos pode sera terceirização. Tendo como gatilho as regras de negócio, é uma prática cada vez mais comum e frequente nos dias atuais: Terceirizar as responsabilidades pelos processos de apoio a outras empresas especializadas nesta função, liberando a empresa a focar seus recursos em processos estratégicos que geram mais valor ao negócio. 12 Alguns processos de apoio possuem um certo grau de especialização que nos dias atuais só se encontram em empresas terceirizadas. Neste momento, é necessário que haja uma decisão de cunho estratégico para definir quais processos devem ser terceirizados. Hoje em dia, é raríssimo encontrar empresas que não possuam os processos de segurança patrimonial, limpeza e serviços de restaurante terceirizados, pois no mercado existem inúmeras empresas que prestam estes tipos de serviços de maneira mais eficiente e com menor custo do que se fosse realizado internamente com os recursos das organizações. Além dos processos acima mencionados, que já são padrões de terceirização, outros podem ser detectados através da modelagem e analisados quanto a possibilidade de terceirização. O fato é que empresas que adotaram a terceirização costumam relatar que seus custos reduziram, e na maioria das vezes sem alteração da qualidade do serviço. Leitura Obrigatória Leia o capítulo 6 do livro Gestão por Processos com suporte em Tecnologia da Informação, disponível na biblioteca virtual do sistema UNICO, e responda as questões para reflexão (pág. 71). APLICAÇÃO E ANÁLISE DE TÉCNICAS: PROPOSTAS DE MELHORIA CONTÍNUA Como já vimos nesta aula, foram catalogadas algumas possíveis soluções para modelagem do estado futuro (To-Be). E agora veremos como se efetua a análise no processo a partir dos gatilhos específicos obtidos por intermédio do estudo detalhado dos fluxos decorrentes da modelagem. Este tipo de análise é o mais comum e mais detalhado dentro das literaturas sobre BPM. Após a execução do mapeamento, quais melhorias podem ser 13 implementadas para se obter um processo mais eficiente e eficaz? Conforme o CBOK 2.0, análise de processo é definida da seguinte maneira: “a análise é um trabalho de descoberta que envolve encontrar respostas a uma série de questões sobre o processo e gerar dados para assegurar que quaisquer conclusões estejam baseadas em extrapolações de dados e não em rumores e generalizações” (ABPMP, 2009). Portanto, deve-se utilizar as evidencias obtidas no processo para gerar as melhorias necessárias. Para análise de processo (in-process), é usada normalmente a ferramenta de gestão (ou método) denominado PDCA. Criada nos anos 50 por Willian Edwards Deming e muito utilizada na administração geral, possui como característica o controle e a melhoria de processos de uma forma contínua e está vinculado a filosofia Kaizen (cultura japonesa referente à melhoria contínua e um dos pilares da administração da qualidade). Percebemos que com esta metodologia, o ciclo não deve parar no primeiro giro, o mesmo deve girar até que se tenha plena convicção da solução do problema. Quando se fala de melhoria contínua, partimos do pressuposto que este ciclo deve sempre estar em movimento. Portanto, o ciclo PDCA permite de forma otimizada e contínua a análise e controle sobre os mais diversos processos existentes em uma organização. 14 Durante a análise, deparamos com a necessidade ou oportunidade de melhoria, que é o denominado gatilho (Pavani Junior e Scucuglia - 2011). Dentre estes gatilhos, temos duas categorias: Eventos específicos – ocorrências pontuais que justifiquem uma revisão de um processo de negócio. Como exemplo podemos destacar: resultados de planejamento estratégico, introdução de novas tecnologias, novos negócios, aquisições e fusões. Monitoramento contínuo – ocorrências identificadas por meio de comportamentos de indicadores que medem o desempenho de processos. Qualquer resultado esperado que não ocorra de forma contínua requer algum tipo de mudança ou ação de melhoria. De uma maneira geral, os indicadores devem ser a base para este gatilho, no entanto vale ressaltar que o conhecimento tácito das pessoas (conhecimento que o indivíduo adquiriu ao longo da vida, pela experiência e geralmente é difícil de ser formalizado ou explicado a outra pessoa) deve ser levado em consideração. Com relação aos gatilhos mencionados, os mesmos sugerem melhorias que podem ser classificadas assim: Necessidade de melhoria – todo e qualquer resultado proveniente de uma análise que apresente um motivo específico e que esteja prejudicando as operações, tais como: problemas de desempenho, problemas de estratégia, inovação tecnológica, novos negócios, aumento de capacidade, etc. 15 Oportunidade de melhoria – todo e qualquer resultado independentemente de qualquer motivo específico, tais como normas de gestão, procedimentos otimizados, diagnoses estruturadas, etc. Priorização dos processos a serem analisados (investidos) A análise de processos para implantação de melhorias normalmente consome recursos, portanto saber escolher qual processo deve ser priorizado é de suma importância. Existem várias ferramentas para priorizar tanto os processos como os problemas a serem atacados. Dentre elas podemos destacar as mais simples como: Matriz GUT Pareto Matriz de Impacto e Severidade As duas primeiras fazem parte das ferramentas da qualidade. A Matriz de Impacto e Severidade, também muito utilizada para gestão de riscos em Projetos (POSSI, 2006), a qual será utilizada como exemplo, possui duas variáveis: Impacto: Processos de maior impacto são aqueles que se eventualmente proporcionar falhas ou resultados negativos irão influenciar diretamente a satisfação do cliente e ou a remuneração dos acionistas. 16 Severidade: Quanto mais severo for o processo, mais nocivo será uma eventual falha em termos de imagem para o cliente e reputação da organização. Para utilização desta matriz, cada processo é listado em algum ponto do quadro, levando-se em consideração a severidade e o impacto para a organização. Os processos que apresentarem uma elevada pontuação no impacto e na severidade serão os processos que precisam de mais atenção. Análise dos indicadores de processo. Os indicadores de processo são definidos e obviamente metas são estabelecidas. Embora estas metas sejam atribuídas através de um desejo humano, algumas regras devem ser levadas em consideração, como por exemplo propor um objetivo alcançável. Conforme Pavani Junior e Scucuglia (2011), os resultados dos processos devem ser analisados perante três variáveis: custo, qualidade e capacidade. Melhoria de custos: é incontestável que, quanto menor for o custo de um processo sem comprometer a qualidade, maior será a eficiência do mesmo e consequentemente maior será a produtividade. Qualidade: é a medida de eficácia de um processo. Pode ser definido como o nível de aceitação do produto final pelo cliente (seja ele um cliente externo ou interno). Capacidade: refere-se à competência em entregar um produto ou serviço na quantidade e velocidade pretendida. Um dos indicadores utilizado para esta variável é o lead time, que é o tempo total de um processo, desde a entrada de matéria prima (em se tratando de manufatura) até a entrega para o cliente. Um dos indicadores que certamente deverá acionar uma ação de curto prazo é o indicador referente a “reclamação de clientes”, pois todo o trabalho de mapeamento/modelagem de um processo tem como um dos principais objetivosa satisfação do cliente, seja ele externo ou interno. Esta reclamação (ou insatisfação) pode estrar contida em uma das três variáveis mencionadas. 17 Para ilustrar estas variáveis, confira o vídeo do youtube que apresenta um exemplo sobre melhor produtividade na produção de cerveja! https://www.youtube.com/watch?v=DEyObEt_kvU Análise da variação dos indicadores de processo Como já vimos, mais especificamente no item problemática da aula 5, a rede de restaurantes de fast food Mc’Donalds tem um forte trabalho no sentido de minimizar as variações de processo. Para que este objetivo seja alcançado, a empresa utiliza a padronização de trabalho. Variações de processos ocorrem em qualquer organização, no entanto o grande desafio é minimizá-las e mantê-las sobre controle. Muitas vezes as empresas administram seus indicadores de processo pela média dos resultados, sem se importar com a variabilidade, que pode estar escondendo futuros problemas. Vejamos como exemplo os gráficos a seguir relativos ao tempo de entrega de um produto qualquer (lead time): Reparem que se estes dois processos fossem analisados pela média, ambos estariam atendendo a meta estipulada, no entanto a dispersão dos resultados é muito mais evidente no processo “A”, onde se tem um desvio padrão de 2 contra 0,5 de desvio padrão do processo “B”. Embora pareça óbvio as diferenças de resultados, normalmente é um erro comum nas organizações não se ater a esta 18 variabilidade. Seja o analista de processos ou o administrador, a atenção a variabilidade dos processos é primordial para o sucesso de uma empresa. O entendimento das causas e a proposição de melhorias para variações de um processo são mais complexas e exigem um maior esforço, no entanto, ter um processo com o mínimo de variabilidade e sob controle proporcionará resultados mais previsíveis que com certeza irão melhorar a capacidade de planejamento de seus administradores. Neste contexto, as ferramentas estatísticas são um grande aliado. A seguir veja algumas sugestões dadas por Edson Vaz Musa durante um seminário da Fundação Nacional da Qualidade, realizado em 19 de abril de 2006, que considero relevantes e pertinentes para análise da variação dos indicadores de processo (PAVANI JUNIOR; SCUCUGLIA, 2011, p. 189): Toda e qualquer medida (indicador) possui variabilidade, proveniente do processo e do próprio sistema de medição Erro que todos comentem: mexer no processo quando ele está estável. Um erro grave é cometido quando tomamos uma ação todas as vezes que determinado resultado fica acima ou abaixo da média. Comparar com a média é sempre inadequado (vide exemplos dos gráficos acima). O que precisa ser analisado é se o resultado se encontra fora dos limites de controle Outro ponto a ser analisado é se a variabilidade do processo (desvio padrão) está muito grande Deve-se mexer no processo em duas situações: 1- Quando o resultado estiver fora dos limites de controle 2- Quando se deseja diminuir a variabilidade do processo Tomar ações sempre que um indicador se apresentar acima ou abaixo da média só aumenta a variabilidade do mesmo Isso é aplicável não só a produção, mas para todos os resultados administrativos, financeiros, etc. 19 Pontos fora do limite de controle certamente possuem uma causa especial. É necessário localizar e trabalhas nas causas especiais Exemplo: um empresário norte-americano inventou um sistema de informação que possibilita analisar suas 950 lojas. Trata-se de uma gestão baseada por cores: uma loja com resultado vermelho significa variabilidade abaixo dos limites de controle. Nesses casos, ele ligava para as lojas e entendia a causa da variabilidade (sistema simples e eficaz). Devemos focar nas causas especiais. Causas normais acontecem. Exemplo: uma queda de 3% de faturamento gera um alarde, mas quando for pesquisada uma “causa” pode ser que tenha tido um feriado a mais naquele mês. Isso gera um desconforto desnecessário. A performance está dentro dos limites normais de variação, é inevitável O grande objetivo a perseguir é reduzir a variabilidade dos processos Os gráficos a seguir ilustram melhor o que ocorre nos processos e quando se deve tomar uma decisão quanto a intervenção nos mesmos. Análise de “gaps” (melhorias pontuais) Além dos gatilhos que podem gerar as possíveis soluções apresentadas, existe um outro tipo de gatilho baseado em pontos no sequenciamento de processos que possuam algum tipo de obstáculo, por menor que seja. Mesmo não sendo tão relevantes em termos de resultado, a análise desses gaps e a proposição de melhorias proporcionará ganhos paralelos na sistemática de trabalho e no clima entre os participantes do processo. 20 Clique no botão a seguir e confira alguns tipos de gaps mais comuns, conforme Pavani Junior e Scucuglia (2011, p. 196). Produto ou serviço errado Restrições impostas por regulações ou recursos Políticas restritivas Processos sem procedimento padrão Falta de controle de qualidade Controle exagerado Recursos inadequados ou indisponíveis Ergonomia pobre Layout e ambiente inadequados Formação de filas Pessoas controlando pessoas Valor agregado baixo ou negativo Inflexibilidade comportamental Respostas muita lentas de outras áreas Pequenos conflitos de relacionamento entre pessoas Falta de credibilidade na liderança Etapas sendo executadas “porque sempre foi assim” Procedimentos operacionais desnecessários Segue um exemplo de mapeamento de um processo no qual o analista detectou um gap. 21 Você notou que o arquivo ilustra um exemplo no qual não se detectou problemas de performance através de indicadores, porém um tipo de gap muito comum foi identificado: “porque sempre foi assim”. Trata-se de uma inspeção realizada no produto antes de embalar, sendo que todo produto estocado deve, pelo procedimento da empresa, ter sua checagem realizada. Houve também neste caso, ganhos referentes aos desperdícios catalogados pela “Produção Enxuta” tais como: eliminação de retrabalho e excesso de processo. De acordo com o exemplo que você acabou de ler, cabe ao analista de processos a função de entender a lógica do sequenciamento de atividades e compreender, onde existir, possibilidades de execução diferenciada que resulte em algum tipo de ganho. Conforme Mike Rother a John Shook (2003): “Sempre que há um produto para um cliente, há um fluxo de valor. O desafio é enxergá-lo.” 22 Leitura Obrigatória Leia o capítulo 4 do livro Gestão em Processos Produtivos de Eudes Luiz Costa Junior, disponível na biblioteca virtual do sistema ÚNICO. Trata-se de uma abordagem acessível referente a Teoria das Restrições (TOC), que é o tema do estudo de caso que você verá a seguir. NA PRÁTICA Estudo de Caso Agora, analisaremos um estudo de caso referente à aplicação dos conceitos estudados na aula. Após a análise de caso, algumas atividades deverão ser realizadas e, depois disso, você receberá respostas prováveis elaboradas pelo professor. Preparado(a)?! Então vamos lá! Leia o estudo de caso atentamente através do link a seguir: https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/viewFile/2175- 8069.2009v6n11p59/11605 Vimos nesta aula que um dos “gatilhos” para tomada de decisão para possível solução de modelagem do estado futuro se refere a melhoria da produtividade dos pontos de gargalo. Dentro desse contexto, o estudo de caso quevocê acabou de ler, é sobre a utilização dos fundamentos da “Teoria das Restrições – TOC” em uma indústria de couros do estado de Santa Catarina. A restrição de capacidade para atendimento a um determinado cliente foi solucionada através da aplicação dos fundamentos desta teoria. Discorrendo sobre estes resultados, podemos afirmar que a informação correta é a que mostra as restrições que afetavam a empresa estavam contidas: 23 a) no mercado. b) no elemento máquina, que era o único gargalo. c) nos elementos máquina e matéria-prima. d) nos elementos máquina e mão de obra. e) nos elementos de gestão administrativa. Análise do Estudo de caso O estudo de caso na indústria de couros de Santa Catarina mostra como se efetua uma análise em um processo a partir do objetivo de aumentar a produtividade nos pontos de gargalo para atendimento a demanda do cliente. Neste caso, a restrição principal estava na máquina. O segundo gargalo, também conhecida como recurso com capacidade restrita refere-se a matéria-prima. Este estudo de caso é um bom exemplo de exploração das restrições em um sistema produtivo. REFERÊNCIAS PAVANI JUNIOR, Orlando; SCUCUGLIA, Rafael; Mapeamento e Gestão por Processos – BPM. São Paulo: M.Books 2011. STADLER, Adriano; MUNHOZ, Antonio; GUERREIRO, Karen; FERREIRA, Paula; Gestão de Processos com Suporte em Tecnologia da Informação. Curitiba: Intersaberes, 2013. DEMING, Willian Edwards; Saia da Crise. São Paulo: Futura, 2003. GOLDRATT, M. Eliyahu; COX, Jeff; A Meta. São Paulo: Nobel, 2002. http://www.portal-administracao.com/
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