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IST - 1o Semestre de 2011/12 LEGM, MEC EXERCÍCIOS DE ÁLGEBRA LINEAR FICHA 3 - Transformações Lineares 1 1 Linearidade Transformações lineares são funções T : E1 → E2 entre dois espaços vectoriais E1 e E2 (sobre R ou C) com as seguintes características: i) T (u + v) = T (u) + T (v), ∀u, v ∈ E1. ii) T (αu) = αT (u), ∀u ∈ E1, ∀α ∈ K. A partir destes axiomas pode facilmente mostrar-se que as transformações lineares go- zam das seguintes propriedades: • T (αu + βv) = αT (u) + βT (v), ∀u, v ∈ E1,∀α, β ∈ K. • T (−u) = −T (u). • T (0) = 0. Um exemplo de transformação linear pode ser obtido através da operação de derivação de funções, dadas as suas propriedades no que concerne à soma e ao produto de funções. Se considerarmos o espaço P de todos os polinómios, a função D : P→ P tal que Dp (t) = p′ (t) , ou mais concretamente D ( ant n + ...+ a2t 2 + a1t+ a0 ) = nant n−1 + (n− 1) an−1tn−2 + ...+ 2a2t+ a1, constitui uma transformação linear entre P e ele próprio. 1Coligidos por: João Ferreira Alves, Ricardo Coutinho e José M. Ferreira. 1 1.1 Algumas transformações lineares de R2 em R2 Outro exemplo de transformação linear T : Rn → Rm é-nos dado pelo produto de uma matriz A, m× n, por um vector coluna x ∈ Rn: T (x) = Ax. Entre elas constam as seguintes transformações lineares de R2 em R2 (ver exercícios 8 e 11 da secção seguinte). 1. MUDANÇA DE ESCALA: Sr (x, y) = (rx, ry) = [ r 0 0 r ] [ x y ] . (ampliação se r > 1, redução se r < 1). 2. ROTAÇÃO EM TORNO DA ORIGEM DE AMPLITUDE θ: Rθ (x, y) = (x cos θ − y sin θ, x sin θ + y cos θ) = [ cos θ − sin θ sin θ cos θ ] [ x y ] . 3. REFLEXÃO RELATIVAMENTE ÀS RECTAS y = ±x: R (x, y) = (±y,±x) = [ 0 ±1 ±1 0 ] [ x y ] . 4. REFLEXÃO RELATIVA AO EIXO DOS xx: Rx (x, y) = (x,−y) = [ 1 0 0 −1 ] [ x y ] . 5. REFLEXÃO RELATIVA AO EIXO DOS yy: Ry (x, y) = (−x, y) = [ −1 0 0 1 ] [ x y ] . 6. REFLEXÃO RELATIVA À ORIGEM: R0 (x, y) = (−x,−y) = [ −1 0 0 −1 ] [ x y ] . 7. PROJECÇÃO SOBRE O EIXO DOS xx: Px (x, y) = (x, 0) = [ 1 0 0 0 ] [ x y ] . 8. PROJECÇÃO SOBRE O EIXO DOS yy: Py (x, y) = (0, y) = [ 0 0 0 1 ] [ x y ] . 2 1.2 Exercícios Exercício 1 T : R4 → R2 é uma transformação linear tal que T (u1) = (1,−1) , T (u2) = (1, 2) , T (u3) = (−3,−1) . a) Calcule i) T (u1 − 2u2) . ii) T (3u1 − u2) . iii) T (u1 − u2 + 4u3) . b) Determine α e β tais que T (α u1 + β u3) = (0,−8) . Exercício 2 Quais das seguintes transformações são lineares? a) T (x1, x2) = (x1, x2) . b) T (x1, x2) = (x1 + 1, x2) . c) T (x1, x2) = (2x21 + x1x2, x1) . d) T (x1, x2, x3) = (2x1 + x2, x1 + 2x2, x1 + 2x2 + x3) . e) T (x1, x2, x3) = (x1 + 3, x1 + 2x2 + x3, x2 − 4x3) . f) T (x1, x2, x3, x4) = (2x1 + x2 − x3 + x4, x1 + x2 − 3x3) . Exercício 3 Com k,m ∈ R, sejam Tk e Tm as transformações de R3 em R2 dadas, respec- tivamente, por: Tk (x, y, z) = (x− y − z, x+ y + z) + (k, k) , Tm (x, y, z) = ( xm − ym − zm, ym−1z) . Para que valores de k e m são Tk e Tm transformações lineares? Exercício 4 A transformação T : P → P, entre o espaço de todos os polinómios P e ele próprio, é dada por T (p (t)) = tp (t) . a) Calcule T (5 + 4t+ 3t2 + 2t3) . b) Mostre que T é uma transformação linear. Exercício 5 Seja P1 (R) = {a0 + a1t : a0, a1 ∈ R} o espaço dos polinómios de grau não superior a 1. A transformação T : P1 (R)→ P1 (R) , entre P1 (R) e ele próprio, é dada por T (a0 + a1t) = b0 + b1t em que [ b0 b1 ] = [ 1 −1 −1 1 ] [ a0 a1 ] . a) Calcule T (1 + 2t) . b) Determine a0 e a1 tais que T (a0 + a1t) = 1− t. E tais que T (a0 + a1t) = 1− 2t? c) Mostre que T é uma transformação linear. 3 Exercício 6 Sejam v1, ..., vp, vectores de Rn e T : Rn → Rm uma transformação linear. Mostre que se T (v1) , ..., T (vp) são linearmente independentes então o mesmo sucede a v1, ..., vp. Exercício 7 Seja T : R2 → R a transformação linear definida por T (x, y) = x − y. Dado E ⊂ R, por T−1 (E) entende-se o subconjunto de R2, T−1 (E) = { (x, y) ∈ R2 : T (x, y) ∈ E} . Determine e represente geometricamente: a) T−1 ({3}) . b) T−1 ({0}) . c) T−1 ([−1, 1]) . Exercício 8 Seja ∆ ⊂ R2 o triângulo de vértices (1, 1) , (1,−1) e (2, 0) e Cρ ⊂ R2 a circunferência de centro na origem e raio ρ > 0. Relativamente às transformações lineares T : R2 → R2 descritas a seguir, determine: i) T (∆) . ii) T (Cρ) . a) Reflexão relativamente ao eixo dos xx. b) Reflexão relativamente ao eixo dos yy. c) Reflexão relativa à recta y = x. d) Reflexão relativa à recta y = −x. e) Mudança de escala de razão r > 0. Exercício 9 A transformação linear T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (x 2 , y 3 ) . Determine T (E) , onde E designa a elipse de equação x2 4 + y2 9 = 1. Exercício 10 Com θ ∈ R, a transformação linear Rθ : R2 → R2 dada por Rθ(x, y) = (x cos θ − y sin θ, x sin θ + y cos θ) , diz-se uma rotação de amplitude θ. a) Calcule os vectores Rpi/2 (1, 0) , Rpi/2 (0, 1) , Rpi/2 (1, 1) , Rpi/3 (1, 1) . Interprete os resulta- dos geometricamente. b) Quais das seguintes matrizes representam rotações? Em caso afirmativo indique a respec- tiva amplitude. i) [ 0 −1 1 0 ] . ii) [ 0 1 −1 0 ] . iii) [ −√2/2 −√2/2√ 2/2 −√2/2 ] . iv) [ −√3/2 1/2 −1/2 −√3/2 ] . v) [ −1/2 √3/2√ 3/2 −1/2 ] . 4 c) A composição de duas rotações, Rθ2 ◦ Rθ1 , é uma rotação? Em caso afirmativo, qual a sua amplitude? d) Mostre que para qualquer θ ∈ R, Rθ admite inversa. Determine-a. e) Se Cρ ⊂ R2 for a circunferência de centro na origem e raio ρ > 0, mostre que Rθ (Cρ) = Cρ, para qualquer θ ∈ R. f) Seja ra a recta de R2 cuja equação analítica é y = ax (a �= 0) . Qual a equação analítica da recta Rpi/2 (ra)? Exercício 11 Seja ∆ ⊂ R3, o triângulo de vértices (1, 0, 1) , (−1, 1, 0) e (0, 0, 2) . Relativa- mente às transformações lineares T : R3 → R3 descritas a seguir, determine T (∆) . a) Reflexão com relação ao plano xOz. b) Reflexão com relação ao plano yOz. c) Rotação em torno do eixos dos zz de amplitude pi/2. 2 Representação matricial de transformações lineares Se T : E1 → E2 for uma transformação linear entre E1 e E2, e estes forem espaços vectoriais de dimensão finita, então T admite uma representação matricial no sentido que passamos a descrever. Sejam B1 = {u1, ..., un} uma base de E1 (dimE1 = n) e B2 = {v1, ..., vm} uma base de E2 (dimE2 = m) . Então com x ∈ E1 temos x = x1u1 + ...+ xnun e T (x) = x1T (u1) + ...+ xnT (un) . Como tal, as coordenadas de [T (x)] B2 de T (x) na base B2 relacionam-se com as coordenadas [x] B1 de x na base B1 através de uma matriz [T ]B2B1 (m× n): [T (x)] B2 = [T ] B2B1 [x] B1 , em que as colunas de [T ] B2B1 são as coordenadas na base B2, [T (u1)]B2 , ..., [T (un)]B2 , de T (u1) , ..., T (un) . No caso de ser E1 = Rn e E2 = Rp, ou seja, quando T : Rn → Rm é uma transformação linear entre Rn e Rm, os vectores x e T (x) confundem-se com as suas coordenadas nas correspondentes bases canónicas, En e Em. Assim, em tal caso T (x) = [T ] x em que as colunas da matriz [T ] são as coordenadas na base Ep dos vectores T (u1) , ..., T (un) . 5 2.1 Composição de transformações lineares ComE1, E2 eE3 espaços vectoriais sobreK (R ou C) sejam T1 : E1 → E2 e T2 : E2 → E3 duas transformações lineares. Então facilmente se observa que a composição de T2 com T1, (T2 ◦ T1) (x) = T2 (T1 (x)) é uma transformação linear entre os espaços E1 e E3. Se E1, E2 e E3 forem espaços de dimensão finita tais que dimE1 = n, dimE2 = m e dimE3 = #, de bases, respectivamente, B1, B2 e B3, T1 admite uma representação matricial através de uma matriz [T1]B2B1 , m×n, e T2 uma representação matricial por uma matriz [T2]B3B2, #×m. Como tal, T2 ◦ T1 terá como representação matricial a matriz [T2]B3B2 [T1]B2B1 (#× n) . Na verdade, [(T2 ◦ T1) (x)]B3 = [T2 (T1 (x))]B3 = [T2]B3B2 [T1 (x)]B2 = [T2]B3B2 [T1]B2B1 [x]B1 . 2.2 Representação matricial e mudanças de base Se D1 e D2 forem outras bases, respectivamente, de E1 e E2 a transformação linear T : E1 → E2 terá uma representação matricial diferente, dada agora por uma outra matriz [T ] D2D1 , igualmente m× n. As matrizes [T ] B2B1 e [T ] D2D1 relacionam-se de acordo com o diagrama [x] B1 [T ] B2B1−→ [T (x)] B2 MB1←D1 ↑ ↓ MD2←B2 [x] D1 −→ [T ] D2D1 [T (x)] D2 onde MB1←D1 é a matriz de mudança de base D1 para a base B1 e MD2←B2 é a matriz de mudança de base de B2 para D2. Ou seja, [T ] D2D1 = MD2←B2 [T ]B2B1 MB1←D1 2.3 Exercícios Exercício 12 Considere R2 munido da base B = {v1, v2} , onde v1 = (1, 2) , v2 = (2, 1) . Represente matricialmente na base B as seguintes transformações lineares T : R2 → R2 definidas pelas seguintes relações: a) T (1, 2) = (2, 1) e T (2, 1) = (1, 2). b) T (1, 2) = (3, 3) e T (2, 1) = (6, 6). c) T (v1) = v1 + v2 e T (v2) = 3v1 − 7v2. d) T (v1 + v2) = 5v1 + v2 e T (v1 − v2) = 3v1 − 7v2. 6 Exercício 13 Considere uma transformação linear T : R2 → R3 tal que T (1, 3) = (1, 1, 1) e T (5, 7) = (2, 2, 3) Determine uma base B2 = {v1, v2} de R2 e uma base B3 = {w1,w2,w3} de R3 de forma que a representação matricial de T nestas bases B2, B3 seja 1 20 1 0 0 . Exercício 14 Considerem-se as aplicações lineares S : R3 → R2 e T : R2 → R3 definidas por S (x, y, z) = (3x+ y + 4z, x+ z) e T (x, y) = (x− 4y, 2x− 5y, 3x− 6y). Determine a representação matricial de S ◦T e de T ◦S nas bases canónicas de R3 e R2, respectivamente. Exercício 15 Considere R2 munido da base B = {v1, v2} , onde v1 = (0, 2) , v2 = (2, 0) . Represente matricialmente na base B as seguintes transformações lineares T : R2 → R2: a) T é definida por T (x1, x2) = (2x1 + x2, x1 + 2x2) . b) T é representada na base canónica de R2 pela matriz[ a b c d ] . Exercício 16 B = {v1, v2} constitui uma base de R2, onde v1 = (1, 1) , v2 = (1, 2) . a) Qual a representação matricial da transformação linear T : R2 → R2 na base B, se na base canónica de R2 ela for representada pela matriz[ 2 1 1 2 ] ? b) Supondo que T é representada na base B pela matriz[ 3 2 1 2 ] , determine a expressão analítica para T (x1, x2) . Exercício 17 Com v1 = (0, 2, 0) , v2 = (0, 0, 2) e v3 = (2, 0, 0) , B = {v1, v2, v3} forma uma base de R3. Determine as representações matriciais na base B das seguintes transformações lineares T : R3 → R3: a) T é dada analiticamente por T (x1, x2, x3) = (x1 + x2, x1 + x3, x3 + x2) . b) Relativamente à base canónica de R3, T é representada pela matriz a b cd e f g h i . 7 Exercício 18 Considere a base de R3, B = {v1, v2, v3} , onde v1 = (1, 0, 0) , v2 = (1, 1, 0) e v3 = (1, 1, 1) . a) Sabendo que T : R3 → R3 é uma transformação linear que na base canónica de R3 é representada pela matriz 1 1 01 0 1 0 1 1 , determine a sua representação matricial na base B. b) Supondo que na base B, T é representada matricialmente pela matriz 1 2 11 0 0 0 1 2 , determine analiticamente T (x1, x2, x3) . Exercício 19 T : R3 → R2 é a transformação linear dada por T (x1, x2, x3) = (2x1 + x2, x3 + 3x2) . Por que matrizes é representada T relativamente à base B1 = {u1, u2, u3} de R3 e B2 = {v1, v2} de R2 nos casos em que: a) u1 = (1, 0, 0) , u2 = (0, 1, 0) , u3 = (0, 0, 1) , v1 = (1, 0) , v2 = (0, 1) . b) u1 = (0, 2, 0) , u2 = (0, 0, 2) , u3 = (2, 0, 0) , v1 = (1, 0) , v2 = (0, 1) . c) u1 = (1, 0, 0) , u2 = (1, 1, 0) , u3 = (1, 1, 1) , v1 = (1, 1) , v2 = (1, 2) . d) u1 = (1, 0, 0) , u2 = (0, 1, 0) , u3 = (0, 0, 1) , v1 = (1, 1) , v2 = (1, 2) . Exercício 20 Considerem-se as bases B2 = {w1,w2} de R2 e B3 = {v1, v2, v3} de R3, onde w1 = (2, 1) , w2 = (2, 2) , v1 = (1,−1, 0) , v2 = (−1, 1, 1) e v3 = (1, 0,−1) . Sejam S : R3 → R2 e T : R2 → R3 aplicações lineares tais que S (v1) = w1 +w2, S (v2) = w1 − w2, S (v3) = w1, T (w1) = v1 + v2 e T (w2) = v2 + v3. determine a expressão analítica para T ◦ S (x, y, z). Exercício 21 Seja T : P2 → P2 definida por T (p (t)) = tp′ (t). Determine a matriz que representa T na base P2 = {1, t, t2}. Exercício 22 Seja T : P2 → P4 definida por T (p (t)) = p (t2)+p (2) t3. Determine a matriz que representa T nas bases P2 = {1, t, t2}, P4 = {1, t, t2, t3, t4}. 8 Exercício 23 Seja T : P2 → R3 definida por T (p (t)) = (p (−1) , p (0) , p (1)). Determine a matriz que representa T nas bases canónicas P2, E3. Exercício 24 T : P2 → P3 é uma transformação linear tal que T (1) = 1 + t, T (t) = 1 + 2t, T ( t2 ) = t− t3. a) Que polinómio é T (1− 2t+ 3t2)? b) Represente matricialmente T com respeito às bases canónicas de P2 e de P3. c) Represente matricialmente T relativamente às bases B = {1, 1 + t, 1 + t+ t2} de P2 e D = {1, 1 + t, 1 + t2, 1 + t3} de P3. Exercício 25 Seja F :M2×2 (R)→M2×2 (R) dada por F (A) = A+AT . a) F é uma transformação linear. Justifique. b) Por que matriz é representada F relativamente à base canónica de M2×2 (R) ,{[ 1 0 0 0 ] , [ 0 1 0 0 ] , [ 0 0 1 0 ] , [ 0 0 0 1 ]} . Exercício 26 Seja A = [ a b c d ] uma matriz arbitrária do espaço vectorial M2×2 (R) das matrizes reais 2 × 2. Quais das seguintes transformações de M2×2 (R) em R, são lineares? T1 (A) = a+ d. T2 (A) = ab− cd. T3 (A) = a+ b+ c+ d. T4 (A) = abcd. Nos casos afirmativos indique a respectiva representação matricial relativamente à base canó- nica de M2×2 (R) . Exercício 27 Considere as transformações D : P3 → P2 e P : P2 → P3 definidas por: Dp (t) = p′ (t) , Pp (t) = ∫ t 0 p (s) ds, em que p designa um polinómio de P3. a) Ambas são transformações lineares. Justifique. b) Determine as matrizes que representam D e P relativamente às bases canónicas {1, t, t2} de P2 e {1, t, t2, t3} de P3. c) D e P são transformações inversas? 9 3 Núcleo e contradomínio de uma transformação linear Relativamente a uma qualquer transformação linear T : E1 → E2 entre dois espaços vectoriais E1 e E2, facilmente se verifica que o contradomínio de T ou conjunto imagem ImT = {y ∈ E2 : y = T (x) , x ∈ E1} constitui um subespaço de E2. Sempre que ImT = E2 diremos que T é uma transformação linear sobrejectiva ou uma sobrejecção de E1 em E2. A invertibilidade de T fica então apenas dependente de ser uma transformação injec- tiva, ou seja de satisfazer a propriedade x1 �= x2 ⇒ T (x1) �= T (x2) (ou de modo equivalente a implicação T (x1) = T (x2) ⇒ x1 = x2). Na verdade, se T for injectiva então podemos considerar a transformação inversa T−1 : ImT → E1, ou seja a transformação que satisfaz as relações ( T−1 ◦ T) (x) = x, ∀x ∈ E1,( T ◦ T−1) (y) = y, ∀y ∈ ImT. Nestas circunstâncias, pode facilmente verificar-se que T−1 é igualmente uma transformação linear entre ImT e E1. Quando T for simultaneamente injectiva e sobrejectiva diremos que T é bijectiva ou uma bijecção entre E1 e E2. Para aferirmos da injectividade da transformação T, um outro espaço assume um papel relevante: o chamado de núcleo de T definido por NucT = {x ∈ E1 : T (x) = 0} , que facilmente se observa constituir um subespaço de E1. Na verdade, pode mostrar-se que T é injectiva se e só se for válida a seguinte equivalência T (x) = 0⇔ x = 0, facto que é equivalente a afirmar que NucT = {0} . Podemos pois estabelecer que as seguintes afirmações são equivalentes: • T : E1 → ImT é invertível. • T é injectiva. • NucT = {0} . 10 3.1 Núcleo e contradomínio de uma transformação linear entre espaços de dimensão finita No caso em que os espaços E1 e E2 são de dimensão finita há a registar algumas particu- laridades específicas.Na verdade, tomando uma base B1 de E1, uma base B2 de E2 e a matriz [T ] B2B1 que, relativamente a estas bases, representa a transformação linear T : E1 → E2, atendendo a que [T (x)] B2 = [T ] B2B1 [x] B1 , podemos concluir que NucT = { x ∈ E1 : [x]B1 ∈ Nul [T ]B2B1 } . Do mesmo modo, ImT = { y ∈ E2 : [y]B2 ∈ Col [T ]B2B1 } . Assim, recordando a nulidade, n (A) , e a característica, c (A) , de uma matriz A, temos dim (NucT ) = dim ( Nul [T ] B2B1 ) = n ( [T ] B2B1 ) dim (ImT ) = dim ( Col [T ] B2B1 ) = c ( [T ] B2B1 ) e dim (NucT ) + dim (ImT ) = dimE1. Se dim (E1) = dim (E2), podemos ainda afirmar que T é uma transformação invertível (ou bijectiva) se e só se a matriz [T ] B2B1 for invertível. Nestas condições, relativamente às bases B1 e B2, a matriz que representa a transformação inversa, T−1, é a matriz inversa da matriz que representa T : [ T−1 B1B2 ] = [T ]−1 B2B1 . 3.2 Exercícios Exercício 28 Determine bases para o núcleo e para o contradomínio (ou espaço imagem) de cada uma das seguintes transformações lineares: a) T (x1, x2) = (2x1 + x2, 2x1 + x2) . b) T (x1, x2) = (x1 + x2, x1 − x2) . c) T (x1, x2, x3) = (x1 + x2 + x3, 2x1 + 2x2 + 2x3, x2 − x3) . d) T (x1, x2, x3) = (x1 + 2x2 − x3, 2x1 + 4x2 − 2x3,−x1 − 2x2 + x3) . e) T (x1, x2, x3) = (x1 − x3, x1 + 2x3, x2 + 3x3) . f) T (x1, x2, x3) = (x1 − x3, x2 + x3) . g) T (x1, x2) = (2x1 + x2, 4x1 + 2x2, 0) . Exercício 29 A transformação linear T : R2 → R2, na base constituída pelos vectores v1 = (1, 1), v2 = (1,−1) é representada pela matriz[ 3 3 2 2 ] . Determine bases para o núcleo e para o espaço imagem de T e indique a dimensão desses subespaços. 11 Exercício 30 Na base formada pelos vectores v1 = (−1, 1, 1), v2 = (1,−1, 1), v3 = (1, 1,−1), a transformação linear T : R3 → R3 é representada pela matriz −2 0 11 1 0 −1 1 1 . Determine bases dos subespaços NucT e ImT. Exercício 31 A transformação linear T : P2 → P1, relativamente às bases canónicas destes espaços, é representada pela matriz [ 2 1 −3 −6 −3 9 ] . a) Que polinómio é T (1 + 2t+ t2)? b) Determine bases do núcleo e do contradomínio de T. Exercício 32 T : P1 → P2 é uma transformação linear que nas bases canónicas de P1 e P2 é representada pela matriz 1 11 −1 1 0 . a) Caso exista, qual o polinómio p (t) de P1 tal que T (p (t)) = 1− t? b) Determine bases do núcleo e do contradomínio de T. Exercício 33 Seja T : Rn → Rm uma transformação linear e A a matriz que representa T nas bases canónicas de Rn e Rm. Justificando as suas respostas, indique se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas. a) dim (NucT ) = n (A) 2. b) T é injectiva se e só se n (A) = 0. c) T é injectiva se e só se a característica de A coincide com o número de colunas de A. d) A dimensão da imagem de T coincide com a característica de A. e) T é sobrejectiva se e só se a característica de A coincide com o número de linhas de A. Exercício 34 Seja T : R3 → R2 a transformação linear definida por T (x1, x2, x3) = (x1 + x2, x1 + x2 − x3) . a) Calcule a matriz que representa T nas bases canónicas de R3 e R2. 2Recorde que n(A) designa a nulidade da matriz A. 12 b) Determine uma base para o núcleo de T. A transformação T é injectiva? c) Determine uma base para o contradomínio de T. T é sobrejectiva? d) Resolva a equação T (x1, x2, x3) = (1, 1). e) Existe algum vector (a, b) ∈ R2 para o qual a equação T (x1, x2, x3) = (a, b) é impossível? f) Existe algum vector (a, b) ∈ R2 para o qual a equação T (x1, x2, x3) = (a, b) é possível e determinada? Exercício 35 Considere a transformação linear que na base canónica de R3 é representada pela matriz 1 2 22 1 4 0 0 2 . a) Determine uma base para o núcleo de T. T é injectiva? b) Indique uma base para a imagem de T. T é sobrejectiva? c) Resolva a equação T (x1, x2, x3) = (3, 3, 0). d) Existe algum vector (a, b, c) ∈ R3 para o qual a equação T (x1, x2, x3) = (a, b, c) é impossí- vel? e) Existe algum vector (a, b, c) ∈ R3 para o qual a equação T (x1, x2, x3) = (a, b, c) é indeter- minada? Exercício 36 Na base de R2 formada por v1 = (1, 1), v2 = (1, 0), a transformação linear T : R2 → R2 é representada pela matriz [ 2 4 1 2 ] . a) Encontre uma base de NucT. T é injectiva? b) Indique uma base de ImT. T é sobrejectiva? c) Resolva a equação T (x1, x2) = (3, 2). d) Existe algum vector (a, b) ∈ R2 para o qual a equação T (x1, x2) = (a, b) é impossível? e) Existe algum vector (a, b) ∈ R2 para o qual a equação T (x1, x2) = (a, b) é possível e determinada? Exercício 37 Seja T : R3 → R3 a transformação linear que na base constituída pelos vectores v1 = (1, 1, 1), v2 = (1, 1, 0), v3 = (1, 0, 0) é representada por 1 2 22 4 4 0 0 2 . a) Determine uma base para o núcleo de T. T é injectiva? b) Indique uma base para a imagem de T. T é sobrejectiva? c) Mostre que equação T (x1, x2, x3) = (2, 4, 0) não tem soluções. d) Existe algum vector (a, b, c) ∈ R3 para o qual a equação T (x1, x2, x3) = (a, b, c) é indeter- minada. 13 Exercício 38 T é a transformação linear dada por T (x1, x2) = (x1 + x2, x1 + 2x2) . a) Qual a matriz que representa T na base canónica? b) Mostre que T é bijectiva e calcule T−1(y1, y2). c) Resolva a equação linear T (x1, x2) = (1, 1). Exercício 39 A matriz 1 0 00 1 0 0 0 −1 representa a transformação linear T na base de R3 constituída pelos vectores v1 = (1, 1, 1), v2 = (1, 1, 0), v3 = (1, 0, 0). a) Mostre que T é bijectiva e calcule T−1(y1, y2, y3). b) Resolva a equação linear T (x1, x2, x3) = (1, 2, 1). Exercício 40 Relativamente à base canónica de P2, a transformação linear T : P2 → P2, tem a representação matricial 1 1 11 2 −4 0 0 1 . Mostre que T é bijectiva e calcule T−1(1 + t+ 2t2). Exercício 41 Seja I : Pn → R a transformação dada por I (p) = ∫ 1 0 p (t) dt (p (t) ∈ Pn) . a) I é uma transformação linear. Justifique. b) Qual a matriz que na base canónica {1, t, ..., tn} de Pn representa I? c) Determine o núcleo de I? Qual a sua dimensão? d) É I uma bijecção entre Pn e R? Exercício 42 Designe-se por S o subespaço das matrizes simétricas 2× 2, i.e. S = { A ∈M2×2 (R) : A = AT } . Considere-se T : S → S a transformação linear definida por T (A) = AB +BA, onde B= [ 0 1 1 0 ] . a) Determine uma base para S e indique a matriz que, nessa base, representa T. b) Calcule uma base do NucT e justifique que T não é injectiva nem sobrejectiva. c) Resolva em S, a equação T (A) = B. 14 4 Soluções 1) a) i) (−1,−5) . ii) (2,−5) . iii) (−12,−7) . b) α = 6, β = 2. 2) São lineares as transformações das alíneas a), d) e f). 3) k = 0 e m = 1. 4) a) 5t+ 4t2 + 3t3 + 2t4. 5) a) t− 1. b) a0 = a1 + 1. Não existe. 7) a) Recta y = x − 3. b) Recta y = x. c) Região do plano entre as rectas y = x − 1 e y = x+ 1. 8) a) i) T (∆) = ∆; ii) T (Cρ) = Cρ. b) i) Triângulo de vértices (−1, 1) , (−1,−1) e (−2, 0) ; ii) T (Cρ) = Cρ. c) i) Triângulo de vértices (1, 1) , (−1, 1) e (0, 2) ; ii) T (Cρ) = Cρ. d) i) Triângulo de vértices (−1,−1) , (1,−1) e (−2, 0) ; ii) T (Cρ) = Cρ. e) i) Triângulo de vértices (r, r) , (r,−r) e (2r, 0) ; ii) T (Cρ) = Crρ. 9) T (E) é a circunferência de centro na origem e raio 1. 10) a) (0, 1) , (−1, 0) , (−1, 1) e ((1−√3) /2, (1 +√3) /2) . b) i) θ = pi/2 + 2kpi. ii) θ = −pi/2 + 2kpi. iii) θ = 3pi/4 + 2kpi. iv) θ = −5pi/6 + 2kpi. v) Não. c) Sim; θ1 + θ2. d) R−θ. f) y = −x/a. 11) a) Triângulo de vértices (1, 0, 1) , (−1,−1, 0) e (0, 0, 2) . b) Triângulo de vértices (−1, 0, 1) , (1, 1, 0) e (0, 0, 2) . c) Triângulo de vértices (0, 1, 1) , (−1,−1, 0) e (0, 0, 2) . 12) a) [ 0 1 1 0 ] . b) [ 1 2 1 2 ] c) [ 1 3 1 −7 ] d) [4 1 −3 4 ] . 13) Por exemplo v1 = (1, 3) , v2 = (5, 7) , w1 = (1, 1, 1) , w2 = (0, 0, 1) , w3 = (1, 0, 0) . 14) [S ◦ T ] = [ 17 −41 4 −10 ] , [T ◦ S] = −1 1 01 2 3 3 3 6 15) a) [ 2 1 1 2 ] . b) [ d c b a ] . 16) a) [ 3 3 0 1 ] . b) T (x1, x2) = (4x1, 4x1 + x2) . 17) a) 0 1 11 1 0 1 0 1 . b e f dh i g b c a . 15 18) a) 0 1 01 0 0 0 1 2 . b) T (x1, x2, x3) = (2x1 + x2, x1 + x3, x2 + x3). 19) a) [ 2 1 0 0 3 1 ] . b) [ 2 0 4 6 2 0 ] . c) [ 4 3 2 −2 0 1 ] . d) [ 4 −1 −1 −2 2 1 ] . 20) T ◦ S (x, y, z) = (0,−y, 3x+ 2y + 2z) 21) 0 0 00 1 0 0 0 2 22) 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 4 0 0 1 23) 1 −1 11 0 0 1 1 1 24) a) −3t3 − 1. b) 1 1 0 1 2 1 0 0 0 0 0 −1 . c) 0 −1 −1 1 3 4 0 0 0 0 0 −1 . 25) b) 2 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 0 0 2 26) T1 e T3 são lineares; T2 e T4 não. T1 é representada pela matriz [ 1 0 0 1 ] e T3 é representada pela matriz [ 1 1 1 1 ] . 27) b) D é representada por 0 1 0 00 0 2 0 0 0 0 3 e P por 0 0 0 1 0 0 0 1/2 0 0 0 1/3 . c) Não. 28) a) {(1,−2)} é base de NucT e {(1, 1)} é base de ImT. b) ∅ é base de NucT ; {(1, 1) , (1,−1)} é base de ImT. c) {(−2, 1, 1)} é base de NucT ; {(1, 2, 0) , (1, 2, 1)} é base de ImT. d) {(−2, 1, 0), (1, 0, 1)} é base de NucT ; {(1, 2,−1)} é base de ImT. e) ∅ é base de NucT ; {(1, 1, 0) , (0, 0, 1) , (−1, 2, 3)} é base de ImT. f) {(1,−1, 1)} é base de NucT ; {(1, 0) , (0, 1)} é base de ImT. g) { (−1 2 , 1) } é base de NucT ; {(2, 4, 0)} é base de ImT. 29) {(0, 1)} é base de NucT e {(5, 1)} é base de ImT. dimNucT = dim ImT = 1. 30) {(0, 2,−1)} é base de NucT e {(2,−4, 0) , (2, 0, 0)} é base de ImT. 31) a) 1− 3t. b) {1− 2t, 3 + 2t2} é base de NucT, {2− 6t} é base de ImT. 32 a) p (t) = t. b) ∅ é base de NucT, {1 + t+ t2, 1− t} é base de ImT. 33) Todas as afirmações são verdadeiras. 16 34) a) [ 1 1 0 1 1 −1 ] . b) {(−1, 1, 0)} é base de NucT. A transformação T não é injectiva pois dimNucT �= 0. c) {(1, 1) , (0,−1)} é base de ImT. A transformação T é sobrejectiva pois dim ImT = 2 = dimR2. d) O conjunto das soluções é {(1, 0, 0)}+NucT = {(1, 0, 0) + x2 (−1, 1, 0) : x2 ∈ R} . e) Não, porque T é sobrejectiva. f) Não, porque T não injectiva. 35) a) ∅ é base do NucT . T é injectiva. b) {(1, 2, 0) , (2, 1, 0) , (2, 4, 2)} é base de ImT. T é sobrejectiva. c) A única solução da equação é (1, 1, 0). d) e e) Como T é bijectiva a equação T (x1, x2, x3) = (a, b, c) é possível e determinada para qualquer (a, b, c) ∈ R3. 36) a) {(1, 2)} é base de NucT, logo T não é injectiva. b) {(3, 2)} é uma base de ImT , pelo que T não é sobrejectiva. c) O conjunto das soluções é {(0,−1)}+NucT. d) Sim. Por exemplo, T (x1, x2) = (1, 0) é impossível. e) Não. 37) a) {(1, 1, 2)} é base de NucT, logo T não é injectiva. b) {(8, 6, 2) , (−2, 0, 0)} é uma base de ImT, pelo que T não é sobrejectiva. d) Sim. 38) a) [ 1 1 1 2 ] . b) T−1 (y1, y2) = (2y1 − y2,−y1 + y2) . c) Como T é bijectiva, a única solução da equação é o vector T−1(1, 1) = (1, 0) . 39) a) T−1(y1, y2, y3) = (−y1 + 2y2, y2, y3) . b) A única solução da equação é (3, 2, 1) . 40) T−1 (1 + t+ 2t2) = 2t2 + 10t− 11. 41) b) [ 1 1/2 ... 1/ (n+ 1) ] . c) NucI = { a0 + a1t+ ...+ ant n : a0 + a1 2 + ...+ an n+1 = 0 } , dimNucI = n. d) Não. 42) a) Na base {[ 1 0 0 0 ] , [ 0 0 0 1 ] , [ 0 1 1 0 ]} , a matriz que representa T é 0 0 20 0 2 1 1 0 . b) {[−1 0 0 1 ]} é base de NucT. c) O conjunto das soluções é {[ 1− a 0 0 a ] : a ∈ R } . 17
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