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HIPERPROLACTINEMIA Das doenças hipofisárias é a mais comum. Introdução Alteração hipofisária mais frequente. Prevalência: o 0,4% nos adultos. o 17% nas mulheres com infertilidade. Lembrar sempre que a prolactina tem secreção pulsátil, há momentos com quantidade maior e outras com menor. Secreção pulsátil –ritmo circadiano. Liberado em torno de 10 a 12 pulsos por dia e é máxima no inicio do sono e mínima entre 8 as 10 horas da manha. Uma série de fatores contribui para o aumento da prolactina. Único hormônio que sua inibição hipotalâmica é mais importante do que seu estimulo. Há os núcleos hipotalâmicos-hipofisários que secretam na circulação porto- hipotalâmica e vai até a hipófise inibindo a secreção de prolactina. Isso significa que se tiver secção da haste hipofisária haverá excesso da produção de prolactina e não uma falta. As células hipofisárias são capazes de produzir autonomicamente a prolactina. o A prolactina é produzida e secretada sobretudo pelas células lactotróficas da hipófise anterior, mas também é produzida nos linfócitos, na decídua placentária e nas células endometriais. o O hipotálamo exerce influencia predominantemente inibitória sobre a secreção da prolactina através de fatores hipotalâmicos inibitórios (PIF), que alcançam a hipófise via sistema porta-hipotalâmico hipofisário. Dentre os PIF, o principal componente é a dopamina, que atua nos receptores D2 presentes na membrana das células lactotróficas, inibindo a adenilatociclase, com conseqüente redução da síntese e secreção de prolactina. Função da prolactina Estimula secreção das proteínas do leite. No homem há duvidas pra que serve a prolactina. Estimula a proliferação do epitélio alveolar. Inibe os pulsos do GnRH. Estimula o crescimento dos linfócitos. Estimula a resposta imune. Inibe o impulso sexual. Portanto é uma maneira de proteger a cria, fazer com que não haja os pulsos de GnRH que são responsáveis pela ovulação na mulher, e assim a mãe continue amamentando e não engravide nesse período. Além de inibir o pulso de GnRH, inibe também o impulso sexual. A fêmea passa a não estar disposta a relação sexual com o macho. Existem duas coisas que ela estimula: resposta imune e crescimento dos linfócitos. O efeito principal é secreção de leite, o segundo efeito é inibir a possibilidade da mãe em fase de amamentação de engravidar. Estrogênio- estimulo ao desenvolvimento dos sistemas de ductos da mama. Na mama, o estrogênio é responsável pelo crescimento, sobretudo de ductos. Progesterona- estimula o crescimento dos alvéolos. Prolactina sem estrógeno e progesterona não estimula crescimento da mama e produção de leite. PRL- estimula secreção das proteínas do leite, caseína e lactalbumina. A galactorréia está presente nas mulheres em fase fértil e raramente nas mulheres que não estão na fase fértil. Regulação da prolactina - Controle inibitório Dopamina. Peptídeo associado ao GnRH. Gaba. Estrogênio e progesterona. Ajuda a inibir a produção de prolactina. Se tiver mulher que não produz mais, a possibilidade de ter hiperprolactinemia é maior, mas não produz leite. Hormônios tireóideos. Mas a que mais tem importância clínica é a dopamina. Mecanismo de produção de leite Sucção estimulo nervoso hipotálamo inibição dos neurônios dopaminérgicos aumenta liberação de PRL estimulo da secreção alveolar. Muitas crianças quando começam a sugar o leite, o leite não sai nas primeiras mamadas. Necessário um estímulo de mais vezes para “ativar”. Sucção estimulo nervoso hipotálamo liberação de citocina contração da células mio-epiteliais ejeção de leite. Para liberar o leite é necessário a ocitocina. Fatores estimulatórios da secreção de PRL (prolactina): TRH. Principal; VIP (peptídeo intestinal vasoativo); Serotonina; Opióide endógeno; Peptídeo ativador de adenilciclase; Ocitocina; Nas mulheres com hipotireoidismo PRIMÁRIO, quando há excesso de produção de TRH pode ter galactorréia, com hiperprolactinemia. Ação da dopamina Receptores de membrana acoplados à proteína G (proteína mais importante da sinalização hormonal). Receptores D2. Na hipófise onde dopamina atua é no receptor D2. E inibe a secreção da prolactina. Características da prolactina Meia vida circulante- 50 minutos. Monômero de 199 aminoácidos- 80 a 90% da prolactina circulante. Dímero- big prolactin. Macroprolactina- big big prolactin- PRL + IgG. Ligada à imunoglobulina G. Evidentemente a forma monomérica está mais disponível para ligação aos receptores. Os dímeros têm que ser quebrados para ligar. E a macro tem maior dificuldade para se desprender da imunoglobulina. Etiologia hiperprolactinemia: Fisiológicas. Se estiver grávida ou amamentando. Na amamentação aumenta em até 20 vezes. o Gravidez. o Lactação. o Coito. Teve relação sexual antes de colher material? Mamilo foi acariciado? Pergunta que deve ser sempre feita. O estimulo do mamilo estimula a produção de prolactina. o Estresse. Quanto mais estressado, maior. Pacientes medrosas para coletar sangue, pode aumentar produção de prolactina. Pede-se que pessoa fique em repouso pelo menos por 20 minutos. o Sono. Aumenta secreção. De manhã normalmente não está aumentado. Farmacológicas: o Antipsicóticos/ clorpromazina/ haloperidol. o Antidepressivos. o Antagonista do receptor de H2. o Metoclopramina. Plasil. o Toda substância que atua a nível de sistema nervoso central, potencialmente podem levar ao aumento da prolactina. o Narcóticos/ morfina/ cocaína. Pessoas que usam cocaína com frequência podem ter hiperprolactinemia. o Anti-hipertensivos/ reserpina/ metildopa. o Inibidores da protease. Drogas anti-HIV também podem aumentar. o Sempre que pessoa estiver com excesso de prolactina no sangue, pergunte se usa alguma droga ou se está em uso de algum medicamento. Patológicas: o Prolactinoma- 40 a 60% dos tumores hipofisários funcionantes. Carcinoma é raríssimo. o Adenoma misto- gH+ PRL. Tronco celular que se divide em dois, são hormônios relativamente próximos. o Tumor com comprometimento da haste pseudoprolactinoma. Qualquer tumor que comprima a haste hipofisária, inibe a passagem da dopamina, não havendo a inibição da prolactina. o Hipófise linfocítica. Inflamação auto-imune da hipófise. Pode levar a um crescimento da hipófise com conseqüente compressão da haste. Classificação: o Macroprolactinoma > 1 cm de diâmetro. o Microprolactinomas < 1 cm de diâmetro. o Macroprolactinemia – PRL > 200 ng/ml. o Microprolactinoma < 200 ng/ml. o Pseudoprolactinomas < 150 ng/ml. o Medicamnetosa < 100 ng/ml. o Isso ocorre na maioria dos casos, mas não vale para todo mundo. Esses valores são no gera. o Haste tem em torno de 1 cm. Se tiver um macro ele invade a sela turca e invade espaços vizinhos. Macroprolactinemia: o Macroprolactinemia- PRL + IgG. o Maioria dos casos pacientes são assintomáticos. o Teste de precipitação com polietilenoglicol. o Quando vem prolactina vem muito alta e sintomas são muitos discretos ou ausentes, pedir a pesquisa de macroprolictinemia. Idiopáticas. Sempre que deparar com paciente que apresente excesso de prolactina circulante, tem-se que fazer essas perguntas: é fisiológica? Está grávida? Está amamentando? Causas patológicas sistêmicas: o Hipotireoidismo primário. Causa sistêmica mais importante por aumento do TRH. o Doença dos ovários policísticos (?) trabalhos mais recentes contestam.Não é o ovário policístico que aumenta a produção de prolactina e sim outras alterações. o Cirrose hepática- alteração produção de dopamina. Diminui produção de dopamina. o Insuficiência renal. Falta de eliminação da prolactina. Causas patológicas Neurogênicas- alteração das vias aferentes: o Lesão irritativa da parece torácica. o Herpes zoster. o Piercing no mamilo. o Queimaduras. o Mastectomia. o Esses fatores promovem: irritação dos nervos da parede torácica e por arco reflexo estimula prolactina. o Quando leva caneta no bolso que roça mamilo e que pode levar à produção de prolactina. Causas patológicas- Tumores extra-hipofisários: o Gonadoblastoma. o Teratoma ovariano. o Carcinoma broncogênico. o São raros, mas podem acontecer. Quadro clínico Galactorréia- presente em 30 a 80% das mulheres com hiperprolactinemia daquelas que estão na fase reprodutiva. Presente em 14 a 33 % dos homens com hiperprolactinemia. No homem tem estrógeno e progesterona circulante então também pode ter a galactorréia. Depende da presença de estrogênio. Sintomas desagradável. A quantidade de leite depende muito da quantidade de estrogênio. A pesquisa de galactorréia pode ser feita espontaneamente, olhando a secreção na mama ou a medida que aperta, sai o leite. Pode esguinchar, cuidado. Hipogonadismo: o Inibição do pulso de GnRH. o Inibe a aromatase. o Inibe a alfa-redutase. Transformação de testosterona em di- hidrotestosterona. o Compressão pelo tumor, sem estimulo testicular e ovariano. o Pode ser pela ação da prolactina inibindo os picos de GnRH ( hormônio liberador de gonadotrofinas- FSH e LH). o Evidentemente que há os sintomas: Distúrbios da libido. Amenorréia. Infertilidade. Disfunção erétil. Oligospermia. Diminuição da densidade mineral óssea. Tanto no homem quanto na mulher. No homem pode ter diminuição da força, desejo sexual, depressão, diminui pilificação, desanimo. Depressão pode ocorrer tanto no homem quanto na mulher. Efeito em massa: o Cefaléia. o Hemianopsia bitemporal: tumor cresce no quiasma óptico e diminui a percepção lateral da visão. Ou até a perda visual completa. o Paralisia de alguns pares cranianos. Pan-hipopituitarismo. Supra-renal, hormônio do crescimento, hormônios tireoidianos. Deficiência isolada. Toda vez com paciente com hiperprolactinemia pense na possibilidade de pan- hipopituitarismo assim como na isolada. o Macroprolactinemia: é geralmente suspeitada quando o paciente com hiperprolactinemia se apresenta sem os sintomas típicos e/ou evidência de um tumor hipofisário à RM. Uma diminuída biodisponibilidade da prolactina parece ser a explicação mais provável para a ausência de sintomas nesses pacientes. o A hiperprolactinemia causa hipogonadismo hipogonadotrófico principalmente por inibir a secreção pulsátil do GnRH (hormônio liberador das gonadotrofinas) pelo hipotálamo. Como consequência, ocorre redução da pulsatilidade do LH e FSH, o que leva à menor produção de esteróides sexuais (estrogênio nas mulheres e testosterona nos homens). o Há evidências de associação de hiperprolactinemia com obesidade. Com o tratamento, o peso tende a diminuir. o Maconha ou cocaína são uma das possíveis causas de hiperprolactinemia. o Nos pacientes com pseudoprolactinomas, a hiperprolactinemia resulta da compressão da hasta hipofisária e os níveis de prolactina geralmente são menores do que 150 ng/ml. o Acromegalia deve ser investigada em todo paciente com um aparente macroprolactinoma, através da dosagem de IGF-I basal e GH. Avaliação diagnóstica Bastante fácil e simples. História clínica. Exame físico ajuda pouco. Dosagem de PRL. Dosagem do TSH. Dosagem do GH: por causa dos tumores mistos. Função renal e hepática. Exames de imagem- CT e RM (de hipófise/hipotálamo, RM sempre melhor exame para hipófise/hipotálamo). Pseudoprolactinomas- PRL abaixo de 150 ng/ml. Macroprolactinoma- PRL acima de 250 ng/ml. Microprolactinoma- PRL entre 100 e 200 ng/ml. Efeito gancho- diluição: alguns pacientes apresentam sintomas tão claros e nítidos que não se tem duvida quando diagnostica a doença, mas pede prolactina e ela vem baixa. Nesse caso você manda diluir a amostra ou pesquisa do efeito gancho. Pega 1 para 100, a prolactina está lá em cima. Há casos de prolactina de 34.000, 36.000, porque o excesso de prolactina pode inibir a relação e ter valores falsamente baixos. Efeito gancho: leitura de valores falsamente baixos de PRL em casos de macroprolactinemia que secretam grande quantidade de hormônio. Diluir soro 1: 100. Imagens da hipófise: corte sagital e coronal. Quando tem alterações, há áreas mais densas e áreas menos densas. Microprolactinemia- haste hipofisária pode deslocar. Tratamento Quase todos os prolactinomas são tratados com medicação. Cirurgia só quando medicação não resolve. - Agonistas dopaminérgicos: A farmacoterapia com agonistas dopaminérgicos representa a terapia de escolha para os micro e macroprolactinomas, bem como para a hiperprolactinemia idiopática. Atuam diretamente sobre os receptores D2 da dopamina nas células lactotróficas normais e adenomatosas, inibindo a síntese e a secreção de prolactina e diminuindo a síntese do DNA celular e o crescimento do tumor. Possui maior eficácia, tolerabilidade e maior comodidade posológica, em comparação aos demais agonistas dopaminérgicos, a cabergolina representa a opção de escolha no manuseio de prolactinomas. Bromocriptina- 2,5 a 7,5 mg/dia. SRO: liberação mais lenta. o Eficácia- 70 a 80% dos casos. o Principais efeitos colaterais: náusea, cefaléia, tontura, fadiga e hipotensão postural. o Primeira substância a ser lançada no tratamento. Cabergolina: o Mais usada hoje em dia. o Comprimidos de 0,5 mg. Mas pode-se usar até dose diária até casos em que controle leva 1 cp a cada 15 dias. o Dose- 0,5 mg duas vezes/ semana. o Eficácia- 83 a 96%. o Efeitos colaterais: menos intensos que a bromocriptina. o O grande problema é que o tratamento é para o resto de vida. Às vezes para de tomar medicação e tumor volta a crescer, podendo ser tratados 20 a 30 anos sem parar. Medicamento bloqueia bem crescimento tumoral. Apresenta uma duração de ação de até 21 dias após dose única oral de 0,3 a 1 mg. - Resistência aos agonistas dopaminérgicos: Não normalização dos níveis de PRL com a dose máxima tolerada. Quando há resistência ou intolerância, partir para outro tipo de tratamento. Tratamento cirúrgico Intolerância ou resistência às drogas. Comprometimento da visão sem resposta imediata às drogas. Paciente extremamente comprometido com visão. Introduz droga e em duas a três semanas não melhora, ir para cirurgia. Apoplexia hipofisária: quiasma óptico desaba. Operação de urgência. Fistula liquórica: medicação reduz tamanho, mas já há erosão do assoalho da hipófise podendo extravasar líquor, o perdendo pelo nariz e podendo levar a infecções. Cirurgia trans-esfenoidal ou craniotomia. Radioterapia: Quando nada resolver. Melhora a longo prazo. Convencional ou estereotáxica. Muitos efeitos colaterais. o A resposta à radioterapia hipofisária externa convencional é frequentemente lenta ou incompleta. * TRATAMENTO É CLÍNICO, POR ISSO É FEITO PELO ENDOCRINOLOGISTA E NÃO PELO NEUROLOGISTA. Tratamento é imediato. Prolactinoma e gravidez: Microprolactinemia: o Suspender a medicação e controlar campimetria (campos visuais) visual e RM, se tiversintomas. o À medida que prolactinemia diminui, fertilidade aumenta. Paciente que são inférteis podem acabar engravidando. Macroprolactinemia: o Continuar o tratamento com bromocriptina. o Continuar na menor dose possível. o Se houver aumento do tumor, voltar a tratar. A droga mais experimentada durante a gravidez foi a bromocriptina. Prolactinoma responde melhor às drogas, os pseudoprolactinomas respondem menos às drogas, porque não tem receptor, aumentou prolactina por causa de compressão da haste, nestes casos tem que encaminhar para neurologista. No homem quando descobre já é macroprolactinoma, a galactorréia é menos presentes, sintomas são menos significativos. o Após o parto, uma RM deve ser realizada rotineiramente em todos os pacientes para detectar eventual crescimento tumoral assintomático. Se a paciente atravessou a gestação com todo o seu impacto estrogênico, sem complicações, a amamentação poderá ser permitida, sem implicar risco significativo de aumento das dimensões do prolactinoma.
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