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estudo de caso comprativo espelhos BR x USA

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GESTÃO DA CADEIA DE 
SUPRIMENTOS: UM ESTUDO DE CASO 
COMPARATIVO ENTRE FÁBRICAS DE 
ESPELHOS AMERICANA E 
BRASILEIRA 
 
Rennan Silva Barros (UEMA ) 
rennan.barros@hotmail.com 
MAURO ENRIQUE CAROZZO TODARO (UEMA ) 
mauro.carozzo@uema.br 
 
 
 
O objetivo desta pesquisa é comparar os fatores chaves envolvidos na 
gestão da cadeia de suprimentos de médias indústrias de espelhos 
localizadas em São Luís (MA) e Chicago (IL), destacando as 
diferenças e similitudes entre a indústria estrrangeira e a indústria 
maranhense, as relações entre os elos da cadeia e estratégias 
utilizadas pelas organizações. O Gerenciamento da Cadeia de 
Suprimentos é uma importante área a ser explorada pelas empresas a 
fim de aumentar a eficiência de seus processos, reduzir custos e 
agregar maior valor aos seus produtos ou serviços, principalmente, em 
contextos caracterizados pela alta competitividade, avanços 
tecnológicos e maior exigência dos consumidores. Para alcançar o 
objetivo proposto, foi conduzido um estudo de casos comparativo. A 
coleta de dados foi realizada por meio de observação participante nas 
indústrias, além de entrevista e aplicação de questionários que foram 
respondidos pelos gerentes das indústrias de espelhos. Percebeu-se 
que as novas tecnologias de apoio gerencial são essenciais para as 
fábricas de espelhos aumentarem a competitividade em seus 
respectivos mercados de atuação e a gestão da cadeia de suprimentos 
da empresa americana, ao ser comparada à da empresa maranhense, 
apresentou maior integração e suporte tecnológico. 
 
Palavras-chave: Gestão da cadeia de suprimentos, eficiência, 
indústrias de espelhos. 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
 
 
 
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1. Introdução 
A partir de 1990, o ambiente mercadológico se tornou mais competitivo devido à abertura do 
mercado brasileiro para empresas internacionais que permitiu maior diversificação de 
produtos e o surgimento de novas tecnologias. Atualmente, existe uma grande quantidade de 
produtos similares no mercado, os clientes se tornaram mais exigentes e o preço dos produtos 
e serviços deixaram de ser a única preocupação dos mesmos, que buscam produtos e serviços 
de melhor qualidade e maior disponibilidade. 
A alta competitividade do mercado, avanços tecnológicos, a busca das empresas por redução 
de custos e melhorias de seus processos fez da cadeia de suprimentos uma das principais áreas 
a serem exploradas em prol da permanência da empresa no atual mercado. Esse cenário 
induziu as empresas a reestruturar seus processos, buscar novas estratégias e tecnologias para 
se sobressair nesse ambiente competitivo. Segundo Bertaglia (2009), um bom gerenciamento 
dessa cadeia pode representar, para a empresa, uma vantagem competitiva em termos de 
serviço, redução de custo e velocidade de resposta às necessidades do mercado. 
Dessa forma, o gerenciamento da cadeia de suprimentos é um tema atual e de grande 
importância para economia nacional. Diante disso, esse estudo visa apresentar a gestão da 
cadeia de suprimentos na fabricação de espelhos, mostrando as diferenças e similitudes entre 
a indústria estrangeira e a indústria regional, representada por um estado da federação 
localizado na região nordeste cujo setor industrial está em ascensão. O tema escolhido está 
diretamente relacionado às atividades de estágio desenvolvidas em uma empresa de espelho 
localizada na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. 
O objetivo da pesquisa é identificar e comparar os principais fatores envolvidos na gestão da 
cadeia de suprimentos de médias indústrias de espelhos localizadas em São Luís (MA) e 
Chicago (IL), enfatizando os processos e tecnologias usadas pelas empresas para se manter 
competitiva no mercado em diferentes contextos econômicos e culturais. Para isso, utiliza-se a 
estratégia do estudo de caso comparativo. 
A metodologia do presente trabalho consiste em um estudo descritivo porque visa à descrição 
da gestão da cadeia de suprimentos de fábricas de espelhos localizadas em diferentes países. 
Esse trabalho foi desenvolvido por meio da realização de observação participante nas 
indústrias e utilização de outros métodos de coleta de dados como a entrevista e a aplicação 
 
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de questionários que foram respondidos pelos gerentes das indústrias de espelhos. Esses dados 
coletados foram organizados em categorias relacionadas às áreas integrantes da cadeia de 
suprimentos, possibilitando um melhor entendimento. 
2. Gerenciamento da cadeia de suprimentos 
Segundo o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP, 2009), a gestão da 
cadeia de suprimentos: 
Abrange o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades relacionadas ao 
suprimento e à compra, à produção e a todas as atividades do gerenciamento 
logístico, sendo intrínseca a coordenação e colaboração com os parceiros, os quais 
podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e 
clientes. Em essência, a gestão da cadeia de suprimentos integra o suprimento e o 
gerenciamento da demanda, dentro e entre as empresas participantes da cadeia. 
 
Para Simchi-Levi et al. (2003, p. 27): 
 
A gestão de cadeias de suprimento é um conjunto de abordagens utilizadas para 
integrar, eficientemente, fornecedores, fabricantes, depósitos e armazéns, de forma 
que a mercadoria seja produzida e distribuída na quantidade certa, para a localização 
certa e no tempo certo, de forma a minimizar os custos globais do sistema ao mesmo 
tempo em que atinge o nível de serviço desejado. 
 
 
Assim, o objetivo da gestão da cadeia de suprimentos é reduzir os custos ao longo da cadeia, 
atender as exigências dos clientes, tornar os processos mais eficientes, garantir o fluxo de 
mercadorias dentro da cadeia e melhorar a utilização de recursos, através da integração e 
colaboração de todos os elos da cadeia de suprimentos. 
Atualmente, as cadeias de suprimentos estão mais complexas, sendo assim as empresas estão 
usando técnicas e equipamentos que auxiliem as trocas de informações para tornar os 
processos da cadeia mais eficientes. Um gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos 
necessita de informações sobre os processos e recursos, facilitando a tomada de decisão pelos 
gerentes e tornando a empresa mais responsiva. Essa informação que consiste em dados ou 
análises de estoque, transporte, instalações e clientes que constituem uma cadeia de 
suprimento é potencialmente o maior fator-chave de desempenho da cadeia porque afeta 
diretamente cada um dos demais elos (CHOPRA; MEINDL, 2003). 
2.1 Principais elementos da cadeia de suprimentos 
 
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A gestão do estoque consiste no planejamento do estoque com base na demanda prevista de 
forma a alcançar os níveis de serviços requeridos e a redução de custos de abastecimento, 
garantindo maior disponibilidade de produto ao consumidor,com o nível de estoque 
adequado. 
Ballou (2006) afirma que o ideal seria a perfeita sincronização entre a oferta e a demanda, 
assim não seria necessário a manutenção de estoques. Porém, a impossibilidade de prever com 
exatidão a demanda e a falta de disponibilidade de suprimento a qualquer tempo, conduz à 
acumulação de estoques com o objetivo de garantir a disponibilidade de mercadorias e de 
minimizar os custos totais de produção e de distribuição. 
As empresas devem definir as políticas de estoque, utilizar técnicas eficazes para controlar os 
produtos estocados, prever a demanda e planejar o estoque de forma correta, evitando o 
excesso de produto, custos elevados com estocagem e riscos de obsolescência. Assim, as 
ferramentas de gerenciamento de estoque são de grande importância para a lucratividade e 
agilidade da empresa. Os modelos de gerenciamento de estoque mais utilizados são: MRP, 
Lote Econômico de Compra (LEC), estoque de proteção e ponto de pedido. 
A distribuição é um dos processos da Cadeia de suprimentos considerado de alto custo e 
responsável pela administração dos materiais desde a fase de produção até a entrega dos 
produtos aos clientes finais. Esse processo tem grande importância no gerenciamento da 
cadeia de suprimentos porque qualquer problema pode gerar atrasos, perdas de vendas, 
prejuízo na produção e insatisfação dos clientes. A distribuição física é o segmento logístico 
mais próximo do consumidor final, sendo essencial para o sucesso das empresas (MARTINS, 
2002). 
O segmento compras é a parte integrante da cadeia de suprimentos que pode reduzir os gastos 
com estoque, obter melhores preços e serviços através das negociações e escolha dos 
fornecedores certos, ou seja, é um fator chave para aumentar a competitividade e garantir o 
sucesso da empresa. Para Bertaglia “gestão de compras não se limita ao ato de comprar e 
monitorar. É um processo estratégico, que envolve custo, qualidade e velocidade de resposta. 
É uma tarefa crucial para a organização, seja de que tipo for: manufatura, distribuição, varejo 
ou atacado” (BERTAGLIA, 2009, p. 30). 
Outro importante elemento da cadeia de suprimentos é o sistema de informação (SI). Com o 
avanço tecnológico surgiram muitas tecnologias que possibilitam um alto nível de 
 
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desempenho da cadeia de suprimentos. Segundo Di Serio, Sampaio e Pereira (2007), a 
tecnologia da informação tem grande importância dentro das cadeias de suprimentos e podem 
gerar os seguintes benefícios: possibilidade de captar e acumular informações sobre o 
processo produtivo, melhor acompanhamento do processo produtivo, facilita a tomada de 
decisão, permite modificar atividades durante o processo produtivo e a integração de tarefas e 
processos. 
3. Estudo de caso comparativo 
3.1 Informações gerais sobre as empresas 
O primeiro estudo de caso envolveu uma empresa americana de origem familiar que possui 35 
colaboradores. Essa empresa produz os espelhos na cidade de Chicago- IL e comercializa seus 
produtos para todas as regiões dos Estados Unidos. Os principais clientes da empresa são as 
grandes redes varejistas americanas, fornecedores industriais e as empresas de segurança. Tais 
clientes são em grande parte intermediários, empresas que compram em grande volume para 
revender. Além disso, a empresa americana vende seus produtos através do e-commerce 
Amazon.com. 
O segundo estudo de caso abordou uma empresa ludovicense que produz e comercializa os 
seus produtos no estado do Maranhão. A empresa possui 38 funcionários e seus principais 
clientes são: vidraceiros, arquitetos, decoradores e profissionais da construção civil. Tais 
clientes são mais numerosos comparado a empresa americana. Em compensação, esses 
compram em menor quantidade e de forma mais frequente. Atualmente, a empresa possui dois 
estabelecimentos de vendas e busca a instalação de mais um ponto para melhor atender os 
seus clientes na cidade de São Luís. 
3.2 Gestão de estoque das empresas 
As duas empresas utilizam estoque mínimo para os componentes básicos como parafusos, 
suportes e outros para garantir o funcionamento ininterrupto das operações de fabricação. A 
empresa americana mantém estoque de segurança também para os produtos finais que tem 
maior demanda e diferentes técnicas de controle de estoque, como software empresarial que 
contém MRP. 
De outro modo, a empresa maranhense utiliza como ferramentas para o gerenciamento do 
estoque planilhas do Excel, o módulo de estoque desenvolvido no Microsoft Access e o 
sistema de ponto de pedido. 
 
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Ambas as empresas fazem a contagem manual dos itens de maior demanda, mudando apenas 
o intervalo de tempo. A empresa americana realiza a contagem pelo menos uma vez por 
semana, já a empresa maranhense faz quinzenalmente. Nessa contagem, as empresas 
verificam a quantidade de cada componente no estoque e se há itens danificados, passando 
para os encarregados de produção para que comparem as quantidades encontradas com os 
valores do sistema de cada empresa. 
O software usado pela fábrica americana calcula a quantidade correta que será produzida 
semanalmente ou diariamente, indicando a necessidade ou não de adquirir matéria prima. Em 
seguida, é gerada uma ordem de produção que mostra a quantidade de produto que será 
fabricado e a matéria prima que será utilizada para o atendimento desse pedido. Após a 
produção, o estoque de matéria prima é atualizado automaticamente pelo sistema. 
Não obstante, os estoques dos componentes utilizados pela empresa maranhense são baseados 
no sistema de ponto de pedido. A empresa apenas faz as reposições dos itens quando chega a 
uma determinada quantidade no estoque que é detectada através de revisões periódicas feitas 
pelos funcionários e pelo sistema que informa ao gerente quando o item está abaixo de 
determinada quantidade. Essa quantidade depende da demanda e garante um consumo da 
matéria prima pela produção enquanto o ressuprimento é feito pelos fornecedores. 
3.3 Distribuição física 
As duas fábricas de espelhos utilizam o modal de transporte rodoviário. A empresa americana 
usa o modelo de distribuição terceirizado, utilizando os serviços da FedEx (Federal Express) e 
da UPS (United Parcel Service). A fábrica tem um acordo com essas empresas e obtém uma 
tabela de preços diferenciada. Os principais aspectos que motivam a adoção deste modelo são: 
redução de custos fixos de movimentação, simplicidade de implantação e a falta de 
investimento fixo e estrutura física. 
Com esse sistema de transporte terceirizado, a empresa americana não se responsabiliza com 
as rotas de distribuição, aumentando o foco no seu core business que é a fabricação de 
espelhos. Além disso, o canal de distribuição da empresa é múltiplo porque utiliza mais de um 
canal, tais como lojas atacadistas, varejistas e internet, permitindo um aumento da 
competitividade da empresa, uma vez que aumenta a disponibilidade dos seus produtos. 
Em contraste, a empresa maranhense possui frota própria constituído de caminhões baú e 
carros, distribuindo seus produtos finais até os clientes de forma direta para obter um maior 
 
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controle de qualidade. Em outras palavras, a empresa usa o canal de distribuição direto, uma 
vez que os produtos são transportados diretamente para os consumidores, sem precisar de 
transportadores ou outros intermediários. Assim, a empresa maranhense tem o controle total 
do processo de distribuição que normalmente acontece logo após as vendas e tem um contato 
direto com os seus clientes. 
Dessa forma, a fábrica maranhense administra as entregas e é responsável pela realização das 
rotas que, para reduzir os custos, são estabelecidas por região de distribuição. A empresa 
distribui seus produtos apenas no estado do Maranhão, o prazo de entrega são 3 dias úteis e 
procura sempre utilizar a capacidade total dos seus veículos, evitando ao máximo um grande 
número de viagens. 
Por outro lado, os prazos de entregas da fábrica americana são em média 4 a 6 dias úteis. Em 
caso de emergência, dependendo das exigências e localidade dos clientes, a entrega é 
realizada em até 3 dias úteis. Além disso, o processo de distribuição da empresa é indireto 
porque o produto final chega aos clientes através de intermediários como atacadistas, 
varejistas e transportadoras. 
3.4 SI utilizados pelas empresas 
A empresa americana utiliza o sistema de gerenciamento de banco de dados Access, EDI e o 
software empresarial que tem o modulo estoque e MRP como ferramentas de apoio. Já a 
empresa maranhense utiliza planilha do Excel e os módulos compras e estoque desenvolvidos 
no Microsoft Access. 
Algumas relações entre a fábrica americana e os clientes (atacadistas, varejistas) acontecem 
via Intercâmbio Eletrônico de Dados, ou em inglês Eletronic Data Interchange (EDI). Esse 
sistema permite a troca de informações e de documentos, tais como ordem de compra, nota 
fiscal, posição de estoque e aviso de recebimento. Depois da análise do programa EDI pelo 
gerente é que acontece o processamento do MRP pelo software, gerando as necessidades de 
compras. 
Outrossim, o software empresarial utilizado pela empresa americana permite um maior 
controle do estoque, identificando quando há produto em baixa e fornecendo informações 
atualizadas sobre a quantidade de componentes usada no processo de fabricação do produto. 
Essa ferramenta facilita a programação da produção e aumenta a confiabilidade dos processos 
da empresa. 
 
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Outro sistema de informação usado é o e-commerce ou comércio eletrônico que permite a 
empresa relacionar com seus clientes em uma escala global. Os produtos da fábrica são 
comercializados no site Amazon.com, permitindo a comercialização dos seus produtos para 
todo o país e eliminando as barreiras geográficas que existem no comercio tradicional. 
Em contrapartida, os processos de controle de produção e compras da empresa maranhense 
são manuais, feitos nas planilhas de Excel e nos módulos compras e estoque. Os módulos 
permitem a emissão de relatórios, atualização de dados, fornece informações sobre a 
quantidade de matéria prima em estoque e informa o gerente sobre a necessidade de 
determinado item. Além disso, as informações sobre as matérias primas, produtos finais, 
fornecedores e clientes são armazenados e organizados de forma lógica nos bancos de dados. 
3.5 O processo de compras 
A fábrica americana possui uma lista com 37 fornecedores qualificados e possui parceria com 
as empresas que tem uma relação mais antiga. Essa parceria contribui para um fornecimento 
frequente e mais confiável, além de reduzir os custos de compras. Por outro lado, a empresa 
maranhense possui 30 fornecedores, sem distinção de relacionamento. Ambas as empresas 
não firmam contratos de longo prazo com os fornecedores. 
Em relação ao processo de seleção de fornecedores, a fábrica americana considera como 
indicadores mais importantes na seleção de fornecedores o custo de fornecimento, a qualidade 
da matéria prima e a capacidade de atender sua demanda. De forma similar, a fábrica 
maranhense considera como principais indicadores na seleção a qualidade, o custo e a 
velocidade na entrega dos produtos. 
As duas empresas possuem uma base de dados com os fornecedores e produtos cadastrados. 
Para o sistema de compras, a fábrica americana utiliza o EDI e o comercio eletrônico, 
reduzindo a margem de erro e agilizando as negociações de compras, enquanto a empresa 
maranhense utiliza o Excel e o módulo compras desenvolvido no Microsoft Access. Nesse 
aspecto, os processos de compras são menos automatizados comparados à empresa americana 
que possui um maior suporte tecnológico. Na empresa maranhense existe a necessidade de 
imprimir uma grande quantidade de documentos comerciais. Já na empresa americana, o EDI 
e o e-commerce diminuem a quantidade de impressão de documentos e aumenta a velocidade 
na transmissão, recebimento e processamento de pedidos. 
 
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3.6 Análise comparativa dos casos 
Deste estudo, observaram-se algumas similaridades e diferenças na gestão da cadeia de 
suprimentos das empresas americana e maranhense. O quadro a seguir resume as principais 
características das empresas: 
 
 
 
 
 
Quadro 1 – Comparativo das características das empresas 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
De acordo com o quadro acima, percebe-se que as fábricas de espelhos possuem clientes 
finais com perfis diferentes. Deste modo, o canal Múltiplo seria o melhor canal de 
distribuição para as cadeias de suprimentos das empresas, pois atinge diferentes tipos de 
mercados, aumentando a competitividade. Esse canal múltiplo atende consumidores com 
perfis distintos através dos diferentes tipos de canais (CAMPOS, 2010). 
Segundo Chopra e Meindl (2003), a informação é essencial para o sucesso de uma cadeia de 
suprimentos, uma vez que afeta diretamente cada um dos elos da cadeia e segundo os mesmos 
autores, o sistema ERP permite o rastreamento e visibilidade global da informação de 
qualquer parte da empresa e de sua cadeia, possibilitando a tomada de decisões mais rápidas e 
inteligentes para a empresa. 
O sistema ERP passou a ser utilizado pelas empresas de todos os portes devido à redução de 
custos e a alta competitividade do mercado. Segundo Ozaki e Vidal (2003), os custos e riscos 
dos sistemas ERP diminuíram devido ao crescente amadurecimento das soluções ERP, a 
maior qualificação dos usuários e os avanços tecnológicos, possibilitando maiores benefícios 
 
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e tornando esses sistemas indispensáveis para a gestão e sobrevivência das pequenas e médias 
empresas modernas. Sendo assim, esse sistema é essencial para a fábrica de espelho de médio 
porte se manter competitiva no mercado, pois permite a empresa aumentar a velocidade na 
transmissão de dados e o controle sobre as operações da empresa, tornando a fábrica de 
espelho mais eficiente. 
Entretanto, o sistema ERP não é usado atualmente por nenhuma das empresas deste estudo. A 
empresa americana, de acordo com o gerente, pretende investir nessa tecnologia nos próximos 
anos a fim de aumentara competitividade da empresa e atender as exigências de alguns 
varejistas que utilizam esse sistema. 
Outro fator importante da cadeia de suprimentos é o estoque. As duas empresas utilizam 
estoque de segurança. Para reduzir essa quantidade de estoque e seu custo, as empresas 
poderiam implantar um sistema de previsão de demanda através de métodos qualitativos e 
quantitativos e investir no maior compartilhamento de informações com os fornecedores e 
clientes. 
Além disso, os itens em estoque nas indústrias de espelhos apresentam características de 
demanda dependente e independente. Segundo Moreira (2012), há dois padrões básicos de 
consumos, quais sejam a “demanda dependente” e a “demanda independente”, que conduzem 
estratégias diferenciadas de controle de estoques. O método de controle de estoque das 
empresas em estudo deve atender esses dois padrões por meio da combinação de métodos. 
O sistema MRP pode ser utilizado na gestão de componentes cujas demandas são 
dependentes, permitindo maior controle na fabricação, redução de custos operacionais, 
produção no tempo certo e o dimensionamento da quantidade de materiais necessários para a 
fabricação dos espelhos. Em relação aos itens considerados de maior importância para a 
empresa e que possuem características de demanda independente, pode utilizar o sistema de 
revisão contínua (Q). Segundo Krajewski e Ritzman (2009), o sistema de revisão contínuo 
possibilita a redução dos estoques de segurança, a fixação do tamanho dos lotes de compra, 
viabilizando descontos por quantidade e a redução dos custos totais de estoque. 
Outro processo importante na cadeia de suprimentos é a seleção correta dos fornecedores, os 
quais devem atender as necessidades de compras das empresas, garantindo o contínuo fluxo 
de itens e recursos. De acordo com Bertaglia (2009), a seleção de fornecedor não é um 
processo simples e sua complexidade varia de acordo com as características do item ou 
 
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serviço a ser comprado, dependendo das exigências. Para selecionar um fornecedor, três 
características básicas devem ser analisadas: preço, qualidade e serviço. 
Ademais, as empresas devem ter uma boa relação com os fornecedores a fim de obter maior 
vantagem competitiva. Para Ballou (2001), clientes e fornecedores devem adotar estratégias 
voltadas para a formação de parcerias de longo prazo, cooperação e troca de informações e 
integração dos processos das organizações, possibilitando o crescimento e o benefício mútuo. 
Das empresas deste estudo, a fábrica maranhense mantém relações meramente comerciais 
com os seus fornecedores, enquanto a fábrica americana possui parceria apenas com os 
fornecedores mais antigos. 
O quadro a seguir apresenta um comparativo entre os sistemas de informação e os métodos de 
gestão de cada empresa com a gestão da cadeia de suprimento sugerida para uma empresa de 
espelho: 
Quadro 2 – Comparativo dos métodos de gestão da cadeia de suprimentos 
 
Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada 
De acordo com o quadro comparativo, a empresa maranhense tem um enfoque mais 
tradicional, tendo uma integração menor entre os processos da cadeia de suprimentos. Por 
exemplo, a empresa possui um canal de distribuição simples, de menor alcance, não busca 
alianças ou parcerias com os seus fornecedores e não possui sistemas de informação 
modernos, enquanto a empresa americana possui um maior suporte tecnológico, canal 
múltiplo de distribuição, utiliza modelo de controle de estoque computadorizado e tem 
parceria com os fornecedores mais antigos. 
4. Conclusão 
 
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Uma boa gestão da cadeia de suprimentos deve integrar os diferentes processos da empresa, 
desde o cliente até os fornecedores, minimizando os custos e fornecendo produtos ou serviços 
que atendam as expectativas dos clientes finais. Além disso, a eficiência da cadeia de 
suprimentos está ligada diretamente à coordenação dos fluxos de materiais e de informações 
entre os principais elos da cadeia. 
Partindo dessa ideia, o presente estudo teve como objetivo comparar a gestão da cadeia de 
suprimentos de médias indústrias de espelhos localizadas em São Luís (MA) e Chicago 
(IL). Por meio do estudo de caso comparativo, verificou-se que os processos da cadeia da 
empresa maranhense estão pouco integrados. Deste modo, a gestão da cadeia de suprimentos 
da empresa americana ao ser comparada à da empresa maranhense, se mostra mais integrada e 
equipada tecnologicamente, estando mais próximo do modelo sugerido de gestão da cadeia de 
suprimentos de espelho, pois o MRP, o e-commerce, o EDI e o canal múltiplo de distribuição 
permitem que a empresa americana tenha uma maior integração interna e externa devido à 
coordenação dos fluxos de materiais e de informações aos fornecedores e ao cliente final. 
Portanto, para as fábricas de espelhos aumentarem a competitividade em seus respectivos 
mercados de atuação, elas devem se adequar aos novos cenários através das novas tecnologias 
de apoio gerencial que se tornaram essenciais para aumentar a eficiência, a lucratividade, 
reduzir o tempo de entrega e os custos da cadeia de suprimentos. 
Assim, o gerenciamento da cadeia de suprimentos é importante para as empresas se manterem 
competitivas no mercado. Apesar disso, o estudo desse tema é pouco explorado no Brasil 
principalmente nas regiões norte e nordeste, cujos setores industriais estão em ascensão. 
Dessa forma, é relevante analisar o gerenciamento da cadeia de suprimentos em diferentes 
tipos de indústrias e fazer o comparativo com indústrias localizadas em países desenvolvidos, 
buscando melhores práticas de gestão e o entendimento do seu funcionamento em diferentes 
contextos socioeconômicos. 
 
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empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Ed. Bookman, 2001. 
 
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CAMPOS, Antônio Jorge Cunha. A gestão da cadeia de suprimentos. Curitiba: IESDE, 2010. 
 
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Porto Alegre: Bookman, 2003.

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