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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO ENTRE FÁBRICAS DE ESPELHOS AMERICANA E BRASILEIRA Rennan Silva Barros (UEMA ) rennan.barros@hotmail.com MAURO ENRIQUE CAROZZO TODARO (UEMA ) mauro.carozzo@uema.br O objetivo desta pesquisa é comparar os fatores chaves envolvidos na gestão da cadeia de suprimentos de médias indústrias de espelhos localizadas em São Luís (MA) e Chicago (IL), destacando as diferenças e similitudes entre a indústria estrrangeira e a indústria maranhense, as relações entre os elos da cadeia e estratégias utilizadas pelas organizações. O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é uma importante área a ser explorada pelas empresas a fim de aumentar a eficiência de seus processos, reduzir custos e agregar maior valor aos seus produtos ou serviços, principalmente, em contextos caracterizados pela alta competitividade, avanços tecnológicos e maior exigência dos consumidores. Para alcançar o objetivo proposto, foi conduzido um estudo de casos comparativo. A coleta de dados foi realizada por meio de observação participante nas indústrias, além de entrevista e aplicação de questionários que foram respondidos pelos gerentes das indústrias de espelhos. Percebeu-se que as novas tecnologias de apoio gerencial são essenciais para as fábricas de espelhos aumentarem a competitividade em seus respectivos mercados de atuação e a gestão da cadeia de suprimentos da empresa americana, ao ser comparada à da empresa maranhense, apresentou maior integração e suporte tecnológico. Palavras-chave: Gestão da cadeia de suprimentos, eficiência, indústrias de espelhos. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 2 1. Introdução A partir de 1990, o ambiente mercadológico se tornou mais competitivo devido à abertura do mercado brasileiro para empresas internacionais que permitiu maior diversificação de produtos e o surgimento de novas tecnologias. Atualmente, existe uma grande quantidade de produtos similares no mercado, os clientes se tornaram mais exigentes e o preço dos produtos e serviços deixaram de ser a única preocupação dos mesmos, que buscam produtos e serviços de melhor qualidade e maior disponibilidade. A alta competitividade do mercado, avanços tecnológicos, a busca das empresas por redução de custos e melhorias de seus processos fez da cadeia de suprimentos uma das principais áreas a serem exploradas em prol da permanência da empresa no atual mercado. Esse cenário induziu as empresas a reestruturar seus processos, buscar novas estratégias e tecnologias para se sobressair nesse ambiente competitivo. Segundo Bertaglia (2009), um bom gerenciamento dessa cadeia pode representar, para a empresa, uma vantagem competitiva em termos de serviço, redução de custo e velocidade de resposta às necessidades do mercado. Dessa forma, o gerenciamento da cadeia de suprimentos é um tema atual e de grande importância para economia nacional. Diante disso, esse estudo visa apresentar a gestão da cadeia de suprimentos na fabricação de espelhos, mostrando as diferenças e similitudes entre a indústria estrangeira e a indústria regional, representada por um estado da federação localizado na região nordeste cujo setor industrial está em ascensão. O tema escolhido está diretamente relacionado às atividades de estágio desenvolvidas em uma empresa de espelho localizada na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. O objetivo da pesquisa é identificar e comparar os principais fatores envolvidos na gestão da cadeia de suprimentos de médias indústrias de espelhos localizadas em São Luís (MA) e Chicago (IL), enfatizando os processos e tecnologias usadas pelas empresas para se manter competitiva no mercado em diferentes contextos econômicos e culturais. Para isso, utiliza-se a estratégia do estudo de caso comparativo. A metodologia do presente trabalho consiste em um estudo descritivo porque visa à descrição da gestão da cadeia de suprimentos de fábricas de espelhos localizadas em diferentes países. Esse trabalho foi desenvolvido por meio da realização de observação participante nas indústrias e utilização de outros métodos de coleta de dados como a entrevista e a aplicação XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 3 de questionários que foram respondidos pelos gerentes das indústrias de espelhos. Esses dados coletados foram organizados em categorias relacionadas às áreas integrantes da cadeia de suprimentos, possibilitando um melhor entendimento. 2. Gerenciamento da cadeia de suprimentos Segundo o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP, 2009), a gestão da cadeia de suprimentos: Abrange o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades relacionadas ao suprimento e à compra, à produção e a todas as atividades do gerenciamento logístico, sendo intrínseca a coordenação e colaboração com os parceiros, os quais podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e clientes. Em essência, a gestão da cadeia de suprimentos integra o suprimento e o gerenciamento da demanda, dentro e entre as empresas participantes da cadeia. Para Simchi-Levi et al. (2003, p. 27): A gestão de cadeias de suprimento é um conjunto de abordagens utilizadas para integrar, eficientemente, fornecedores, fabricantes, depósitos e armazéns, de forma que a mercadoria seja produzida e distribuída na quantidade certa, para a localização certa e no tempo certo, de forma a minimizar os custos globais do sistema ao mesmo tempo em que atinge o nível de serviço desejado. Assim, o objetivo da gestão da cadeia de suprimentos é reduzir os custos ao longo da cadeia, atender as exigências dos clientes, tornar os processos mais eficientes, garantir o fluxo de mercadorias dentro da cadeia e melhorar a utilização de recursos, através da integração e colaboração de todos os elos da cadeia de suprimentos. Atualmente, as cadeias de suprimentos estão mais complexas, sendo assim as empresas estão usando técnicas e equipamentos que auxiliem as trocas de informações para tornar os processos da cadeia mais eficientes. Um gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos necessita de informações sobre os processos e recursos, facilitando a tomada de decisão pelos gerentes e tornando a empresa mais responsiva. Essa informação que consiste em dados ou análises de estoque, transporte, instalações e clientes que constituem uma cadeia de suprimento é potencialmente o maior fator-chave de desempenho da cadeia porque afeta diretamente cada um dos demais elos (CHOPRA; MEINDL, 2003). 2.1 Principais elementos da cadeia de suprimentos XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 4 A gestão do estoque consiste no planejamento do estoque com base na demanda prevista de forma a alcançar os níveis de serviços requeridos e a redução de custos de abastecimento, garantindo maior disponibilidade de produto ao consumidor,com o nível de estoque adequado. Ballou (2006) afirma que o ideal seria a perfeita sincronização entre a oferta e a demanda, assim não seria necessário a manutenção de estoques. Porém, a impossibilidade de prever com exatidão a demanda e a falta de disponibilidade de suprimento a qualquer tempo, conduz à acumulação de estoques com o objetivo de garantir a disponibilidade de mercadorias e de minimizar os custos totais de produção e de distribuição. As empresas devem definir as políticas de estoque, utilizar técnicas eficazes para controlar os produtos estocados, prever a demanda e planejar o estoque de forma correta, evitando o excesso de produto, custos elevados com estocagem e riscos de obsolescência. Assim, as ferramentas de gerenciamento de estoque são de grande importância para a lucratividade e agilidade da empresa. Os modelos de gerenciamento de estoque mais utilizados são: MRP, Lote Econômico de Compra (LEC), estoque de proteção e ponto de pedido. A distribuição é um dos processos da Cadeia de suprimentos considerado de alto custo e responsável pela administração dos materiais desde a fase de produção até a entrega dos produtos aos clientes finais. Esse processo tem grande importância no gerenciamento da cadeia de suprimentos porque qualquer problema pode gerar atrasos, perdas de vendas, prejuízo na produção e insatisfação dos clientes. A distribuição física é o segmento logístico mais próximo do consumidor final, sendo essencial para o sucesso das empresas (MARTINS, 2002). O segmento compras é a parte integrante da cadeia de suprimentos que pode reduzir os gastos com estoque, obter melhores preços e serviços através das negociações e escolha dos fornecedores certos, ou seja, é um fator chave para aumentar a competitividade e garantir o sucesso da empresa. Para Bertaglia “gestão de compras não se limita ao ato de comprar e monitorar. É um processo estratégico, que envolve custo, qualidade e velocidade de resposta. É uma tarefa crucial para a organização, seja de que tipo for: manufatura, distribuição, varejo ou atacado” (BERTAGLIA, 2009, p. 30). Outro importante elemento da cadeia de suprimentos é o sistema de informação (SI). Com o avanço tecnológico surgiram muitas tecnologias que possibilitam um alto nível de XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 5 desempenho da cadeia de suprimentos. Segundo Di Serio, Sampaio e Pereira (2007), a tecnologia da informação tem grande importância dentro das cadeias de suprimentos e podem gerar os seguintes benefícios: possibilidade de captar e acumular informações sobre o processo produtivo, melhor acompanhamento do processo produtivo, facilita a tomada de decisão, permite modificar atividades durante o processo produtivo e a integração de tarefas e processos. 3. Estudo de caso comparativo 3.1 Informações gerais sobre as empresas O primeiro estudo de caso envolveu uma empresa americana de origem familiar que possui 35 colaboradores. Essa empresa produz os espelhos na cidade de Chicago- IL e comercializa seus produtos para todas as regiões dos Estados Unidos. Os principais clientes da empresa são as grandes redes varejistas americanas, fornecedores industriais e as empresas de segurança. Tais clientes são em grande parte intermediários, empresas que compram em grande volume para revender. Além disso, a empresa americana vende seus produtos através do e-commerce Amazon.com. O segundo estudo de caso abordou uma empresa ludovicense que produz e comercializa os seus produtos no estado do Maranhão. A empresa possui 38 funcionários e seus principais clientes são: vidraceiros, arquitetos, decoradores e profissionais da construção civil. Tais clientes são mais numerosos comparado a empresa americana. Em compensação, esses compram em menor quantidade e de forma mais frequente. Atualmente, a empresa possui dois estabelecimentos de vendas e busca a instalação de mais um ponto para melhor atender os seus clientes na cidade de São Luís. 3.2 Gestão de estoque das empresas As duas empresas utilizam estoque mínimo para os componentes básicos como parafusos, suportes e outros para garantir o funcionamento ininterrupto das operações de fabricação. A empresa americana mantém estoque de segurança também para os produtos finais que tem maior demanda e diferentes técnicas de controle de estoque, como software empresarial que contém MRP. De outro modo, a empresa maranhense utiliza como ferramentas para o gerenciamento do estoque planilhas do Excel, o módulo de estoque desenvolvido no Microsoft Access e o sistema de ponto de pedido. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 6 Ambas as empresas fazem a contagem manual dos itens de maior demanda, mudando apenas o intervalo de tempo. A empresa americana realiza a contagem pelo menos uma vez por semana, já a empresa maranhense faz quinzenalmente. Nessa contagem, as empresas verificam a quantidade de cada componente no estoque e se há itens danificados, passando para os encarregados de produção para que comparem as quantidades encontradas com os valores do sistema de cada empresa. O software usado pela fábrica americana calcula a quantidade correta que será produzida semanalmente ou diariamente, indicando a necessidade ou não de adquirir matéria prima. Em seguida, é gerada uma ordem de produção que mostra a quantidade de produto que será fabricado e a matéria prima que será utilizada para o atendimento desse pedido. Após a produção, o estoque de matéria prima é atualizado automaticamente pelo sistema. Não obstante, os estoques dos componentes utilizados pela empresa maranhense são baseados no sistema de ponto de pedido. A empresa apenas faz as reposições dos itens quando chega a uma determinada quantidade no estoque que é detectada através de revisões periódicas feitas pelos funcionários e pelo sistema que informa ao gerente quando o item está abaixo de determinada quantidade. Essa quantidade depende da demanda e garante um consumo da matéria prima pela produção enquanto o ressuprimento é feito pelos fornecedores. 3.3 Distribuição física As duas fábricas de espelhos utilizam o modal de transporte rodoviário. A empresa americana usa o modelo de distribuição terceirizado, utilizando os serviços da FedEx (Federal Express) e da UPS (United Parcel Service). A fábrica tem um acordo com essas empresas e obtém uma tabela de preços diferenciada. Os principais aspectos que motivam a adoção deste modelo são: redução de custos fixos de movimentação, simplicidade de implantação e a falta de investimento fixo e estrutura física. Com esse sistema de transporte terceirizado, a empresa americana não se responsabiliza com as rotas de distribuição, aumentando o foco no seu core business que é a fabricação de espelhos. Além disso, o canal de distribuição da empresa é múltiplo porque utiliza mais de um canal, tais como lojas atacadistas, varejistas e internet, permitindo um aumento da competitividade da empresa, uma vez que aumenta a disponibilidade dos seus produtos. Em contraste, a empresa maranhense possui frota própria constituído de caminhões baú e carros, distribuindo seus produtos finais até os clientes de forma direta para obter um maior XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernizaçãodo Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 7 controle de qualidade. Em outras palavras, a empresa usa o canal de distribuição direto, uma vez que os produtos são transportados diretamente para os consumidores, sem precisar de transportadores ou outros intermediários. Assim, a empresa maranhense tem o controle total do processo de distribuição que normalmente acontece logo após as vendas e tem um contato direto com os seus clientes. Dessa forma, a fábrica maranhense administra as entregas e é responsável pela realização das rotas que, para reduzir os custos, são estabelecidas por região de distribuição. A empresa distribui seus produtos apenas no estado do Maranhão, o prazo de entrega são 3 dias úteis e procura sempre utilizar a capacidade total dos seus veículos, evitando ao máximo um grande número de viagens. Por outro lado, os prazos de entregas da fábrica americana são em média 4 a 6 dias úteis. Em caso de emergência, dependendo das exigências e localidade dos clientes, a entrega é realizada em até 3 dias úteis. Além disso, o processo de distribuição da empresa é indireto porque o produto final chega aos clientes através de intermediários como atacadistas, varejistas e transportadoras. 3.4 SI utilizados pelas empresas A empresa americana utiliza o sistema de gerenciamento de banco de dados Access, EDI e o software empresarial que tem o modulo estoque e MRP como ferramentas de apoio. Já a empresa maranhense utiliza planilha do Excel e os módulos compras e estoque desenvolvidos no Microsoft Access. Algumas relações entre a fábrica americana e os clientes (atacadistas, varejistas) acontecem via Intercâmbio Eletrônico de Dados, ou em inglês Eletronic Data Interchange (EDI). Esse sistema permite a troca de informações e de documentos, tais como ordem de compra, nota fiscal, posição de estoque e aviso de recebimento. Depois da análise do programa EDI pelo gerente é que acontece o processamento do MRP pelo software, gerando as necessidades de compras. Outrossim, o software empresarial utilizado pela empresa americana permite um maior controle do estoque, identificando quando há produto em baixa e fornecendo informações atualizadas sobre a quantidade de componentes usada no processo de fabricação do produto. Essa ferramenta facilita a programação da produção e aumenta a confiabilidade dos processos da empresa. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 8 Outro sistema de informação usado é o e-commerce ou comércio eletrônico que permite a empresa relacionar com seus clientes em uma escala global. Os produtos da fábrica são comercializados no site Amazon.com, permitindo a comercialização dos seus produtos para todo o país e eliminando as barreiras geográficas que existem no comercio tradicional. Em contrapartida, os processos de controle de produção e compras da empresa maranhense são manuais, feitos nas planilhas de Excel e nos módulos compras e estoque. Os módulos permitem a emissão de relatórios, atualização de dados, fornece informações sobre a quantidade de matéria prima em estoque e informa o gerente sobre a necessidade de determinado item. Além disso, as informações sobre as matérias primas, produtos finais, fornecedores e clientes são armazenados e organizados de forma lógica nos bancos de dados. 3.5 O processo de compras A fábrica americana possui uma lista com 37 fornecedores qualificados e possui parceria com as empresas que tem uma relação mais antiga. Essa parceria contribui para um fornecimento frequente e mais confiável, além de reduzir os custos de compras. Por outro lado, a empresa maranhense possui 30 fornecedores, sem distinção de relacionamento. Ambas as empresas não firmam contratos de longo prazo com os fornecedores. Em relação ao processo de seleção de fornecedores, a fábrica americana considera como indicadores mais importantes na seleção de fornecedores o custo de fornecimento, a qualidade da matéria prima e a capacidade de atender sua demanda. De forma similar, a fábrica maranhense considera como principais indicadores na seleção a qualidade, o custo e a velocidade na entrega dos produtos. As duas empresas possuem uma base de dados com os fornecedores e produtos cadastrados. Para o sistema de compras, a fábrica americana utiliza o EDI e o comercio eletrônico, reduzindo a margem de erro e agilizando as negociações de compras, enquanto a empresa maranhense utiliza o Excel e o módulo compras desenvolvido no Microsoft Access. Nesse aspecto, os processos de compras são menos automatizados comparados à empresa americana que possui um maior suporte tecnológico. Na empresa maranhense existe a necessidade de imprimir uma grande quantidade de documentos comerciais. Já na empresa americana, o EDI e o e-commerce diminuem a quantidade de impressão de documentos e aumenta a velocidade na transmissão, recebimento e processamento de pedidos. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 9 3.6 Análise comparativa dos casos Deste estudo, observaram-se algumas similaridades e diferenças na gestão da cadeia de suprimentos das empresas americana e maranhense. O quadro a seguir resume as principais características das empresas: Quadro 1 – Comparativo das características das empresas Fonte: Elaborado pelo autor De acordo com o quadro acima, percebe-se que as fábricas de espelhos possuem clientes finais com perfis diferentes. Deste modo, o canal Múltiplo seria o melhor canal de distribuição para as cadeias de suprimentos das empresas, pois atinge diferentes tipos de mercados, aumentando a competitividade. Esse canal múltiplo atende consumidores com perfis distintos através dos diferentes tipos de canais (CAMPOS, 2010). Segundo Chopra e Meindl (2003), a informação é essencial para o sucesso de uma cadeia de suprimentos, uma vez que afeta diretamente cada um dos elos da cadeia e segundo os mesmos autores, o sistema ERP permite o rastreamento e visibilidade global da informação de qualquer parte da empresa e de sua cadeia, possibilitando a tomada de decisões mais rápidas e inteligentes para a empresa. O sistema ERP passou a ser utilizado pelas empresas de todos os portes devido à redução de custos e a alta competitividade do mercado. Segundo Ozaki e Vidal (2003), os custos e riscos dos sistemas ERP diminuíram devido ao crescente amadurecimento das soluções ERP, a maior qualificação dos usuários e os avanços tecnológicos, possibilitando maiores benefícios XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 10 e tornando esses sistemas indispensáveis para a gestão e sobrevivência das pequenas e médias empresas modernas. Sendo assim, esse sistema é essencial para a fábrica de espelho de médio porte se manter competitiva no mercado, pois permite a empresa aumentar a velocidade na transmissão de dados e o controle sobre as operações da empresa, tornando a fábrica de espelho mais eficiente. Entretanto, o sistema ERP não é usado atualmente por nenhuma das empresas deste estudo. A empresa americana, de acordo com o gerente, pretende investir nessa tecnologia nos próximos anos a fim de aumentara competitividade da empresa e atender as exigências de alguns varejistas que utilizam esse sistema. Outro fator importante da cadeia de suprimentos é o estoque. As duas empresas utilizam estoque de segurança. Para reduzir essa quantidade de estoque e seu custo, as empresas poderiam implantar um sistema de previsão de demanda através de métodos qualitativos e quantitativos e investir no maior compartilhamento de informações com os fornecedores e clientes. Além disso, os itens em estoque nas indústrias de espelhos apresentam características de demanda dependente e independente. Segundo Moreira (2012), há dois padrões básicos de consumos, quais sejam a “demanda dependente” e a “demanda independente”, que conduzem estratégias diferenciadas de controle de estoques. O método de controle de estoque das empresas em estudo deve atender esses dois padrões por meio da combinação de métodos. O sistema MRP pode ser utilizado na gestão de componentes cujas demandas são dependentes, permitindo maior controle na fabricação, redução de custos operacionais, produção no tempo certo e o dimensionamento da quantidade de materiais necessários para a fabricação dos espelhos. Em relação aos itens considerados de maior importância para a empresa e que possuem características de demanda independente, pode utilizar o sistema de revisão contínua (Q). Segundo Krajewski e Ritzman (2009), o sistema de revisão contínuo possibilita a redução dos estoques de segurança, a fixação do tamanho dos lotes de compra, viabilizando descontos por quantidade e a redução dos custos totais de estoque. Outro processo importante na cadeia de suprimentos é a seleção correta dos fornecedores, os quais devem atender as necessidades de compras das empresas, garantindo o contínuo fluxo de itens e recursos. De acordo com Bertaglia (2009), a seleção de fornecedor não é um processo simples e sua complexidade varia de acordo com as características do item ou XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 11 serviço a ser comprado, dependendo das exigências. Para selecionar um fornecedor, três características básicas devem ser analisadas: preço, qualidade e serviço. Ademais, as empresas devem ter uma boa relação com os fornecedores a fim de obter maior vantagem competitiva. Para Ballou (2001), clientes e fornecedores devem adotar estratégias voltadas para a formação de parcerias de longo prazo, cooperação e troca de informações e integração dos processos das organizações, possibilitando o crescimento e o benefício mútuo. Das empresas deste estudo, a fábrica maranhense mantém relações meramente comerciais com os seus fornecedores, enquanto a fábrica americana possui parceria apenas com os fornecedores mais antigos. O quadro a seguir apresenta um comparativo entre os sistemas de informação e os métodos de gestão de cada empresa com a gestão da cadeia de suprimento sugerida para uma empresa de espelho: Quadro 2 – Comparativo dos métodos de gestão da cadeia de suprimentos Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada De acordo com o quadro comparativo, a empresa maranhense tem um enfoque mais tradicional, tendo uma integração menor entre os processos da cadeia de suprimentos. Por exemplo, a empresa possui um canal de distribuição simples, de menor alcance, não busca alianças ou parcerias com os seus fornecedores e não possui sistemas de informação modernos, enquanto a empresa americana possui um maior suporte tecnológico, canal múltiplo de distribuição, utiliza modelo de controle de estoque computadorizado e tem parceria com os fornecedores mais antigos. 4. Conclusão XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 12 Uma boa gestão da cadeia de suprimentos deve integrar os diferentes processos da empresa, desde o cliente até os fornecedores, minimizando os custos e fornecendo produtos ou serviços que atendam as expectativas dos clientes finais. Além disso, a eficiência da cadeia de suprimentos está ligada diretamente à coordenação dos fluxos de materiais e de informações entre os principais elos da cadeia. Partindo dessa ideia, o presente estudo teve como objetivo comparar a gestão da cadeia de suprimentos de médias indústrias de espelhos localizadas em São Luís (MA) e Chicago (IL). Por meio do estudo de caso comparativo, verificou-se que os processos da cadeia da empresa maranhense estão pouco integrados. Deste modo, a gestão da cadeia de suprimentos da empresa americana ao ser comparada à da empresa maranhense, se mostra mais integrada e equipada tecnologicamente, estando mais próximo do modelo sugerido de gestão da cadeia de suprimentos de espelho, pois o MRP, o e-commerce, o EDI e o canal múltiplo de distribuição permitem que a empresa americana tenha uma maior integração interna e externa devido à coordenação dos fluxos de materiais e de informações aos fornecedores e ao cliente final. Portanto, para as fábricas de espelhos aumentarem a competitividade em seus respectivos mercados de atuação, elas devem se adequar aos novos cenários através das novas tecnologias de apoio gerencial que se tornaram essenciais para aumentar a eficiência, a lucratividade, reduzir o tempo de entrega e os custos da cadeia de suprimentos. Assim, o gerenciamento da cadeia de suprimentos é importante para as empresas se manterem competitivas no mercado. Apesar disso, o estudo desse tema é pouco explorado no Brasil principalmente nas regiões norte e nordeste, cujos setores industriais estão em ascensão. Dessa forma, é relevante analisar o gerenciamento da cadeia de suprimentos em diferentes tipos de indústrias e fazer o comparativo com indústrias localizadas em países desenvolvidos, buscando melhores práticas de gestão e o entendimento do seu funcionamento em diferentes contextos socioeconômicos. REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 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