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RESUMO DIR. CONSUMIDOR

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AULA 01 
INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – CPDC 
 
A Lei 8.078/1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor – CPDC) é a principal lei que regula 
as relações de consumo. Devido a sua relevância social, o legislador constituinte lhe deu prestígio 
constitucional. Materializado por meio do artigo 48 do ADCT (proteção positivada, concepção da lei), do 
artigo 5º, XXXII (status de direito e garantia fundamental, essa situação gera uma condição de garantia e 
estabilidade da “Defesa do Consumidor” enquanto vigorar a CRFB/1988) e 170, V (princípio inerente a 
ordem econômica para a manutenção de uma economia saudável). 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos 
de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas 
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no 
País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
O CPDC é uma lei ordinária. E, em havendo confronto com outra lei ordinária haverá uma 
supremacia do CPDC. 
Considerando a supremacia de origem e ordem Constitucional (arts. 5, XXXII, 170, V, 48 ADCT, 
entre outros), a Lei 8.078 de 1990 tem uma característica de norma supra-hierárquica quando em confronto 
com outra lei. Devido, não apenas a sua Constitucionalidade, mas, também, ao princípio da especialidade 
(ou especificidade). 
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável em toda a estrutura jurídica em que existem duas 
figuras apolares: 
CONSUMIDOR 
É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
FORNECEDOR 
É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços. 
Seus princípios e normas são de ordem pública e interesse social, vale dizer, de aplicação necessária, 
conforme disposto expressamente em seu primeiro artigo. 
 
Art. 1º - O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 
5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de 
suas Disposições Transitórias. 
 
O objetivo do CPDC é implantar uma Política Nacional de Consumo, conforme determina o seu art. 
4° e os instrumentos para colocar essa Política Nacional em prática estão mencionados no art. 5° do mesmo 
diploma legal. 
 
Previsões na CRFB/1988 que tem ingerência direta nas normas de consumo: 
Art. 1, III; 
Art. 5° X, XXII e § 2°; 
Art. 24, VIII; 
Art. 30, I, II; 
Art. 37, § 6°; 
Art. 60, § 4°, IV; 
Art. 87, Parágrafo único, II; 
Art. 150, § 5°; 
Art. 175, Parágrafo único, II. 
 
A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas, logo, se um dos polos 
é vulnerável as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o vulnerável é protegido 
pela legislação, com o fim de garantir os princípios constitucionais da isonomia e igualdade nas relações 
jurídicas minimizando deste modo a desigualdade. 
A hipossuficiência não se confunde com a vulnerabilidade, pois se apresentará exclusivamente no 
campo processual devendo ser observada caso a caso, já que se trata de presunção relativa, então, sempre 
precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz. 
São duas as principais noções de hipossuficiência, segundo a lei: 
1º) Aplicação do art. 4º da Lei n.1060/50, que concede o benefício da justiça gratuita aos que 
alegarem pobreza e comprovando-a na forma da lei então, considera-se a parte hipossuficiente (com o 
advento do NCPC, arts. 98 e 99, essa Lei entrou em desuso); 
2º) Relaciona-se à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do art. 6º do CDC, mas que não 
se relaciona necessariamente à condição econômica dos envolvidos. 
 
 
 
AULA 02 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
Princípios de proteção do consumidor: princípio da vulnerabilidade e suas espécies, o da boa-fé e suas 
funções, o da transparência, da segurança e harmonia. 
 
 
 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua 
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, 
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e 
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes 
princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo; 
II – (...) 
 
Princípio Da Vulnerabilidade: 
O princípio da vulnerabilidade é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da 
relação de consumo. 
Caracterizamos o princípio da vulnerabilidade como aquele em que o consumidor está em 
desvantagem jurídica, decorrente de uma expressa determinação legal oriunda da Lei n. 8078/90, art. 4, I. 
Independentemente de sua situação social, pelo simples fato de ser consumidor, já o faz ser 
classificado como vulnerável. 
Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é 
hipossuficiente. 
Este princípio é o resultado da “qualidade” especial do consumidor. Pois, além de lhe ser inerente, é 
a identificação permanente da subordinação, do desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor. 
É importante frisar que a vulnerabilidade pode ser: 
 
 
 
Hipervulnerabilidade: 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras 
práticas abusivas: 
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista 
sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus 
produtos ou serviços; 
A hipervulnerabilidade decorre da evolução da vulnerabilidade. O hipervulnerável é a criança, o 
enfermo, o paupérrimo. Que, na condição de consumidor juridicamente vulnerável, temos a 
hipervulnerabilidade como um “algo mais”. 
 
Além do princípio da Vulnerabilidade, os outros dois maiores são: 
Princípio Da Harmonia Das Relações De Consumo; 
Princípio Da Repressão Eficiente De Todos Os Abusos. 
 
Princípio da Boa-fé: 
Art. 4º (...) 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de 
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade 
de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os 
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre 
consumidores e fornecedores; 
É o regramento de conduta social de agir com lealdade e honestidade. Fazer o que é certo e na 
medida do prometido. 
 
A Boa-fé Objetiva: A Teoria do Risco do Empreendimento (ou do negócio). 
Significa atuação refletida, uma atuação observando, pensando no outro,no parceiro contratual, 
respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com 
lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva. 
Cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a 
realização dos interesses das partes. 
 
A relevância do tema é positivada nos seguintes fundamentos: 
Constituição Federal – 5; V, X, XXII; §2 
Código Civil – 112; 113; 166, VI; 167, § 2; 171; 172; 186; 187; 309; 317; 421; 422; 423; 424; 425; 478; 
479; 480; 927, § único; 1201 e 1208. 
Código de Processo Civil – 374, I, III e IV; 
Código de Defesa do Consumidor – 1; 4, III; 39, V; 51, IV; 54; 84 
 
Princípio da transparência: 
Não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço, é necessário que tal 
informação seja prestada de maneira clara, possibilitando ao consumidor que adquira o bem de consumo de 
forma consciente. 
 
Princípio da Segurança: 
Art. 4º (...) 
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle 
de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de 
mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; 
O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legítima dos consumidores. 
 
Princípio da Harmonia: 
O princípio da harmonia (ou equidade) é um princípio de técnica de hermenêutica que deve estar 
presente na aplicação da lei. É a justiça diante do caso concreto. 
 
AULA 03 
A RELAÇÃO DE CONSUMO E SEUS ELEMENTOS I – O CONSUMIDOR 
 
Estabelecermos como requisito de uso da Lei 8.078 de 1990 – CDC, a necessidade premente de uma 
relação de consumo que exige a existência de dois sujeitos: o consumidor e o fornecedor. 
 
O primeiro integrante da relação de consumo é o consumidor. Art. 2º da Lei 8.078 de 1990, verbis: 
 
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. Com a leitura, podemos 
identificar a ausência de um conceito do que vem a ser destinatário final, 
o que vem causando sérias controvérisas ao longo do tempo. 
 
Para o tema devemos distinguir as teorias existentes. Inicalmente tivemos a teoria maximalista, 
depois a teoria finalista, que perdura até os dias atuais em sede de aplicação; e, recentemente, a partir de 
2010, temos a possibilidade de aplicação da chamada teoria finalista atenuada (ou mitigada ou mista). 
 
Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caracterizado como um elemento subjetivo da relação 
de consumo. Tal premissa encontra justificativa pelo fato de que o conceito detém flexibilidade em relação à 
doutrina e à jurisprudência. 
 
A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos 
pertinentes ao consumidor: 
 
Art. 2° - Definição de consumidor e destinatário final e consumidor por equiparação de forma 
coletiva; 
Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo; 
 
Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI. 
 
CONSUMIDOR PADRÃO 
 
O consumidor padrão ou “standard” é 
 
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO 
 
O consumidor por equiparação 
relativamente o mais fácil de ser identificado. 
Sua fundamentação é o já citado art. 2º do CDC 
parte, como se lê: 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
 
Podemos refletir que esse consumidor adquire 
por contrato de aquisição por gênero. Seja 
por contrato de compra e venda (com 
características do art. 481 e seguintes da Lei 
10.406 de 2002 – CC), seja por contratação de 
serviços (com características do art. 593 e 
seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC). 
 
É aquele que adquire para satisfazer uma 
necessidade. Se de forma subjetiva ou 
profissional é discutível. Mas sempre ocorrerá a 
transferência de propriedade do produto ou da 
fruição do serviço. 
ou “bystandarder” tem a necessidade de maior 
avaliação. Suas fundamentações são os art. 2º 
em seu parágrafo único, o art. 17 e o 29, todos 
do CDC, como se lê: 
 
Art. 2° [...] 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a 
coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-
se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do 
seguinte, equiparam-se aos consumidores todas 
as pessoas determináveis ou não, expostas às 
práticas nele previstas. 
 
É o consumidor que não adquire, mas utiliza o 
produtos ou serviços, nos termos do próprio 
artigo 2º: 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
 
Cremos assim que o consumidor é o que, ao 
utilizar um bem de consumo, sofre danos 
oriundos do mesmo. Principalmente, se 
considerarmos que nenhum produto ou serviço, 
desde que corretamente utilizado, pode causar 
danos ao consumidor. Tal premissa encontra 
fundamentação na primeira parte do art. 8 do 
CDC: 
 
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no 
mercado de consumo não acarretarão riscos à 
saúde ou à segurança dos consumidores, exceto 
os considerados normais e previsíveis, em 
decorrência de sua natureza e fruição, 
obrigando-se os fornecedores, em qualquer 
hipótese, a dar as informações necessárias e 
adequadas a seu respeito. 
 
Logo, em plena conformidade entre justificativa 
e fundamentação, temos que “nenhum bem de 
consumo pode causar danos aos consumidores”. 
Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor 
padrão) seja o que o utiliza (consumidor por 
equiparação). 
 
TEORIA MAXIMALISTA 
 
Advém dos primórdios da 
aplicação da Lei 8.078 de 
1990. 
 
Para se enquadrar como 
consumidor, bastava adquirir o 
bem de consumo no mercado 
fornecedor para caracterizar tal 
relação. Independentemente 
da motivação, objetivo e 
interesse. “Comprou é 
consumidor!” 
 
Basta a singela retirada do 
mercado de consumo para se 
enquadrar como consumidor. 
 
Por este raciocínio, uma 
grande empresa de metalurgia, 
quando adquire minério para 
beneficiamento e posterior 
fabricação de metal seria 
considerada consumidor. 
 
Essa ideia não perdurou por 
longo tempo, pois o objetivo 
das normas de consumo é o 
de proteger, art. 4, I do CDC, o 
“consumidor vulnerável”. E, no 
exemplo anterior, cremos que 
uma empresa de metalurgia, 
considerando o bem de 
consumo em questão (minério) 
não possa ser enquadrada 
como vulnerável, em razão, 
principalmente, de sua 
expertize em relação 
conhecimento técnico sobre o 
bem adquirido. 
 
Desse modo, essa teoria está 
em descompasso com o 
espírito das normas de 
consumo. 
 
TEORIA FINALISTA 
 
Além de adquirir o bem de 
consumo, é necessário saber 
qual a destinação fática, 
efetiva, econômica, subjetiva 
do bem em questão. 
 
Pois, ao empregar o mesmo ao 
fim a que se destina, este, de 
per se, não prestará para fins 
de enriquecer seu proprietário 
com a sua venda direta ou 
empregado como insumo 
principal na atividade 
profissional de seu proprietário. 
 
Caso isso ocorra, o adquirente 
não se enquadra na 
principiologia da 
vulnerabilidade ínsita no já 
citado art. 4, I da principal lei 
que regula as relações de 
consumo. 
 
Logo, a justificativa para a sua 
aquisição deve ser desprovida 
de intentos profissionais, como 
o seu beneficiamento da 
matéria prima com posterior 
venda. A satisfação da 
aquisição deve ser subjetiva. 
 
Veja um exemplo em que 
temos o mesmoobjeto com 
fins diferentes: 
 
Alguém comprou o veículo 
“van” com fins de transporte 
profissional. Não há relação de 
consumo em detrimento do 
seu objetivo profissional; 
 
Alguém comprou o veículo 
“van” com fins de transportar 
sua numerosa família em uma 
viagem pelo continente sul-
 
TEORIA FINALISTA 
ATENUADA (OU MISTA OU 
MITIGADA) 
 
A aquisição para uso, ainda 
que profissional, caracterizará 
a relação de consumo desde 
que o adquirente não tenha 
condições de negociação com 
o fornecedor. 
 
Para tanto, melhor será a 
apresentação da seguinte 
jurisprudência. 
 
AgRg no REsp 1321083/PR, 
Rel. Ministro Paulo de Tarso 
Sanseverino, Terceira Turma, 
julgado em 09/09/2014, DJe 
25/09/2014. 
 
AGRAVO REGIMENTAL. 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. 
DIREITO DO CONSUMIDOR. 
COMPRA DE AERONAVE 
POR EMPRESA 
ADMINISTRADORA DE 
IMÓVEIS. AQUISIÇÃO COMO 
DESTINATÁRIA FINAL. 
EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO 
DE CONSUMO. 
 
1. Controvérsia acerca da 
existência de relação de 
consumo na aquisição de 
aeronave por empresa 
administradora de imóveis. 
 
2. Produto adquirido para 
atender a uma necessidade 
própria da pessoa jurídica, não 
se incorporando ao serviço 
prestado aos clientes. 
 
3. Existência de relação de 
consumo, à luz da teoria 
finalista mitigada. Precedentes. 
americano. Há relação de 
consumo em detrimento do 
seu objetivo meramente 
pessoal. 
 
Como se pode observar muito 
bem, intuitos diferentes, 
relações diferentes. 
 
Na eventual ocorrência de 
dano, o proprietário do veículo 
adquirido com fins profissionais 
deverá invocar a principal lei 
que regula as relações entre 
pessoas privadas, a Lei 10.406 
de 2002 – Código Civil. 
Considerando o evento dano, 
principalmente o artigo 931. 
 
Já na segunda hipótese, o 
proprietário do veículo poderá 
invocar a Lei 8.078 de 1990 e 
todos os seus benefícios. 
 
4. Agravo regimental 
desprovido. 
 
Em um primeiro momento, 
pode parecer uma antinomia 
em relação à teoria finalista 
pura. Mas, se avaliarmos com 
mais atenção, a lógica da coisa 
é que, in casu, o avião é 
utilizado com fins de ser 
empregado no negócio de 
imóveis (transporte de clientes 
para lugares longínquos) e não 
o de aviação comercial. 
 
Por consectário lógico, 
considerando as 
peculiaridades da 
jurisprudência, há aplicação 
das normas de consumo e 
todos os seus benefícios à 
favor da administradora de 
imóveis. 
 
AULA 04 
A RELAÇÃO DE CONSUMO E SEUS ELEMENTOS II – O FORNECEDOR 
 
A previsão legal do art. 3º caput é o chamado fornecedor gênero do qual o fabricante, o construtor o 
importador e o comerciante são espécies. Vê-se que, por conta da responsabilidade, o CDC assim os 
classifica como fornecedor. Mas, quando deseja especificidade o alcunha de fabricante, produtor, 
comerciante etc. 
 
O Fornecedor (gênero) 
Fornecedores são aqueles explicitamente elencados no rol do art. 3º do CDC, e que comportam pouca 
ou nenhuma necessidade de amparo interpretativo. Mormente uma avaliação juriprudencial, mas em que 
nada se compara ao conceito de destinatário final do consumidor. 
 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços. 
 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista. 
Art. 44. CC 
 
São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos; 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
 
Um direito inerente ao consumidor diz respeito ao seu foro privilegiado, por força do art. 101, I do 
CDC e corroborado por vasto entendimento jurisprudencial. 
 
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e 
serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão 
observadas as seguintes normas: 
 
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; 
 
No que se lê “pode ser”, como já citado, é pacífico interpretar deve ser. Fato este corroborado por 
jurisprudência do STJ: 
 
“Em se tratando de relação de consumo, a competência é absoluta, razão 
pela qual pode ser conhecida até mesmo de ofício e deve ser fixada no 
domicílio do consumidor”. 
 
AgRg no CC 127626/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, 
julgado em 12/06/2013, DJe 17/06/2013. 
 
 
A expressão “entes despersonalizados” contida em uma das hipóteses de tipos de fornecedores é 
criação doutrinária. Logo, por expressa determinação legal, são partes legítimas para figurar, 
processualmente, no polo passivo de uma ação a massa falida, comércio popular. 
 
AULA 05 
DIREITOS BÁSICOS I 
Antes do advento do CDC, o consumidor não era considerado sujeito de direito, apenas destinatário 
de produtos e serviços. 
Ao tratar dos direitos básicos do consumidor deve-se ter em mente que o art. 6º traz o rol de tais 
direitos, devendo ser destacado que esse rol não é taxativo, ou seja, a lei traz os direitos mínimos que devem 
assegurados aos consumidores. 
A relevância do tema é tamanha que, fazendo um quadro comparativo, temos nos incisos do art. 6º 
um equivalente aos direitos e garantias fundamentais em nível Constitucional, que podemos alcunhar de 
“Direitos e Garantias Fundamentais do Consumidor”. 
OS DIREITOS BÁSICOS EM ESPÉCIE 
Os direitos básicos do consumidor, através do art. 6º, da Lei 8.078 de 1990, expressam uma série de 
temas indissociáveis do consumidor e que podem (e devem) ser empregados como argumento mínimo com 
fins de atender as suas necessidades. 
São regra de direito: 
 material (incisos I, II, II, IV, V e VI), 
 processual (VIII) e 
 administrativo (VII e X). 
Tudo a fim de garantir aos consumidores a proteção, prevenção e reparação de dano. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, 
bem como sobre os riscos que apresentem; 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas 
no fornecimento de produtos e serviços; 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, 
assegurada a proteção Jurídica, administrativae técnica aos necessitados; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
IX - (Vetado); 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve 
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. 
 
Da Proteção à Saúde e Segurança: 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e 
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, 
em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as 
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto. 
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações 
a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar 
o produto. 
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no 
fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e 
informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de 
contaminação. 
 
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à 
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da 
sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas 
cabíveis em cada caso concreto. 
 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou 
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou 
periculosidade à saúde ou segurança. 
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no 
mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, 
mediante anúncios publicitários. 
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados 
na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à 
saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios deverão informá-los a respeito. 
 
Produtos nocivos: cigarro, bebida alcóolica. 
Produto perigoso: fogos de artifício. 
Serviço perigoso: demolição de prédios. 
Serviço nocivo: dedetização, tratamento de piso (colocação, raspagem e envernizamento). 
 
AULA 06 
DIREITOS BÁSICOS II 
Nesta aula, analisaremos os direitos básicos do consumidor, examinando a prevenção e reparação e 
os danos, a facilitação do acesso à justiça, a prestação eficaz de serviços públicos, o equilíbrio nas relações 
de consumo e as provas no CDC. 
Desse modo, definiremos aspectos fáticos e práticos do tema, entre diversos acerca do conceito de 
serviço adequado e o momento processual da inversão do ônus da prova. 
Prevenção e reparação de danos: 
Lei 8.078 de 1990: 
Art. 6 (...) 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser 
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de. 
É um direito básico do consumidor não apenas à efetiva prevenção (arts. 8, 9 e 10 do CDC), mas 
quando houve o dano, a reparação seja realizada à título individual ou em “massa”. Tal situação permite que 
determinadas situações sejam judicializadas em uma única demanda e resolvida da mesma forma. Gerando 
economia processual e realizando o ideal Constitucional da “duração do processo”. 
Constituição Federal de 1988: 
Art. 5º (...) 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Sendo assim, vamos estudar os seus tipos. 
DIREITOS OU INTERESSES DIFUSOS: 
Lei 8.078 de 1990: 
Art. 81 (...) 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
Diversos lesados – indetermináveis. 
Pessoas ligadas por um fato – não há aquisição. 
V.g. comercial abusivo / enganoso. 
DIREITOS OU INTERESSES COLETIVOS: 
Lei 8.078 de 1990: 
Art. 81 (...) 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe 
de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; 
Diversos lesados – determináveis. 
Pessoas ligadas por uma relação jurídica base. 
V.g. aumento abusivo de plano de saúde em detrimento de idade 
DIREITOS OU INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: 
Lei 8.078 de 1990: 
Art. 81 (...) 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes 
de origem comum. 
Diversos lesados – determináveis. 
Pessoas ligadas por origem comum. 
V.g. acidente em aviação comercial. 
Inversão do ônus da prova 
 
A inversão do ônus da prova é o instrumento de proteção processual ao consumidor, e é positivado 
no inciso VIII do art. 6º. Desde que, minimamente, cumpra os requisitos da verossimilhança e 
hipossuficiência. Mas, apenas o cumprimento dessas premissas não basta. É necessário o seu preenchimento. 
Especialmente, quanto aos critérios basilares desse importante instituto processual consumerista: a 
verossimilhança e a hipossuficiência. 
Verossimilhança – O vocábulo verossímil significa o que é semelhante à verdade, o que tem 
correlação com a verdade, passivo de prova. É importante que o Patrono leve ao Estado Juiz um mínimo de 
demonstração no sentido de que sua alegação é verossímil. Que ofereça indícios que, em confronto com a 
narração das circunstâncias de que dá conta a inicial, e que, em correlação com a descrição dos fatos que 
consubstanciam o direito controvertido, possam indiciar, direcionar à verdade real. 
Hipossuficiência – Tem correlação direta com a incapacidade de o consumidor demonstrar a 
verdade real dos fatos. Pois lhe falta dados, informações, materialização das provas. Seja por condições 
financeiras, seja por condições sociais de intelectualidade e capacidade de discernimento. 
 
AULA 07 
A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO I 
 
Nesta aula, identificaremos os casos de vício do produto e do serviço e suas consequentes 
responsabilidades. Nas palavras do inigualável Rizzato Nunes, temos: 
“Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício; o defeito pressupõe o vício. O 
defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto 
ou ao serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento ou 
não-funcionamento”. 
 Na primeira fundamentação do vício do produto, a qualificadora do que vem a ser um produto com 
vício de quantidade, qualidade e inadequação. 
A quantidade vê-se claramente que ocorrerá quando houve disparidade entre a informação 
discriminada no invólucro/recipiente/embalagem e a informação localizada no mesmo. Pois o consumidor, 
na mais legítima boa-fé, jamais desconfiarianesta discrepância. Logo, se temos o rótulo informando sobre 
seu peso, v.g., um quilo, nada mais resta a pensar que o produto tem seu peso líquido de um quilo. 
Excetuando, por óbvio, o peso da própria embalagem. 
A qualidade diz respeito ao material ao qual o mesmo é fabricado, construído e correlacionados. 
Decerto que, apesar do binômio preço/qualidade andarem juntos, (quanto mais caro, teoricamente, de 
melhor qualidade) isto não implica com relação a sua funcionalidade, que deve ser a mesma esperada pelo 
consumidor. 
Prazo de análise: 
Art. 18. (...) 
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de 
uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
O prazo de análise é um importante instituto à disposição do fornecedor em sua defesa em face do 
consumidor. Nesta hipótese, temos que o fornecedor terá um prazo para proceder uma avaliação/perícia 
quanto ao produto. Uma vez constatado, tecnicamente, tal “vício”, o fornecedor se desonera de deveres junto 
ao consumidor. Entretanto, caso o prazo de 30 dias seja ultrapassado, o consumidor poderá usar uma das 
alternativas dispostas nos incisos do seu parágrafo 1º. 
Da impropriedade e inadequação: 
Art. 18. (...) 
§ 6° São impróprios ao uso e consumo: 
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, 
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em 
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; 
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se 
destinam. 
Vício do serviço: 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas 
regulamentares de prestabilidade. 
 
O vício do serviço é tipificado quando incorre nas hipóteses em que o mesmo seja inadequado ou não 
atenda às normas regulamentares de sua prestação. Entendendo-se o primeiro quando não atinge os objetivos 
propostos ou esperados e o segundo quando não segue aquilo ao qual a entidade reguladora lhe determina. 
 
AULA 08 
A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO II 
O estudo da responsabilidade civil nas relações de consumo exige o conhecimento dos artigos 12 e 
14 da Lei. 8.078 de 1990. Para tanto, avaliaremos tais fundamentações com a premissa de que o seu 
principal elemento caracterizador é o defeito. Tudo com a apuração por meio da responsabilidade objetiva 
(responsabilidade que independe de culpa). 
Destacamos a responsabilidade pelos serviços prestados por profissionais liberais que constitui a 
única exceção ao sistema da responsabilidade civil objetiva que reina quase absoluta em termos de relação 
de consumo. E observamos que o serviço advogado não se enquadra nesses termos por entendimento 
jurisprudencial do STJ. 
Por fim, neste tema, examinaremos as excludentes de responsabilidade como motivador da quebra do 
nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano. 
Fato do produto: 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação 
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, 
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 
Caracterização do fato do produto: 
A responsabilidade civil nas relações de consumo encontra no artigo 12 do CDC a responsabilidade 
pelo fato do produto. Os legitimados para integrar o polo passivo são diversos. Nos termos da própria 
fundamentação temos o “fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador”. 
A expressão “independentemente da existência de culpa” nos remete à ideia da responsabilidade 
objetiva. Em que não discute a “culpa”. 
Destacamos que há dano efetivo. Tanto que o fornecedor responde pela sua reparação. 
E responde o fornecedor de produtos pelos “defeitos”, que é o núcleo do tipo do fato do produto. E a 
responsabilidade é gerada pelo já citado defeito por “projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. Logo, identificamos uma gama gigantesca de possibilidades. 
Convém ressaltar que o defeito pela “apresentação” é gerado por “informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua utilização e riscos”. A ausência ou erro na informação essencial ao produto para a sua 
correta utilização é o suficiente para gerar o dano. Ex: Em alimentos, a ausência de informação de que este 
produto contém glúten pode levar o consumidor que não tolera esta substancia a um dano enorme. Com 
potencialidade de sua morte. 
O defeito do produto: 
Art. 12 (...) 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente 
se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
Como já dito, a palavra “defeito” nos conduz à caracterização “nuclear” do fato do produto. Tanto 
que temos um parágrafo exclusivamente dedicado ao tema. Será o produto defeituoso por: 
Inciso I - Sua apresentação: 
Informação inadequada, falha, insuficiente. Ex: Remédio que informa sua limitação de uso para 
lactantes; 
Inciso II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam: 
Se o produto é utilizado dentro da normalidade não pode causar danos. Ex: Uma bebida não pode 
conter nada que seja diferente do informado. Ácido, pedaços de animais etc. 
Inciso III - a época em que foi colocado em circulação: 
Diz respeito ao risco do desenvolvimento. Produto que foi colocado no mercado sem que fosse 
esgotado os testes de nocividade/periculosidade ao consumidor. Ex: remédio que promete a cura de uma 
determinada doença, cura a mesma, mas produz efeitos diversos, causando um mal maior do que a própria 
cura. 
Produto obsoleto X produto inservível: 
 
Art. 12 (...) 
§ 2° O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade 
ter sido colocado no mercado. 
 
O produto tecnologicamente obsoleto não tido como inservível. 
Ex: Para um escritório de advocacia, uma máquina de escrever é obsoleta diante da fartura de 
tecnologia de escrituração e impressão. Mas basta uma interrupção prolongada, por dias, no fornecimento de 
energia elétrica para gerar a sua necessidade. 
Fato do serviço: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
 
Caracterização do fato do serviço: 
Resguardadas as devidas proporções, a única distinção que se faz entre o fato do produto e do serviçoé que neste tratamos, exclusivamente, de serviços. Nos termos do art. 3º §2º do CDC. Fora isso, temos iguais 
ponderações. Seja pela responsabilidade objetiva, pelo defeito ou nas informações. 
O defeito do serviço: 
Como não poderia ser diferente, temos iguais ponderações acerca da caracterização do serviço 
defeituoso. 
Art. 14. (...) 
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele 
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as 
quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
 
Serviço obsoleto X Serviço inservível: 
Art. 14. (...) 
§ 2° O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
 
A tecnologia, mais uma vez, é o traço marcante dessa definição. Prestações de serviços de 
comunicação antes consideradas essenciais, como, por exemplo, tecnologia celular por meio de smartphones 
que sobrepujaram a extinta tecnologia TDMA, substituída pela tecnologia (atualmente) 4G . 
 
A responsabilidade civil dos profissionais liberais: 
Art. 14. (...) 
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa. 
 
É a única exceção ao regramento da responsabilidade consumerista na modalidade objetiva. O 
profissional liberal terá a seu “favor” que o autor da ação (consumidor) deva provar a responsabilidade do 
fornecedor (nos termos do art. 186 da Lei 10.406 de 2002), pois será analisada a sua 
ação/omissão/imprudência/negligência. 
Ex: dentistas, médicos, contadores etc. 
 
OBS: A responsabilidade do advogado como profissional liberal: 
 
Nos termos do REsp 532.377/RJ, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, 4ª turma, julgado em 
21/08/2003, DJ 13/10/2003, p. 373, temos: 
Não há relação de consumo nos serviços prestados por advogados, seja por incidência de norma 
específica, no caso a Lei n° 8.906/94, seja por não ser atividade fornecida no mercado de consumo. 
As prerrogativas e obrigações impostas aos advogados - como, v. g., a necessidade de manter sua 
independência em qualquer circunstância e a vedação à captação de causas ou à utilização de agenciador 
(arts. 31/ § 1° e 34/III e IV, da Lei n° 8.906/94) - evidenciam natureza incompatível com a atividade de 
consumo. 
Recurso não conhecido. 
 
Logo o advogado como profissional liberal terá a sua responsabilidade apurada, exclusivamente, pelo 
Tribunal de Ética e Disciplina da OAB – TED. 
 
Excludentes de responsabilidade – inversão ope legis: 
 
Art. 12 (...) 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Art. 14 (...) 
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Na exclusão de responsabilidade temos a “quebra” do nexo de causalidade. Esta se faz por meio dos 
incisos dos parágrafos 3º dos artigos 12 e 14. Vamos à digressão de seu conteúdo. 
Nos parágrafos 3º temos que o fornecedor somente não será responsabilizado “se (art. 12) e quando 
(14) provar”. Caso não o prove, será o responsável pelo dano. 
 
AULA 09 
A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO 
 
O grande objetivo do estabelecimento dos institutos da prescrição e da decadência diz respeito à 
pacificação social. Pois, inexistentes as pretensões, o exercício do direito seria eterno, gerando grande 
instabilidade jurídica, pois ficaria à mercê do respectivo titular. 
Assim, a lei garante limites de tempo para o exercício do direito na seara cível. 
Como não poderiam ser diferentes, tais preceitos são aplicáveis às normas de consumo. Os institutos 
da decadência e da prescrição estão previstos, consecutivamente, nos artigos 26 e 27 do CDC. 
Prescrição – caracterização: 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a 
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
 
O prazo quinquenal é direcionado, exclusivamente, às hipóteses previstas na seção II do capítulo, 
qual seja: 
Capítulo IV - Da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos. 
Seção II - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço. 
 
Prescrição – aplicabilidade: 
Tal prazo é aplicável, exclusivamente, à responsabilidade civil nas relações de consumo: 
 
Tal especificidade afasta a incidência do prazo prescricional pela reparação civil da Lei 10.406 de 
2002. 
Art. 206. Prescreve: 
§ 3º Em três anos: 
V - a pretensão de reparação civil; 
 
Por consequência, aplica-se às relações de consumo (responsabilidade civil espécie) o prazo 
quinquenal, a diferença (responsabilidade civil gênero) e o prazo trienal. 
 
Prescrição – início da contagem: 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a 
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
O legislador consumerista foi perspicaz ao determinar a conjunção de fatores (“e”) para a 
caracterização do início da contagem de prazo. Pois, na ocorrência do dano imposta ao consumidor, nem 
sempre haverá a imediata identificação da autoria. 
 
A decadência: 
A decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava 
originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo 
exercício. Logo, seu objeto é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição 
de seu exercício em limitado lapso de tempo. Em sede de relação de consumo está prevista no art. 26 da Lei 
8.078 de 1990. 
Decadência – caracterização: 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca 
em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.. 
 
Decadência – Obstaculização: 
Art. 26. (...) 
§ 2° Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor 
de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser 
transmitida de forma inequívoca; 
 
Ao obstar o prazo, o consumidor terá a seu favor a interrupção do mesmo quando ocorrer algum dano 
posterior. Para tanto, deverá utilizar o art. 18° § 1ª e 2º°do CDC, verbis: 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição 
das partes viciadas. 
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
(...) 
Exemplo: Um consumidor adquire uma estação móvel (celular) em determinada data. Considerando 
que o mesmo é um produto durável, seu prazo para vícios aparentes ou de fácil constatação é de 90 dias. 
Da data da compra até o surgimento de um problemaqualquer passaram-se 80 dias. O produto foi 
encaminhado por estar dentro da garantia legal de 90 dias. Durante este prazo em que ficou sob a guarda do 
fornecedor, tal prazo foi obstado (suspenso). Este foi devolvido com 20 dias sem problemas. 
Com a sua devolução, o prazo de garantia teve sua contagem reiniciada. Em relação ao produto, 
restam mais 10 dias. Já em relação ao serviço (criando novo direito), o prazo é de 90 dias. 
Caso o prazo de 30 dias em que ficou sob a guarda do fornecedor fosse ultrapassado, o consumidor 
poderia fazer uso das previsões legais dos incisos do parágrafo 1º: 
Art. 18 (...) 
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de 
uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
OBS: O prazo de 30 dias pode ser flexibilizado de acordo com a complexidade do produto. 
Por necessidade, exemplo, de importação de componente. 
Art. 18 (...) 
(...) 
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no 
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta 
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
 
Decadência – vício oculto: 
 
Art. 26. (...) 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que 
ficar evidenciado o defeito. 
O vício oculto ficará caracterizado quando: 
1. Não for possível identificar pela simples visualização; 
2. Não provocar a impropriedade ou inadequação do bem de consumo (produto/serviço). 
OBS: O prazo decadencial para o vício oculto terá sua contagem iniciado a partir do momento em 
que o mesmo passa a ser evidente e facilmente constatável. Em seguida, teremos a ingerência dos prazos dos 
incisos do art. 26, que nos remetem a 30 e 90 dias. 
AULA 10 
ASPECTOS PROCESSUAIS, PENAIS E ADMINISTRATIVOS 
Nesta aula, examinaremos aspectos processuais, de competência de propositura de ação e infrações 
penais. 
A processualística da Lei 8.078 de 1990 possibilita ao consumidor o emprego de quaisquer meios 
previsto em lei com fins de atingir a reparação dos danos impostos. Já na competência da propositura da 
ação de responsabilidade civil nas relações de consumo, o autor terá ao seu lado, entre outras, o foro 
privilegiado. 
Consistente na tramitação processual à seu critério (por exemplo no foro do seu domicílio). Por fim, 
nas infrações penais no CDC, com algumas tipificações (por exemplificação) exporemos e justificaremos 
sua existência. 
A processualística consumerista: 
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são 
admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva 
tutela. 
Parágrafo único. (VETADO). 
Uma das maiores preocupações do legislador consumerista foi possibilitar a instrumentalidade 
processual às demandas envolvendo relação de consumo. Tanto que no art. 6, VII prevê o “direito de acesso 
aos órgãos judiciais e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos (...)”. 
O artigo 83 explicita ainda mais tal direito básico do consumidor. Não trata este artigo de mera 
enunciação, mas que, em cotejo com outras fontes, principalmente o Código de Processo Civil (Lei 13.105 
de 2015), como se lê no art. 90 do CDC: 
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo 
Civil e da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito 
civil, naquilo que não contrariar suas disposições. 
E, dentro da principal lei de ritos, exemplificamos como grande auxiliar às demandas de consumo as 
tutelas provisórias, previstas entre os artigos 294 e 311. Ao qual destacamos a tutela de evidência: 
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração 
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: 
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito 
protelatório da parte. 
Tudo com o fim de potencializar o mandamento Constitucional da razoável duração do processo: 
Art. 5: (...) 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Variando entre uma ação de obrigação de fazer ou não fazer (art. 84) ações coletivas (art. 87) e a 
vedação de denunciação à lide (art. 88), temos um rol auxiliar na obtenção dos legítimos interesses do 
consumidor. 
Variando entre uma ação de obrigação de fazer ou não fazer (art. 84) ações coletivas (art. 87) e a 
vedação de denunciação à lide (art. 88), temos um rol auxiliar na obtenção dos legítimos interesses do 
consumidor. 
A competência da propositura da ação de responsabilidade civil nas relações de consumo: 
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, 
sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as 
seguintes normas: 
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; 
A leitura com uma interpretação literal pode induzir que a ação “pode” ser proposta no domicílio do 
consumidor. 
Em verdade, o vocábulo “pode” deve ser interpretado como “deve”. Pois, em sendo a ação proposta 
pelo consumidor, é facultado ao mesmo a escolha do foro que melhor lhe convier, eis que a norma protetiva 
visa a facilitação da defesa dos seus interesses, ainda que fora do seu domicílio. 
Primeiramente, por ser a Lei 8.078 de 1990, uma lei de ordem pública e interesse social (art. 1º do 
CDC). E, também, por explícita obediência ao principio da vulnerabilidade do consumidor nas relações de 
consumo (art.4, I do CDC). 
As infrações penais no CDC – generalidades: 
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, 
sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas 
nos artigos seguintes. 
De plano o art. 61 enuncia que os delitos previstos no CDC não excluem o previsto em outras leis. 
Como, por exemplo, crimes que envolvam a saúde pública, art. 278 do CP: 
Decreto Lei 2.848 de 1940 - Código Penal: 
Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de 
qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que 
não destinada à alimentação ou a fim medicinal: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
As infrações penais no CDC – tipificações exemplificativas: 
Elencamos entre as 11 infrações penais, duas por suas diferenças e existência fática: 
1. Publicidade Prejudicial à Saúde: 
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de 
induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou 
segurança: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: 
Parágrafo único. (VETADO) 
Considerando o tipo penal consumerista nos auxiliamos do normativo do Código Brasileiro de 
Autorregulamentação Publicitária, em seu art. 33, verbis: 
Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. 
Artigo 33: Este Código condena os anúncios que: 
a. manifestem descaso pela segurança, sobretudo quando neles figurarem jovens e 
crianças ou quando a estes for endereçada a mensagem; 
b. estimulem o uso perigoso do produto oferecido; 
c. deixem de mencionar cuidados especiais para a prevenção de acidentes, quando 
tais cuidados forem essenciais ao uso do produto; 
d. deixem de mencionar a responsabilidade de terceiros, quando talmenção for 
essencial; 
e. deixem de especificar cuidados especiais no tocante ao uso do produto por 
crianças, velhos e pessoas doentes, caso tais cuidados sejam essenciais. 
Fazendo uma convergência entre as normas, percebemos que o tipo penal veda a publicidade capaz 
de fazer com que o consumidor se comporte de forma prejudicial a sua própria saúde. Tanto que no art. 33 
do normativo, o CONAR condena os anúncios que, entre outros, “deixem de mencionar cuidados especiais 
para a prevenção de acidentes, quando tais cuidados forem essenciais ao uso do produto” 
2. Cobrança de dívida de forma vexatória: 
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico 
ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro 
procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira 
com seu trabalho, descanso ou lazer: 
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
Este tipo penal para ser amplamente compreendido, tem necessidade da complementação do art. 42 
do CDC: 
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a 
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
Parágrafo único. (...) 
Pela sua convergência, compreendemos que a dívida é ato personalíssimo. Apenas o consumidor 
pode ser cobrado. Mas na conduta da cobrança não pode haver exposição vexatória. Compreendendo tal 
exposição, não pode haver interferência em local de trabalho, descanso ou lazer. Principalmente com a 
ciência de terceiros. 
As infrações penais no CDC – Concurso de pessoas: 
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, 
incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o 
diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por 
qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em 
depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições por ele 
proibidas. 
A regra prevê o concurso de pessoas. Em sendo norma penal é uma redundância do art. 29 do CP: 
 
Decreto-lei 2.848 de 1940 - Código Penal: 
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
Destacamos neste tipo penal consumerista, a previsão da responsabilidade do “diretor, administrador 
ou gerente da pessoa jurídica”. Pois, de acordo com a sua culpabilidade, poderão responder 
concorrentemente com a própria empresa. Principalmente, em decorrência do seu “status mandamental” 
(posição hierárquica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FÓRUM 
Olá, Pessoal! 
Vamos debater aqui o seguinte tema: 
"Diante da crescente industrialização e da sociedade do consumo, potencializados 
pelos avanços tecnológicos, tivemos muitas mudanças na estrutura jurídica das 
relações humanas. Um exemplo disso é o e-commerce, ou comércio eletrônico. A 
economia capitalista, que gera trabalho e riqueza, estimula o consumo, e utiliza 
recursos tecnológicos no processo de comercialização de seus bens.". 
Vamos lá! 
Nenhum país caminha sem o seu desenvolvimento econômico, uma economia forte é a base de toda a 
sustentação da máquina pública, assim como a garantia dos meios para que seus cidadãos possam buscar sua 
subsistência, qualidade de vida e realização de sonhos. Por isso e muito mais surgiu, no pós Segunda Guerra 
Mundial, o entendimento por parte dos EUA, grande país capitalista em ascensão, a necessidade de uma 
proteção ao consumidor, visto ser esse parte hipossuficiente na relação de consumo frente aos fornecedores 
de produtos e serviços, sendo esta proteção necessária para a manutenção de uma economia saudável diante 
da promoção de uma economia de consumo. 
O Brasil, seguindo a tendência mundial, adotou, quando na elaboração da CRFB/88, um lugar de 
destaque à defesa do consumidor, o elencando como direito fundamental, garantindo, assim, uma 
estabilidade na proteção dos direitos do consumidor quando personagem nas relações comerciais. 
A sociedade e as interações humanas tendem a mudar com o passar do tempo e isso não poderia ser 
diferente nas relações comerciais. Com o surgimento do e-commerce a legislação precisou adaptar-se a este 
novo conceito de transação comercial, assim, aquilo que não pode ser adaptado por analogia, necessitou ser 
criado, pois o direito é ciência viva que precisa adaptar-se à realidade social. 
 
 
Boa noite, professora inicie um novo debate com focos diferentes. 
 
Olá, Sara. Ainda preciso aguardar que a maioria se manifeste para então introduzir 
outro assunto, ok? Não se preocupe que temos tempo. Obrigada pelo interesse. 
Beijos. 
 
 
 
O Direito do Consumidor, cuja efetividade se dá por meio dos órgãos de defesa do consumidor (Procon, Decon 
etc), busca assegurar que o cidadão possa dispor de meios necessários à prevenção e/ou reparação de eventuais 
danos patrimoniais, morais etc, decorrentes na falha no fornecimento de bens e/ou prestação de serviços para o 
consumidor final. 
 
Sua finalidade consiste em assegurar que os consumidores obtenham acesso a informações quanto à origem e a 
qualidade dos produtos e serviços oferecidos; evitar a ocorrência de fraudes, garantir lisura nas relações de 
consumo para os usuários dos bens e serviços além de equilibrar as relações de consumo. 
 
 
A Constituição brasileira de 1988 foi inovadora ao por o Direito do Consumidor como um direito fundamental, 
uma vez que, tal medida foi de extrema importância para a elaboração do CDC e criação de seus órgãos 
garantidores, tendo, por fim, a possibilidade de se recorrer à tutela jurisdicional, sendo este outro direito 
fundamental.

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