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RECURSOS TRABALHISTAS EM ESPÉCIE

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RECURSOS TRABALHISTAS EM ESPÉCIE
Do Recurso
O recurso á provocação do duplo grau de jurisdição, isto é, do reexame de uma decisão pela autoridade hierarquicamente superior aquela que proferiu tal decisão, esta é a regra geral.
Há casos, no entanto, que a reforma pode ser proveniente da autoridade prolatora da decisão buscando a alteração ou modificação da mesma.
Outro conceito de recurso conhecido é que se trata de um remédio processual disponibilizado às partes, ao terceiro prejudicado e ao Ministério Público.
Os recursos são interpostos por petição simples e possuem apenas efeito devolutivo, salvo as exceções trazidas pela CLT, permissão da execução provisória até a penhora, conforme artigo 899 da CLT.
No que tange a natureza jurídica dos recursos a corrente majoritária diz que se trata de um prolongamento do exercício do direito de ação, dentro do mesmo processo.
Destaca-se ainda como características dos recursos trabalhistas a impossibilidade de irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias (art. 893 §1º da CLT), a inexigibilidade de fundamentação (princípio da discursividade), a uniformidade de prazo para os recursos (a regra é de oito dias para interpor e contrarrazoar qualquer recurso na esfera trabalhista) e a instância única nos dissídios de alçada.
O prazo dos recursos trabalhistas é de 08 (oito) dias pela lei 5.584 de 70, mas há uma exceção que é no caso dos embargos de declaração e do pedido de revisão.
O prazo dos recursos é contado excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento, conforme artigo 184 do CPC. Em regra, o juízo de admissibilidade é do juiz ad quem.
2. Do Cabimento do Recurso
a. Classificação  
Os recursos trabalhistas são classificados pela doutrina. A classificação a seguir é do autor Lúcio Rodrigues de Almeida.
Quanto à autoridade à quem se dirigem os recursos se classificam em próprios, julgados pelo órgão hierarquicamente superior, e impróprios, julgados pela mesma autoridade que proferiu a decisão impugnada.
No que se refere ao assunto se subdividem em ordinários: objetivam a revisão do julgado devolvendo ao Tribunal ad quem o exame de toda a matéria impugnada, e em Extraordinários: Recurso que versa sobre matéria exclusivamente de direito, sendo vedado ao julgador o reexame de fatos e provas.
Quanto à extensão da matéria se classificam em total e parcial, sendo que esta ataca parte da decisão impugnada, enquanto aquela ataca toda a decisão que fora impugnada.
A última classificação deste autor é quanto à forma de recorrer que poderá ser principal e adesivo. O principal é interposto no prazo por uma ou ambas as partes, já o adesivo é interposto no prazo alusivo às contrarrazões.
Destaca-se o fato dos recursos trabalhistas terem como regra apenas o efeito devolutivo, conforme preconiza o artigo 899 da CLT, neste prisma destaca-se a possibilidade de execução provisória da decisão recorrida até a penhora, através de carta de sentença, pela ausência do efeito suspensivo.
 
 b. Objetivos 
Os recursos apresentam uma função importantíssima dentro da sistemática processual trabalhista, pois seu objetivo é que a parte possa obter o reexame da matéria já debatida por determinado órgão judicial, isto é, proporcionar que a decisão prolatada em um processo seja revista, e possivelmente, reformada dentro da mesma relação processual, por um órgão hierarquicamente superior. É pacífico o entendimento doutrinário de que a decisão de um órgão deve sempre ser impugnada por órgão superior sob pena de inexistir realmente um recurso.
 
c. Objeto 
O objeto do recurso será a parte suscitada da decisão pela parte recorrente, não podendo, portanto o tribunal julgar mais do que lhe foi devolvido, o artigo 515 do CPC estabelece: "a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada". Aplica-se aqui a regra tantum devolutum quantum appelatum, sendo vedado o julgamento extra petita.
 
 d. Pressupostos Recursais.
 
Os pressupostos recursais também chamados de requisitos de admissibilidade recursal classificam-se em objetivos (extrínsecos) e subjetivos (intrínsecos).
 
d.1 pressupostos objetivos
 
d.1.1 recorribilidade do ato
 
Significa que o ato deve ser recorrível, pois senão o recurso não será conhecido.
 
d.1.2 Adequação
 
Tal pressuposto estão recurso estabelece que a parte deve utilizar o recurso adequado, isto é, o recurso cabível à espécie. Salvo a aplicação do princípio da fungibilidade.
 
d.1.3 Tempestividade
Significa que o recurso deve ser interposto no prazo legal, sob pena de não conhecimento do recurso. A imposição antes do prazo também importa na intempestividade. Vale ressaltar que é muito importante ficar atento aos prazos de cada recurso.
 
d.1.4 Preparo
 
É indispensável o pagamento, pelo recorrente, das custas, bem como a realização do depósito recursal, sob pena de ser considerado deserto.
 
d.1.4 Regularidade de apresentação
 
O recurso deve ser subscrito pela própria parte, ou por advogado com procuração nos autos ou portador de mandado tácito sob pena de não conhecimento do recurso.
 
d.2 pressupostos subjetivos
 
d..2.1 Legitimidade
 
Possui legitimidade recursal conforme o artigo 499 do CPC a parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. Destarte que o Ministério Público possui legitimidade recursal nos processos que figurar como parte, e também nos que atuar como fiscal da lei.
 
d..2.2 Capacidade
 
 A parte precisa demonstrar que é capaz para os atos da vida civil, sob pena de não ter seu recurso admitido e necessitar de representação para fazê-lo.
 
d.2.3 Interesse
O recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não conhecimento.
 
Legitimidade
Legitimidade recursal
O tema é tratado no art. 499 do CPC, que prevê a possibilidade da parte vencida, do Ministério Público e do terceiro prejudicado interporem recurso contra uma decisão judicial que os prejudica.
Alguns aspectos relevantes descritos no dispositivo referido devem ser destacados:
O recurso interposto pela parte vencida, pelo MP e pelo terceiro prejudicado é o mesmo, pois o cabimento do recurso está ligado à decisão proferida, e não, àquele que o interpõe;
O prazo para o terceiro recorrer tem início no mesmo momento em que o prazo recursal começa a fluir para as partes, mesmo que o terceiro não seja cientificado da decisão naquele momento;
O Ministério Público ora atua como autor (ações civis públicas, por exemplo), ora como fiscal da lei (interesse de incapazes), podendo valer-se dos recursos em ambas as situações;
O prazo recursal do MP é contado em dobro, conforme art. 188 do CPC, tendo início após a intimação pessoal do membro do parquet.
Ainda em matéria de legitimidade recursal, é importante destacar a OJ nº 338 da SBDI-1 do TST, que diz que o MPT possui legitimidade para impugnar sentença que reconhece vínculo empregatício com sociedade de economia mista e empresa pública. Apesar da personalidade jurídica de direito privado dessas entidades, a legitimidade do MPT surge em decorrência da necessidade de realização de concurso público para criar-se a relação de emprego após a CRFB/88.
Interesse recursal
O interesse recursal está ligado às idéias de utilidade e necessidade. A parte recorrente deve demonstrar que o apelo é útil e necessário. Em outras palavras, deve deixar claro que houve sucumbência, ou seja, que não atingiu a situação jurídica
almejada e que, por isso, possui interesse em interpor o recurso e buscar a melhora mediante a atuação do Tribunal.
O termo chave para a análise do instituto é sucumbência. Se a conclusão é que a perda foi sucumbência, haverá interesse recursal. Ocorre que em algumas situações, mesmo sendo a sentença “favorável” à parte (por não ter havido condenação), o interesse em interpor recurso é claro. Assim ocorrerá se a sentença extinguir o processo sem resolução do mérito, por abandono do autor. Apesar de não ter havido condenação do reclamado, pode o mesmo recorrer para demonstrar que, em verdade, a sentença deveria ter extinguidoo processo com resolução de mérito, situação em que seria formada coisa julgada material favorável ao mesmo.
Assim, não se pode analisar tão somente o dispositivo da sentença, e sim, vislumbrar se não haveria situação mais benéfica para as partes, que as levariam a pleitear a reanálise da questão por órgão, em regra, hierarquicamente superior.
4. Aspectos Jurídicos
1.2 Pressupostos recursais objetivos
Os pressupostos objetivos dizem respeito aos aspectos extrínsecos dos recursos, quais sejam a recorribilidade do ato, a adequação, a tempestividade, a representação e o preparo.
1.2.1 Recorribilidade do ato
No direito processual laboral são irrecorríveis “as sentenças proferidas nas causas de alçada (Lei n. 5.584/1970, art. 2º, § 4º), os despachos de mero expediente (CPC, art. 504) e as decisões interlocutórias (CLT, art. 893, § 1º, e Súmula n. 214 do TST)” (LEITE, 2012, p. 756).
Caso o juízo a quo verifique, portanto, que o ato contra o qual se insurge o recorrente encontra-se entre os elencados, deve inadmiti-lo. Nas mesmas circunstâncias deve o juízo ad quem não conhecê-lo.
1.2.2 Adequação
Além da recorribilidade do ato impugando, o recurso interposto deve ser adequado à decisão confrontada, tendo em vista que cada espécie de decisão desafia uma espécie de recurso legalmente previsto.
Não obstante, a interposição de espécie recursal inadequada não resulta, de plano, na inadmissibilidade do recurso, tendo em vista que pode ser adotado o princípio da fungibilidade para admitir a espécie interposta equivocadamente, desde que estejam presentes os requisitos necessários à admissão da espécie correta (como prazo e instrução adequados), que o erro não tenha sido grosseiro e que o recorrente não tenha procedido com má-fé ao usar a espécie inadequada.
O princípio da fungibilidade deve ser observado com maior razão no processo trabalhista, notadamente porque nessa seara admite-se o jus postulandi das partes (pregadores e empregados) em hipóteses de recurso interposto na instância ordinária, em conformidade com o texto sumulado no Enunciado n. 425 do TST:
1.2.3 Tempestividade
O prazo para recorrer é peremptório, isto significa que a interposição fora do prazo (intempestiva) acarreta a preclusão do direito de recorrer da parte interessada.
No processo do trabalho, o prazo para recorrer é de oito dias (art. 6º da Lei n. 5.584/1970), exceto para os embargos de declaração, cujo prazo é de cinco dias (art. 897-A da CLT).
‘	Tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto o Ministério Público têm prazo em dobro para recorrer (art. 188 do CPC). O mesmo não pode ser afirmado para as hipóteses de litisconsortes com diferentes procuradores, embora o art. 191 do CPC confira também neste caso prazo recursal em dobro. Tal impossibilidade decorre do entendimento adotado pela OJ n. 310 da SDI-1 do TST..
A contagem desses prazos ocorre em conformidade com a regra insculpida no art. 506 do CPC, segundo a qual o termo inicial dos prazos recursais é a data da prolação da sentença, nas hipóteses em que ela é proferida em audiência, exceto nos casos de revelia e nos casos em que a ata de audiência, com a respectiva sentença, não é juntada aos autos dentro de quarenta e oito horas. Nessas hipóteses as partes deverão ser intimadas pessoalmente, em conformidade com os arts. 841, § 1º, 851, § 2º e 852 da CLT.
Por fim, vale lembrar que a interposição do recurso antes do início do prazo não é admitida pelo TST, que entende pela extemporaneidade dessa hipótese, nos termos da OJ n. 357, da SDI-1, verbis:
1.2.4 Representação
A representação diz respeito à regularidade dos atos processuais privativos de advogado realizados no processo.
Em regra, tendo em vista o ius postulandi das partes no processo laboral, os recursos não devem ser subscritos por advogado. Todavia, se o advogado interpuser recurso como representante da parte, deve ter procuração nos autos. Inclusive, tal procuração não pode ser juntada depois da interposição do recurso, tendo em vista que o ato de interposição não é considerado urgente, nos termos da Súmula n. 383 do TST.
Não obstante, a Súmula n. 425 do TST passou a limitar o ius postulandi das partes às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, isto é, passou a exigir a presença de advogado nas ações rescisórias, nas ações cautelares, nos mandados de segurança e nos recursos de competência do Superior Tribunal do Trabalho.
1.2.5 Preparo
O preparo corresponde ao recolhimento e à comprovação do respectivo pagamento das custas processuais e do depósito recursal.
O depósito recursal, necessário para que o recurso não seja considerado deserto, é peculiar ao processo do trabalho e tem natureza jurídica de garantia do juízo recursal, além de ser exigível apenas do empregador, nas ações em que há condenação pecuniária. Portanto, serve para garantir uma futura execução, no caso de sucumbência do empregador recorrente.
No prazo de interposição do recurso, o depósito recursal deve ser feito na conta do FGTS do empregado ou, pelo menos, em conta bancária, desde que o recorrente comprove o depósito na forma da IN n. 18 do TST, que estabelece como requisitos do depósito recursal “o nome do recorrente e do recorrido; o número do processo; a designação do juízo por onde tramitou o feito e a explicação do valor depositado” autenticada pelo banco recebedor.
A interposição do recurso antes do término do prazo legal não impede a realização do depósito recursal até o fim desse prazo, salvo nos casos de agravo de instrumento, para os quais o § 7º do art. 899 da CLT exige a comprovação do depósito recursal no ato de interposição do recurso.
Na fase de execução, em regra, o depósito recursal não é exigível, pois o juízo já encontra-se garantido com a penhora. O depósito recursal será necessário na execução apenas nos casos em que houver elevação do valor do débito, para compensar esse acréscimo.
Por fim, vale destacar que no processo do trabalho, diferente do processo comum, a multa por litigância de má-fé não precisa ser recolhida juntamente com as custas processuais como forma de garantir admissão do recurso. No processo civil a matéria é tratada no art. 35 do CPC. Já no processo laboral, a matéria deve ser analisada em conformidade com a OJ n. 409 da SDI-1.

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