Buscar

Didática conteúdo online 2017

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Vamos iniciar a disciplina trazendo o seguinte questionamento: Todo professor tem didática? 
 
O questionamento se faz pertinente, pois é muito comum encontrarmos estudantes afirmando que certos 
professores não têm didática e, normalmente, isso ocorre porque o professor não apresenta características ou 
meios de ensino que correspondam às suas necessidades. 
 
O fato é que, enquanto alguns alunos afirmam que os professores X, Y ou Z não possuem didática, outros não 
concordam, apontando outros professores que, em suas concepções, não possuem tal competência. 
 
Mas, para respondermos ao questionamento inicial, se faz necessário problematizar o conceito de Didática, 
compreender o que vem a ser didática para, em seguida, afirmarmos se, de fato, está correto dizer que um 
professor não tem didática. 
 
Talvez, o desafio esteja em apresentarmos a nossa própria resposta sobre a didática, sobre a docência, 
porém, tomando por base algumas referências. Com base nessa linha de pensamento, convidamos você a 
vivenciar uma aventura que se chama aprender. 
 
Objetivos 
1. Identificar e problematizar o conceito de Didática; 
2. Identificar o objeto de estudos; 
3. Avaliar as tensões e as perspectivas que se colocam no debate da Didática hoje; 
4. Reconhecer o sentido da Didática; 
5. Identificar os saberes necessários à docência. 
 
Conceito de didática 
Antes de iniciarmos nossos estudos, vejamos o vídeo a seguir: 
Ficha técnica: DEAD Poets Society = SOCIEDADE dos poetas mortos. Intérpretes: Robin Williams, Ethan 
Hawke, Robert Sean Leonard. EUA: Disney / Buena Vista, 1989. 128 min., son., color. 
 
A partir da cena que acabamos de ver, você conseguiria afirmar se o professor do filme tem didática 
para convencer seus alunos a lerem e escreverem poesia? 
 
É muito comum, ouvirmos de alunos de que nem todo professor tem didática. Será que essa afirmativa é 
verdadeira? O que está se entendendo por didática? O fato é que o conceito de Didática vem se modificando 
ao longo dos tempos. 
 
Normalmente, os alunos, independentemente do nível de escolaridade, associam o conceito de Didática à 
capacidade do professor de transmitir um conhecimento com clareza, de modo que ele se faça entender, que 
o professor faça o aluno assimilar o conteúdo, ou seja, compreender a matéria. 
 
Nesse sentido, as pessoas que compreendem a Didática como transmissão e assimilação de conteúdos 
tendem a concluir, sobre aqueles professores que não alcançam o objetivo de fazer com que o aluno 
compreenda os assuntos referentes às disciplinas, que eles não possuem didática. 
 
Talvez, essa conclusão seja um pouco precipitada, pois o conceito de Didática não se resume apenas à mera 
transmissão e assimilação do saber. 
 
Há muito mais a ser compreendido sobre esse conceito e é o que desejamos para você, aluno do curso de 
formação docente; que amplie os seus olhares acerca da Didática, rompendo com um pensamento 
reducionista que poderá comprometer o processo de aprendizagem, na medida em que não se reconhece 
outras ações e competências inerentes ao papel do professor. 
 
Diante disso, esperamos despertar em você o sentido da Didática, o desejo de buscar novas respostas sobre 
ela, não se fechando em um único conceito, sob o risco de empobrecermos a relação pedagógica entre 
alunos e professores. 
 
Conversa com os alunos: realidades e compreensões 
A partir de um diálogo e questionamento sobre o conceito de Didática, com os alunos do curso de formação 
docente, nas modalidades presencial e a distância, nas salas de aula da Universidade Estácio de Sá, é 
comum escutarmos, lermos nos fóruns algumas compreensões. 
 
Selecionamos algumas falas de alunos que poderão representar você, na medida em que poderá apresentar 
ideias semelhantes. 
 
Bem, vamos às “deles”, “delas”, “nossas”, “suas” falas? 
 
• A Didática é um conjunto de técnicas e estratégias ou normas de ensino; é a teoria do ensino. 
• São os procedimentos de ensino adotados pelo professor. É a capacidade do professor de transmitir 
um assunto, fazer com que o aluno compreenda as explicações. 
• É a forma como o professor transmite o conhecimento, visando à assimilação do mesmo pelo aluno; é 
passar conhecimento. 
• É o caminho que o professor traça para trabalhar o conteúdo, quando um professor domina um 
assunto e explica de forma fácil para que o aluno entenda e apresente bons resultados. 
 
Responsabilidade do aluno no processo de aprendizagem 
Pensando nas falas que acabamos de ver, podemos dizer que tratam-se de definições clássicas, na medida 
em que a responsabilidade pelo ensino recai, predominantemente, sobre o professor. Mas podemos também 
questionar: 
 
E por que não falar também sobre a responsabilidade de aprendizagem do aluno? Vejamos a charge a seguir: 
 
 
Comentário 
 
Diante do que acabamos de ver na charge, você concorda que a responsabilidade pelo aprendizado do aluno 
é apenas do professor? 
 
E quanto ao ensino? Apenas o professor ensina ou ele também pode aprender com os seus alunos e, aí, 
nesse caso, os alunos também ensinam? 
 
Podemos nos questionar também sobre o pensamento a respeito dessa relação pedagógica entre alunos e 
professores. Os alunos, por sua vez, será que também podem aprender com os próprios colegas de turma? 
 
Então, nesse caso, não é mais o professor apenas que ensina, certo? 
 
A relação entre aluno e professor deve ser verticalizada, como uma via de mão única ou pode ser uma via de 
mão dupla? 
 
A seguir, aprofundaremos nossos conhecimentos para que possamos nos posicionar com mais fundamento 
quanto a isso. 
 
Reflexões a partir das falas significativas de nossos alunos, professores em formação 
A partir das falas, podemos dizer que o professor é considerado o centro do processo de ensino-
aprendizagem e o aluno é aquele que tem a função de assimilar, de receber passivamente a informação; isto 
é, de reter o máximo de conteúdos em sua mente. 
 
Esse é um modelo linear de ensino em que o conhecimento é transmitido de alguém para outra pessoa, do 
professor para o aluno, hierarquicamente e como verdade absoluta, em via de mão única. 
 
A ênfase é no conhecimento que o professor apresenta, em sua prática de tornar compreensivo, explícito o 
que está ensinando. 
 
Nessa perspectiva, o professor é o único detentor do saber e o aluno é considerado “sem luz” até que ele 
aprenda o que o professor tem para lhe ensinar. 
 
Construindo conhecimento sobre o conceito de didática, problematizando-o 
Podemos afirmar que Didática vai muito além do que essa definição clássica mencionada anteriormente, pois, 
talvez, os alunos também possam aprender com os seus próprios colegas e não apenas com o professor em 
sala de aula. 
 
A propósito, talvez, possamos afirmar que o próprio professor também pode aprender com seus alunos. 
 
Como se pode perceber, o assunto é polêmico; e construir um conceito de Didática dependerá de 
aprofundamento teórico, de estudarmos os fundamentos da Educação, o que faz pensar que não existe um 
único conceito, padrão, correto, pois, afinal, correto pra que e pra quem; não é mesmo? 
 
Compreensão acerca do conceito de Didática à luz de alguns autores 
Diante disso, que tal partirmos de algumas referências, de estudiosos que se dedicaram a essa área do 
conhecimento? Vamos ver o que dizem os especialistas nesse assunto: 
 
• Didática: É um dos ramos de estudo da Pedagogia [...] É uma disciplina que estuda os objetivos, os 
conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, 
que são sempre sociais [...] se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da 
educação escolar e a prática docente [...] pode constituir-se em teoria do ensino [...] a Didática se 
baseia numa concepção de homem e sociedade (LIBANEO, 2013). 
• Curso De Didática Geral: A Didática é uma seção ou ramo específico da Pedagogia ese refere aos 
conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento [...] é definida 
como a ciência e a arte do ensino (HAIDT, 2006). 
• A Didática Em Questão: “Uma reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da 
prática pedagógica” (CANDAU, 2004). 
• A Didática: A palavra didática tem sua origem na expressão grega techné didaktiké que significa 
ensino, instrução [...] de maneira mais abreviada é a arte de transmitir conhecimentos, trazendo o 
sentido da orientação, condução, guia [...] definição essa que data do século XIX, considerada 
tradicional, portanto, sendo ultrapassada por outras abordagens mais modernas e avançadas 
(CORDEIRO, 2007). 
• Didática Geral: É comum a associação da Didática com o como ensinar, ou seja, com métodos e 
técnicas, mas, ressalta sobre a importância da reflexão sobre os seus fundamentos, sobre as razões 
de seu emprego, pois, caso contrário, corre-se o risco de nos convertermos em escravos dos 
instrumentos (PILETTI, 2010). 
 
Atenção! 
 
De fato, o conceito é amplo e os autores citados aprofundam em suas obras. Vale à pena conferir e 
aprofundar o conhecimento sobre didática, pois, essa é uma ação formal, do professor: buscar os 
fundamentos da didática, visando posteriormente organizar a sua própria ação, que deverá ser pensada e 
consciente sobre o que se está fazendo e por que. 
 
Bem, isso é o que esperamos de um professor, mas quando ele apenas reproduz a prática de outro professor 
ou o conhecimento que consta nos livros didáticos, talvez, a sua prática não seja tão consciente, pois faltou a 
ele ser autor do que faz. 
 
Refletindo 
Diante do que vimos até aqui, você consegue responder de que formas podemos compreender a Didática? 
 
Se compreendermos que Didática é o ato de transmitir algo a alguém, então, nossa concepção sobre seu 
conceito é linear e tradicional, pois, nesse caso, apenas o professor é o protagonista do processo de 
aprendizagem; ele detém o saber que é legitimado pelo mundo acadêmico, escolarizado. 
Mas, podemos dizer, também, que se trata de uma prática, de uma ação do professor, do seu fazer 
pedagógico, do trabalho docente; do “estar aqui” tratando o conhecimento, dialogando com você, 
problematizando o conceito, a temática de estudo em questão e, aí, percebemos que o conceito começa a se 
tornar mais complexo. 
 
Competências, saberes, características esperadas no professor no mundo atual 
Além da apropriação crítica esperada no professor, bem como da autonomia nas ações pedagógicas, 
acrescentamos que a criatividade é uma característica fundamental ao professor para que ele crie, elabore 
sua prática com “mãos próprias” e não reproduza modelos pedagógicos/teóricos de outras pessoas. 
 
Vejamos uma cena do filme 
Sociedade dos Poetas Mortos. 
 
Comentário 
 
Percebeu o impacto causado pelo professor reflexivo em sua classe? 
 
Logo, se faz necessário que o professor esteja comprometido com um projeto de educação transformador, 
pois, dessa forma, ele poderá contribuir para a formação, igualmente, crítica e emancipada das novas 
gerações. 
 
Entretanto, ser reprodutor ou transformador é uma questão de concepção acerca da educação. Trata-se do 
olhar, da visão de educação que o professor desenvolveu ao longo de sua carreira, o que se refletirá na forma 
como ele vai atuar e trabalhar o conhecimento, bem como se relacionar com alunos, colegas e superiores. 
 
Construindo Conhecimento - Atividades Propostas 
Afim de reforçar o que vimos até aqui, vamos fazer uma atividade? 
 
1. Faça uma pesquisa procurando outras definições para Didática. Analise cada uma das definições 
coletadas e depois elabore o seu próprio conceito de didática. 
Gabarito 1 
 
Didática é fazer e pensar a educação, é o trabalho docente, apresentar uma proposta de ensino, visando a 
objetivos educacionais; é pensar no que desejamos para os alunos e por que; é se envolver com a 
construção de um projeto de sociedade. 
 
Nesta aula, você: 
Analisou os conceitos de Didática; 
Identificou o objeto de estudos da Didática; 
Refletiu sobre os saberes necessários à docência; 
Reconheceu que deverá buscar suas próprias respostas sobre como ser professor. 
 
Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: 
Breve retrospectiva histórica da Didática; 
A contribuição de pensadores para o sistema educacional brasileiro. 
Nesta aula, apresentaremos uma breve retrospectiva histórica da Didática, situando momentos históricos que 
tiveram uma importância significativa na construção da área, sobretudo, em seus princípios fundamentais. 
Apresentaremos a retrospectiva separando por etapas, facilitando a compreensão e apontando seus 
pensadores representantes, estrangeiros ou que ofereceram contribuições para o sistema educacional 
brasileiro. 
 
Ressaltamos que é fundamental a leitura crítica acerca dos modelos pedagógicos/teóricos, uma vez que nos 
encontramos em outros contextos. E se desejamos contribuir para a formação emancipada das novas 
gerações, devemos nos emanciparmos como docentes, entretanto, conforme já mencionado na aula anterior, 
não é suficiente que essa informação seja passada de uma pessoa para a outra, logo, enfatiza-se que a 
apropriação crítica, acerca dos modelos que já estão postos, envolve aprofundamento teórico por parte do 
professor em formação, o que não significa que, após anos de experiência, o professor esteja isento de 
buscar novos conhecimentos, ficando evidente que a atualização é fundamental. 
 
Acrescenta-se, também, que o fato de conhecermos novas referências não implica em abandonarmos as 
fontes iniciais, uma vez que, conforme já mencionado, representadas por seus pensadores, deixaram suas 
nobres contribuições. 
 
Bons Estudos! 
 
Antiguidade 
 
Nesse período, podemos destacar Sócrates, Platão e Aristóteles, considerados os primeiros educadores, 
representando algumas expressões filosóficas. 
 
Esses pensadores, no interior de seus tempos históricos, desenvolveram e difundiram concepções de 
educação do homem que ligam o desenvolvimento humano a finalidades colocadas em um modelo ideal de 
humanidade: de formação de caráter, de moral, de hábitos, do domínio das paixões, da justiça, do 
desenvolvimento religioso-intelectual, físico e artístico. 
 
Sócrates, apesar de ser uma referência tão antiga, parece muito atual, na 
medida em que, em praça pública, instigava o povo à reflexão, ao 
pensamento crítico, indagando, buscando respostas. 
 
Idade Média 
Na idade média, a partir de influências religiosas da Igreja Católica, a 
educação enfatizou a formação do homem como ser incompleto em busca da 
perfeição. O homem deveria merecer a vida sobrenatural, desenvolver princípios cristãos a partir da salvação 
de sua alma e respeitar o dogma da Igreja como representante terrena da autoridade divina. 
 
A Bíblia era o livro consagrado na pedagogia da escolástica, e os princípios fundamentais desse modelo de 
educação podem ser encontrados na obra de Santo Tomás de Aquino e na Ratio Studiorum dos jesuítas que 
foram os principais educadores de quase todo o período colonial. 
 
Você deve estar se questionando: como era o processo de aprendizado? Veremos, a seguir. 
O estudo era privado, em que o mestre prescrevia o método de estudo, a matéria e o horário; as aulas eram 
ministradas de forma expositiva, os exames eram orais e o discípulo deveria memorizar, repetir o que 
decorou. O enfoque está centrado em seu caráter meramente formal, tendo por base o intelecto, o domínio do 
conhecimento. 
 
Nessa época, a educação era restrita à elite, aos filhos de brancos e colonos, padres, monges que enquanto 
estudavam, estavam isentos do trabalho; e enquanto os pobres trabalhavam, estavam excluídos da escola, 
cujo significado do termo se refere ao “lugar do ócio”. 
 
Diante disso, surgem os questionamentos: 
 
Até que ponto evoluímos? 
Seráque, nos dias atuais, ainda encontramos essa prática de ensino nas escolas 
públicas e privadas? 
Será que, atualmente, apenas, os ricos têm acesso à escola? 
E a qualidade das escolas? 
Há diferenças entre escolas públicas e privadas? 
 
Idade Moderna 
Você sabia que Comenius (1592-1670) é considerado o Pai da Didática Magna? 
 
Comenius criticou o dogmatismo da Igreja, a pedagogia da escolástica, afirmando que todos os jovens, 
independente do sexo, deveriam ter acesso à escola e propôs a reformulação do ensino e da cristandade. 
 
O Tratado Universal da Didática Magna se referia à arte de ensinar tudo a todos, sem se desvincular 
totalmente das ideias religiosas, Comenius propõe que o aluno deveria ser instruído para os bons costumes, 
desenvolver virtudes para viver em sociedade, visando o progresso da nação. 
 
Tal proposta pedagógica tinha como objetivo instrumentalizar o homem para o trabalho produtivo dirigido às 
finalidades de uma sociedade capitalista. 
 
Assim, questiona-se: até que ponto é possível ensinar tudo a todos através de um método universal que, 
talvez, se aplique a todos e a ninguém ao mesmo tempo? 
 
Comenius, devido as suas propostas de ensinar tudo a todos, de sistematizar o ensino, com ênfase na 
economia do tempo e da energia, bem como no individualismo, passou a ser reconhecido, mais tarde, por 
educadores, estudiosos contemporâneos como um dos representantes da pedagogia tradicional. 
 
Martins (2012), ao se referir a Comenius, em sua obra, ressalta que para viabilizar o método único de ensinar 
tudo a todos proposto por Comenius no século XII, era preciso centralizar o ensino em um único professor e 
que atendesse a um grande número de alunos. O trabalho seria organizado na escola, de modo que o aluno 
obedecesse a uma hierarquia, sendo o professor considerado um “inspetor supremo”, o qual deveria com uma 
“habilidosa vigilância” controlar o desempenho da turma por meio de atuação direta dos seus auxiliares, “os 
chefes de turma”. 
 
Comenius, citado por Martins afirmava: 
“Não é necessário que o professor ouça sempre todos os alunos, nem que examine sempre os cadernos e os 
livros de todos, pois tendo como ajudantes os chefes de turma, estes estarão atentos a que os alunos, 
colocados sob sua responsabilidade, procedam como devem”. 
 
Como se pode constatar, o processo de ensino aprendizagem é controlado pelo professor, esperando-
se que o aluno se comporte, apresentando uma resposta ou uma conduta previamente determinada. 
 
 
 
Idade Contemporânea 
Herbart (1766-1841), foi considerado o Pai da Pedagogia Tradicional. Podemos dizer que Herbart e Comenius 
são os principais representantes do modelo tradicional de ensino. 
 
Herbart propôs o método da transmissão-assimilação, tomando por base os estudos da Filosofia e da 
Psicologia. 
 
Com o foco no desenvolvimento moral e intelectual da criança, formulou um esquema a ser seguido pelo 
professor na instrução que Martins (2012) apresenta em sua obra. 
 
Mas em quê consistiu esse esquema? 
 
Resposta: 
O esquema consiste em cinco passos. São eles: 
1. Preparação do aluno: que pode se dar com a recordação da lição anterior, o despertar do interesse, a 
proposição de linhas gerais dentro das quais se situa a matéria que vai ser apresentada; recordar os 
conhecimentos aprendidos; apresentar o novo conhecimento; 
2. Apresentação pelo professor do conteúdo a ser assimilado pelo aluno pela técnica da exposição (aulas 
expositivas); 
3. Assimilação pelo aluno do novo conteúdo por meio da comparação do conhecimento novo com o 
conhecimento ao velho, partindo sempre do mais simples para o mais complexo; 
4. Sistematizar o conhecimento visando à generalização; 
5. Aplicação através de exercícios. 
 
No modelo tradicional de ensino, o professor tende a repassar o conteúdo como verdade absoluta, não se 
abre espaço para o questionamento na sala de aula; e o professor é o detentor do saber. 
 
O aluno, por sua vez, é aquele que não tem luz, apenas, deve receber passivamente, absorvendo a massa de 
conteúdos que o professor lhe deposita em sua mente. 
 
O ensino é centrado no professor que transmite o conhecimento verticalmente para o aluno, ficando claro o 
formato de um modelo linear de ensino, via de mão única. 
 
E qual é a finalidade desse modelo de ensino? 
A finalidade educacional é que o aluno se ajuste à sociedade, se desenvolvendo moral e intelectualmente. 
Segundo Herbart, o fim da educação é a moralidade, atingida através da instrução educativa [...] A principal 
tarefa da instrução é introduzir ideias corretas na mente dos alunos. O professor é um arquiteto da mente. Ele 
deve trazer à atenção dos alunos aquelas ideias que deseja que dominem em suas mentes (LIBANEO, 2013). 
 
Normalmente, o professor que respalda a sua prática nessa concepção de ensino, tende a controlar o 
processo de aprendizagem, determinando as respostas que o aluno deverá apresentar nas avaliações, 
geralmente, testes e provas, através da memorização, da repetição, com ênfase no resultado, na 
quantificação e não no processo de aprendizagem. 
 
Atenção 
Predomina a cultura do silêncio, a autoridade do mestre e a disciplina baseada no medo da punição. Podemos 
dizer que a docência, quando é respaldada nessa perspectiva, a ênfase se dá mais na informação e menos 
na formação integral, mais na reprodução e menos na transformação, mais no aluno como objeto e menos no 
aluno como sujeito, mais na linearidade e menos na dialética. 
 
Diante desse quadro, questiona-se se: é possível, com essa prática tradicional, contribuir para que as novas 
gerações apresentem competências, tais como autonomia, visão crítica de mundo, capacidade de 
argumentação, de modo que correspondam às demandas do mundo atual? 
 
De 1700 a 1900 
De 1700 a 1900, aproximadamente, pensadores europeus e norte-americanos, também podem ser citados 
como referências de modelos teóricos que contribuíram e continuam contribuindo para o sistema educacional 
brasileiro, na medida em que se preocuparam com o desenvolvimento da criança e com a necessidade de um 
método de ensino em que o aluno fosse sujeito ativo e interativo. 
 
Dentre os pensadores da época, podemos destacar: 
 
Rousseau 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) — “O homem é bom no seu estado natural”. O papel do educador: 
afastar a criança dos vícios da sociedade, permitindo-lhe desabrochar espontaneamente suas potencialidades 
inatas; não impor e sim desenvolver a curiosidade, a sabedoria. 
 
Pestalozzi 
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) — Defendia a doutrina naturalista: que o homem nasce bom e que o 
seu caráter era formado pelo ambiente que o rodeia. Aplicou as ideias de Rousseau. “Para sua época, esta 
ideia era um tanto inovadora porque, na segunda metade do século XVIII, a concepção corrente era de que as 
transformações revolucionárias seriam o remédio que curaria todos os males sociais. Por isso, ao advogar a 
ideia de que a educação era um meio de regenerar a sociedade, ele estava introduzindo um elemento novo 
no ideário pedagógico de seu tempo” (HAIDT, 2000, p. 18). 
 
Froebel 
Friedrich Wilhelm August Froebel (1782-1852) — Criador do Jardim de Infância, em 1837, dizia que “as 
crianças são como as plantas, cujo desenvolvimento futuro é uma consequência do tratamento que recebem 
nos primeiros anos de vida. Por isso, elas devem crescer à luz da natureza, lançando raízes sobre a sua terra, 
alimentando-se do seu próprio ambiente”. 
 
Decroly 
Jean-Ovide Decroly (1871-1932) — A escola ideal: ambiente onde a criança pudesse observar, diariamente, 
os fenômenos da natureza e a manifestação de todos os seres humanos; além de conhecer o meio social em 
que vive. 
 
Maria Montessori 
Maria Montessori (1870-1952) — Em 1912, elaborou o método montessoriano (escola primária de sucesso 
internacional). Montessori dava importância à educação sensorial e recusava as técnicas didáticasfixas. 
Opunha-se à Pedagogia tradicional, católica. O método montessoriano é centrado na autoeducação por meio 
de brinquedos educativos (corrente vitalista). “A principal ideia que sustenta as ideias de Maria Montessori é a 
de que a criança tem que ser posta em primeiro lugar e considerada nas suas especificidades. Na sua 
concepção, a infância é uma idade própria, com características particulares, o que não permite reduzir a 
criança a um adulto em miniatura” (CORDEIRO, 2007, p. 175). 
 
Dewey 
John Dewey (1859-1952) — “Agir como uma meta é agir inteligentemente. Aprender fazendo”. Ação precede 
o conhecimento e o pensamento. “Antes de existir como um ser pensante, o homem é um ser que age”. “Sua 
pedagogia baseia-se nas noções de experiência e atividade. Pondo-se contra as proposições de Herbart, 
Dewey insiste em que só se pode realmente aprender aquilo que corresponde a um interesse verdadeiro e 
espontâneo, que conecta o indivíduo ao objeto do conhecimento” (CORDEIRO, 2007, p. 172-173). 
 
Kilpatrick 
Kilpatrick (1871–1965) — Organismo intervém em toda a atividade: o pensar, o sentir, os impulsos (o objetivo, 
a necessidade é que impulsiona o indivíduo), ação corporal, secreções glandulares. 
 
Claparède 
Édouard Claparède (1873-1940) — É a favor de uma educação funcional, de uma escola sob medida: 
pedagogia adaptada ao caráter individual do aluno. Em 1912, criou o Instituto Jean Jacques Rousseau, 
voltado para Psicologia Infantil. A educação ideal é aquela que cria, na criança, um comportamento que 
satisfaça as suas necessidades orgânicas e intelectuais. 
 
Freinet 
Célestin Freinet (1896-1966) — É a favor da não ruptura entre escola e meio social (vida e escola). O 
educador precisa tornar a escola uma continuidade da vida. O professor deve considerar os interesses de 
seus alunos, permitindo a livre expressão deles: conversas livres, composição de pequenos textos e 
desenhos livres. Exemplo: pedir ao aluno que desenhe ou narre oralmente acontecimentos de sua vida, assim 
como observações e experiências; encorajar o aluno a produzir textos e desenhos livres; levar o aluno a falar 
e a escrever melhor. 
 
Piaget 
Jean William Fritz Piaget (1896-1980) — Foi convidado por Claparède para assumir a direção dos estudos do 
Instituto Jean Jacques Rousseau em 1923. Em 1929, assumiu a diretoria do centro internacional de 
educação, órgão que passou a ser filiado à UNESCO. Escola: oferecer ensinamentos sobre a educação 
moral, social, cívica. É considerado interacionista e conhecido pelos seus estudos sobre os estágios 
cognitivos/estágios de desenvolvimento intelectual da criança. 
 
Esses pensadores foram considerados desenvolvimentistas na medida em que concentraram seus estudos no 
desenvolvimento natural e espontâneo da criança, com ênfase nos fatores internos (biológicos/maturação 
orgânica) e fatores externos (o meio imediato, tal como a família e a escola). 
 
De alguma forma, apresentam pontos convergentes, apesar de suas respectivas particularidades. Acrescenta-
se a isso, a influência que o modelo escolanovista, no Brasil, década de 1930, recebeu de tais pensadores, 
ressaltando-se que esse foi um movimento que veio para superar a Pedagogia tradicional, tendo como 
representantes, aqui, em nosso país, Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meireles e 
outros, considerados os pioneiros no manifesto da educação renovada. 
 
Surgimento da Educação a Distância 
Nesse contexto, ressalta-se também o surgimento do ensino a distância que, com o advento das novas 
tecnologias (leia-se Informática), surge um potencial de mensagem. Nada mais é fixo, estático, tratando-se 
das multimídias, do hipertexto (conjunto de textos, imagens, sons, enfim, estímulos) como se fosse um 
caleidoscópio, conforme nos ensina Pierre Levy (1994). 
 
Dessa forma, o espaço cibernético está se tornando um lugar essencial para construção do saber, uma vez 
que abre infinitas possibilidades. Surge, então, uma nova cultura de aprendizagem com a emergência de uma 
nova inteligência, a inteligência coletiva (LEVY, 1994) — tudo isso graças a essa nova forma de cooperação e 
coordenação em tempo real. 
 
Segundo Pinto e Pinto (2011) apesar de um desafio instigante, tendo em vista os recursos tecnológicos 
atuais, cada vez mais sofisticados, há que se cuidar, sobretudo, para que não represente um instrumento de 
opressão, mas sim de libertação, pois, apesar da redução de tempo e custo no ensino a distância, é preciso 
que se questione, de fato, o nível de formação que se pretende oferecer. 
 
O discurso ideológico para que as pessoas continuem acreditando que sua posição social se deve à falta de 
escolarização, falta de capacidade, habilidade, aptidão, e não às injustiças intrínsecas à própria sociedade 
capitalista, deveria fazer parte das discussões sobre a EAD. 
 
Mas, quais dificuldades a EAD poderá enfrentar? 
 
Entre o discurso teórico e as ações pedagógicas poderá existir, segundo Silva (2003), de fato, forte 
discrepância. Ainda que os defensores da EAD garantam que a qualidade de ensino será mantida, é preciso 
ter um olhar crítico, não fechar os olhos para interesses mercadológicos, colonizadores, próprios do processo 
de globalização que vivenciamos. 
 
Assim, não há como deixar de pensar nas possíveis precariedades próprias da EAD apontadas por Marco 
Silva (2003), ou seja, o risco de se banalizar a educação, fazer desse espaço virtual por excelência, na 
construção de conhecimento e competências, “algo” que vá na contramão da proposta inovadora, consistente 
e de qualidade da EAD, conseguindo, com isso, resultados exatamente antagônicos aos esperados, como, 
por exemplo, a boa colocação dos formandos no mundo do trabalho. 
 
Sobre essa modalidade de ensino, iremos aprofundá-la em aulas posteriores. 
 
Vamos testar seu aprendizado? 
Agora, iremos praticar com uma atividade! 
Arraste as características até o período correspondente. 
 
 
Nesta aula, você: 
Reconheceu a retrospectiva histórica da Didática; 
Identificou as contribuições de pensadores 
estrangeiros e brasileiros para o sistema 
educacional brasileiro. 
 
Próximos passos: 
As tendências liberais de ensino e os reflexos no 
contexto escolar. 
Aula 3: correntes pedagógicas liberais. 
 
Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas liberais que se dividem em tradicional, escola nova 
e tecnicismo, sendo importante compreender porque esses três modelos foram agrupados dentro da 
perspectiva liberal de ensino. 
 
Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a ela se organiza, o 
papel do professor e do aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da aprendizagem, os objetivos 
educacionais, a metodologia e a avaliação escolar. 
 
Objetivos: 
1. Diferenciar as tendências pedagógicas liberais de ensino; 
2. Identificar os pontos comuns entre as tendências liberais de ensino; 
3. Avaliar o sentido da didática nos diversos contextos sócio históricos, se apropriando criticamente acerca 
dos modelos teóricos; 
4. Reconhecer porque as tendências liberais de ensino contribuem para a reprodução da sociedade; 
5. Reconhecer que a docência é um ato político e está articulada ao modelo de sociedade que se deseja 
contribuir para construir. 
 
Correntes pedagógicas liberais: tradicional, escola nova e tecnicismo 
Para início de conversa, é importante mencionar o porquê do termo liberal e, aí, nos reportamos a Dermeval 
Saviani (2008) que oferece a seguinte explicação: 
 
O termo liberal veio para justificar a nossa sociedade capitalista que é caracterizada pelo individualismo, pelo 
imediatismo, competitividade e o consumo. E é sob essas bases que as tendências pedagógicas em questão 
se alicerçam. 
 
Sobre as tendências pedagógicas que poderão respaldar a nossa prática, vale dizer que elas não se excluem, 
se complementam e se nos perguntaremem que ou quem fundamentamos a nossa prática, talvez tenhamos 
dificuldades para responder, pois, ora podemos respaldar a prática em uma teoria, ora, em outra. 
 
Atenção! 
 
Talvez possamos constatar o que está predominando nas ações dos profissionais da educação. Em outras 
palavras, queremos dizer que, ao observarmos uma aula de um determinado professor, podemos constatar 
como ele está trabalhando o conhecimento, assim como podemos verificar como esse professor se relaciona 
com seus alunos e os avalia; a propósito, como ele constrói suas questões de prova, por exemplo, e, a partir 
daí, ensaiar algumas considerações a respeito de sua prática docente. 
 
Para facilitarmos a aprendizagem sobre as tendências pedagógicas, optamos por sistematizá-las, apontando 
suas características, discutindo sobre os reflexos no espaço de sala de aula, lembrando, mais uma vez, que 
são apenas referências da prática e nunca solução definitiva sobre como ser professor. 
 
Você já imaginou se deparando com um “problema” no cotidiano escolar tal como a apatia dos alunos na sala 
de aula e, aí, procurar no manual, na letra a de apatia, para saber como lidar com essa situação? 
 
Pois é, as teorias oferecem um norte, iluminam a nossa prática, porém, não são redentoras1, cabendo ao 
professor comparar dialeticamente a sua realidade, a sua prática às teorias estudadas e apresentar sua 
própria prática que não será uma prática qualquer, mas fundamentada porque estudada, consciente e 
refletida. 
 
1 Libertador; que é capaz de redimir, de libertar, de salvar. 
 
Vamos, então, às tendências pedagógicas liberais que poderão respaldar as nossas ações? 
 
Modelo Tradicional 
Esse modelo tem como representantes principais Comenius (Pai da Didática Magna) e Herbart (Pai da 
Pedagogia Tradicional) e, conforme já deve ter sido mencionado em aulas anteriores, nesse caso, o professor 
é o centro do processo de aprendizagem; ele detém o poder do conhecimento. 
 
Antes de aprofundarmos nossos estudos nesse modelo de abordagem, vejamos o videoclipe da música 
Another Brick in the Wall (Part II), do grupo Pink Floyd. 
 
De acordo com o que acabamos de ver no vídeo da sessão anterior, no modelo tradicional, o aluno é 
considerado “sem luz”. O conhecimento é transmitido vertical e hierarquicamente do professor para o aluno 
que recebe, passivamente, uma massa de informações para arquivar em sua mente. 
 
Para Libâneo (2013), na Pedagogia tradicional, prepondera a ação de agentes externos na formação do 
aluno. A transmissão do saber é constituída na tradição e nas grandes verdades acumuladas pela 
humanidade. O ensino é compreendido como um repasse de ideias do professor para a cabeça do aluno; os 
alunos devem compreender o que o professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria 
transmitida. 
 
Com isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, não mobilizando a atividade mental, a reflexão e o 
pensamento independente e criativo dos alunos. 
 
Talvez, aqui, possamos identificar um dos porquês dessa abordagem ser incluída nas pedagogias liberais de 
ensino, pois, como o aluno não pode questionar seu professor, ele não exercita a cidadania crítica; a ciência 
não é desvelada, desmistificada e o aluno, por sua vez, tem que aceitar o que está posto e se adaptar ao 
sistema, se desenvolvendo intelectual e moralmente. 
 
Diante disso, quando o conhecimento é determinado como verdade absoluta, não se abre espaço para a 
discussão, para o debate, para a participação dos alunos. Como então formar esse aluno participativo na 
sociedade? 
 
Vejamos a charge a seguir: 
Diante da charge, podemos perceber que a escola tradicional está 
contribuindo, apenas, para reproduzir o sistema, a estrutura social vigente, 
pois esse aluno cidadão é condicionado a acreditar que os fatos são 
inexoráveis, imutáveis. 
 
Paulo Freire criticou a Pedagogia tradicional, denominou de educação 
bancária, enciclopedista, conteudista. Ao aluno não é possível despertá-lo 
sobre o sentido do aprendizado. Quando há questionamento sobre o 
porquê de aprender tal conteúdo, muitas vezes, o professor tradicional 
responde que é porque cairá na prova ou porque está no programa, mas, o porquê mesmo, o sentido da 
matéria, esse professor, talvez, nem saiba responder, pois, igualmente, foi educado pelo método reprodutor, 
assumindo a condição de mero repassador de informações. 
Normalmente, se prendem aos livros didáticos, repassando o conteúdo, o conhecimento como se fosse seu e 
com essa prática, não estimula a dúvida, a busca de novas respostas. O professor, nesse caso, sabe o que é 
certo e errado e impõe que os alunos copiem, memorizem e apresentem mais tarde, nas provas, as respostas 
determinadas por ele. 
Quem nunca sentou nas primeiras fileiras para não perder o que o professor fala, escrevendo em seu 
caderno o conteúdo? Quem nunca desejou gravar a aula do professor para reproduzi-la posteriormente? A 
propósito, seu professor permite que grave sua aula? Sim, Não? Qual o motivo? Que tal investigar? 
Na verdade, são muitos questionamentos, muitas respostas que podemos buscar e identificar se o professor 
respalda a prática predominantemente na Pedagogia tradicional. 
Quer ver? 
 Como o professor trabalha o conhecimento? 
 Ele escreve no quadro? 
 Como é o quadro do professor? 
 “Ele constrói o quadro ou traz o quadro pronto?” 
 
 Ele permite que você faça perguntas? 
 Como ele reage quando o aluno faz uma pergunta sobre um determinado assunto que, aparentemente, não 
está relacionado ao conteúdo pensado pelo professor para trabalhar na aula naquele dia? 
 Ele dá atenção ao aluno ou responde que o assunto não está previsto em seu roteiro? 
 
Exemplo de prática respaldada na Pedagogia tradicional 
O professor está trabalhando os países da Europa, as capitais. A aluna leva um cartão postal da França e 
mostra ao professor que, por sua vez, solicita à aluna para guardá-lo, pois não está tratando dos pontos 
turísticos. A aluna, constrangida, guarda seu cartão na bolsa e deixa de prestar a atenção na aula. 
O professor tinha um roteiro previamente planejado, não tornando sua prática flexível. Em seu roteiro dizia: no 
dia X fale das capitais dos países da Europa. Ele se torna refém do planejamento, não admitindo novas 
possibilidades. Certamente, essa foi a prática que ele aprendeu: reproduzir os modelos alheios. 
No livro didático, usado pela turma, em um dos capítulos sobre a Europa, o objetivo estabelecido era: levar os 
alunos a identificarem as capitais dos países da Europa. 
Veja, agora, o que conta Rachel de Queiroz no texto a seguir 
Você reconhecerá um pouquinho da infância de uma importante escritora brasileira: Rachel de Queiroz, que 
nasceu em 1910, no estado do Ceará. 
Isto se passava lá pela década de 1920. Toda tarde, ao encerrar as aulas, naquela escola do Alagadiço, em 
Fortaleza, se dava a sabatina da tabuada. 
(Vocês sabem o que é? É a tabela das quatro operações, com números de um a dois algarismos). 
As crianças decoravam a tabuada em voz alta, cantando assim: “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, 
quatro. Duas vezes três, seis” etc. etc. 
Na hora da sabatina, os alunos de toda a classe formavam, de pé, uma roda, com a palmatória à vista, na 
mão da professora. 
Somar e diminuir era fácil, mas, quando chegava a tabuada de multiplicar, era um perigo. 
A casa do sete, por exemplo, era a mais difícil: “Sete vezes seis, sete vezes oito” — já 
sabe, o coitado que errava, a professora mandava o seguinte corrigir e, se ele acertasse, 
tinha direito de dar um bolo de palmatória na mão do que errou. Doía como fogo. 
Sempre havia os sabidinhos que decoravam tudo e davam bolo nos outros. Mas recordo 
um grandalhão chamado Alcides que não acertava jamais. Mas não chorava nunca, podia levar vinte bolos,mordia os beiços e aguentava firme. Quando chegava em casa, estava com as palmas inchadas e tinha que 
botar as mãos de molho na água de sal. 
Algum tempo depois, inaugurou-se a chamada “ESCOLA NOVA”. Acabaram com a tabuada, com a sabatina e 
com a palmatória. 
Acho que foi boa ideia. 
Fonte: QUEIROZ, Rachel de. Memórias de menina. Rio de Janeiro, José Olympio, 2003. 
Nesse caso, os alunos eram solicitados a decorar a tabuada, o que poderá tornar o aprendizado mecânico e 
questionável, uma vez que, é bastante comum, tão logo passar a prova, o conhecimento ser esquecido. 
Sistematizando informações sobre o modelo tradicional de ensino 
Papel da escola: Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir seu papel na sociedade. Porém, 
para assumir seu papel na sociedade como? 
Organização da escola: Funções claramente definidas e hierarquizadas. Normas disciplinares rígidas. 
Professor: É o transmissor dos conteúdos aos alunos. 
Aluno: Um ser passivo que deve assimilar os conteúdos transmitidos pelo professor. Aluno educado que 
deverá dominar o conteúdo cultural universal transmitido pela escola. 
Relação aluno-professor: Predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dos alunos e 
impede qualquer comunicação entre eles. 
Pressupostos de aprendizagem: Aprendizagem receptiva e mecânica, sem considerar particularidades, o 
contexto. 
Objetivos educacionais: Obedecer a sequência lógica dos conteúdos, baseados em documentos legais. 
Ênfase nos objetivos específicos. 
Conteúdos escolares/programáticos: Selecionados a partir da cultura universal acumulada. Organizados 
em disciplina, quantidade de conhecimentos repassados como verdade absoluta. Conteúdos fragmentados e 
isolados do contexto. 
Método: Exposição verbal da matéria, centrado no professor, leituras, cópias, ditados, exercícios de fixação; 
uso excessivo do quadro que é previamente determinado, pronto e não construído conforme o andamento da 
aula e a participação dos alunos. 
Avaliação: Valorização dos aspectos cognitivos com ênfase na memorização da matéria, ênfase na 
quantidade de informações assimiladas, ênfase no produto final, na classificação. 
 
Escola Nova: denominada de ativa, progressiva ou progressivista, renovada 
Esse modelo pedagógico tem como um dos representantes brasileiros Anísio Teixeira que foi aluno de J. 
Dewey e, por conta disso, Anísio teve uma formação respaldada na cultura americana, do aprender fazendo, 
do educar para a ação, do empreendedorismo, diríamos hoje. 
 
De fato, foi uma evolução em relação ao modelo tradicional, pois o aluno passaria a estudar, a aprender 
“colocando a mão na massa”, vendo no plano concreto o conceito abstrato, generalizado. Por esse motivo, 
também podemos dizer que J. Piaget representa esse modelo, uma vez que trata dos estágios cognitivos que 
vão desde o plano concreto – quando a criança precisa ter o objeto “ao vivo e a cores” em suas mãos – até 
que desenvolva a representação mental do mesmo. 
 
Afim de compreendermos melhor o que estudamos até aqui, vejamos uma cena do filme Uma professora 
muito maluquinha. 
 
Note, no vídeo, que o professor passará a estreitar os vínculos com o aluno, se relacionando de forma mais 
amigável, centralizando o ensino no educando, permitindo, ao mesmo, mais espontaneidade, comportamento 
ativo de modo que o aluno não aprenderia mais, apenas, ouvindo seu professor dissertar? 
 
O aluno poderia participar de aulas práticas, em laboratórios, experimentação, soluções de problemas, aulas 
passeio, na horta, aulas lúdicas, aprender fazendo, ou seja, constatando, na prática, o conceito estudado 
teoricamente. Em outras palavras, se debruçando sobre o objeto de estudos, em uma relação indivíduo-
organismo/meio. 
 
Um modelo bastante interessante para se trabalhar disciplinas de ciências naturais, fazendo experimentos. 
 
Vejamos a charge a seguir: 
Você percebeu a ironia da charge ao afirmar que o processo de avaliação seria justo? 
 
Diante dessa necessidade de mudança no processo de avaliação, na Escola 
Nova, o professor, por sua vez, acompanha o ritmo cognitivo do aluno, volta-se 
para as potencialidades e as lacunas cognitivas. Observe que a ênfase ainda 
recai sobre o indivíduo e seu ritmo, mesmo que trabalhem em grupo e, quanto a 
isso, não houve alteração em relação ao modelo tradicional. 
 
No modelo escolanovista, a ênfase recaía, então, sobre o indivíduo, mesmo que 
o professor incentivasse o trabalho em grupo em sala de aula. Os alunos que conseguissem se enquadrar 
nesse sistema por apresentar domínio do conhecimento científico seriam aprovados. Os demais seriam alvo 
de reprovação. 
 
Atenção! 
 
Atenção! Isso não significa que tenhamos que aprovar todos os alunos, que essa atitude é esperada do 
professor, mas, que, talvez, prestássemos atenção em outros saberes, igualmente, formativos, relevantes na 
formação do sujeito, que vão além do domínio cognitivo (domínio das ciências). 
 
O que adianta um aluno gabaritar uma prova de Biologia e não demonstrar consciência ecológica, nem o 
respeito pelos colegas? 
 
Vamos avaliar o conhecimento, mas, ir além, incentivando a formação de valores. 
 
 Escola Nova 
Exemplo de prática respaldada no modelo pedagógico escolanovista 
Ao estudar o conceito de fotossíntese, as partes de um vegetal, o professor orienta os alunos para que 
plantem um feijão no algodão. Quem de nós nunca plantou um feijãozinho no algodão para constatar o 
fenômeno da fotossíntese ou identificar as partes do vegetal? 
Veiga (2007) se pronuncia, quanto a organização geral da Escola Nova, assinalando que é um laboratório de 
Pedagogia prática. Procura desempenhar o papel de explorador ou iniciador das escolas oficiais. 
A Escola Nova está situada no campo, porque este constitui o meio natural das crianças que oferece 
possibilidades para empreendimentos simples. A Escola Nova organiza trabalhos manuais, rurais, de 
jardinagem, trabalhos livres; que tenham uma finalidade educativa e sejam de utilidade individual ou coletiva, 
que assegurem o espírito inventivo. 
Em matéria de educação intelectual, a Escola Nova procura abrir o espírito por uma cultura geral da 
capacidade de julgar, mais que por acumulação de conhecimentos memorizados. O processo de 
aprendizagem se dá por meio da aplicação do método científico, da observação, hipótese, comprovação, lei. 
O ensino será baseado na experiência. A aquisição dos conhecimentos resulta de observações pessoais, 
visitas a fábricas, prática de trabalho manual. A teoria vem sempre depois da prática, nunca a precede. A 
Escola Nova está baseada na atividade pessoal da criança. A Escola Nova deve ser um ambiente belo, como 
desejava Ellen Key*. A ordem e a higiene são as primeiras condições, o ponto de partida. 
* Ellen Karolina Sofia Key (11/12/1849 – 25/04/1926) foi uma escritora feminista que escreveu sobre diversos 
assuntos nas áreas de família, ética e educação. Nascida em Sundsholm Mansion, na Suécia, ela foi uma das 
primeiras em advogar a abordagem centrada na criança. Key sustentava que a maternidade é tão crucial para 
a sociedade que o governo, e não os maridos, é que deveriam sustentar as mães e seus filhos. Estas ideias 
relativas ao papel do Estado de manter as crianças influenciaram as Leis de diversos países. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ellen_Key 
Esse é um modelo de ensino que mobiliza a motivação pessoal, desperta o interesse do aluno, pois ele não 
ficaria mais parado, sentado para aprender através da memorização; mas, por sua vez, é importante ressaltar, 
à luz de educadores progressistas, que essa prática da constatação de fenômenos não garante visão crítica 
de mundo, sobre o que se está estudando, não garante formação emancipada socialmente e transformadora. 
O aluno apenas constata, entretanto, não é instigado a relacionar o que aprende aos fatos, à realidade. Ele 
estuda as partes do vegetal, mas,não discute sobre a fome, a miséria, a desigualdade social e, por vezes, se 
não for despertado por alguém, professores ou outras pessoas de seu convívio, acreditará que os fatos são 
inexoráveis (inflexíveis). 
Quer ver outro exemplo? Aulas de culinária, aprender a ser prendado para corresponder às necessidades da 
sociedade: o papel de filha, de mãe. A discussão sobre o papel da mulher na sociedade fica para os 
professores críticos e progressistas. 
A educação, nessa perspectiva escolanovista, pragmatista, da prática pela prática, imediatista, com um fim 
em si mesmo, não é desvelada, não funciona como instrumento de libertação da condição de opressão. Por 
mais que as intenções de Anísio Teixeira e companheiros tenham sido de democratizar a escola pública, 
oferecendo um ensino de qualidade aos pobres para que tivessem melhores condições de vida; há notícias de 
que seus projetos de educação foram engavetados enquanto assumia cargos públicos. 
Era um idealista, mas a história não aconteceu, conforme Anísio sonhava: uma escola pública, de qualidade 
em que o aluno pudesse ter acesso à alimentação saudável, orientação para os estudos, acesso a recursos 
didáticos, professores capacitados. 
Contudo, não podemos afirmar que os professores de escolas públicas não estejam aptos a exercer a 
profissão. Bons e maus profissionais existem em qualquer domínio. É preciso lembrar que são professores 
concursados e as razões do comprometimento ou não deles com a formação das novas gerações são 
diversas, difícil de julgá-las. 
O objetivo das escolas pautadas nessa perspectiva “renovadora” ainda era fazer com que o aluno se 
desenvolvesse intelectualmente, apresentasse domínios cognitivo, afetivo e psicomotor e se ajustasse, se 
adaptasse socialmente. Importante reforçar que esse modelo pedagógico foi influenciado pela Psicologia que, 
por sua vez, recebeu influência das Ciências Naturais, o que ficou evidente, a partir dos nossos estudos sobre 
os pensadores de 1700 a 1900, na medida em que enfatizavam os aspectos biológicos. 
Nesse sentido, recebeu críticas de educadores contemporâneos, a partir da década de 1960, considerados 
progressistas, pois, a Escola Nova continuou a reproduzir a estrutura social vigente, a acentuar a 
desigualdade social. Sabe por quê? Porque o aluno, o indivíduo, era o único responsável por seu sucesso ou 
fracasso escolar e na vida, por não possuir dons naturais, aptidão, capacidade intelectual que lhe permitisse 
dominar os conteúdos e obter a aprovação no final do período letivo. 
Vale destacar, aqui, para reforçar a presença da Psicologia na Pedagogia, as influências de Francis Galton, 
primo de Darwin, bem como de Binet, ambos da área médica, no sistema educacional brasileiro. Enquanto 
Galton, foi pioneiro na Psicometria — área da Psicologia que se vale da Estatística, da quantificação para 
identificar um modo de existência do sujeito, assim como o QI (Coeficiente Intelectual) e as aptidões 
(habilidades inatas) através de testes psicológicos; Binet foi criador da I Escala de Inteligência para Crianças. 
Seu objetivo era fazer uma previsão, a partir da aplicação de testes de raciocínio em uma amostra significativa 
de sujeitos, sobre o rendimento escolar. 
Uma faixa de normalidade seria traçada mediante a média apresentada pelos indivíduos testados. Aqueles 
que apresentassem resultados, abaixo da faixa de normalidade, a previsão era de que fracassaria na escola. 
Essa prática da testagem, no campo da Psicologia, veio a se refletir no sistema de ensino com a ampla 
disseminação de provas e testes, aproximadamente, após a década de 1940. 
Os alunos que não apresentassem resultados na média ou acima ficariam reprovados, sendo excluídos do 
sistema. Com esse discurso, não estamos afirmando que não se deve aplicar testes e provas, mas, que, 
talvez, possamos lançar mão de outros instrumentos e ter como expectativa que o aluno mobilize 
competências, saberes que ultrapassem a questão dominar conhecimentos. 
Veja você quando participa dos fóruns. Eis, aí, um espaço para avaliação: se o aluno participa dos fóruns, se 
a participação é superficial, se o aluno mostra autonomia nas respostas, se ele faz cópia de sites, se escreve 
qualquer coisa no último dia do prazo. Avaliar é muito complexo, mas, estamos convidando você, professor 
em construção, para que pense na formação integral, ou seja, um aluno que apresente domínio cognitivo, 
afetivo e psicomotor, e, acima de tudo, atitude diante da vida, da sociedade, que seja um cidadão consciente 
e com desejo de contribuir para a construção de uma sociedade mais digna e feliz de se viver. 
Sistematizando informações sobre o modelo escolanovista 
Papel da escola: Preparação intelectual e desenvolvimento mental dos alunos, atendendo-os em suas 
necessidades individuais, ajustando-os à sociedade. Escola proclamada para “todos”. Adaptação social. 
Organização da escola: Funções se confundem (autoridade disfarçada); afrouxamento das normas 
disciplinares. 
Professor: É o facilitador da aprendizagem, o auxiliador no desenvolvimento “livre” da criança. 
Aluno: Um ser “ativo”, centro do processo ensino-aprendizagem. 
Relação aluno-professor: Relação “democrática”, autoritarismo diluído na fisionomia de camaradagem. 
Pressupostos de aprendizagem: Aprendizagem baseada na motivação e no esforço pessoal e no estímulo 
do meio. 
Objetivos educacionais: Desenvolver a capacidade mental do aluno e a atividade prática. 
Conteúdos escolares/programáticos: Trabalhados a partir da experiência concreta do aluno. Conteúdo 
isolado. 
Método: Solução de problemas, desafios cognitivos, pesquisa, experimentos, experiência, jogos, trabalhos 
em grupo. Estudo do meio natural e social. Registro empírico. 
Avaliação: Valorização dos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor. 
 
Tecnicismo 
A Pedagogia Liberal Tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX, chegando ao 
Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Nessa concepção de ensino, o homem é considerado produto do 
meio, sendo resultado das consequências das forças existentes em seu ambiente. 
 
O Tecnicismo acredita que a consciência do homem é formada pelas relações acidentais estabelecidas com o 
meio e devem ser controladas cientificamente através da Educação. 
 
Tendência inspirada na Teoria Behaviorista, comportamental de Skinner, essa abordagem acabou sendo 
imposta às escolas pelos organismos oficiais por ser compatível com a orientação econômica, política e 
ideológica do regime militar vigente. 
 
De acordo com a Pedagogia Liberal Tecnicista, a Educação deve atuar para o estabelecimento e a 
manutenção da ordem social vigente, se articulando diretamente com o sistema capitalista de produção. 
 
Diante disso, é possível compreender porque a Pedagogia Tecnicista emprega a ciência da mudança do 
comportamento, se apoiando então, na concepção comportamentalista (estímulo/resposta) que privilegia 
resultados rápidos e sem espaço para reflexões críticas. 
 
Segundo essa perspectiva educacional, o comportamento desejado é fixado pela recompensa. A instrução 
programada enfatiza a importância de uma definição precisa do que o aluno deverá aprender e a importância 
de estruturar cuidadosamente os materiais a serem utilizados (apostila) para o aluno aprender exatamente o 
que se quer que ele aprenda. 
 
Tecnicismo 
A técnica da instrução programada foi responsável pela ênfase que o processo ensino-aprendizagem passou 
a dar aos seguintes elementos: 
 objetivos; 
 aprendizagem em ritmo próprio; 
 concentração da atenção do aluno em uma quantidade limitada de material (módulo); 
 respostas dos alunos a cada momento (feedback imediato); 
 oportunidade para saltar partes do programa que o aluno já sabe e para repetir partes do programa em que 
tem mais dificuldades. 
 
Os princípios da técnica de instrução programada são os seguintes: 
a)A matéria é desdobrada em pequenas informações; 
b) Cada informação apresentada ao aluno exige uma resposta dele; 
c) O acerto ou o erro da resposta do aluno é reconhecido por ele imediatamente; 
d) Cada informação deve estar perfeitamente ordenada, formando conjuntos ou programas com fins 
específicos. 
Com isso, ainda hoje, predomina nos cursos de formação docente, o uso de manuais didáticos de cunho 
tecnicista, de caráter meramente instrumental. A didática instrumental se caracteriza pela racionalização do 
ensino, o uso de meios e técnicas, a otimização do tempo. 
O professor é um administrador e executor do planejamento, o meio de previsão das ações a serem 
executadas e dos meios necessários para se atingir os objetivos. Boa parte dos livros didáticos, em uso nas 
escolas, são elaborados com base na tecnologia da instrução. 
O sistema de instrução se compõe das seguintes etapas: 
a) especificação de objetivos instrucionais operacionalizados; 
b) ensino ou organização das experiências de aprendizagem; 
c) avaliação dos alunos relativa ao que se propôs nos objetivos iniciais (LIBÂNEO, 2013). 
Orientados por uma concepção mecanicista de ensino, os professores brasileiros que cursaram o Magistério 
nas décadas de 1960 e 1970, aprenderam que os planejamentos e os planos de aula deveriam estar 
centrados nos objetivos operacionalizados, e a metodologia de ensino deveria utilizar estudos dirigidos, 
planejamentos bem estruturados e recursos tecnológicos e audiovisuais, que faziam transparecer a chegada 
da modernidade no ambiente escolar. 
Na verdade, visavam a escamotear2 a intenção primeira da escola: servir ao modelo socioeconômico vigente. 
Esse modelo foi considerado um retrocesso educacional, uma vez que, na década de 1960, já se cogitava a 
respeito de uma educação libertadora com Paulo Freire. Veio no bojo do Regime Militar a partir do acordo 
MEC/USAID — Agência Internacional de Desenvolvimento — em que o currículo escolar deveria se 
enquadrar aos princípios americanizados, visando à preparação do aluno para o mercado de trabalho. 
Por outro lado, é preciso pensar nos objetivos, no que pretendemos alcançar. Se queremos respostas 
imediatas, talvez, a proposta adequada seja essa. Exemplo: quando desejamos nos preparar para concursos 
públicos. 
Exemplo de prática respaldada no modelo pedagógico tecnicista 
Cursos de idiomas, Kumon, Senai, Sesc, Senac, escolas técnicas, politécnicos, cursos de curta duração, 
modalidade do ensino à distância quando os alunos realizam exercícios de fixação e o feedback é imediato, 
ou seja, de forma rápida o aluno sabe que errou ou acertou. 
Nesses casos, em geral, o conteúdo é controlado pelo professor que assume o papel de instrutor, tutor. A 
relação é de causa e efeito; o ensino é controlado pelo meio, esperando que o aluno apresente a resposta 
desejada. São cursos por módulos em que os alunos só passam para o segundo módulo até que sejam 
aprovados no primeiro, sendo o conteúdo fragmentado, não articulado e há a presença do condicionamento, 
visando exclusivamente à aprovação, à obtenção do título. 
Um professor de Ensino Médio profissionalizante, visando a “dinamizar” e a “garantir” a aprendizagem dos 
alunos, resolveu trabalhar os conhecimentos referentes às doenças sexualmente transmissíveis, projetando 
no “data show” os tipos existentes e a forma de prevenção e tratamento, mas sem discutir suas implicações 
sociais. 
No planejamento do professor, constavam apenas os objetivos específicos, comportamentais que os alunos 
deveriam apresentar, dentre eles: - 
 identificar as DSTs; 
 comparar as formas de prevenção; 
 diferenciar os tipos de tratamento. 
 
Em seguida, o professor fez um estudo dirigido, colocando o nome da doença e solicitando que os alunos 
apresentassem a forma de prevenção e tratamento, conforme sua instrução programada, uma técnica de 
ensino com base na teoria do reforço. 
Aqueles que acertaram tudo, ganharam o direito de manusear o computador da escola e aqueles que não 
acertaram, ficaram na sala de aula. 
Sistematizando informações sobre o modelo pedagógico tecnicista 
Papel da escola: Modelar o comportamento humano através de técnicas específicas; manter a ordem social; 
preparar para o mercado de trabalho. Organização da escola: Modelo empresarial aplicado à escola; divisão 
entre planejamento e execução. Currículo organizado baseado em modelos americanos. Professor: É o 
técnico, tutor que aplica um conjunto de meios que garantem a eficiência do ensino, controlando o resultado. 
Aluno: Um elemento para quem o material é preparado, devendo ser eficiente, produtivo, técnico. 
Relação aluno-professor: Relação objetiva onde o professor transmite informações e o aluno vai fixá-las, 
seguir o comando externo. 
Pressupostos de aprendizagem: Aprendizagem baseada na eficiência, no desempenho, na administração, 
controle do tempo; aprendizagem individualizada. O ensino é um processo de condicionamento. 
Objetivos educacionais: Específicos, operacionalizados a partir de classificações (verbos precisos). 
Conteúdos escolares/programáticos: Informações, princípios, leis estabelecidas, ordenados e estruturados 
em uma sequência lógica e psicológica por especialistas (conteudista/mentor, tutor da disciplina). 
Método: Instrução programada, módulos. Ênfase nos recursos audiovisuais, TICs3, apostilas. Fundamentado 
na teoria comportamental — recompensa e punição (estímulo-resposta) – S – R. Transmissão de informações 
precisas, objetivas, rápidas. Tele-educação, EAD. 
Avaliação: Visa a resultados, à produtividade, ao alcance dos objetivos específicos, à mudança de 
comportamento — eliminação de resposta/comportamento inadequado. 
 
Afim de reforçarmos o que estudamos até aqui, vamos fazer uma atividade? 
 
2 fazer com que (algo) desapareça sem que ninguém perceba. 
3 TIC = Tecnologias da informação e comunicação 
 
Observe e analise o fenômeno educativo representado pela gravura abaixo, à luz das teorias estudadas, 
apontando a pedagogia que está predominando na prática docente. 
 
 
 
Gabarito: 
A gravura representa um professor falando, dissertando, sendo o centro do 
processo e os alunos ouvindo passivamente as explicações para reproduzir 
posteriormente nas avaliações. 
• Nesta aula, você: 
Identificou as tendências pedagógicas liberais que poderão respaldar a prática docente; 
Reconheceu as tendências pedagógicas liberais e os reflexos no espaço de sala de aula. 
• Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: 
As tendências pedagógicas progressistas. 
 
Aula 04, Corrente pedagógicas progressistas 
 
Introdução: Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas progressistas que se dividem em 
libertadora, libertária e crítico social dos conteúdos, sendo importante compreender porque esses três 
modelos foram agrupados dentro da perspectiva progressistas de ensino. 
 
Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a escola se organiza, 
o papel do professor e do aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da aprendizagem, os objetivos 
educacionais, a metodologia e a avaliação escolar. 
 
Bons estudos! 
 
Objetivos: 
• Diferenciar as tendências pedagógicas progressistas de ensino; 
• Identificar os pontos comuns entre as tendências progressistas de ensino, se apropriando criticamente 
acerca dos modelos teóricos; 
• Reconhecer o sentido da didática nos diversos contextos sócio históricos; 
• Analisar porque as tendências progressistas de ensino contribuem para a transformação da sociedade; 
• Reconhecer que a docência é um ato político e está articulada ao modelo de sociedade que se deseja 
contribuir para construir. 
 
Professores progressistas e tradicionais 
O fato do professor se considerar progressista, crítico, não significa quenão possa adotar uma prática mais 
tradicional, mas, apesar disso, você sabe qual é a diferença entre esses dois tipos de professores? 
 
Vejamos: 
Professor pesquisador 
O professor pesquisador aprendeu a ser autor do que faz, não reproduzindo modelos pedagógicos, não 
replicando conhecimentos, de modo que, ao adotar uma prática mais tradicional, ele terá consciência sobre o 
que está fazendo, conseguirá se responder sobre o sentido de sua prática e, em caso de ser questionado, 
argumentará com fundamento. 
 
Professor reprodutor 
Eis, aí, a diferença entre o professor pesquisador, crítico, transformador em relação ao professor reprodutor 
que, se for perguntado sobre sua prática, sobre o porquê de trabalhar um determinado assunto, responderá 
que o motivo é porque está no livro, no programa, na ementa, no planejamento determinado pela escola. 
 
Esse professor reprodutor, diferente do crítico, não interiorizou o conceito de pesquisador, de sujeito 
autônomo. 
 
 Professores progressistas e tradicionais 
O professor crítico, progressista não fica aprisionado ao “mito do porto seguro”, nem a uma única resposta 
sobre um determinado fato, fenômeno estudado. Ele indaga mais e responde menos, instiga o pensamento 
crítico do aluno, provoca a reflexão, a dúvida, administra os conflitos e não os evita; aponta as contradições 
sociais, adota o método da contradição entre o que se discursa academicamente e o que se vive, de fato; a 
metodologia contextualizada que, segundo Rays (2011, p. 100-103): 
“nasce e renasce da situação didática em desenvolvimento, de uma situação didática específica que envolva 
(em termos de proximidade) a totalidade das contradições, da problematicidade do mundo educacional e do 
mundo social [...] a contradição é, sem dúvida, o elemento gerador que leva a ação didática a proporcionar a 
assimilação crítica e criativa do conhecimento e à elaboração de conhecimentos em situações didáticas 
específicas e às manifestações [...] a elaboração do conhecimento é relevante para toda e qualquer situação 
didática, uma vez que está diretamente ligada a sua própria possibilidade dialética de promover mudanças na 
realidade que gerou a situação de contradição e sua subsequente superação, em face do aparecimento de 
novos fenômenos de natureza instrucional, educacional, política, social, cultural e econômica”. 
Na prática, trata-se de o professor fazer a escuta trabalhada, partir do óbvio, da realidade do educando e 
devolver de forma sistematizada, científica, sob risco de submetê-lo à condição de opressão (velada ou não) 
ao sonegar a ciência a ele. 
Essa não deve ser a proposta quando se compreende a educação como instrumento de libertação, de 
transformação de realidades sociais. Nesse sentido, cabe ao professor indissociar escola e sociedade, ensino 
e pesquisa, tendo como objeto de estudos a sua própria prática, o cotidiano escolar. Para Rays (2011, p. 104): 
“a opção pela metodologia da contradição é justificável, uma vez que não é possível prever teoricamente 
todos os casos e situações didáticas no desenrolar do processo educativo. Para que exista unidade entre 
escola e vida, entre instrução e educação, entre saber cotidiano e saber elaborado, é preciso que o educador 
e o educando tenham uma postura consciente e crítica dos contrastes sociais refletidos no processo de 
ensino-aprendizagem”. 
Eis, aí, o papel do professor pesquisador, crítico, transformador, que é aquele que se inquieta diante do 
desconhecido, do concreto ainda não pensado teoricamente e que investiga, que busca respostas para sua 
prática, que exercita a práxis (ação-reflexão-ação). 
A práxis tem um caráter intencional e não se refere a qualquer prática, mas uma prática pensada, 
fundamentada e na visão de Ribeiro (1991, p. 30), na práxis, “está contida a teoria por se tratar de uma prática 
de um ser consciente — o que equivale a dizer que se trata de uma prática dirigida por finalidades que são 
produtos da consciência; finalidades estas que para se efetivarem exigem um mínimo de conhecimento”. 
A prática pedagógica pressupõe uma relação teórico-prática, pois a teoria e a prática encontram-se em 
indissolúvel unidade, e só por um processo de abstração podemos separá-las. Em outras palavras, separadas 
quando o professor disserta um conhecimento como verdade absoluta, não incluindo o aluno no processo de 
aprendizagem, determinando de fora para dentro, sem endereço, sem contexto. 
Como atividade humana, a prática pedagógica pode se constituir em atividade de prática, em uma visão 
utilitarista, imediatista, ativista, espontaneísta e pragmatista, com um fim em si mesmo, tomando como 
referência exclusivamente a própria prática ou em uma práxis guiada por intenções conscientes. 
De um lado, temos uma prática pedagógica repetitiva que o professor reproduz ano após ano e não se 
questiona e, de outro lado, temos a prática reflexiva. No primeiro caso, a unidade teoria e prática é rompida, a 
fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo dificuldades para a introdução do 
novo. Nesse terreno, a prática do professor vai se efetivando na estagnação, na continuidade de uma mesma 
ação, mecanizada, burocratizada, formal, o que poderá leva-lo à alienação do seu trabalho e de seus pares, 
parceiros de aprendizagem, correndo-se o risco de não se reconhecerem no que realizam. 
Já, a prática reflexiva é aquela enunciada por Paulo Freire (1975, p. 9): “Ninguém educa ninguém, como 
tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. 
 
Tendências progressistas 
A prática pedagógica reflexiva tem como pontos de partida e chegada a prática social, tendo como 
preocupação produzir mudanças qualitativas e, para isso, procura-se munir-se de um conhecimento crítico e 
aprofundado da realidade. Caracteriza-se como fonte e geradora de novos conhecimentos. 
 
Dentro dessa perspectiva, expomos a seguir as três tendências progressistas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Libertadora: Década de 1960. Libertária: Década de 1980. Crítico social dos conteúdos. 
 
Trataremos de cada uma delas a seguir... 
 
Libertadora: Década de 1960 
Esse modelo de Pedagogia tem Paulo Freire (1921-1997) como referência, considerado um 
dos maiores educadores brasileiros do século XX. Para esse pensador, a educação deve 
ser instrumento de libertação do estado de opressão. 
 
Ele defende uma prática educativa transformadora, fundada na ética, no respeito à 
dignidade e à própria autonomia do educando. Nas condições de verdadeira aprendizagem, 
os alunos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber 
ensinado, ao lado do educador, igualmente, sujeito do processo. 
 
Nessa linha de pensamento, o professor deve incentivar a curiosidade, a liberdade de expressão, a 
criatividade, o pensamento crítico através da pesquisa; viver e aprender com o diferente, criar 
possibilidades e saber escutar. 
 
Nesse modelo, o professor deve dialogar sobre a negação do próprio diálogo. Ensinar exige a convicção de 
que a mudança é possível. A prática pedagógica deve ser problematizadora e dialógica; levar o sujeito à 
reflexão sobre o mundo, a reconstrução crítica do mundo. É um ato de criação que se estabelece entre aluno 
e professor. O diálogo deve ser autêntico. 
 
Paulo Freire é adepto do método da conscientização, da humanização, da politização. Acredita que a 
educação é uma prática libertadora. Através da educação, o homem pode criar sua possibilidade de ser livre, 
de romper com o estabelecido, com a ordem atual. 
 
Sem um trabalho pedagógico libertador, sem o reconhecimento do outro, encontramos homens oprimidos na 
luta para serem opressores e não para reverter uma situação histórica, de dominados e dominantes. 
 
 Pedagogia libertadora 
Paulo Freire é adepto do método da conscientização, da humanização, da politização. Acredita que a 
educaçãoé uma prática libertadora. Através da educação, o homem pode criar sua possibilidade de ser livre, 
de romper com o estabelecido, com a ordem atual. 
Sem um trabalho pedagógico libertador, sem o reconhecimento do outro, encontramos homens oprimidos na 
luta para serem opressores e não para reverter uma situação histórica, de dominados e dominantes. 
O autor cita, em sua obra literária, o exemplo da Reforma Agrária onde os camponeses que se tornam 
capatazes passam a ser mais duros que seus antigos opressores. Isso significa dizer que a situação concreta 
vigente de opressão não foi transformada. O oprimido passa a ser assim porque tem introjetado 
[interiorizado] nele o opressor. 
Um homem novo deve se libertar desse ciclo vicioso de opressor e oprimido. O oprimido acomodado, 
adaptado, conformado teme a liberdade, enquanto não se sente capaz de correr o risco de assumi-la. 
O homem novo, para Paulo Freire, é aquele que consegue, através da incessante busca, transformar uma 
realidade social, é aquele que se liberta em comunhão, nutrindo-se do amor à vida e não à morte (violência). 
Importante ressaltar que a opressão não ocorre apenas no contexto escolar, na relação aluno-professor e sim 
em todos os setores da sociedade, tais como saúde, transporte, segurança, ou seja, em diversas situações do 
nosso cotidiano. 
A educação libertadora teria como função formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, 
despertando nos alunos o desejo de intervenção social a partir das inquietações que fazem com que saíamos 
do lugar, da zona de conforto. 
Sobre a pedagogia libertadora de Paulo Freire, importante salientar que não se trata, apenas, de ficarmos no 
senso comum, no saber popular, mas, articulá-lo ao saber científico, partindo de temas geradores e fazendo a 
“ponte” entre escola e sociedade. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (p. 
25). 
Sua proposta de ensino volta-se para a necessidade de estabelecer intimidade entre os saberes curriculares 
(conhecimento científico / propedêuticos1) e os saberes dos alunos (conhecimento espontâneo). 
 
1 Preliminar, introdutório. 
Para Freire, a história é um tempo de possibilidades, portanto, não deve ser compreendida como determinada 
e acabada. Alunos e professores são sujeitos ativos que fazem história e não simplesmente passam por ela. 
Sistematizando informações sobre o modelo pedagógico libertador: 
Papel da escola: Conscientização acerca da realidade, transformação da sociedade. 
Organização da escola: Democrática, participativa, de qualidade, igualitária, plural. 
Professor: Autoridade competente e democrática. 
Aluno: Sujeito protagonista da história. 
Relação aluno-professor: Igualitária, não paternalista. 
Pressupostos de aprendizagem: Educação como transformação Social. 
Objetivos educacionais: Definidos a partir da realidade concreta, do contexto histórico-social no qual se 
encontram os sujeitos; visão crítica de mundo; libertação da opressão. 
Conteúdos escolares/programáticos: Temas geradores extraídos da problematização da prática de vida 
dos alunos. 
Método: Da conscientização, da polemização, da problematização, grupo de discussão, da confrontação, 
dialógica, dialética [Arte de argumentar ou discutir]. Teoria e prática. Temas geradores. 
Avaliação: Visa à superação do estágio do senso comum (“desorganização” do conteúdo) para a consciência 
crítica. 
 
Exemplo de prática respaldada na pedagogia libertadora 
Imaginemos a seguinte situação... 
Situação do cotidiano escolar... 
Os alunos estão estudando sobre alimentação, sobre a importância das frutas para o funcionamento do 
organismo, quando ocorre uma pergunta: 
 
— “Professora, o que acontece se você comer manga e depois tomar leite? ” 
 
— “Minha mãe dizia que comer manga e depois tomar leite fazia mal. Ela até conheceu um rapaz que morreu 
por isso. Pode até ser que não faça mal, mas eu não arrisco”. 
 
Saber científico... 
— “Mas o médico não fala que faz mal misturar leite com manga. Ele fala que depende do organismo de cada 
um. Então, como a gente fica? Essa ideia vem do tempo da escravidão. Para os escravos não comerem 
muito, os donos das fazendas falavam que comer manga com leite fazia mal. Eles colocavam medo nos 
escravos e isso chegou até nós” (professor). 
 
Atenção 
 
Como se vê, a partir do diálogo entre aluno e professor, a finalidade é partir do óbvio, segundo Freire e 
devolver de forma científica, desvelando-se2 os fatos, descoutando3 realidades. 
 
Libertária: Década de 1980 
O modelo da pedagogia libertária não se afasta muito do modelo libertador. Não 
é à toa que foi classificado também como progressista, na medida em que seus 
representantes criticam todas as formas de autoritarismo, impessoalidade, 
formalidade e distanciamento. 
 
Na tendência libertária, há um sentido expressamente político, à medida que se 
afirma o indivíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual 
somente se realiza no coletivo. Essa corrente foi pensada com a intenção de 
incentivar a participação grupal em assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações, grêmios, DCE 
 
2 Tornar visível o que tornou-se escondido. Tirar o véu. Tornar visível. 
3 Descoutando vem do verbo descoutar. Significado de descoutar Tirar os privilégios de couto a (uma propriedade). 
Variação de descoitar. 
[Diretório Central dos Estudantes], DA(s), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições 
externas, levará para a escola tudo o que aprendeu. 
 
A ideia básica da pedagogia libertária é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos 
que, em seguida, vão contaminando todo o sistema. Quanto aos conteúdos de ensino, eles estariam 
presentes a partir das disciplinas, mas, não seriam exigidos. Importante é o conhecimento que resulta das 
experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica (LIBÂNEO, 
1987). 
 
 Pedagogia libertária 
Célestin Freinet4 (1896-1966) — Entre 1921 e 1924 pensou em práticas pedagógicas que pudessem originar 
atividades de aula voltadas para os interesses dos alunos. A Pedagogia de Freinet influencia, até os dias de 
hoje, diversas escolas no mundo, incluindo as brasileiras. 
As suas ideias são marcadas por alguns pressupostos básicos, dentre os quais: 
 O desenvolvimento do senso de responsabilidade dos alunos; 
 O desenvolvimento do respeito e da cooperação entre alunos, professores e funcionários e; 
 A preocupação com a socialização do grupo e o desenvolvimento do julgamento, da autonomia pessoal, da 
expressão livre de ideias, da criatividade, da comunicação, da reflexão crítica e da afetividade entre todos que 
convivem no ambiente escolar. 
 
A pedagogia proposta por Freinet, diz que: 
 As notas e as classificações atribuídas aos alunos se constituem como um erro no sistema de ensino; 
 Os professores devem falar o menos possível; possibilitando mais a fala dos alunos; 
 A ordem e a disciplina são necessárias, mas não devem ser impostas, mas sim, discutidas e votadas 
democraticamente pelo grupo e; 
 A vida escolar supõe cooperação e gestão e a democracia não é um conceito que se aprende, mas sim, 
que se vivencia na escola. 
 
Para Freinet o regime autoritário (tanto nas escolas, como na vida) não é capaz de formar cidadãos 
democratas. Assim, uma das primeiras condições para a renovação das escolas deveria estar relacionada ao 
respeito às crianças que, por sua vez, deveriam respeitar os professores e os funcionários. 
 
A seguir, encontram-se os principais aspectos metodológicos da pedagogia criada por Freinet: 
 Aula Passeio — seu objetivo principal era motivar os alunos para a construção de novos conhecimentos em 
um ambiente não escolar; 
 Texto livre e correção

Outros materiais