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20 HSM Management 100 • setembro-outubro 2013 hsmmanagement.com.br A síntese da gestão 100DOSSIÊ 4 X 100 lições de Drucker O pensador que revolucionou o management e inspirou a HsM ao longo de sua trajetória tem ensinamentos – sobre o Brasil, inclusive– que precisarão ser incorporados pelas empresas durante os próximos 50 anos 20 HSM Management 100 • setembro-outubro 2013 hsmmanagement.com.br 21HSM Management 100 • setembro-outubro 2013 hsmmanagement.com.br E le foi um renascentista extem- porâneo; tinha o domínio de questões filosóficas, religio- sas, políticas e econômicas, assim como Leonardo da Vinci dominava as ciências e as artes. José Salibi Neto, cofundador e diretor do Grupo HSM, e amigo pessoal do espe- cialista austríaco, definiu-o como um pensador sistêmico, que dava conta de processos e orga- nizações inteiras, não de funções isoladas. Foi considerado o “pai” da gestão e um dos cére- bros mais brilhantes dos últimos 100 anos, en- tendendo antes de todos que a empresa estava passando a ser uma instituição realmente re- levante para a humanidade, e soube enxergar, como poucos, as pontes que levam do passado e presente ao futuro. Drucker faleceu em 11 de novembro de 2005, aos 95 anos de idade, deixando como legado uma nova maneira de entender os negócios, o capitalismo (incluindo seus desacertos) e a so- ciedade. Em seus mais de 30 livros e incontáveis artigos e entrevistas, muitos dos quais a HSM Management, enfatizou com clareza extraor- dinária as duas maiores verdades do manage- ment: a necessidade de incorporar as melhores pessoas –como funcionários ou parceiros– e a de se colocar do lado do cliente. Rick Wartzman, autor de O que Drucker Faria Agora? (ed. Leya), confirma isso: para ele, a ina- creditável atualidade do pensador se deve ao fato de ele nos recordar que o management res- ponsável não se baseia em modas passageiras nem no desenvolvimento de novos produtos, mas em princípios profundos, relacionados com o ser humano, que é quem está por trás de todo e qualquer empreendimento. Este artigo contendo 100 lições essenciais de Drucker, divididas por temas, não é ape- nas uma homenagem de HSM Management a nosso mentor e inspirador; reunimos um con- teúdo voltado para uma competitividade sus- tentável que ainda não foi suficientemente aprendido pelas empresas e que, por isso, con- tinua a lhes ser útil, no presente e no futuro. O texto é de Laura Babini, colaboradora de HSM MANAGe- MeNT, que consultou The end of economic Man (ed. Transac- tion), O Gestor eficaz (ed. Zahar), Prática da Administração de empresas, Administrando para Obter resultados, Inova- ção e espírito empreendedor, Sociedade Pós-capitalista, De- safios Gerenciais para o Século XXI (os cinco da ed. Thomson Pioneira), Management: Tasks, responsibilities, Practices (ed. Harper & row), The Age of Discontinuity (ed. Transaction) e A Administração na Próxima Sociedade (ed. Nobel), todos de Drucker, e ainda suas entrevistas e artigos nesta revista. E 22 HSM Management 100 • setembro-outubro 2013 hsmmanagement.com.br A síntese da gestão 100DOSSIÊ 4 X VISãO GLOBAL e HuMANISTA 1. Não se faz a gestão desejada sem pessoas dig- nas, responsáveis e éticas. 2. Gerenciar é essencialmente lidar com pessoas e, portanto, lidar com os valores das pessoas. 3. O management não é uma ciência ou uma arte, mas uma profissão que, como a medicina ou o di- reito, deve procurar extrair o melhor das pessoas. 4. A gestão é necessária em todo tipo de organiza- ção, não apenas na empresarial. 5. No centro da sociedade e da economia moder- nas não estão a tecnologia nem a produtividade, mas as instituições (com e sem fins lucrativos). 6. O único modo de proteger a liberdade –e evitar a tirania– é com instituições cujos gestores garan- tam um desempenho responsável e autônomo. 7. A empresa deve ser entendida como uma co- munidade humana; é construída com base na confiança mútua e no respeito ao trabalhador. 8. Para que existe a empresa? Para o benefício da sociedade (não apenas para o lucro...). 9. Uma organização não é, nem pode ser, um con- ceito absoluto. É um meio para que as pessoas sejam mais produtivas no trabalho em conjunto. GeSTãO 10. A gestão é a atividade distintiva de toda orga- nização; sua responsabilidade é por tudo o que afeta o desempenho e os resultados da empresa. 11. Ainda que o estudo da gestão tenha se ba- seado, inicialmente, na hipótese de que existia um único modelo correto de organização, hoje é evidente que não há uma empresa correta, mas várias, cada qual com suas forças e fraquezas. 12. A gestão deve se orientar pelos resultados, não pelos processos. 13. Os resultados estão fora da empresa, já que são provenientes do aproveitamento de oportuni- dades, e não da solução de problemas. 14. O bom Deus fez as coisas de tal modo que as árvores não crescessem ininterruptamente até o céu. E não há nenhuma empresa que vá crescer e sair-se bem para sempre. O período médio de su- cesso da maioria é de 30 anos. Mesmo as excep- cionalmente bem administradas passam os 20 ou 30 anos seguintes equilibrando-se. 15. Os gestores não devem perguntar-se como tornar uma área do negócio mais eficiente, e sim se tal área precisa mesmo existir. 16. As empresas que verdadeiramente têm su- cesso em reduzir custos não esperam até pre- cisar fazê-lo; elas o fazem permanentemente. 17. Os clientes só pagam por aquilo que lhes é útil e proporciona algum valor. 18. O propósito da organização é criar cliente. 19. Dado que a transferência de poder do forne- cedor para o cliente é fato consumado, os execu- tivos devem conhecer o cliente em profundidade. 20. Os empresários norte-americanos só se preocupam com a margem de lucro, acreditando que lucro é igual a margem de lucro. Isso é culpa dos economistas, aliás, que acreditam em mar- gem de lucro. É uma grande fraqueza ter econo- mistas demais. Os japoneses sabem que lucro é igual a margem de lucro vezes giro de estoque. Eles se preocupam com a margem de lucro, mas entendem que o giro é igualmente importante. PeSSOAS 21. Os profissionais devem se autogerenciar. Isso deve basear-se no discernimento do que é ser eficiente (fazer certo as coisas) e do que é ser eficaz (fazer as coisas certas). 22. A empresa deve ver os funcionários como um ativo –o maior deles–, nunca como um custo. 23. Uma organização saudável deve se apoiar na transparência e em uma autoridade que seja pro- porcional à responsabilidade. 24. O trabalho é algo impessoal e objetivo? Mas lembre que é realizado por um ser humano. 25. Em sua origem, uma empresa pode ser a sombra de uma única pessoa. Mas essa sombra não crescerá nem sobreviverá a menos que essa pessoa se transforme em uma equipe. 26. As organizações não devem se apoiar em su- per-homens, e sim em pessoas competentes. 27. Os departamentos de recursos humanos ainda supõem que a maioria dos funcionários de- pende do empregador; precisam atualizar-se. Na era do conhecimento, eles têm mobilidade. 28. As grandes empresas devem oferecer a todos as mesmas oportunidades de progredir. LíDereS e GeSTOreS 29. Líder é quem possui seguidores. 30. Liderança não significa cargo, privilégios, títu- los ou dinheiro; é responsabilidade. 31. Uma responsabilidade do líder é ser um mo- delo a seguir dos pontos de vista moral e ético. 32. Os gestores devem ter uma autoridade considerável, mas seu trabalho não é mandar, e sim direcionar. 33. O CEO é, na verdade, “chief external officer” da empresa, o elo entre o lado de dentro, onde estão os custos, e o de fora, onde ficam os resultados. 34. Assim como na diferença entre eficiência e efi- cácia, gestão significa fazer certo as coisas; lide- rança, fazer as coisas certas. 23HSM Management 100 • setembro-outubro 2013hsmmanagement.com.br 35. O CEO do futuro terá de ser capaz de discernir quando dirigir e quando preferir a parceria. 36. O presidente mais eficaz que os Estados Uni- dos já teve foi Harry Truman; era venerado por todos por ser absolutamente confiável. 37. O CEO do futuro deverá compreender quando é o momento de avançar em uma coisa, retroce- der em outra e abandonar uma terceira. 38. Os líderes não devem temer a força dos que estão a seu lado, mas se orgulhar disso. 39. A primeira prática do gestor eficaz é perguntar “o que falta fazer”, em vez de “o que quero fazer”. 40. É tentador gerenciar somente para o curto prazo. Mas gestores eficazes aprendem a equi- librar o curto e o longo prazos. 41. É fundamental que os líderes ouçam as pes- soas, saibam se comunicar e se fazer entender, deleguem as tarefas e não aceitem desculpas quando algo estiver malfeito. 42.Todo boom econômico leva “canalhas” ao topo das organizações. 43. Os gestores precisam aprender a gerenciar em organizações horizontais. 44. Os gestores devem assumir as responsabili- dades da informação –para si mesmos e para a empresa– e de seu próprio aprendizado contínuo. erA DO cONHecIMeNTO 45. Vivemos em uma sociedade pós-capitalista, em que o meio de produção não é o capital, a terra ou a mão de obra, mas o conhecimento. 46. A educação formal substituiu a experiência e a prática como fonte de aprendizado de um ofício. A produtividade do trabalhador agora de- pende de sua capacidade de colocar em prática conceitos e teorias. 47. Enquanto os trabalhadores manuais, da era industrial, fazem o que lhes mandam, os trabalha- dores do conhecimento têm de se autoconduzir. 48. Pela primeira vez na história, o trabalhador do conhecimento médio viverá mais que a organiza- ção empregadora média. 49. O conhecimento muda a estrutura do poder. Os novos líderes são os profissionais do saber. 50. O conhecimento deve ser demonstrado pelos resultados. 51. O conhecimento tem poder: controla o acesso às oportunidades e ao progresso. É por isso que os cientistas e os educadores devem ser ouvidos por quem faz planejamento estratégico. PArA PeNSAr O fuTurO 52. No século 21, a estratégia competitiva, a lide- rança, a criatividade, o trabalho em equipe e a tec- nologia serão os novos desafios dos gestores. As práticas gerenciais que funcionavam bem no sé- culo 20 devem ser abandonadas. 53. Os gestores com visão de futuro devem enten- der que as mudanças sociais podem ser mais im- portantes que os fatos puramente econômicos. 54. Na era do conhecimento, a educação contí- nua dos adultos é tão importante quanto a edu- cação básica das crianças. 55. Três características predominarão na so- ciedade do futuro: a ausência de fronteiras, porque o conhecimento se movimenta com fa- cilidade, mais até que o dinheiro; a mobilidade ascendente, disponível para todos por meio da educação formal; e o potencial tanto para o su- cesso como para o fracasso. 56. Qual pode ser a mais importante contribuição dos gestores no século 21? Aumentar a produtivi- dade do trabalhador do conhecimento. 57. O trabalhador do conhecimento não é quem fez mestrado e doutorado, mas o tecnólogo do conhecimento, como o fisioterapeuta. O siste- ma educacional deve formar tecnólogos de in- formática, tecnólogos de fábrica, tecnólogos de escritório, tecnólogos médicos etc. 58. É provável que, logo, logo, metade das pes- soas que trabalhem para uma organização não seja contratada. As empresas deverão abrigar novas modalidades de relação de trabalho. 59. Em épocas de grande turbulência, a gestão das instituições precisa se apoiar em tendências essenciais e previsíveis. 60. Se o século 20 assistiu ao crescimento explo- sivo dos governos e das empresas, o que o século 21 precisa é de um crescimento igualmente ex- plosivo do setor social sem fins lucrativos. 61. O segredo para sobreviver na sociedade do sé- culo 21 está no desenvolvimento de comunidades livres e voluntárias, que ofereçam ao cidadão a oportunidade de fazer e contribuir. O PAPeL DA MuDANçA 62. Os problemas devem ser entendidos co mo oportunidades de liberar a energia criativa. 63. O novo deve ser entendido como oportunida- de –se não de prosperar, ao menos de sobreviver. 64. Uma época de turbulência é uma grande oportunidade para quem compreende, aceita e aproveita a nova realidade. 65. Mudança é algo que as pessoas fazem, e moda é algo de que as pessoas falam. Quando se fala demais de alguma coisa, não é mudança. 66. A organização não sobreviverá se não entender que é sua tarefa colocar-se à frente da mudança. 24 HSM Management 100 • setembro-outubro 2013 hsmmanagement.com.br A síntese da gestão 100DOSSIÊ 4 X 67. Para que uma organização se torne líder da mudança, deve estar em condições de: abando- nar o passado; procurar a melhoria sistemática e contínua de tudo o que faz interna e externa- mente; e se concentrar em alimentar as opor- tunidades, aproveitando o sucesso que teve. 68. Em períodos turbulentos, as mudanças são a regra, por mais que doam e exijam esforço. 69. As organizações devem ter como finalidade a mudança constante e a inovação. E estas preci- sam ser “gerenciadas” por alguém responsável por definir metas e o modo de alcançá-las. 70. Sem abandonar o foco em objetivos específi- cos, as empresas devem assumir sua responsa- bilidade social, sabendo transformar um proble- ma social em uma oportunidade. 71. Só se identifica oportunidade se há estratégia. eMPreeNDeDOrISMO 72. A inovação é o instrumento por excelência dos empreendedores. 73. A inovação e o espírito empreendedor são tão necessários aos negócios como às instituições que oferecem um serviço à comunidade. 74. Dado que a inovação é tanto conceitual como questão de percepção, os aspirantes a inovadores devem sair e olhar, perguntar e ouvir. 75. Os empreendedores bem-sucedidos utilizam os dois hemisférios de seu cérebro. 76. O espírito empreendedor não é um traço de personalidade, mas um comportamento. Qual- quer indivíduo que tenha de tomar uma decisão pode aprender a ser empreendedor. 77. O empreendedor transforma valores, per- turba ou desorganiza, destrói criativamente, acha a mudança algo normal e saudável, e não espera que uma ideia brilhante surja do nada. 78. Empreender não é, em si, uma prática de alto risco. O arriscado é não aplicar a metodologia adequada ao fazê-lo. 79. Se você começa achando que toda mudança é uma ameaça, jamais inovará. Muitas vezes, o inesperado é a melhor fonte de inovação. 80. Para sobreviver, grandes empresas devem aprender a inovar, o que pode exigir reinvenção. 81. Ainda que existam inovações que surgiram de um gênio iluminado, a disciplina da inova- ção só pode resultar de análise e trabalho duro. 82. A inovação deve ser simples e focada em um problema atual e real. 83. Os inovadores não devem diversificar nem tentar fazer coisas demais de uma só vez. 84. Algumas empresas são boas para melhorar o que já fazem; outras, para ampliar suas ativi- dades; e outras, para inovar. Uma grande em- presa deve ser capaz de fazer as três coisas ao mesmo tempo. 85. A inovação tem de fazer parte do trabalho regular de cada unidade da empresa e de cada nível gerencial. 86. Uma inovação bem-sucedida indica a lideran- ça em determinado mercado. 87. O inovador bem-sucedido não é um romântico que se lança ao risco, mas um conservador que, em vez de focar o risco, foca as oportunidades. 88. É necessário construir uma sociedade em- preendedora, em que a inovação seja atividade normal e contínua –e cotidiana para os gestores. 89. Classifico as estratégias de empreendimento em quatro tipos básicos: a do empreendedor que chega primeiro, a do imitador que se aproveita dos erros do pioneiro, a do imitador criativo e a da empresa que encontra um nicho demercado su- ficientemente grande para comportar um negó- cio lucrativo, mas não grande demais para atrair concorrentes depois. Se der certo, a primeira es- tratégia é mais lucrativa. A mais bem-sucedida e menos arriscada é a segunda –é a japonesa. BrASIL 90. Os trabalhadores do conhecimento não devem passar de um oitavo da força de trabalho do Brasil, ou até menos. Nos Estados Unidos, eles são 40%. 91. Não há outro país do mundo em que a nação seja tão forte quanto no Brasil [só a nação forte aco- lhe tão bem o estrangeiro, pois não teme fragmen- tar-se; isso seria uma vantagem competitiva]. 92. No Brasil, o principal desafio é integrar econo- micamente o Norte e o Sul. 93. Os brasileiros talvez sejam críticos demais. 94. No Brasil, as coisas dão certo quando são fei- tas ao modo brasileiro. É um modo que provavel- mente não funcionaria em nenhum outro lugar do mundo, mas funciona no Brasil. Um mistério. LIçõeS PArA A VIDA 95. Analise sempre seu próprio desempenho. 96. Desenvolva suas competências em função do que ocorre no presente. 97. Anote as previsões de resultados, para depois compará-las com os números reais. 98. Quanto melhor é um homem, mais erros ele comete, já que mais coisas novas tenta fazer. 99. Ninguém é diferente a menos que faça a vida das pessoas diferente. 100. A segunda metade da vida nos oferece a oportunidade de uma segunda profissão. HSM Management
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