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FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À MORTALIDADE EM PACIENTES COM SEPSE GRAVE E CHOQUE SÉPTICO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL ESCOLA DO SUL DE MINAS GERAIS

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Revista Ciências em Saúde v1, n 1 abr 2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AAARRRTTTIIIGGGOOO OOORRRIIIGGGIIINNNAAALLL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À MORTALIDADE EM 
PACIENTES COM SEPSE GRAVE E CHOQUE SÉPTICO NA 
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL ESCOLA 
DO SUL DE MINAS GERAIS 
RISK FACTORS ASSOCIATED WITH MORTALITY IN PATIENTS WITH 
SEVERE SEPSIS AND SEPTIC SHOCK IN INTENSIVE CARE UNIT OF A 
HOSPITAL SCHOOL OF SOUTHERN MINAS GERAIS 
Nilo César do Vale Baracho1 
Gisela Ferraz Lopes2 
Thales Duca Araujo2 
Thomas Buissa2 
Wagner Kendy Yano2. 
. 
 
RESUMO 
Introdução: A sepse é uma síndrome clínica de resposta inflamatória sistêmica 
secundária a um processo infeccioso. Sepse grave e Choque Séptico 
compreendem suas formas mais graves. Representa a principal causa de morte 
nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em todo o mundo. Os preditores de 
evolução e mortalidade vêm sendo estudados e aplicados, tanto para definir o 
melhor gerenciamento de recursos financeiros e alterar a conduta terapêutica, 
quanto para monitorar o desempenho da UTI. Objetivos: Determinar e 
relacionar os fatores de risco a mortalidade em pacientes com sepse grave e 
choque séptico internados na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital 
Escola do Sul de Minas Gerais. Métodos: O estudo foi do tipo caso-controle 
aninhado a uma coorte prospectiva e observacional, onde foram incluídos 
pacientes que apresentavam sepse grave ou choque séptico, no período de 30 de 
julho de 2005 a 30 de junho de 2009. A análise foi realizada com auxílio do 
programa Minitab versão 15. Foi utilizado o teste de Qui-quadrado de Pearson 
para associação das variáveis categóricas, sendo rejeitada a independência 
destas, quando p > 0,05. Resultados e discussão: O estudo abrangeu 167 
pacientes. Após analise estatística, obteve-se que a maioria dos pacientes 
sépticos que evoluíram a óbito eram homens, idosos, com comorbidades, que 
ficaram internados por menos de 72h e tiveram o trato respiratório como 
principal origem da doença. Conclusão: Os parâmetros associados à maior 
mortalidade foram a idade do individuo, o órgão de origem da sepse, presença 
de diabetes mellitus e hipertensão arterial. 
Palavras-chave: Sepse grave, Choque séptico, fatores de risco, mortalidade, 
prognóstico. 
 
ABSTRACT: 
Introduction: Sepsis is a clinical syndrome of systemic inflammatory response 
secondary to a infection. Severe sepsis and septic shock are the most severe 
forms. It represents the main cause of death in Intensive Care Unit (ICU) 
patients worldwide. The predictors of mortality and prognosis has been studied 
to set a better management of financial resources and change the therapeutic, as 
for to control the development of ICU. Objectives: Establish and make 
relations of the risk factors to the mortality in patients who were diagnosed with 
severe sepsis and septic shock hospitalized in a ICU of a Hospital in South of 
Minas Gerais. Methods: The study is a case-control type made with a foresight 
and observational coorte, which were included patients with severe sepsis and 
septic shock, by the period between June 30th of 2005 to June 30th of 2009. The 
analysis was made using the program Minitab version 15. It was used the Qui-
Quadrado of Pearson test to make associations of the categorical variables, not 
considering those, when p>0,05. Results and discussion: the study 
encompassed 167 patients. After statistic analysis, it was concluded that most of 
septic patients who died were elderly males with co morbidities that were 
hospitalized less than 72 hours and had as the main infection focus the 
Respiratory System. Conclusion: The most important items associated with the 
mortality were the patient’s age, septic original organ, the presence of Diabetes 
Mellitus and Hypertension. 
Key-words: Severe sepsis, septic shock, risk factors, mortality, prognosis 
1
 Mestre em Fisiologia e 
Farmacologia. 
Professor Adjunto de Farmacologia e 
Bioquímica, Faculdade de Medicina 
de Itajubá 
 
2
 Acadêmico do 6° ano de Medicina da 
Faculdade de Medicina de Itajubá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho realizado no Hospital Escola 
de Itajubá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Correspondência: 
Nilo César do Vale Baracho 
Rua Luiz Gonzaga Rennó, 173. Jardim 
Eldorado 
CEP 37502-154 – Itajubá, MG, Brasil 
Tel.: (35) 3621-4610 
E-mail: nilocvbaracho@yahoo.com.br 
 
 
 
Revista Ciências em Saúde v1, n 1 abr 2011 
INTRODUÇÃO 
 
A Síndrome da Resposta Inflamatória 
Sistêmica (SIRS) caracteriza-se por uma resposta 
inflamatória inespecífica do organismo a vários tipos de 
agressão (pancreatite, trauma, infarto agudo do 
miocárdio, entre outras), manifestada por duas ou mais 
das seguintes condições: temperatura corporal superior a 
38°C ou inferior a 36°C; frequência cardíaca maior que 
90 bpm; frequência respiratória maior que 20/irpm ou 
PaCO2 inferior a 32 mm Hg e contagem de leucócitos 
superior a 12.000/mm³ ou inferior a 4.000/mm³ ou ainda 
com mais de 10% em sua forma jovem. O paciente é 
portador de sepse caso apresente SIRS deflagrada por 
infecção.1 Sepse grave e choque séptico representam os 
espectros mais graves da sepse, associados a sinais de 
hipoperfusão, disfunção orgânica e hipotensão responsiva 
ou não a ressuscitação volêmica.2 
A elevada mortalidade por sepse já supera 
doenças clássicas que ocasionam alta mortalidade intra-
hospitalar, incluindo acidente vascular isquêmico (12-
19% de morte nos primeiros 30 dias) e infarto agudo do 
miocárdio (8% de risco de morte).3 Apesar dos avanços 
tecnológicos e científicos dos últimos anos, a mortalidade 
pela sepse permanece elevada. A sua incidência sofre 
variações dependendo do hospital estudado, sendo maior 
naqueles que lidam com pacientes mais graves. 
Diagnóstico e tratamento precoce constituem as 
principais armas para redução da mortalidade.1 
O estudo publicado por Angus e col. mostra 
que nos EUA ocorrem aproximadamente 750.000 casos 
de sepse por ano, com 215.000 mortes/ano. Nos últimos 
dez anos, dados epidemiológicos americanos mostram 
aumento de incidência de 91,3% de sepse nas UTIs 
daquele país. A mortalidade desta doença é maior que a 
de pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, 
câncer de mama e cólon e AIDS. Quase se equipara à 
mortalidade por síndrome coronariana aguda.4 
Recentemente, Alberti e col. publicaram um 
completo estudo epidemiológico englobando 28 unidades 
de terapia intensiva da Europa. A taxa de mortalidade 
hospitalar dos pacientes com sepse ficou entre 44,8 e 
67,9% (IC 95%) e dos pacientes com choque séptico, 
entre 47,2 e 63,8% (IC 95%). 5 
No Brasil, dados coletados por Silva e col. 
mostram incidência de sepse grave em torno de 27% em 
pacientes com mais de 24 horas de internação em UTI. 3 
O estudo Sepse Brasil, feito por Junior e col. evidencia 
um número de pacientes com sepse grave e choque 
séptico maior que os relatados nas publicações européias 
e norte-americanas, com mortalidade de 46,6%. A 
mortalidade no choque séptico é uma das mais elevadas 
no mundo, com 65,3%. 6 
A partir da década de 90, diversos índices 
foram criados, baseados em indicadores clínicos e 
laboratoriais aferidos nas primeiras 24 horas de 
internação que, após cálculos matemáticos, poderiam 
prever a taxa de mortalidade. Entre eles, pode-se citar o 
APACHE II - Acute Physiology and Chronic Health 
Evaluation 2, que é um sistema de classificação da 
gravidade das doenças7 e o SOFA – Sepsis Related Organ 
Failure Assessment, que foi inicialmente criado em 1995 
para avaliação da morbidadeem pacientes sépticos, uma 
vez que a sepse é a principal causa de “falência” orgânica 
múltipla. 8 A DMOS (Disfunção Múltipla de Órgãos e 
Sistemas) tem com fatores de risco a idade, doença 
crônica prévia, reanimação inadequada, foco inflamatório 
e infeccioso persistente. 9 Além desses escores, existem 
indicadores mais tradicionais, que possivelmente 
relacionam-se com risco de morte em pacientes sépticos, 
tais como lactato, contagem de plaquetas e fibrinogênio. 
10-12
 
Outros possíveis fatores de risco são o tempo 
de internação na UTI, origem do paciente (clínica 
médica, clínica cirúrgica, pronto socorro e externo), sexo, 
faixa etária, foco (órgão de origem da Sepse), análise de 
algumas comorbidades pré-existentes, como diabetes e 
hipertensão arterial e a International Normalized Ratio 
(INR) que é uma quantificação comparada da relação do 
tempo de protrombina (TP) de um doente, usada como 
padrão para a monitorização dos efeitos da varfarina. A 
INR indica o que teria sido a relação do TP do doente se 
fosse medida usando o reagente primário de referência 
internacional da OMS. 13 
Em outubro de 2002, durante o Congresso 
Europeu de Medicina Intensiva, foi iniciada uma 
campanha denominada “Sobrevivendo a Sepse”, com 
objetivo de reduzir a mortalidade por sepse em 25%, nos 
cinco anos seguintes. 14 No Brasil, quem coordena a 
campanha é o Instituto Latino Americano para Estudos da 
Sepse (ILAS), um órgão sem fins lucrativos, com a 
finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre sepse, 
bem como desenvolver programas para a redução da 
mortalidade e sequelas em pacientes com sepse. 15 No ano 
de 2006, houve a implementação desta Campanha no 
Hospital Escola de Itajubá, um município localizado no 
sul de Minas Gerais. 
Os preditores de evolução e mortalidade vêm 
sendo extensamente estudados e aplicados, tanto para 
definir o melhor gerenciamento de recursos financeiros e 
alterar a conduta terapêutica, quanto para monitorar o 
desempenho de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 
16
 
A análise dos fatores de risco associados à 
mortalidade em pacientes com sepse grave e choque 
séptico mostra-se relevante, uma vez que a sepse grave e 
sua evolução para choque séptico são causas frequentes 
de óbito e todos os esforços de médicos intensivistas 
devem ser voltados para detecção precoce do problema 
ainda na sala de emergência, com implantação de 
protocolos rigorosos de medidas que reduzam a 
mortalidade na sepse, procurando reduzir os índices de 
mortalidade por esta doença. 
O objetivo desse estudo foi verificar a 
associação entre os diferentes parâmetros clínicos, 
epidemiológicos e laboratoriais com a mortalidade de 
pacientes com sepse grave e choque séptico internados 
numa unidade de terapia intensiva de um Hospital Escola 
do Sul de Minas Gerais. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
O estudo foi do tipo caso-controle aninhado a 
uma coorte prospectiva e observacional, onde foram 
incluídos, de forma consecutiva, todos os 167 pacientes 
que apresentavam sepse grave ou choque séptico no 
momento da internação na UTI, ou que desenvolveram 
tais doenças após a admissão, no período de 30 de julho 
de 2005 a 30 de junho de 2009. O grupo de casos foi 
definido como o de pacientes sépticos que evoluíram para 
o óbito e o grupo-controle como pacientes sépticos que 
receberam alta da UTI. 
 
 
 
Revista Ciências em Saúde V1, N 1, abr 2011 
 
A população do estudo e os dados para análise 
foram obtidos através dos Livros de Registro de 
Admissão dos pacientes na UTI do Hospital Escola. Os 
dados relativos ao órgão de origem da sepse e presença 
de diabetes mellitus e hipertensão arterial foram obtidos a 
partir dos prontuários dos pacientes. Uma vez coletados, 
os dados foram repassados para uma ficha (anexo 1). 
Foi avaliada a associação entre as variáveis 
independentes e a evolução dos pacientes a óbito. A 
análise foi realizada com auxílio do programa Minitab 
versão 15. 17 Foi utilizado o teste de Qui-quadrado de 
Pearson para associação das variáveis categóricas, sendo 
rejeitada a independência destas, quando p < 0,05. 
RESULTADOS 
 
A amostra foi composta por 167 pacientes, 
sendo 56,28% (N=94) do sexo masculino, com discreta 
predominância de pacientes admitidos com choque 
séptico, 52,10% (N=87). 65,27% (N=107) dos pacientes 
evoluiu a óbito e 34,73% (N=58) recebeu alta da UTI. A 
mortalidade foi maior em pacientes com choque séptico 
68,96% (N=60), não sendo possível estabelecer 
associação entre a gravidade da sepse e o risco de morte 
discordando da literatura consultada.18 (Quadro 1) 
 
 
 
 
Nos pacientes que evoluíram a óbito, houve 
predominância do sexo masculino 53,19% (N=25), mas 
não houve associação entre a evolução para óbito e o 
sexo, tanto nos pacientes com sepse grave, quanto nos 
com choque séptico, o que está de acordo com a literatura 
consultada. A média de idade foi de 59,3 (±19,82) anos 
para sepse grave e de 64,2 (±16,40), para choque séptico. 
Foi possível estabelecer associação entre evolução para 
óbito e faixa etária apenas dos pacientes com sepse grave 
(p=0,052), o que difere da literatura. (Quadro 2) 
 
 
 
O tempo médio de internação dos pacientes 
com sepse grave foi de 7,5 (±7,11) dias e com choque 
séptico 9,2 (±10,83), tendo a maioria internação por mais 
de 72 horas, mas não houve associação entre o tempo de 
internação e a evolução dos pacientes. (Quadro 3) 
 
 
 
 
 
Revista Ciências em Saúde V1, N 1, abr 2011 
 
 
 
 
A maioria dos pacientes com sepse grave e 
choque séptico foi oriunda da clínica médica, 37,50% 
(N=30) e 41,20% (N=35), respectivamente, mas não foi 
estabelecida associação entre a origem do paciente e sua 
evolução a óbito. (Quadro 4) 
 
 
 
 
O trato respiratório foi o principal foco inicial 
da infecção, tanto em pacientes com sepse grave, quanto 
com choque séptico. Mesmo com essa diferença 
significativa nos focos, este esteve associado à evolução 
apenas nos pacientes com choque séptico. (Quadro 5). 
 
 
 
 
 
Revista Ciências em Saúde v1, n 1 abr 2011 
Em relação à presença de co-morbidades, a 
maioria dos pacientes portadores era hipertensa, mas não 
diabética. Não foi estabelecida associação entre a 
presença de hipertensão arterial e a evolução do paciente 
com sepse grave; apenas pacientes com choque séptico 
mostraram esta associação, o que não está de acordo com 
a literatura. (Quadro 6) 
 
 
 
 
DISCUSSÃO 
 
No presente estudo houve discreta 
predominância de pacientes com o diagnóstico de 
Choque Séptico (52,10%), assim como esta afecção foi a 
maior causa de mortalidade (68,96%). Este dado condiz 
com os apresentados por Junior e col. no Estudo Sepse 
Brasil, no qual a mortalidade por Choque Séptico foi de 
65%.19 Este resultado, porém, continua elevado quando 
comparado com dados mundiais. Em uma revisão da 
mortalidade no choque séptico, a mortalidade global 
encontrada foi de 49,7%. 20 
Eliézer e col. mostraram recentemente no 
estudo BASES, dados epidemiológicos semelhantes ao 
presente estudo, incluindo idade e predominância do sexo 
masculino. 21 A idade média observada (59,3 anos para 
Sepse Grave e 64,2 anos para Choque Séptico) e a 
predominância do sexo masculino é uma constante em 
todos os estudos. 
Assim como esperado, o sexo não foi associado 
com a mortalidade. A idade avançada, ao contrário, 
esteve relacionada com a mortalidade em pacientes com 
sepse grave. Acredita-se que isso seja consequência de 
um perfil de paciente com maior presença de co-
morbidades, além de apresentar uma diminuição da 
resposta imune. O mesmo não ocorreu para idosos com 
choque séptico, o que neste estudo, foi discordante com a 
literatura. 
O tempo de internação do paciente na UTI não 
esteve relacionadocom a mortalidade, porém a alta 
incidência de óbitos em internados com menos de 72 
horas (70% dos pacientes com sepse grave e 85,7% dos 
pacientes com choque séptico) parece confirmar a 
relevância dos três primeiros dias de evolução da sepse 
grave e choque séptico como um marco que discriminará 
uma tendência para óbito ou não. Esta observação é mais 
um dado a reforçar a campanha mundial de sobrevivência 
na sepse (Survival Sepsis Campaign), na qual as 
sociedades médicas em todo o mundo apregoam 
abordagens rápidas, precoces e protocoladas das ações 
terapêuticas. 22 
O estudo também se assemelhou aos dados de 
outros centros que mostram a maioria de internações nas 
UTI gerais serem decorrentes de problemas clínicos. 23,25 
O foco principal de sepse grave e choque 
séptico foi o trato respiratório, sendo que no choque 
séptico houve associação com a mortalidade, o que está 
de acordo com diversas publicações, como as de Koury e 
col. 18 Na verdade, cada vez mais o sítio respiratório tem 
sido implicado na fonte do processo infeccioso, o que é 
compatível com um número cada vez maior de pacientes 
sob ventilação mecânica e com internação prolongada nas 
unidades de terapia intensiva. 
As co-morbidades estiveram associadas à maior 
risco de mortalidade, exceto pela hipertensão arterial no 
choque séptico. Dados semelhantes foram encontrados 
por Silva e col. 3 Isso é explicado pelo fato de que co-
morbidades como hipertensão arterial sistêmica e 
diabetes são reflexos de uma idade avançada e podem 
causar maior susceptibilidade no indivíduo para 
desenvolver complicações graves. 
Parâmetros laboratoriais como o INR e o 
lactato também foram analisados nesse estudo. Porém, o 
número de prontuários com tais informações não tinha 
significância estatística para a inclusão neste trabalho. 
Acredita-se que isso tenha ocorrido pela ausência da 
aplicação do protocolo criado pela Campanha 
 
 
 
Revista Ciências em Saúde V1, N 1, abr 2011 
 
Sobrevivendo a Sepse, no qual o hospital em estudo só 
passou a fazer parte no ano de 2006. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Sepse grave e choque séptico continuam com 
elevada incidência e mortalidade. Os resultados dessa 
pesquisa refletiram o perfil do paciente com sepse grave e 
choque séptico numa UTI, mostrando ser um problema 
comum em homens, idosos, que tem como principal foco 
de origem o trato respiratório, além de frequentemente 
apresentarem co-morbidades. Os parâmetros associados à 
maior mortalidade foram a idade do individuo, o órgão de 
origem da sepse, diabetes mellitus e hipertensão arterial. 
 
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