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Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR PEDIÁTRICA Antonio Seba Jr. * * * * * * O exame físico do coração baseia-se em: Inspeção Palpação Ausculta * * * Inspeção e Palpação Avaliados em conjunto porque os achados tornam-se mais significativos. Paciente em decúbito dorsal. Parâmetros avaliados: Pesquisa de abaulamentos. Análise do ictus cordis ou choque da ponta. Análise de batimentos ou movimentos visíveis e/ou palpáveis. Palpação de bulhas. Pesquisa de frêmito cardiovascular. * * * Abaulamentos: em lactentes e crianças pequenas, o abaulamento precordial geralmente é devido à dilatação de câmaras D, principalmente VD. Ictus cordis: quando visível é sinal de dilatação do VE. Palpação: com a palma as mão e dedos estendidos sobre o BEE para avaliar o VD quando estiver hipertrofiado, e a seguir, a região subesternal, logo abaixo do apêndice xifóide para avaliar o VD quando dilatado. Palpam-se os focos correspondentes (pulmonar, aórtico, tricúspide e mitral). Ictus cordis: na criança normal palpa-se na linha HCE (lactente 3º EIE, pré-escolar 4º EIE e escolar 5º EIE). Quando há aumento de VE, desloca-se para baixo e para a esquerda. Frêmito cardiovascular: sempre patológico, significando sopro cardíaco. * * * * * * Ausculta Cardíaca Ambiente preferencialmente calmo e silencioso. “Aquecer” suavemente o estetoscópio. Criança em decúbito dorsal. Estetoscópio sobre a pele e não sobre a roupa. Não apertar demasiadamente o estetoscópio sobre a pele da criança. Acompanhar ritmo respiratório para evidenciar arritmia respiratória fisiológica. Contar FC e comparar com a frequência no pulso. * * * Estetoscópio: Ausculta cardíaca apresenta acurácia diagnóstica de 70 a 97%. Inventado por Laenec em 1816. Diafragma: útil para sons agudos (ex: B1, B2, sopros de regurgitação aórtica e mitral, atrito pericárdico). Campânula: útil para sons graves (ex: artérias, B3, B4, sopro de estenose mitral). * * * Focos ou áreas de ausculta Foco Mitral: no 4º - 5º EIE da LHCE – ictus cordis. Foco Tricúspide: base do apêndice xifóide. Foco Aórtico: 2º EID junto à borda esternal. Foco Aórtico Acessório: 3º EIE junto à borda esternal. Foco Pulmonar: 2º EIE junto à borda esternal. * * * * * * Focos de Ausculta Cardíaca * * * Bulhas Cardíacas Primeira Bulha (B1): devido o fechamento das valvas mitral (M) e tricúspide (T). O componente M antecede o T em 50% das pessoas saudáveis. Em condições normais, B1 é mais intensa no FM, sendo mais forte que B2. TUM Segunda Bulha (B2): devido o fechamento das valvas aórtica (Ao) e pulmonar (P). O componente Ao antecede o P. O componente Ao é audível em todo precórdio e o componente P somente no foco pulmonar e borda esternal esquerda. Em condições normais, B2 é mais audível em focos da base (FAo e FP), sendo mais intenso em FP nas crianças.TÁ * * * Bulhas Cardíacas Desdobramento fisiológico da B2: durante a expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente, formando um ruído único. Na inspiração, o componente pulmonar está atrasado em relação ao componente Ao, o que gera o desdobramento de B2. Geralmente não é permanente. TLÁ Terceira Bulha (B3): decorrente das vibrações da parede ventricular subitamente distendida pelo fluxo sanguíneo durante o enchimento ventricular rápido. Comum em crianças, principalmente no FM, em DLE, e também nas cardiopatias com alta FC e disfunção ventricular, como na ICC (Ritmo de Galope - contínuo). Ritmo de Galope: PÁ-TÁ-TÁ PÁ-TÁ-TÁ PÁ-TÁ-TÁ B3: TUM-TÁ-TÁ * * * Bulhas cardíacas Quarta Bulha (B4): ocorre no fim da diástole ou pré-sístole, sendo um ruído débil, sendo mais auscultada em crianças. Difícil de ser percebida. Provavelmente aparece devido ao encontro do volume sanguíneo ao entrar nos ventrículos, no final da diástole. B4: TRRUM-TÁ * * * Momentos da Sístole e Diástole Quando se ausculta o coração e notam-se outros sons que não sejam as bulhas, procure localizá-los no ciclo cardíaco: Protossístole: 1/3 inicial da sístole. Mesossístole: 1/3 médio da sístole. Telessístole: 1/3 final da sístole. Protodiástole: 1/3 inicial da diástole. Mesodiástole: 1/3 médio da sístole. Telediástole: 1/3 final da diástole. * * * Roteiro de Ausculta Cardíaca O reconhecimento das bulhas cardíacas é facilitado com a seguinte expressão: TUM-TÁ TUM-TÁ TUM-TÁ O desdobramento fisiológico de B2 com a seguinte sequência: TUM-TÁ TUM-TÁ TUM-TLÁ TUM-TLÁ TUM-TÁ TUM-TÁ Inicialmente dê atenção para as primeiras bulhas (B1 e B2), evidenciando o ritmo com a FC. Se aparecer uma terceira bulha, procure diferenciá-la do ritmo de galope Procure identificar: arritmias, sopros, cliques, estalidos de abertura e atrito pericárdico. * * * Ritmo e Frequência Cardíaca Após o reconhecimento da 1ª e 2ª bulha cardíaca procure determinar o ritmo cardíaco e o nº de batimentos por minuto. 2 bulhas: ritmo binário. 3 bulhas: ritmo tríplice. FC: ausculta-se o coração por 01 minuto inteiro, e a seguir, compara-se com o nº de pulsações arteriais (pulso radial). Reconhecendo Arritmias: anamnese + ausculta cardíaca + pulso radial + ECG. * * * Sopros Cardíacos Na avaliação de um sopro cardíaco utilizam-se os seguintes parâmetros: Situação no ciclo cardíaco. Localização. Irradiação. Intensidade. Timbre e som. Modificações com a fase da respiração, posição do paciente e exercício físico. * * * Mecanismos de Formação de Sopros Cardíacos * * * Sopros Cardíacos Situação no ciclo cardíaco É de extrema importância este reconhecimento, não podendo deixar qualquer dúvida. Identifique a 1ª e 2ª bulha, palpe o pulso carotídeo e determine o que é Sistólico ou Diastólico. Classificação: . Sistólico . Diastólico . Contínuo ou Sistodiastólico. * * * Sopros Cardíacos Sopros Sistólicos (SS): classificam-se em SS de ejeção e SS de regurgitação. . SS de ejeção: devido Estenose Aórtica (EAo) ou Estenose Pulmonar (EP), se originam no período de ejeção ventricular. . SS de regurgitação: devido Insuficiência Mitral (IM) ou Insuficiência Tricúspide (IT), provocados pela regurgitação de um ventrículo para o átrio, ou quando há comunicação interventricular (CIV), provocados pela regurgitação de um ventrículo para outro ventrículo. * * * Sopros Cardíacos Sopros Diastólicos: surgem durante a diástole, e classificam-se conforme o momento em que se situam em Protodiastólicos, Mesodiastólicos e Telediastólicos. Provocados por 02 tipos patológicos distintos: estenoses atrioventriculares (Estenose Mitral – EM e Estenose Tricúspide – ET) que determinam um sopro característico como “ruflar” e insuficiências das valvas Aórtica (IAo) e Tricúspide (IT). Sopros Contínuos ou Sistodiastólicos: ouvidos durante toda a sístole e a diástole, sem interrupção, mascarando a 1ª e 2ª bulha. A parte sistólica é mais intensa e rude, conferindo um sopro “em maquinaria”. Aparecem na Persistência de Canal Arterial (PCA), Rumor Venoso e Fístulas Arteriovenosas (FAV). * * * SS de ejeção na EP Situação dos sopros no ciclo cardíaco * * * Sopros Cardíacos Situação no Ciclo Cardíaco * * * * * * Localização Sopro cardíaco Localiza-se um sopro na área em que é melhor audível. Pontos de referência: áreas de ausculta no precórdio. Irradiação do Sopro Cardíaco Estenose aórtica: vasos do pescoço Estenose mitral: axila Insuficiência mitral: axila * * * Intensidade do Sopro Cardíaco Grau 1: Muito tênue, devendo-se concentrar durante vários ciclos para ouvi-lo. Grau 2 : Um leve murmúrio pode ser ouvido logo após iniciar a ausculta. Grau 3 : Maior do que o grau 2, porém não pode ser palpado. Grau 4 : Murmúrio alto, associado a frêmito palpável. Grau 5 : Murmúrio muito alto, que requer contato parcial do estetoscópio com a pele, mas que não é audível além da parede torácica. Grau 6 : Murmúrio alto o suficiente para ser ouvido com o estetoscópio sem tocar a parede torácica. * * * Timbre e Som dos Sopros Cardíacos Suave: ocorre na insuficiência das valvas AV (mitral e tricúspide), como SS de regurgitação. Rude: geralmente com formato em diamante ou crescendo e decrescendo. Ocorre nas estenoses de valvas Aórtica ou Pulmonar. ou nos vasos da base durante a ejeção. Aspirativo: lembra o ruído obtido ao fazer-se aspiração com a boca, audível nas insuficiências das valvas semilunares (aórtica ou pulmonar). SD aspirativo. Ruflar: como o bater de asas de um pássaro, audível nas estenoses das valvas AV (mitral e tricúspide). SD em ruflar. Maquinaria: são contínuos, em vaivém, ocorrendo, por exemplo, na persistência do canal arterial. Outros tipos: musical (como um instrumento de sopro), piante, granular (estenose Ao). * * * Modificações do Sopro Cardíaco com a fase da respiração, posição do paciente e exercício físico. Respiração (Manobra de Rivero-Carvallo): paciente em decúbito dorsal, estetoscópio no FT, com atenção à intensidade do sopro, pede-se que faça-se uma inspiração profunda. Diferencia entre o sopro da insuficiência mitral e tricúspide (o sopro tricúspide é mais intenso na inspiração). Se o sopro diminuir de intensidade ou não se alterar: manobra de Rivero-Carvallo negativa, sugerindo Insuficiência Mitral. Se o sopro aumentar de intensidade: manobra de Rivero-Carvallo positiva, sugerindo Insuficiência Tricúspide. * * * Modificações do Sopro Cardíaco com a fase da respiração, posição do paciente e exercício físico. Posição do paciente: Decúbito lateral esquerdo: melhora ausculta do ruflar diastólico da estenose mitral. Sentado e inclinado para frente, com expiração do ar: os sopros aórticos tornam-se mais nítidos. Rumor venoso: aumenta de intensidade na posição sentada ou em pé, diminuindo ou desaparecendo em decúbito dorsal. Exercício físico: ao aumentar a velocidade sanguínea, quase sempre provoca aumento da intensidade dos sopros. * * * Manobra de Valsalva Reduzindo o retorno do sangue ao coração, diminue a intensidade de todos os sopros cardíacos, menos o proveniente da Miocardiopatia Hipertrófica, podendo provocar síncope neste paciente. * * * Atrito Pericárdico Causa mais frequente: Pericardite Fibrinosa. Não tem relação com sístole ou diástole, independente dos sons cardíacos. Não se irradia. Mais audível entre a o ictus cordis e a BEE. Varia muito de intensidade com posição do paciente e pressão do estetoscópio sobre o precórdio. Geralmente audível como “atritar de couro novo”. Mutabilidade exacerbada: de um dia para outro, em qualidade ou quantidade. Uma de suas principais características. * * * Rumor ou Ruído Venoso Ruído sistodiastólico ou contínuo, de tom grave, audível no pescoço e na porção superior do tórax, principalmente acima da clavícula D, na inserção do músculo esternocleidomastoideo. Provocado pelo turbilonamento sanguíneo no ponto onde a V. Jugular interna se encontra com o tronco Braquiocefálico. Mais audível na posição sentada, quase desaparecendo em decúbito dorsal ou na rotação do pescoço. Diferencial com PCA. * * * Pulsos Pulso de amplitude aumentada (magnus celere): pulso amplo de fácil palpação. Ocorre em insuficiência aórtica, PCA ou em situações de alto débito cardíaco (sepse, anemia, tireotoxicose). Pulso de amplitude diminuída (parvus et tardus): ocorre na estenose aórtica e na insuficiência cardíaca, por diminuição do débito cardíaco. Também pode estar presente em insuficiência cardíaca grave e choque. Pulso bisferens: são palpados dois picos sistólicos por sístole, ocorrendo em situações na qual um grande volume sistólico é ejetado na aorta, como na insuficiência aórtica grave. * * * Pulsos Pulso alternante: os batimentos são rítmicos mas a intensidade do pulso varia entre os batimentos, ocorrendo devido a variações no enchimento e na contratilidade miocárdica nas disfunções de ventrículo esquerdo. Quando há grave comprometimento da função ventricular esquerda. Pulso paradoxal: um exagero na diminuição da pressão arterial sistólica durante a inspiração, sendo percebido na palpação como uma diminuição do pulso à inspiração. Ocorre em situações como tamponamento cardíaco, pericardite constritiva, doenças das vias aéreas ou embolia pulmonar. Pulso arrítmico (delirium cordis): quando totalmente arrítmico e de intensidade variável pode significar fibrilação atrial, quando arrítmico mas previsível é por extrassístoles. * * * Sopros “Inocentes”: sem frêmitos. Nunca são diastólicos ou holossistólicos. Suaves, sem alteração de bulhas e com irradiação restrita. De pequena intensidade. Não há lesão estrutural nem estado fisiológico à distância provocadora do sopro. Mutáveis pela posição do paciente. Sopros "Fisiológicos“: igual ao inocente, porém devido a um estado fisiológico à distância provocadora do sopro como por exemplo, anemia, hipertireodismo, etc. * * * Sopro de Still: o mais comum, sendo auscultado em aproximadamente 70% das crianças em alguma fase da vida, especialmente entre os 2 e 6 anos de idade. É sistólico, ejetivo, geralmente de intensidade ++/6, de baixa freqüência, timbre harmônico, mais audível ao longo da porção inferior da borda esternal esquerda, podendo irradiar para base ou ápices. Sua origem é incerta, mas é atribuído a alguns fatores como a vibração da válvula pulmonar durante a fase de ejeção, as vibrações provenientes do deslocamento do sangue no ventrículo em contração dinâmica, o estreitamento fisiológico da via de saída do ventrículo esquerdo e ainda a presença de falsos tendões ventriculares * * * Medindo pressão arterial * * * Sons de Korotkoff * * * Locais de medida de PA Cubital Poplítea Pediosa * * * Pressão arterial Técnica: Criança na posição sentada, braço direito, em repouso Borracha inflável do manguito deve circundar o braço e deve cobrir 40% da distância do olécrano ao acrômio Estetoscópio não pode ficar sob o manguito Pressão sistólica K1 e diastólica K5 Necessário 3 aferições em diferentes ocasiões * * * Bibliografia Semiologia Pediátrica – Adauto Dutra (1995) Exame Clínico Porto & Porto – 7ª edição Bates Propedêutica Médica: 10ª edição Lynn S. Bickley. Editora Guanabara Koogan Faculdade Evangélica do Paraná - Curso de Medicina - Dr. Ivan Paredes e Dr. Carlos Caron Boletim Informativo da SOPERJ-Vol. 04 - nº 01
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