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An ex o I Estrutura oganizacional em redes 256 C E D E R J No campo organizacional, temos o exemplo do ambiente em rede que é aplicado a uma ampla variedade de formas de relações entre firmas, como, por exemplo, no caso de joint ventures (uma associação de empresas, não definitiva e com fins lucrativos, para explorar determinado negócio, sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica), relações de terceirização e subcontratação, distritos industriais, consórcios, redes sociais, redes de cooperação entre peque- nas e médias empresas, entre outras (que afetam a forma tradicional de o empregado trabalhar e desenvolver a sua carreira). Isso ocorre pelo fato de a noção de rede ser suficientemente abs- trata. O conceito de rede tem sido empregado para caracterizar um conjunto de fluxos, como recursos e informações, entre um conjunto de nós: indivíduos, grupos, organizações e sistemas de informações. O termo “rede” não é novo e apresenta diversos significados e aplicações nos mais variados contextos. Originalmente, ele se referia a uma pequena armadilha para capturar pássaros, com- posta por um conjunto de linhas entrelaçadas, cujos nós eram formados pelas intersecções das linhas. No século XIX, esse termo adquiriu sentido mais abstrato, denominando todo o conjunto de pontos com mútua comunicação. No campo de estudos das Ciências Sociais, o termo “rede” designa um conjunto de pessoas ou organizações interligadas direta ou indiretamente. A integração das empresas em rede parece repercutir diretamente no desempenho empre- sarial. Ao mesmo tempo, a natureza, a intensidade e a qualidade das redes existentes e suas interconexões em um determinado território parecem constituir fatores diferenciados no processo de desenvolvimento local. Como redes não comportam centros ou níveis diferentes de poder, a livre circulação de informações – a livre intercomunicação horizontal – torna-se, assim, uma exigência essencial para o bom funcionamento de uma rede. Todos os seus membros têm de ter acesso a todas as informações que nela circulam pelos canais que os interligam, o que irá gerar um nível de com- plexidade grande para a construção da carreira do empregado, tanto pela organização, como também pelo próprio empregado. Os elos básicos – os fios – que dão consistência a uma rede são as informações que transitam pelos canais que interligam seus integrantes. Atualmente, as redes organizacionais acham-se em grande expansão, em função das con- dições do fomento da globalização e das novas tecnologias de informação e comunicação. ABORDAGEM DE REDES NA ATUALIDADE É importante entender algumas distinções conceituais importantes. Estudando a noção de redes, pode-se diferenciá-las em redes intraorganizacionais e redes interorganizacionais, como definidas a seguir: • As redes intraorganizacionais consistem em sistemas de ligação entre pessoas ou atores sociais, dentro das organizações. Nas redes intraorganizacionais, são criadas malhas de C E D E R J 257 múltiplos fios unidos por vínculos que podem inclusive ultrapassar os limites físicos da organização. • As redes interorganizacionais caracterizam-se pela relação entre organizações, tendo o ambiente externo e abstrato como pano de fundo para suas interações. Quer sejam intra ou interorganizacionais, formais ou informais, as redes são sempre for- madas por atores ligados por diferentes tipos de laços que envolvem trocas ou transações. Assim, esses laços podem ser usados diferentemente por indivíduos em diversas situações. Embora um laço possa ser usado para transferir múltiplos conteúdos, estes são específicos aos contextos nos quais são formados e não podem ser usados para transferência indiscriminada de todo tipo de recursos. Redes intraorganizacionais Nas redes intraorganizacionais, destacam-se quatro papéis críticos de ligação entre os atores das redes: (i) o conector central, que liga a maior parte das pessoas de uma rede com as pessoas de outras redes; (ii) o expansor de fronteiras, que conecta uma determinada rede umas com outras partes da empresa ou com redes similares em outras organizações; (iii) o corretor de informação, que mantém a comunicação entre os diferentes subgrupos de uma rede, unindo-os e impedindo que ela se fragmente em subunidades menores e menos eficientes, e (iv) o especialista periférico, a quem todos de uma rede podem recorrer sempre que algum conhecimento específico é necessário. Com as transferências de atores, acredita-se que aqueles que permanecerem no setor reconfigurarão as redes remanescentes para que os papéis críticos sejam assumidos e as redes não se fragmentem e percam sua força, principalmente a rede de informação, que é de fundamental importância para a execução das tarefas. Existem também dois tipos básicos de redes intraorganizacionais, denominadas rede formal e informal intraorganizacional. A rede social formal é uma série de ligações ou laços prescritos entre posições sociais formais ou padronizadas. Em contraposição, as estruturas sociais informais não são explicitadas ou prescritas pelas organizações e baseiam-se em interações que dependem dos atributos pessoais dos participantes, que fazem escolhas voluntárias. Redes interorganizacionais O conceito de rede subentende-se como a intensidade e a frequência da interação dos atores sociais, que servem de nós que potencializam a relação entre as organizações. Observa-se que as redes intensificam a interação, promovendo redução espaço-temporal nas inter-relações dos seus atores, como fatores altamente estratégicos para a competitividade das organizações do século XXI. 258 C E D E R J Com isso, o amplo escopo conceitual do termo “rede” proporciona interesse por apresentar um crescente número de pesquisadores na área de Ciências Sociais e a influência que tal ambiente de relacionamento exerce sobre as escolhas na carreira dos indivíduos. Existem três razões principais para o crescimento do interesse no tema sobre redes nos estudos organizacionais: (i) a emergência da nova competição, pois o antigo modelo de organi- zação era a grande firma hierárquica, mas o modelo da organização considerado característica da nova competição é a rede de inter-relações laterais intra e interfirmas; (ii) a chegada das tec- nologias de informação e de comunicação tornou possível maior capacidade de inter-relações de firmas dispersas; (iii) a consolidação da análise de redes como disciplina acadêmica, não restrita somente a alguns grupos de sociólogos, mas expandida para ampla interdisciplinaridade dos estudos organizacionais.
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