Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 01 INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – CPDC A Lei 8.078/1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor – CPDC) é a principal lei que regula as relações de consumo. Devido a sua relevância social, o legislador constituinte lhe deu prestígio constitucional. Materializado por meio do artigo 48 do ADCT (proteção positivada, concepção da lei), do artigo 5º, XXXII (status de direito e garantia fundamental, essa situação gera uma condição de garantia e estabilidade da “Defesa do Consumidor” enquanto vigorar a CRFB/1988) e 170, V (princípio inerente a ordem econômica para a manutenção de uma economia saudável). Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. O CPDC é uma lei ordinária. E, em havendo confronto com outra lei ordinária haverá uma supremacia do CPDC. Considerando a supremacia de origem e ordem Constitucional (arts. 5, XXXII, 170, V, 48 ADCT, entre outros), a Lei 8.078 de 1990 tem uma característica de norma supra-hierárquica quando em confronto com outra lei. Devido, não apenas a sua Constitucionalidade, mas, também, ao princípio da especialidade (ou especificidade). O Código de Defesa do Consumidor é aplicável em toda a estrutura jurídica em que existem duas figuras apolares: CONSUMIDOR É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. FORNECEDOR É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Seus princípios e normas são de ordem pública e interesse social, vale dizer, de aplicação necessária, conforme disposto expressamente em seu primeiro artigo. Art. 1º - O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. O objetivo do CPDC é implantar uma Política Nacional de Consumo, conforme determina o seu art. 4° e os instrumentos para colocar essa Política Nacional em prática estão mencionados no art. 5° do mesmo diploma legal. Previsões na CRFB/1988 que tem ingerência direta nas normas de consumo: Art. 1, III; Art. 5° X, XXII e § 2°; Art. 24, VIII; Art. 30, I, II; Art. 37, § 6°; Art. 60, § 4°, IV; Art. 87, Parágrafo único, II; Art. 150, § 5°; Art. 175, Parágrafo único, II. A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas, logo, se um dos polos é vulnerável as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o vulnerável é protegido pela legislação, com o fim de garantir os princípios constitucionais da isonomia e igualdade nas relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade. A hipossuficiência não se confunde com a vulnerabilidade, pois se apresentará exclusivamente no campo processual devendo ser observada caso a caso, já que se trata de presunção relativa, então, sempre precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz. São duas as principais noções de hipossuficiência, segundo a lei: 1º) Aplicação do art. 4º da Lei n.1060/50, que concede o benefício da justiça gratuita aos que alegarem pobreza e comprovando-a na forma da lei então, considera-se a parte hipossuficiente (com o advento do NCPC, arts. 98 e 99, essa Lei entrou em desuso); 2º) Relaciona-se à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do art. 6º do CDC, mas que não se relaciona necessariamente à condição econômica dos envolvidos. AULA 02 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Princípios de proteção do consumidor: princípio da vulnerabilidade e suas espécies, o da boa-fé e suas funções, o da transparência, da segurança e harmonia. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II – (...) Princípio Da Vulnerabilidade: O princípio da vulnerabilidade é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da relação de consumo. Caracterizamos o princípio da vulnerabilidade como aquele em que o consumidor está em desvantagem jurídica, decorrente de uma expressa determinação legal oriunda da Lei n. 8078/90, art. 4, I. Independentemente de sua situação social, pelo simples fato de ser consumidor, já o faz ser classificado como vulnerável. Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Este princípio é o resultado da “qualidade” especial do consumidor. Pois, além de lhe ser inerente, é a identificação permanente da subordinação, do desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor. É importante frisar que a vulnerabilidade pode ser: Hipervulnerabilidade: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; A hipervulnerabilidade decorre da evolução da vulnerabilidade. O hipervulnerável é a criança, o enfermo, o paupérrimo. Que, na condição de consumidor juridicamente vulnerável, temos a hipervulnerabilidade como um “algo mais”. Além do princípio da Vulnerabilidade, os outros dois maiores são: Princípio Da Harmonia Das Relações De Consumo; Princípio Da Repressão Eficiente De Todos Os Abusos. Princípio da Boa-fé: Art. 4º (...) III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; É o regramento de conduta social de agir com lealdade e honestidade. Fazer o que é certo e na medida do prometido. A Boa-fé Objetiva: A Teoria do Risco do Empreendimento (ou do negócio). Significa atuação refletida, uma atuação observando, pensando no outro,no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva. Cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes. A relevância do tema é positivada nos seguintes fundamentos: Constituição Federal – 5; V, X, XXII; §2 Código Civil – 112; 113; 166, VI; 167, § 2; 171; 172; 186; 187; 309; 317; 421; 422; 423; 424; 425; 478; 479; 480; 927, § único; 1201 e 1208. Código de Processo Civil – 374, I, III e IV; Código de Defesa do Consumidor – 1; 4, III; 39, V; 51, IV; 54; 84 Princípio da transparência: Não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço, é necessário que tal informação seja prestada de maneira clara, possibilitando ao consumidor que adquira o bem de consumo de forma consciente. Princípio da Segurança: Art. 4º (...) V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legítima dos consumidores. Princípio da Harmonia: O princípio da harmonia (ou equidade) é um princípio de técnica de hermenêutica que deve estar presente na aplicação da lei. É a justiça diante do caso concreto. AULA 03 A RELAÇÃO DE CONSUMO E SEUS ELEMENTOS I – O CONSUMIDOR Estabelecermos como requisito de uso da Lei 8.078 de 1990 – CDC, a necessidade premente de uma relação de consumo que exige a existência de dois sujeitos: o consumidor e o fornecedor. O primeiro integrante da relação de consumo é o consumidor. Art. 2º da Lei 8.078 de 1990, verbis: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Com a leitura, podemos identificar a ausência de um conceito do que vem a ser destinatário final, o que vem causando sérias controvérisas ao longo do tempo. Para o tema devemos distinguir as teorias existentes. Inicalmente tivemos a teoria maximalista, depois a teoria finalista, que perdura até os dias atuais em sede de aplicação; e, recentemente, a partir de 2010, temos a possibilidade de aplicação da chamada teoria finalista atenuada (ou mitigada ou mista). Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caracterizado como um elemento subjetivo da relação de consumo. Tal premissa encontra justificativa pelo fato de que o conceito detém flexibilidade em relação à doutrina e à jurisprudência. A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos pertinentes ao consumidor: Art. 2° - Definição de consumidor e destinatário final e consumidor por equiparação de forma coletiva; Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo; Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI. CONSUMIDOR PADRÃO O consumidor padrão ou “standard” é CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO O consumidor por equiparação relativamente o mais fácil de ser identificado. Sua fundamentação é o já citado art. 2º do CDC parte, como se lê: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Podemos refletir que esse consumidor adquire por contrato de aquisição por gênero. Seja por contrato de compra e venda (com características do art. 481 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC), seja por contratação de serviços (com características do art. 593 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC). É aquele que adquire para satisfazer uma necessidade. Se de forma subjetiva ou profissional é discutível. Mas sempre ocorrerá a transferência de propriedade do produto ou da fruição do serviço. ou “bystandarder” tem a necessidade de maior avaliação. Suas fundamentações são os art. 2º em seu parágrafo único, o art. 17 e o 29, todos do CDC, como se lê: Art. 2° [...] Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam- se aos consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. É o consumidor que não adquire, mas utiliza o produtos ou serviços, nos termos do próprio artigo 2º: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Cremos assim que o consumidor é o que, ao utilizar um bem de consumo, sofre danos oriundos do mesmo. Principalmente, se considerarmos que nenhum produto ou serviço, desde que corretamente utilizado, pode causar danos ao consumidor. Tal premissa encontra fundamentação na primeira parte do art. 8 do CDC: Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis, em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Logo, em plena conformidade entre justificativa e fundamentação, temos que “nenhum bem de consumo pode causar danos aos consumidores”. Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor padrão) seja o que o utiliza (consumidor por equiparação). TEORIA MAXIMALISTA Advém dos primórdios da aplicação da Lei 8.078 de 1990. Para se enquadrar como consumidor, bastava adquirir o bem de consumo no mercado fornecedor para caracterizar tal relação. Independentemente da motivação, objetivo e interesse. “Comprou é consumidor!” Basta a singela retirada do mercado de consumo para se enquadrar como consumidor. Por este raciocínio, uma grande empresa de metalurgia, quando adquire minério para beneficiamento e posterior fabricação de metal seria considerada consumidor. Essa ideia não perdurou por longo tempo, pois o objetivo das normas de consumo é o de proteger, art. 4, I do CDC, o “consumidor vulnerável”. E, no exemplo anterior, cremos que uma empresa de metalurgia, considerando o bem de consumo em questão (minério) não possa ser enquadrada como vulnerável, em razão, principalmente, de sua expertize em relação conhecimento técnico sobre o bem adquirido. Desse modo, essa teoria está em descompasso com o espírito das normas de consumo. TEORIA FINALISTA Além de adquirir o bem de consumo, é necessário saber qual a destinação fática, efetiva, econômica, subjetiva do bem em questão. Pois, ao empregar o mesmo ao fim a que se destina, este, de per se, não prestará para fins de enriquecer seu proprietário com a sua venda direta ou empregado como insumo principal na atividade profissional de seu proprietário. Caso isso ocorra, o adquirente não se enquadra na principiologia da vulnerabilidade ínsita no já citado art. 4, I da principal lei que regula as relações de consumo. Logo, a justificativa para a sua aquisição deve ser desprovida de intentos profissionais, como o seu beneficiamento da matéria prima com posterior venda. A satisfação da aquisição deve ser subjetiva. Veja um exemplo em que temos o mesmoobjeto com fins diferentes: Alguém comprou o veículo “van” com fins de transporte profissional. Não há relação de consumo em detrimento do seu objetivo profissional; Alguém comprou o veículo “van” com fins de transportar sua numerosa família em uma viagem pelo continente sul- TEORIA FINALISTA ATENUADA (OU MISTA OU MITIGADA) A aquisição para uso, ainda que profissional, caracterizará a relação de consumo desde que o adquirente não tenha condições de negociação com o fornecedor. Para tanto, melhor será a apresentação da seguinte jurisprudência. AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS. AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. 1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de aeronave por empresa administradora de imóveis. 2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica, não se incorporando ao serviço prestado aos clientes. 3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada. Precedentes. americano. Há relação de consumo em detrimento do seu objetivo meramente pessoal. Como se pode observar muito bem, intuitos diferentes, relações diferentes. Na eventual ocorrência de dano, o proprietário do veículo adquirido com fins profissionais deverá invocar a principal lei que regula as relações entre pessoas privadas, a Lei 10.406 de 2002 – Código Civil. Considerando o evento dano, principalmente o artigo 931. Já na segunda hipótese, o proprietário do veículo poderá invocar a Lei 8.078 de 1990 e todos os seus benefícios. 4. Agravo regimental desprovido. Em um primeiro momento, pode parecer uma antinomia em relação à teoria finalista pura. Mas, se avaliarmos com mais atenção, a lógica da coisa é que, in casu, o avião é utilizado com fins de ser empregado no negócio de imóveis (transporte de clientes para lugares longínquos) e não o de aviação comercial. Por consectário lógico, considerando as peculiaridades da jurisprudência, há aplicação das normas de consumo e todos os seus benefícios à favor da administradora de imóveis. AULA 04 A RELAÇÃO DE CONSUMO E SEUS ELEMENTOS II – O FORNECEDOR A previsão legal do art. 3º caput é o chamado fornecedor gênero do qual o fabricante, o construtor o importador e o comerciante são espécies. Vê-se que, por conta da responsabilidade, o CDC assim os classifica como fornecedor. Mas, quando deseja especificidade o alcunha de fabricante, produtor, comerciante etc. O Fornecedor (gênero) Fornecedores são aqueles explicitamente elencados no rol do art. 3º do CDC, e que comportam pouca ou nenhuma necessidade de amparo interpretativo. Mormente uma avaliação juriprudencial, mas em que nada se compara ao conceito de destinatário final do consumidor. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Art. 44. CC São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Um direito inerente ao consumidor diz respeito ao seu foro privilegiado, por força do art. 101, I do CDC e corroborado por vasto entendimento jurisprudencial. Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; No que se lê “pode ser”, como já citado, é pacífico interpretar deve ser. Fato este corroborado por jurisprudência do STJ: “Em se tratando de relação de consumo, a competência é absoluta, razão pela qual pode ser conhecida até mesmo de ofício e deve ser fixada no domicílio do consumidor”. AgRg no CC 127626/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 17/06/2013. A expressão “entes despersonalizados” contida em uma das hipóteses de tipos de fornecedores é criação doutrinária. Logo, por expressa determinação legal, são partes legítimas para figurar, processualmente, no polo passivo de uma ação a massa falida, comércio popular. AULA 05 DIREITOS BÁSICOS I Antes do advento do CDC, o consumidor não era considerado sujeito de direito, apenas destinatário de produtos e serviços. Ao tratar dos direitos básicos do consumidor deve-se ter em mente que o art. 6º traz o rol de tais direitos, devendo ser destacado que esse rol não é taxativo, ou seja, a lei traz os direitos mínimos que devem assegurados aos consumidores. A relevância do tema é tamanha que, fazendo um quadro comparativo, temos nos incisos do art. 6º um equivalente aos direitos e garantias fundamentais em nível Constitucional, que podemos alcunhar de “Direitos e Garantias Fundamentais do Consumidor”. OS DIREITOS BÁSICOS EM ESPÉCIE Os direitos básicos do consumidor, através do art. 6º, da Lei 8.078 de 1990, expressam uma série de temas indissociáveis do consumidor e que podem (e devem) ser empregados como argumento mínimo com fins de atender as suas necessidades. São regra de direito: material (incisos I, II, II, IV, V e VI), processual (VIII) e administrativo (VII e X). Tudo a fim de garantir aos consumidores a proteção, prevenção e reparação de dano. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativae técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. Da Proteção à Saúde e Segurança: Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. § 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação. Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. Produtos nocivos: cigarro, bebida alcóolica. Produto perigoso: fogos de artifício. Serviço perigoso: demolição de prédios. Serviço nocivo: dedetização, tratamento de piso (colocação, raspagem e envernizamento). AULA 06 DIREITOS BÁSICOS II Nesta aula, analisaremos os direitos básicos do consumidor, examinando a prevenção e reparação e os danos, a facilitação do acesso à justiça, a prestação eficaz de serviços públicos, o equilíbrio nas relações de consumo e as provas no CDC. Desse modo, definiremos aspectos fáticos e práticos do tema, entre diversos acerca do conceito de serviço adequado e o momento processual da inversão do ônus da prova. Prevenção e reparação de danos: Lei 8.078 de 1990: Art. 6 (...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de. É um direito básico do consumidor não apenas à efetiva prevenção (arts. 8, 9 e 10 do CDC), mas quando houve o dano, a reparação seja realizada à título individual ou em “massa”. Tal situação permite que determinadas situações sejam judicializadas em uma única demanda e resolvida da mesma forma. Gerando economia processual e realizando o ideal Constitucional da “duração do processo”. Constituição Federal de 1988: Art. 5º (...) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Sendo assim, vamos estudar os seus tipos. DIREITOS OU INTERESSES DIFUSOS: Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; Diversos lesados – indetermináveis. Pessoas ligadas por um fato – não há aquisição. V.g. comercial abusivo / enganoso. DIREITOS OU INTERESSES COLETIVOS: Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; Diversos lesados – determináveis. Pessoas ligadas por uma relação jurídica base. V.g. aumento abusivo de plano de saúde em detrimento de idade DIREITOS OU INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. Diversos lesados – determináveis. Pessoas ligadas por origem comum. V.g. acidente em aviação comercial. Inversão do ônus da prova A inversão do ônus da prova é o instrumento de proteção processual ao consumidor, e é positivado no inciso VIII do art. 6º. Desde que, minimamente, cumpra os requisitos da verossimilhança e hipossuficiência. Mas, apenas o cumprimento dessas premissas não basta. É necessário o seu preenchimento. Especialmente, quanto aos critérios basilares desse importante instituto processual consumerista: a verossimilhança e a hipossuficiência. Verossimilhança – O vocábulo verossímil significa o que é semelhante à verdade, o que tem correlação com a verdade, passivo de prova. É importante que o Patrono leve ao Estado Juiz um mínimo de demonstração no sentido de que sua alegação é verossímil. Que ofereça indícios que, em confronto com a narração das circunstâncias de que dá conta a inicial, e que, em correlação com a descrição dos fatos que consubstanciam o direito controvertido, possam indiciar, direcionar à verdade real. Hipossuficiência – Tem correlação direta com a incapacidade de o consumidor demonstrar a verdade real dos fatos. Pois lhe falta dados, informações, materialização das provas. Seja por condições financeiras, seja por condições sociais de intelectualidade e capacidade de discernimento. AULA 07 A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO I Nesta aula, identificaremos os casos de vício do produto e do serviço e suas consequentes responsabilidades. Nas palavras do inigualável Rizzato Nunes, temos: “Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício; o defeito pressupõe o vício. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou ao serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento ou não-funcionamento”. Na primeira fundamentação do vício do produto, a qualificadora do que vem a ser um produto com vício de quantidade, qualidade e inadequação. A quantidade vê-se claramente que ocorrerá quando houve disparidade entre a informação discriminada no invólucro/recipiente/embalagem e a informação localizada no mesmo. Pois o consumidor, na mais legítima boa-fé, jamais desconfiarianesta discrepância. Logo, se temos o rótulo informando sobre seu peso, v.g., um quilo, nada mais resta a pensar que o produto tem seu peso líquido de um quilo. Excetuando, por óbvio, o peso da própria embalagem. A qualidade diz respeito ao material ao qual o mesmo é fabricado, construído e correlacionados. Decerto que, apesar do binômio preço/qualidade andarem juntos, (quanto mais caro, teoricamente, de melhor qualidade) isto não implica com relação a sua funcionalidade, que deve ser a mesma esperada pelo consumidor. Prazo de análise: Art. 18. (...) § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. O prazo de análise é um importante instituto à disposição do fornecedor em sua defesa em face do consumidor. Nesta hipótese, temos que o fornecedor terá um prazo para proceder uma avaliação/perícia quanto ao produto. Uma vez constatado, tecnicamente, tal “vício”, o fornecedor se desonera de deveres junto ao consumidor. Entretanto, caso o prazo de 30 dias seja ultrapassado, o consumidor poderá usar uma das alternativas dispostas nos incisos do seu parágrafo 1º. Da impropriedade e inadequação: Art. 18. (...) § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Vício do serviço: Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. O vício do serviço é tipificado quando incorre nas hipóteses em que o mesmo seja inadequado ou não atenda às normas regulamentares de sua prestação. Entendendo-se o primeiro quando não atinge os objetivos propostos ou esperados e o segundo quando não segue aquilo ao qual a entidade reguladora lhe determina. AULA 08 A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO II O estudo da responsabilidade civil nas relações de consumo exige o conhecimento dos artigos 12 e 14 da Lei. 8.078 de 1990. Para tanto, avaliaremos tais fundamentações com a premissa de que o seu principal elemento caracterizador é o defeito. Tudo com a apuração por meio da responsabilidade objetiva (responsabilidade que independe de culpa). Destacamos a responsabilidade pelos serviços prestados por profissionais liberais que constitui a única exceção ao sistema da responsabilidade civil objetiva que reina quase absoluta em termos de relação de consumo. E observamos que o serviço advogado não se enquadra nesses termos por entendimento jurisprudencial do STJ. Por fim, neste tema, examinaremos as excludentes de responsabilidade como motivador da quebra do nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano. Fato do produto: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Caracterização do fato do produto: A responsabilidade civil nas relações de consumo encontra no artigo 12 do CDC a responsabilidade pelo fato do produto. Os legitimados para integrar o polo passivo são diversos. Nos termos da própria fundamentação temos o “fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador”. A expressão “independentemente da existência de culpa” nos remete à ideia da responsabilidade objetiva. Em que não discute a “culpa”. Destacamos que há dano efetivo. Tanto que o fornecedor responde pela sua reparação. E responde o fornecedor de produtos pelos “defeitos”, que é o núcleo do tipo do fato do produto. E a responsabilidade é gerada pelo já citado defeito por “projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. Logo, identificamos uma gama gigantesca de possibilidades. Convém ressaltar que o defeito pela “apresentação” é gerado por “informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. A ausência ou erro na informação essencial ao produto para a sua correta utilização é o suficiente para gerar o dano. Ex: Em alimentos, a ausência de informação de que este produto contém glúten pode levar o consumidor que não tolera esta substancia a um dano enorme. Com potencialidade de sua morte. O defeito do produto: Art. 12 (...) § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. Como já dito, a palavra “defeito” nos conduz à caracterização “nuclear” do fato do produto. Tanto que temos um parágrafo exclusivamente dedicado ao tema. Será o produto defeituoso por: Inciso I - Sua apresentação: Informação inadequada, falha, insuficiente. Ex: Remédio que informa sua limitação de uso para lactantes; Inciso II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam: Se o produto é utilizado dentro da normalidade não pode causar danos. Ex: Uma bebida não pode conter nada que seja diferente do informado. Ácido, pedaços de animais etc. Inciso III - a época em que foi colocado em circulação: Diz respeito ao risco do desenvolvimento. Produto que foi colocado no mercado sem que fosse esgotado os testes de nocividade/periculosidade ao consumidor. Ex: remédio que promete a cura de uma determinada doença, cura a mesma, mas produz efeitos diversos, causando um mal maior do que a própria cura. Produto obsoleto X produto inservível: Art. 12 (...) § 2° O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. O produto tecnologicamente obsoleto não tido como inservível. Ex: Para um escritório de advocacia, uma máquina de escrever é obsoleta diante da fartura de tecnologia de escrituração e impressão. Mas basta uma interrupção prolongada, por dias, no fornecimento de energia elétrica para gerar a sua necessidade. Fato do serviço: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Caracterização do fato do serviço: Resguardadas as devidas proporções, a única distinção que se faz entre o fato do produto e do serviçoé que neste tratamos, exclusivamente, de serviços. Nos termos do art. 3º §2º do CDC. Fora isso, temos iguais ponderações. Seja pela responsabilidade objetiva, pelo defeito ou nas informações. O defeito do serviço: Como não poderia ser diferente, temos iguais ponderações acerca da caracterização do serviço defeituoso. Art. 14. (...) § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. Serviço obsoleto X Serviço inservível: Art. 14. (...) § 2° O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. A tecnologia, mais uma vez, é o traço marcante dessa definição. Prestações de serviços de comunicação antes consideradas essenciais, como, por exemplo, tecnologia celular por meio de smartphones que sobrepujaram a extinta tecnologia TDMA, substituída pela tecnologia (atualmente) 4G . A responsabilidade civil dos profissionais liberais: Art. 14. (...) § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. É a única exceção ao regramento da responsabilidade consumerista na modalidade objetiva. O profissional liberal terá a seu “favor” que o autor da ação (consumidor) deva provar a responsabilidade do fornecedor (nos termos do art. 186 da Lei 10.406 de 2002), pois será analisada a sua ação/omissão/imprudência/negligência. Ex: dentistas, médicos, contadores etc. OBS: A responsabilidade do advogado como profissional liberal: Nos termos do REsp 532.377/RJ, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, 4ª turma, julgado em 21/08/2003, DJ 13/10/2003, p. 373, temos: Não há relação de consumo nos serviços prestados por advogados, seja por incidência de norma específica, no caso a Lei n° 8.906/94, seja por não ser atividade fornecida no mercado de consumo. As prerrogativas e obrigações impostas aos advogados - como, v. g., a necessidade de manter sua independência em qualquer circunstância e a vedação à captação de causas ou à utilização de agenciador (arts. 31/ § 1° e 34/III e IV, da Lei n° 8.906/94) - evidenciam natureza incompatível com a atividade de consumo. Recurso não conhecido. Logo o advogado como profissional liberal terá a sua responsabilidade apurada, exclusivamente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB – TED. Excludentes de responsabilidade – inversão ope legis: Art. 12 (...) § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14 (...) § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Na exclusão de responsabilidade temos a “quebra” do nexo de causalidade. Esta se faz por meio dos incisos dos parágrafos 3º dos artigos 12 e 14. Vamos à digressão de seu conteúdo. Nos parágrafos 3º temos que o fornecedor somente não será responsabilizado “se (art. 12) e quando (14) provar”. Caso não o prove, será o responsável pelo dano. AULA 09 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO O grande objetivo do estabelecimento dos institutos da prescrição e da decadência diz respeito à pacificação social. Pois, inexistentes as pretensões, o exercício do direito seria eterno, gerando grande instabilidade jurídica, pois ficaria à mercê do respectivo titular. Assim, a lei garante limites de tempo para o exercício do direito na seara cível. Como não poderiam ser diferentes, tais preceitos são aplicáveis às normas de consumo. Os institutos da decadência e da prescrição estão previstos, consecutivamente, nos artigos 26 e 27 do CDC. Prescrição – caracterização: Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. O prazo quinquenal é direcionado, exclusivamente, às hipóteses previstas na seção II do capítulo, qual seja: Capítulo IV - Da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos. Seção II - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço. Prescrição – aplicabilidade: Tal prazo é aplicável, exclusivamente, à responsabilidade civil nas relações de consumo: Tal especificidade afasta a incidência do prazo prescricional pela reparação civil da Lei 10.406 de 2002. Art. 206. Prescreve: § 3º Em três anos: V - a pretensão de reparação civil; Por consequência, aplica-se às relações de consumo (responsabilidade civil espécie) o prazo quinquenal, a diferença (responsabilidade civil gênero) e o prazo trienal. Prescrição – início da contagem: Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. O legislador consumerista foi perspicaz ao determinar a conjunção de fatores (“e”) para a caracterização do início da contagem de prazo. Pois, na ocorrência do dano imposta ao consumidor, nem sempre haverá a imediata identificação da autoria. A decadência: A decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. Logo, seu objeto é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. Em sede de relação de consumo está prevista no art. 26 da Lei 8.078 de 1990. Decadência – caracterização: Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.. Decadência – Obstaculização: Art. 26. (...) § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; Ao obstar o prazo, o consumidor terá a seu favor a interrupção do mesmo quando ocorrer algum dano posterior. Para tanto, deverá utilizar o art. 18° § 1ª e 2º°do CDC, verbis: Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: (...) Exemplo: Um consumidor adquire uma estação móvel (celular) em determinada data. Considerando que o mesmo é um produto durável, seu prazo para vícios aparentes ou de fácil constatação é de 90 dias. Da data da compra até o surgimento de um problemaqualquer passaram-se 80 dias. O produto foi encaminhado por estar dentro da garantia legal de 90 dias. Durante este prazo em que ficou sob a guarda do fornecedor, tal prazo foi obstado (suspenso). Este foi devolvido com 20 dias sem problemas. Com a sua devolução, o prazo de garantia teve sua contagem reiniciada. Em relação ao produto, restam mais 10 dias. Já em relação ao serviço (criando novo direito), o prazo é de 90 dias. Caso o prazo de 30 dias em que ficou sob a guarda do fornecedor fosse ultrapassado, o consumidor poderia fazer uso das previsões legais dos incisos do parágrafo 1º: Art. 18 (...) § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. OBS: O prazo de 30 dias pode ser flexibilizado de acordo com a complexidade do produto. Por necessidade, exemplo, de importação de componente. Art. 18 (...) (...) § 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. Decadência – vício oculto: Art. 26. (...) § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. O vício oculto ficará caracterizado quando: 1. Não for possível identificar pela simples visualização; 2. Não provocar a impropriedade ou inadequação do bem de consumo (produto/serviço). OBS: O prazo decadencial para o vício oculto terá sua contagem iniciado a partir do momento em que o mesmo passa a ser evidente e facilmente constatável. Em seguida, teremos a ingerência dos prazos dos incisos do art. 26, que nos remetem a 30 e 90 dias. AULA 10 ASPECTOS PROCESSUAIS, PENAIS E ADMINISTRATIVOS Nesta aula, examinaremos aspectos processuais, de competência de propositura de ação e infrações penais. A processualística da Lei 8.078 de 1990 possibilita ao consumidor o emprego de quaisquer meios previsto em lei com fins de atingir a reparação dos danos impostos. Já na competência da propositura da ação de responsabilidade civil nas relações de consumo, o autor terá ao seu lado, entre outras, o foro privilegiado. Consistente na tramitação processual à seu critério (por exemplo no foro do seu domicílio). Por fim, nas infrações penais no CDC, com algumas tipificações (por exemplificação) exporemos e justificaremos sua existência. A processualística consumerista: Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. Parágrafo único. (VETADO). Uma das maiores preocupações do legislador consumerista foi possibilitar a instrumentalidade processual às demandas envolvendo relação de consumo. Tanto que no art. 6, VII prevê o “direito de acesso aos órgãos judiciais e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos (...)”. O artigo 83 explicita ainda mais tal direito básico do consumidor. Não trata este artigo de mera enunciação, mas que, em cotejo com outras fontes, principalmente o Código de Processo Civil (Lei 13.105 de 2015), como se lê no art. 90 do CDC: Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições. E, dentro da principal lei de ritos, exemplificamos como grande auxiliar às demandas de consumo as tutelas provisórias, previstas entre os artigos 294 e 311. Ao qual destacamos a tutela de evidência: Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte. Tudo com o fim de potencializar o mandamento Constitucional da razoável duração do processo: Art. 5: (...) LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Variando entre uma ação de obrigação de fazer ou não fazer (art. 84) ações coletivas (art. 87) e a vedação de denunciação à lide (art. 88), temos um rol auxiliar na obtenção dos legítimos interesses do consumidor. Variando entre uma ação de obrigação de fazer ou não fazer (art. 84) ações coletivas (art. 87) e a vedação de denunciação à lide (art. 88), temos um rol auxiliar na obtenção dos legítimos interesses do consumidor. A competência da propositura da ação de responsabilidade civil nas relações de consumo: Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; A leitura com uma interpretação literal pode induzir que a ação “pode” ser proposta no domicílio do consumidor. Em verdade, o vocábulo “pode” deve ser interpretado como “deve”. Pois, em sendo a ação proposta pelo consumidor, é facultado ao mesmo a escolha do foro que melhor lhe convier, eis que a norma protetiva visa a facilitação da defesa dos seus interesses, ainda que fora do seu domicílio. Primeiramente, por ser a Lei 8.078 de 1990, uma lei de ordem pública e interesse social (art. 1º do CDC). E, também, por explícita obediência ao principio da vulnerabilidade do consumidor nas relações de consumo (art.4, I do CDC). As infrações penais no CDC – generalidades: Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. De plano o art. 61 enuncia que os delitos previstos no CDC não excluem o previsto em outras leis. Como, por exemplo, crimes que envolvam a saúde pública, art. 278 do CP: Decreto Lei 2.848 de 1940 - Código Penal: Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. As infrações penais no CDC – tipificações exemplificativas: Elencamos entre as 11 infrações penais, duas por suas diferenças e existência fática: 1. Publicidade Prejudicial à Saúde: Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: Parágrafo único. (VETADO) Considerando o tipo penal consumerista nos auxiliamos do normativo do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em seu art. 33, verbis: Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. Artigo 33: Este Código condena os anúncios que: a. manifestem descaso pela segurança, sobretudo quando neles figurarem jovens e crianças ou quando a estes for endereçada a mensagem; b. estimulem o uso perigoso do produto oferecido; c. deixem de mencionar cuidados especiais para a prevenção de acidentes, quando tais cuidados forem essenciais ao uso do produto; d. deixem de mencionar a responsabilidade de terceiros, quando talmenção for essencial; e. deixem de especificar cuidados especiais no tocante ao uso do produto por crianças, velhos e pessoas doentes, caso tais cuidados sejam essenciais. Fazendo uma convergência entre as normas, percebemos que o tipo penal veda a publicidade capaz de fazer com que o consumidor se comporte de forma prejudicial a sua própria saúde. Tanto que no art. 33 do normativo, o CONAR condena os anúncios que, entre outros, “deixem de mencionar cuidados especiais para a prevenção de acidentes, quando tais cuidados forem essenciais ao uso do produto” 2. Cobrança de dívida de forma vexatória: Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. Este tipo penal para ser amplamente compreendido, tem necessidade da complementação do art. 42 do CDC: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. (...) Pela sua convergência, compreendemos que a dívida é ato personalíssimo. Apenas o consumidor pode ser cobrado. Mas na conduta da cobrança não pode haver exposição vexatória. Compreendendo tal exposição, não pode haver interferência em local de trabalho, descanso ou lazer. Principalmente com a ciência de terceiros. As infrações penais no CDC – Concurso de pessoas: Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições por ele proibidas. A regra prevê o concurso de pessoas. Em sendo norma penal é uma redundância do art. 29 do CP: Decreto-lei 2.848 de 1940 - Código Penal: Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Destacamos neste tipo penal consumerista, a previsão da responsabilidade do “diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica”. Pois, de acordo com a sua culpabilidade, poderão responder concorrentemente com a própria empresa. Principalmente, em decorrência do seu “status mandamental” (posição hierárquica). FÓRUM Olá, Pessoal! Vamos debater aqui o seguinte tema: "Diante da crescente industrialização e da sociedade do consumo, potencializados pelos avanços tecnológicos, tivemos muitas mudanças na estrutura jurídica das relações humanas. Um exemplo disso é o e-commerce, ou comércio eletrônico. A economia capitalista, que gera trabalho e riqueza, estimula o consumo, e utiliza recursos tecnológicos no processo de comercialização de seus bens.". Vamos lá! Nenhum país caminha sem o seu desenvolvimento econômico, uma economia forte é a base de toda a sustentação da máquina pública, assim como a garantia dos meios para que seus cidadãos possam buscar sua subsistência, qualidade de vida e realização de sonhos. Por isso e muito mais surgiu, no pós Segunda Guerra Mundial, o entendimento por parte dos EUA, grande país capitalista em ascensão, a necessidade de uma proteção ao consumidor, visto ser esse parte hipossuficiente na relação de consumo frente aos fornecedores de produtos e serviços, sendo esta proteção necessária para a manutenção de uma economia saudável diante da promoção de uma economia de consumo. O Brasil, seguindo a tendência mundial, adotou, quando na elaboração da CRFB/88, um lugar de destaque à defesa do consumidor, o elencando como direito fundamental, garantindo, assim, uma estabilidade na proteção dos direitos do consumidor quando personagem nas relações comerciais. A sociedade e as interações humanas tendem a mudar com o passar do tempo e isso não poderia ser diferente nas relações comerciais. Com o surgimento do e-commerce a legislação precisou adaptar-se a este novo conceito de transação comercial, assim, aquilo que não pode ser adaptado por analogia, necessitou ser criado, pois o direito é ciência viva que precisa adaptar-se à realidade social. Boa noite, professora inicie um novo debate com focos diferentes. Olá, Sara. Ainda preciso aguardar que a maioria se manifeste para então introduzir outro assunto, ok? Não se preocupe que temos tempo. Obrigada pelo interesse. Beijos. O Direito do Consumidor, cuja efetividade se dá por meio dos órgãos de defesa do consumidor (Procon, Decon etc), busca assegurar que o cidadão possa dispor de meios necessários à prevenção e/ou reparação de eventuais danos patrimoniais, morais etc, decorrentes na falha no fornecimento de bens e/ou prestação de serviços para o consumidor final. Sua finalidade consiste em assegurar que os consumidores obtenham acesso a informações quanto à origem e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos; evitar a ocorrência de fraudes, garantir lisura nas relações de consumo para os usuários dos bens e serviços além de equilibrar as relações de consumo. A Constituição brasileira de 1988 foi inovadora ao por o Direito do Consumidor como um direito fundamental, uma vez que, tal medida foi de extrema importância para a elaboração do CDC e criação de seus órgãos garantidores, tendo, por fim, a possibilidade de se recorrer à tutela jurisdicional, sendo este outro direito fundamental.
Compartilhar